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Faculdade de Tecnologia UERJ - Resende Professora Gabriela Coutinho Regra da Cadeia, Derivada Impĺıcita, Máximos e Mı́nimos 1 Regra da cadeia Vamos estender o que aprendemos com diferenciais para estudar a Regra da Cadeia para funções duas ou mais variáveis. Existem dois tipo de regra da cadeia: um que envolve x e y como função de uma única variável e outro que envolve x e y como função de outras duas variáveis. Em cálculo 1 vimos a regra da cadeia para uma função de uma variável, onde apren- demos a derivar uma função composta do tipo f(x), tal que x = g(t), da seguinte forma df dt = df dx dx dt . Regra da Cadeia (uma variável independente): Seja w = f(x, y), onde f é uma função diferenciável de x e y. Se x = g(t) e y = h(t), então w é uma função diferenciável de t, e dw dt = ∂w ∂x dx dt + ∂w ∂y dy dt Prova: Aprendemos na aula passada que uma função de duas variáveis w = f(x, y) era derivável se pudéssemos escrever o incremento como ∆w = ∂w ∂x ∆x+ ∂w ∂y ∆y + "1∆x+ "2∆y onde "1, "2 → 0 quando (∆x,∆y) → (0, 0). Dividindo ambos os lados da equação acima por ∆t, temos ∆w ∆t = ∂w ∂x ∆x ∆t + ∂w ∂y ∆y ∆t + "1 ∆x ∆t + "2 ∆y ∆t . Fazendo o ∆t → 0, implica que (∆x,∆y) → (0, 0), pois ∆x = g(t+∆t)− g(t) → 0 ∆y = h(t+∆t)− h(t) → 0 1 e, consequentemente, "1, "2 → 0. Aplicando o limite, encontramos lim ∆t→0 ∆w ∆t = ∂w ∂x lim ∆t→0 ∆x ∆t + ∂w ∂y lim ∆t→0 ∆y ∆t + lim ∆t→0 "1 lim ∆t→0 ∆x ∆t + lim ∆t→0 "2 lim ∆t→0 ∆y ∆t = ∂w ∂x dx dt + ∂w ∂y dy dt + 0 · dx dt + 0 · lim ∆t→0 dy dt = ∂w ∂x dx dt + ∂w ∂y dy dt Regra da Cadeia t yx w f (x, y) w y w x dy dt dx dt dw dt w x dx dt w y dy dt Variáveis Intermediárias Variável Dependente Variável Independente Figure 1: Figura retirada de [3]. Na figura 2 podemos ver o diagrama da árvore em que mostra w como a variável dependente, x e y como variáveis intermediárias e t como variável independente. Na verdade, podemos ver que w = f(x(t), y(t)) depende, no final das contas, somente de t e que x e y são apenas variáveis intermediárias, por isso nós tratamos a dw/dt como derivada total e não parcial. Exemplo Seja w = x2y − y2, onde x = sent e y = et. Encontre dw/dt quando t = 0. Pela regra da cadeia envolvendo uma única variável independente, temos dw dt = ∂w ∂x dx dt + ∂w ∂y dy dt = 2xy(cos t) + (x2 − 2y)et = 2( sent)(et)(cos t) + ( sen2t− 2et)et = 2et sent cos t+ et sen2t− 2e2t. Quando t = 0, segue que dw dt !!!! t=0 = −2 2 A regra da cadeia pode ser estendida para qualquer número de variáveis. Por exemplo, se cada xi é uma função diferenciável de uma única variável t e w = f(x1, x2, · · · , xn), temos que dw dt = ∂w ∂x1 dx1 dt + ∂w ∂x1 dx2 dt + · · ·+ ∂w ∂xn dxn dt Agora vamos ver o caso em que as variáveis intermediárias são funções de outras duas variáveis Regra da Cadeia (duas variáveis independente): Seja w = f(x, y), onde f é uma função diferenciável de x e y. Se x = g(r, s) e y = h(r, s), então w é uma função diferenciável de r e s, tal que ∂w ∂r = ∂w ∂x ∂x ∂r + ∂w ∂y ∂y ∂r ∂w ∂s = ∂w ∂x ∂x ∂s + ∂w ∂y ∂y ∂s No caso em que w é função de 3 variáveis intermediárias, x, y e z, i.e., w = f(x, y, z), tal que x = g(r, s), y = h(r, s) e z = k(r, s), temos ∂w ∂r = ∂w ∂x ∂x ∂r + ∂w ∂y ∂y ∂r + ∂w ∂z ∂z ∂r ∂w ∂s = ∂w ∂x ∂x ∂s + ∂w ∂y ∂y ∂s + ∂w ∂z ∂z ∂s w (a) g h k f x y z r, s Variável Dependente Variáveis Independentes Variáveis Intermediárias w f ( g(r, s), h (r, s), k (r, s)) (b) r zx y w f (x, y, z) w x w y y rx r w z z r w r w x x r w y y r w z z r s zx y (c) w x w y y sx s w z z s w s w x x s w y y s w z z s w f (x, y, z) Figure 2: Figura retirada de [3]. Exemplo: Se u = x4y + y2z3, onde x = rset, y = rs2e−t e z = r2s sent, determine o valor de ∂u/∂s quando r = 2, s = 1 e t = 0. 3 Temos que ∂u ∂s = ∂u ∂x ∂x ∂s + ∂u ∂y ∂y ∂s + ∂u ∂z ∂z ∂s = (4x3y)(ret) + (x4 + 2yz3)(2rse−t) + (3y2z2)(r2 sent). Quando r = 2, s = 1 e t = 0, temos x = 2, y = 2 e z = 0, portanto ∂u ∂s = (64)(2) + 16(4) + (0)(0) = 192 2 Derivada Impĺıcita Vamos agora utilizar a regra da cadeia para obter a derivada de uma função definida implicitamente. Suponha que F (x, y) = 0, onde assumimos que y = f(x) é uma função diferenciável de x. Se considerarmos que w = F (x, y) = F (x, f(x)), temos que dw dx = Fx(x, y) dx dx + Fy(x, y) dy dx . Como w = F (x, y) = 0 isso implica que dw/dx = 0, ou seja, 0 = Fx(x, y) dx dx + Fy(x, y) dy dx . Se Fy(x, y) ∕= 0 e levando em conta que dx/dx = 1, podemos escrever dy dx = −Fx(x, y) Fy(x, y) . Um procedimento similar pode ser realizado para derivadas parciais de funções definidas implicitamente envolvendo mais variáveis. Derivação Impĺıcita: Se a equação F (x, y) = 0 define implicitamente y como uma função de x, então dy dx = −Fx(x, y) Fy(x, y) , Fy(x, y) ∕= 0 Se a equação F (x, y, z) = 0 define implicitamente z como uma função de x e y, então ∂z ∂x = −Fx(x, y) Fz(x, y) , ∂z ∂y = −Fy(x, y) Fz(x, y) Fz(x, y) ∕= 0. 4 Exemplo: Encontre dy/dx dada por y3 + y2 − 5y − x2 + 4 = 0 Vamos começar definindo F (x, y) como F (x, y) = y3 + y2 − 5y − x2 + 4. Sabendo que Fx = −2x e Fy = 3y2 + 2y − 5, segue que dy dx = −Fx(x, y) Fy(x, y) = 2x 3y2 + 2y − 5 . 3 Extremos de uma Função de Duas Variáveis Funções cont́ınuas de duas variáveis assumem valores extremos em domı́nios fechados e limitados. Veremos nesta seção que podemos obter os valores extremos examinando as primeiras derivadas parciais das funções. Uma função de duas variáveis pode assumir valores extremos apenas nos pontos de fronteira do domı́nio ou em pontos onde domı́nio interno (sem considerar as fronteiras) têm as primeiras derivadas parciais iguais à zero ou onde uma ou ambas das primeiras derivadas parciais não existem. No entanto, a derivadas parciais iguais a zero em um ponto interno (a, b) nem sempre sinaliza a presença de um valor extremo, podemos estar considerando uma função representada por um gráfico no formato de uma sela. z y x z y x Figure 3: Figura retirada de [3]. Na figura 3 temos 3 situações: o gráfico da esquerda tem um mı́nimo z = 0 localizado no (0, 0) e máximo na fronteira; o gráfico do centro tem um máximo z = 0 localizado em (0, 0) e mı́nimo na fronteira; o gráfico da esquerda mostra um ponto de sela em (0, 0). No caso de uma função f de uma variável, o Teorema do Valor Extremo diz que, se f é cont́ınua em um intervalo fechado [a, b], então f tem um valor mı́nimo absoluto e um valor máximo absoluto. Assim como no cálculo envolvendo uma variável, existe uma distinção entre máximos e mı́nimos relativos (locais) e absolutos. Isso vai depender se estamos considerando uma região aberta ou fechada. Do mesmo modo que os intervalos fechados contêm suas extremidades, um conjunto fechado de R2 contém todos os seus pontos da fronteira. 5 (a) Região fechadas (b) Regiões Abertas Figure 4: Figura retirada de [3]. 3.1 Extremos Locais Para encontrar os valores extremos locais de uma função de uma única variável, procuramos pontos onde o gráfico possui uma linha tangente horizontal. Em tais pontos, podemos ter máximos locais, mı́nimos locais ou pontos de inflexão. Para uma função f(x, y) de duas variáveis, os máximos e mı́nimos locais podem ocorrer onde a superf́ıcie z = f(x, y) tem um plano tangente horizontal tal que fx = fy = 0 (veja figura 4). Nesses pontos em que o plano tangente é horizontal podemos ter máximos locais, mı́nimos locais ou pontos de sela. Máximos Locais Mínimo Local Figure 5: Figura retirada de [3]. Extremos Relativos (Locais): Seja f uma função cont́ınua de duas variáveis x e y definida na região R que contém o ponto (a, b). 1. A função tem um mı́nimo relativo (local) em (a, b) se f(x, y) ≥ f(a, b) para todos (x,y) no disco aberto contendo(a, b). 6 2. A função tem um máximo relativo (local) em (a, b) se f(x, y) ≤ f(a, b) para todos (x, y) no disco aberto contendo (a, b). Teorema: Se f tem um máximo ou um mı́nimo local em (a, b) e as derivadas de primeira ordem existem nesses pontos, então fx(a, b) = 0 e fy(a, b) = 0. Um ponto (a, b) é chamado de ponto cŕıtico (ou ponto estacionário) de f se fx(a, b) e fy(a, b) = 0, ou se uma das derivadas parciais não existirem. Assim como no cálculo de única variável, nem todos cŕıticos originam máximos ou mı́nimos. Um ponto cŕıtico pode ser um máximo ou mı́nimo local, mas também pode não ser nenhum dos dois. Um ponto de sela, por exemplo, não é um ponto de máximo ou mı́nimo e tem derivadas parciais iguais a zero por ter um plano tangente de inclinação zero e que cruza a superf́ıcie. Na verdade, o que ocorre no ponto de sela é que o ponto corresponde a um mı́nimo em uma direção e a um máximo em outra direção, apresentando um formato de sela. Teste da Segunda Derivada: Suponha que as segundas derivadas parciais de f sejam cont́ınuas em uma região aberta com centro (a, b), e suponha que fx(a, b) = 0 e fy(a, b) = 0 (ou seja, (a, b) é um ponto cŕıtico de f). Seja D = D(a, b) = fxx(a, b)fyy(a, b)− [fxy(a, b)]2 1. Se a D > 0 e fxx(a, b) > 0, então f(a, b) é um mı́nimo local. 2. Se a D > 0 e fxx(a, b) < 0, então f(a, b) é um mı́nimo local. 3. Se a D < 0, então f(a, b) não é mı́nimo local nem máximo local, é um ponto de sela. 4. Se D = 0, o teste é inconclusivo. Note que se D > 0 as derivadas parciais fxx(a, b) efyy(a, b) tem o mesmo sinal. Isso significa que podemos substituir fxx(a, b) efyy(a, b) nas duas primeiras partes do teste. Para relembrar a fórmula do D, chamado de Hessiano, é conveniente escrevê-lo na forma de determinante D = !!!! fxx(a, b) fxy(a, b) fyx(a, b) fyy(a, b) !!!! . onde fxy(a, b) = fyx(a, b). 7 Exemplo: Ache os extremos relativos (locais) da função f(x, y) = xy Fazendo as derivadas parciais iguais a zero para obter os pontos cŕıticos fx = y = 0 fy = x = 0. Temos que (0, 0) é um ponto cŕıtico, agora vamos ver se ele corresponde a um máximo, mı́nimo ou ponto de sela. Para isso vamos precisar das segundas derivadas fxx = 0, fyy = 0 fxy = fyx = 1. Fazendo o teste da segunda derivada, temos que D(0, 0) = fxx(0, 0)fyy(0, 0)− [fxy(0, 0)]2 = 0− (1)2 = −1 < 0 então (0, 0) é um ponto de sela Exemplo: Uma caixa retangular sem tampa deve ser feita com 12m2 de papelão. Determine o volume máximo dessa caixa. Vamos tratar x, y e z como o comprimento, a largura e a altura da caixa em metros. Assim o volume da caixa é dado por V = xyz e a área dos quatro lado mais a área da base deve corresponder 2xy + 2yz + xy = 12. Isolando o z, encontramos que z = (12− xy)/(2(x+ y)) e V fica V = xy 12− xy 2(x+ y) = 12xy − x2y2 2(x+ y) . Calculando as derivadas parciais ∂V ∂x = 12− 2xy − x2 2(x+ y)2 ∂V ∂y = x2(12− 2xy − y2) 2(x+ y) . O volume V é máximo ∂V/∂x = ∂V/∂y = 0, mas x = 0 ou y = 0 dá V = 0, de modo que precisamos resolver as equações 12− 2xy − x2 = 0 12− 2xy − y2 = 0 Isso implica que x2 = y2 e, consequentemente, x = y. Colocando a igualdade nas equações acima obtemos 12− 3x2 = 0 o que fornece x = 2, y = 2 e z = 1. Podemos utilizar o teste da segunda derivada ou argumentar que o problema corresponde a um problema de natureza f́ısica em que um máximo certamente existe. Neste caso, o máximo corresponde à V = 2 · 2 · 1 = 4m3. 8 3.2 Extremos Absolutos Considere uma função f cont́ınua de duas variáveis definida numa região fechada R. Os valores f(a, b) e f(c, d), tal que f(a, b) ≤ f(x, y) ≤ f(c, d) para todo (x, y) em R são chamado de máximos e mı́nimo de f na região R. Lembre-se que uma região fechada contém os pontos das sua fronteira. Teorema dos Extremos: Seja f uma função cont́ınua de duas variáveis x e y definida na região fechada R no plano xy. 1. Existe pelo menos um ponto em R tal que f tem um valor mı́nimo absoluto. 2. Existe pelo menos um ponto em R tal que f tem um valor máximo absoluto. Os valores absolutos de f(x, y) podem ocorrer somente: (i) Nos pontos da fronteira do domı́nio da função. (ii) Nos pontos cŕıticos (pontos no interior da região limitada em que fx = fy = 0 ou pontos em que fx e fy não existem). Então para encontrar os valores máximos e mı́nimos absolutos você precisa primeiro obter o valor da função nos pontos cŕıticos, depois obter os valores da função na fronteira da região fechada e, por fim, comparar os valores. O valor de máximo absoluto corresponde ao maior valor obtido entre o ponto cŕıtico e os pontos da fronteira. Enquanto o valor mı́nimo absoluto corresponde ao menor valor obtido entre o ponto cŕıtico e os pontos da fronteira. Exemplo: Determine os valores máximo e mı́nimo da função f(x, y) = x2 − 2xy+ 2y no retângulo D = {(x, y)|0 ≤ x ≤ 3, 0 ≤ y ≤ 2}. Figure 6: Figura retirada de [3]. 9 Como f se trata de um polinômio, ela é cont́ınua no retângulo fechado e limitado D, portanto, existe um máximo absoluto e um mı́nimo absoluto. Primeiro vamos investigar os pontos cŕıticos obtidos através de fx = 2x− 2y = 0 fy = −2x+ 2 = 0. Resolvendo o sistema de duas equações e duas incógnitas encontramos ponto cŕıtico dado por (1, 1). O valor da função nesse ponto é dado por f(1, 1) = 1. Agora vamos obter os valores da função na fronteira de f . Observe os lados da figura 6 que em L1, temos y = 0 e f(x, 0) = x2 0 ≤ x ≤ 3. Nos extremos desse trecho, temos f(0, 0) = 0 e f(3, 0) = 9. Já em L2, temos x = 3 e f(3, y) = 9− 4y 0 ≤ y ≤ 2. Nos extremos desse trecho, temos f(3, 0) = 9 e f(3, 2) = 1. Já em L3, temos y = 2 e f(x, 2) = x2 − 4x+ 4 0 ≤ x ≤ 3. Nos extremos desse trecho, temos f(0, 2) = 4 e f(3, 2) = 1. Finalmente, em L4, temos x = 0 e f(0, y) = 2y 0 ≤ y ≤ 2. Nos extremos desse trecho, temos f(0, 0) = 0 e f(0, 2) = 4. Observe que, entre os valores da f obtidos na fronteira do retângulo D e para o ponto cŕıtico, o que tem menor valor é o f(0, 0) = f(2, 2) = 0, então o valor é um mı́nimo absoluto e o que tem maior valor é o f(3, 0) = 9 correspondendo a um máximo absoluto. 10 References [1] J. Stewart, Cálculo, vol.2. 7a. ed., Cengage Learning. [2] R. Larson e B. H. Edwards, Multivariable Calculus, Brooks Cole. [3] M. D. Weir, J. Hass e G. B. Thomas, Thomas Calculus, Pearson India. 11
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