Buscar

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Continue navegando


Prévia do material em texto

Didática do Ensino Superior
O Contexto do Ensino Superior: Educação, Sociedade 
e Profissão Docente
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Dr.ª Rita Maria Lino Tarcia
Prof.ª Me. Jane Garcia de Carvalho
Prof.ª Me. Júlia de Cássia Pereira do Nascimento
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Selma Aparecida Cesarin
5
O Contexto do Ensino Superior: Educação, 
Sociedade e Profissão Docente
Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Introdução
• Como o conhecimento é produzido?
• Visão da Sociedade
• Sociedade contemporânea - Sociedade do conhecimento
• Definição de Conhecimento
• Contexto atual e as novas relações com o saber
• Final do monopólio das IES – Instituições de Ensino Superior
• Ciclo de Renovação do Conhecimento
• Novas relações no Trabalho
• Ciberespaço e Tecnologia
• Educação a distância
• Conclusões voltadas para o Ensino Superior
Fonte: Thinkstock
 · Análise crítica do papel da didática e da prática de ensino na formação inicial e 
continuada do professor que atuará neste nível de ensino.
Normalmente com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o último 
momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material trabalhado 
ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá 
escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e 
determinar como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de 
materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão 
o pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de 
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de 
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca 
de ideias e aprendizagem.
6
Unidade: O Contexto do Ensino Superior: Educação, Sociedade e Profissão Docente
Contextualização
Você já parou para pensar nos avanços ocorridos na Educação, por conta das transformações 
verificadas na Sociedade e no modo de pensar de seus integrantes?
Leia a poesia a seguir e compare, assim como o autor, a Educação antiga e a moderna. 
Encontramos muitas diferenças? Inovações? Ou será que continuamos a ensinar e aprender 
da mesma forma?
A discussão do ensino antigo com o ensino moderno
An
tig
o
Eu venho dos opressores;
Nasci de um regime austero!
Com cediços professores
Venho ensinar o que eu quero.
Tiro do livro a lição
E imponho uma educação
Puramente radical.
Sou mestre e não sou amigo;
Eu sou o ENSINO ANTIGO;
Me chamo TRADICIONAL!
→
M
od
er
no
Eu sou um ensino novo,
Nasci da necessidade
Da integração do povo
À sua sociedade.
Debato, ensino e aprendo,
Pesquiso em vídeos ou lendo
Em jornal, livro ou revista.
Serei seu amigo eterno,
Me chamo ENSINO MODERNO,
Sou INTERACIONISTA!
An
tig
o
Na minha concepção,
Na classe aluno não fala.
Por falta de educação
É logo expulso da sala!
Afinal de contas eu
Não posso perder o meu
Tempo com coisas banais.
Aluno é só para ouvir,
Fazer o que eu sugerir,
Ser passivo e nada mais.
→
M
od
er
no
Eu escuto e incentivo,
Dou-lhe vez e o oriento;
Entendo que ele, ativo,
Tem mais aproveitamento.
Ensino-lhe o que me cabe,
Aproveito o que ele sabe,
Não sou mero professor.
Estimulo o seu progresso.
Portanto, neste processo
Eu sou um mediador.
An
tig
o
Eu inicio e concluo
Criticando aos reprovados,
Pois sou correto, possuo
Programas pré-fabricados.
Para aluno inteligente
O livro é suficiente,
Conversa, enfim, não tem graça.
Eu lanço a educação,
Ensino, tomo a lição;
O restante, ele que o faça!
→
M
od
er
no
Eu pesquiso; eu examino
Qualquer possibilidade
Que possa unir o ensino
À sua realidade.
O aluno constrói temas;
Eu esclareço os problemas,
Preparando-lhe pra vida.
Além da educação,
A escola é a extensão
Do seu lar; da sua lida.
7
An
tig
o
Nos tempos que já se somem
Eu disse, com o MOBRAL,
Que tem que ter pátria, o 
homem,
Educação e moral.
Que a educação primária
É meta prioritária:
Se o aluno assina o nome
Já é cidadão e vota,
A vida muda de rota
E não morrerá mais de fome
→
M
od
er
no
Asseguro, no presente,
Que ele tem outras razões;
Que precisa urgentemente
Desenvolver profissões.
Assim, criei disciplinas
Onde ele tem oficinas
Pra lapidar seu talento.
Quando já possui a prática,
Com a ajuda da didática
Seu sucesso é cem por cento.
↓
M
od
er
no
E assim vou seguindo aos poucos
Construindo a minha história:
Sem mentir, sem fazer loucos,
Sem ferir, sem palmatória.
Dentro da necessidade
De cada comunidade
Quero orientar meu povo,
Torná-lo culto e feliz
LEVANDO A TODO O PAÍS
A LUZ DO ENSINO NOVO.
Fonte: Alfrânio de Brito. A discussão do ensino antigo com o ensino moderno. 
Campina Grande. Outubro de 2000. <http://goo.gl/MnY3gi>. Acesso em: dez. 2010.
Ficou curioso(a) quanto a estas mudanças? Sobre o contexto no qual toda a Educação e, 
portanto, o Ensino Superior está inserido?
Então, vamos aos estudos!
8
Unidade: O Contexto do Ensino Superior: Educação, Sociedade e Profissão Docente
Introdução
Você deve saber que os egressos de cursos de Pós-Graduação lato sensu podem 
desenvolver a atividade docente no Ensino Superior. Essa seria a qualificação mínima exigida 
pelo CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO para que o Professor possa atuar no Ensino 
Superior em nível de graduação, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 
LDB nº 9.394/96.
Há, portanto, amparo legal para a docência universitária, aos egressos dos programas lato 
sensu, conforme ressalta a LDB. Vamos conhecê-los melhor?
TÍTULO V
Capítulo IV
Da Educação Superior
Art. 52 As universidades são instituições pluridisciplinares de formação dos 
quadros profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio 
e cultivo do saber humano, que se caracterizam por: (Regulamentado pelo 
Decreto n. 2306/97) 
I - produção intelectual institucionalizada mediante o estudo sistemático dos 
temas e problemas relevantes, tanto do ponto de vista científico e cultural, 
quanto regional, e nacional; 
II - um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de 
mestrado ou doutorado; [...] 1
TÍTULO VI
Dos Profissionais da Educação
Art. 66º. A preparação para o exercício do magistério superior far-se-á em nível 
de pós-graduação, prioritariamente2 em programas de mestrado e doutorado.
É preciso que os futuros docentes possam sentir-se capazes de atuar de acordo com 
as necessidades da sociedade atual, entendendo o contexto no qual se insere o Ensino 
Superior, seu papel como professor universitário, a competência que lhe é exigida e 
todas as relações que se estabelecem entre professores e alunos, assim como estar apto 
a trabalhar as ligações entre o que se vive na instituição e as experiências do dia a dia, 
fora do ambiente de ensino.
Por este motivo, nesta unidade, vamos discutir o contexto no qual se insere o Ensino Superior.
1 Grifo nosso.
2 Idem.
9
Como o conhecimento é produzido?
Ao pensarmos nos futuros professores e em sua atuação, vale a pena alertar para 
características importantes, como o conhecimento que é produzido no Ensino Superior e 
nosso papel como educadores neste nível de ensino.
Visão da Sociedade
Não é possível definir um modelo de Sociedade ideal como produto final da ação e da 
evolução humana.
O que se considera é em termos de tendências gerais, ou seja, a otimização 
do comportamento individual e do comportamento coletivo, sendo que esse 
último se refere particularmente à organização social e política da sociedade 
(MIZUKAMI, 1986, p.63).
Nesse caso, tais tendências podem definir inúmeras possibilidades e direções para a ação 
educativa. O fato é que toda intervenção no âmbito da educação gera desequilíbrio e, segundo 
Piaget, a aprendizagem acontece no movimento natural de superação do desequilíbrioem 
direção à reequilibração.
Mesmo diante do progresso comprovado em muitas áreas da Ciência, os desafios do 
mundo atual tornam-se ainda maiores. Identificam-se nas tendências globais vários processos 
concorrentes e, algumas vezes, até contraditórios, de: democratização, globalização, 
regionalização, polarização, marginalização e fragmentação, entre outros. Todas as novas 
tendências interferem nas decisões pedagógicas e no desenvolvimento da prática docente e 
pedem respostas coerentes e adequadas.
Igualmente importantes são as mudanças imperativas de desenvolvimento 
econômico e tecnológico e as modificações nas estratégias de desenvolvimento; 
que deveriam procurar um desenvolvimento sustentável humano, em que o 
crescimento econômico servisse ao desenvolvimento social e assegurasse um 
meio ambiente sustentável (UNESCO, 1999, p.12) .
Cabe à Educação a busca de soluções para as novas situações problema que surgem dos 
diferentes processos vivenciados pelas sociedades atuais. Considerando as contribuições de 
Paulo Freire (1997), o homem cria a Educação e a cultura na medida em que, integrando-se 
nas condições de seu contexto de vida, reflete e busca respostas aos desafios que encontra. 
Nesse ponto reside a ação educacional que busca soluções para os desafios impostos pelo 
contexto sócio-histórico deste novo milênio.
Segundo Peter Drucker (1997), o principal recurso das sociedades atuais é o conhecimento 
e os grupos sociais mais importantes serão constituídos pelos trabalhadores do conhecimento; 
por esse motivo, o autor caracteriza essa sociedade como a do conhecimento.
10
Unidade: O Contexto do Ensino Superior: Educação, Sociedade e Profissão Docente
Pierre Lévy (1999), filósofo contemporâneo, acredita que nesta sociedade dinâmica e 
desafiadora em que vivemos atualmente, o conhecimento passa a ser fruto do coletivo e, 
tendo passado pela expansão física na superfície do Planeta, a Humanidade tece agora uma 
enorme rede digital que aos poucos conecta tudo a todos, as culturas nacionais perdem seu 
limite geográfico e fundem-se em uma cultura globalizada.
Para finalizar a visão de Sociedade, trazemos as contribuições de Edgar Morin (2000). Ele 
salienta a necessidade de compreensão da História nessa era planetária que se expressa pelo 
estabelecimento da comunicação entre todos os pontos da superfície da Terra, e de percepção 
de que todas as partes do mundo tornam-se solidárias diante da crise que marca o século XXI. A 
crise planetária na qual “todos os seres humanos confrontados de agora em diante aos mesmos 
problemas de vida e de morte, partilham um destino comum” no Planeta (MORIN, 2000, p.16).
Sociedade contemporânea – Sociedade do conhecimento
O mundo moderno caracterizou-se por sua racionalidade. Todas as ações deveriam ser 
racionalmente elaboradas, baseadas nas leis universais, as quais regiam todos os indivíduos, 
independente de suas diferenças. Um mundo limpo e organizado para todos.
Neste contexto, o conhecimento surge como uma representação fiel do mundo, como se 
fosse uma fotografia, que mostrasse exatamente o que estava ocorrendo. Havia nesta área a 
presença de taxonomia, ou seja, as pessoas assim como coisas eram classificadas por categorias 
consubstanciadas em normal ou patológico. Neste tipo de pensamento e organização do 
conhecimento, não havia lugar para dúvidas, pois o objetivo era uma verdade única para todas 
as coisas e que regesse as ações de todas as pessoas.
O mundo pós-moderno trouxe a novidade da globalização. Todos se comunicavam e as 
informações eram interligadas, surgiam dúvidas, encontravam-se soluções. A comunicação 
global trouxe novos contextos aos quais as pessoas foram aos poucos se adaptando.
O conhecimento passa a ser construído a partir da visão da realidade e não mais 
aceito como algo catalogado. A realidade não é única, ela é múltipla, feita de contrastes 
e com isso o conhecimento deixa de ser uniforme, pois cada realidade pede uma forma 
de pensar. As ciências passam a pesquisar não mais catalogando, mas utilizando o método 
hermenêutico, de interpretação. E onde cabe interpretação, cabem diferenças, pois cada ser 
humano é único, sendo sua interpretação também única, de acordo com os conhecimentos 
adquiridos e acumulados.
Surge então um novo tipo de sociedade, a Sociedade do Conhecimento, na qual deter 
conhecimento significa também deter o poder e a soberania. Privilegia-se o domínio do 
conhecimento científico e tecnológico, trazendo à sociedade que o detêm inovações, 
descobertas e maior desenvolvimento pessoal e social, com geração de empregos, saúde e 
maiores investimentos na Educação.
Com esta nova visão de Sociedade, também a Educação foi-se modificando e se interando 
das novas formas de construção do conhecimento. O contexto social ficou mais complexo, as 
relações humanas, especialmente entre professores e alunos, acontecem de forma globalizada, 
com uma diferente interpretação da realidade. Surge a necessidade de o processo educacional 
11
levar em conta o fato do ser humano não ser fragmentado, constituindo-se num todo que 
envolve sentimento, razão, habilidades, atitudes, valores e conhecimento. Na sociedade do 
conhecimento ou da informação, as pessoas envolvidas com Educação devem se preocupar 
com o desenvolvimento total dos alunos, promovendo uma real educação.
E educar nesta sociedade significa:
[...] incentivar a autonomia individual e a solidariedade, prevenir insucessos 
e lutar contra as desigualdades, favorecer o ensino experimental e o espírito 
científico, abrir novos horizontes, aliando a compreensão das origens e raízes à 
identidade da inovação científica e tecnológica, condições essenciais à mudança 
orientada para um desenvolvimento humano integral (BELLUZZO, 2005).
Por esse motivo, a sociedade do conhecimento é também chamada de sociedade da 
aprendizagem, constituindo-se a escola, em qualquer nível, um local de informação, estímulo e 
circulação de saberes, que poderá mobilizar-se, transformar-se e produzir novos conhecimentos. 
É preciso frisar também o papel da Universidade na descoberta e construção do conhecimento. 
Se pensarmos no Ensino Superior, veremos que, como Instituição, a Universidade brasileira 
é muito jovem, pois tem menos de um século. A Universidade pública é mais jovem ainda, com 
menos de setenta anos. Mas, mesmo assim, já contribuiu muito para a Sociedade em termos 
de produção do conhecimento, para o desenvolvimento do país, na formação de profissionais 
e na inclusão da comunidade interna e externa em suas ações.
A sociedade contemporânea privilegia o conhecimento na evolução das carreiras profissionais. 
Neste ponto, as universidades têm papel relevante nesta produção, por serem locais de formação 
profissional formal, tendo como objetivos promover a aprendizagem, a pesquisa e a divulgação das 
descobertas, auxiliando a participação de profissionais de diferentes áreas na Sociedade e 
colaborando com sua formação contínua.
Se assim é, a Educação, especialmente aquela desenvolvida no Ensino Superior, que 
deve estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento 
reflexivo, apresenta-se como elemento indispensável para que os homens possam progredir 
em face de ideais de paz, liberdade e justiça social (Delors, 2003).
Defi nição de Conhecimento
Considerando as contribuições teóricas de Jean Piaget, o conhecimento humano é 
essencialmente ativo. “Conhecer um objeto é agir sobre e transformá-lo” (PIAGET citado por 
MIZUKAMI, 1986, p.64).
 Ainda na perspectiva interacionista, o homem se constrói e é sujeito “na medida em que, 
integrado em seu contexto, reflete sobre ele e com ele se compromete, tomando consciência 
de sua historicidade” (MIZUKAMI, 1986, p.90).
A realidade desafia constantemente o homem e este responde a cada desafio de forma 
original, inovadora. O conhecimento não se define como receitas ou modelos de respostas 
prontas para serem reproduzidas, mas há tantas possibilidades quantos forem os desafiose as 
vivências, de modo a definir várias respostas diferentes.
12
Unidade: O Contexto do Ensino Superior: Educação, Sociedade e Profissão Docente
Cada resposta que o homem dá aos desafios que sociedade apresenta não só modifica a 
realidade, mas também transforma o próprio sujeito.
Para Mizukami (1986), a construção e o desenvolvimento do conhecimento têm relação 
com o processo de conscientização, o conhecimento é elaborado a partir da relação reflexiva 
entre pensamento e prática, superando, dessa forma, a dicotomia entre sujeito e objeto.
Nessa perspectiva, na sociedade do conhecimento, os seres humanos são fundamentais 
porque o conhecimento não é impessoal, ele está sempre incorporado a uma pessoa, por ela é 
transportado, criado, ampliado, aperfeiçoado e disseminado. Nesse caso, a pessoa instruída, o 
empregado instruído representa a sociedade na qual o conhecimento tornou-se recurso principal.
Segundo Drucker: 
[...] o conceito de pessoa instruída terá de ser um conceito universal, 
precisamente porque a sociedade atual é uma sociedade de conhecimentos e 
é global – em seu dinheiro, sua economia, suas carreiras, sua tecnologia, suas 
questões básicas e, acima de tudo, em suas informações. Ela requer um grupo 
de liderança[...] (1997, p.166).
Estas pessoas devem ser universalmente instruídas e precisam concentrar seu conhecimento 
no presente e na modelagem do futuro.
 Finalmente, Foucault sintetiza a visão de conhecimento descrita anteriormente:
[...] não é, então, para ser buscado apenas em formulações teóricas, como as 
da filosofia ou da ciência; ele pode e deve ser analisado em todo o modo de 
falar, fazer ou se comportar em que o indivíduo aparece ou atua como sujeito 
de aprendizado, como sujeito ético ou jurídico, como sujeito consciente de si 
mesmo e dos outros[...] (FOUCAULT, citado por LECHTE, 2002, p.131).
Contexto atual e as novas relações com o saber
Ao observarmos o mundo atual e a presença da tecnologia no cotidiano das pessoas, 
identificamos mudanças importantes nas relações que estabelecemos com o Conhecimento.
Na história da Humanidade, pudemos observar o quanto as sociedades expandiram e 
ocuparam toda a superfície do Planeta. Neste início de milênio, acompanhamos a construção 
de uma grande rede digital que conecta tudo a todos.
Segundo Pierre Lévy (1999), nossas culturas nacionais fundem-se lentamente em uma 
cultura globalizada e cibernética, é o nascimento da cibercultura.
Certamente o tema cibercultura é bastante polêmico e causa-nos inquietações acerca das 
alterações que vivenciaremos nas nossas relações com os demais seres humanos, perguntamo-
nos como o processo de digitalização do mundo afetará a cultura, as artes, a política e todas 
as áreas do Conhecimento.
13
Neste momento, é importante identificar o nascimento da cibercultura, ainda não podemos 
discutir seus benefícios e suas consequências para a humanidade. Reconhecer que como 
educadores estaremos à frente das transformações e seremos chamados a construir novas 
relações com o Conhecimento e com as ciências já é um grande desafio. 
Depois de compreendermos esse movimento, poderemos refletir acerca da nossa prática 
docente junto com os alunos que cada vez mais conhecem e dominam as tecnologias e 
estabelecem novas relações com o mundo.
Final do monopólio das IES – Instituições de Ensino Superior
Diante do cenário descrito anteriormente, é possível afirmar que vivemos o final da era de 
transmissão de saberes prontos e acabados, definidos como verdades absolutas que devem ser 
assimiladas e reproduzidas.
Tempos atrás, o Conhecimento era restrito ao meio acadêmico. Os alunos só teriam acesso 
ao saber se estivessem nas Universidades e se atendessem às orientações e determinações da 
Instituição. Por outro lado, os professores eram os detentores do Conhecimento e responsáveis 
pela transmissão desse Conhecimento pronto e finalizado, considerado como verdade.
Os alunos assimilavam o Conhecimento e assumiam uma postura reativa, passiva. Eles 
aguardavam que o professor ministrasse a aula e registravam todo o Conhecimento para ser 
posteriormente reproduzido.
Nesse caso, o professor assumia papel de destaque no processo educativo e o ensino era 
efetivamente mais importante do que a aprendizagem dos alunos.
Atualmente, o aluno e todos nós podemos buscar o Conhecimento em diferentes fontes, 
base de dados ou sites. Existem novas formas de acesso à informação como a navegação 
em hipertextos e hiperlinks, os buscadores e outros mecanismos de pesquisa que facilitam o 
processo. O conhecimento está disponível na grande rede digital e é possível que cada um de 
nós procure e selecione o que é mais importante e necessário para resolver seus problemas e 
inquietações e para construir seus próprios conhecimentos.
Sendo assim, o professor deixa de ter o controle do saber e novas relações interpessoais se 
estabelecem entre ele e os alunos e entre os próprios alunos. As práticas colaborativas ganham 
espaço e a construção do conhecimento se define pela troca de experiências e saberes entre 
todos os participantes do processo educativo.
Certamente, novos papéis se definem para a ação docente, a ação discente passa a ser 
significativa para o delineamento de novos processos de ensino e de aprendizagem. Ainda não 
temos as respostas prontas para esses desafios, mas precisaremos construir juntos, de forma 
colaborativa e solidária, as características e os elementos das novas situações de aprendizagem 
que assumiremos nos próximos anos.
14
Unidade: O Contexto do Ensino Superior: Educação, Sociedade e Profissão Docente
Ciclo de Renovação do Conhecimento
O filósofo Pierre Lévy (1999) constata três grandes mudanças com relação ao saber, uma 
delas diz respeito ao ciclo de renovação do Conhecimento.
Atualmente, é possível identificar uma grande velocidade no surgimento e na renovação dos 
saberes, é a obsolescência do Conhecimento. A ciência sempre evoluiu, mas não de forma tão 
rápida como nos últimos anos. Os novos conhecimentos são produzidos continuamente, em 
fluxo, o que nos o obriga a estudarmos e nos atualizamos com a mesma intensidade.
Essa dinâmica gera um movimento nas ciências e precisamos encontrar formas de 
acompanharmos essa produção científica contínua e também participarmos dela, gerando 
novos conhecimentos. O ciclo de vida de um conhecimento passou de 20 ou 25 anos para 8 
ou 10 anos. Com o passar dos anos, esse ciclo poderá ser 2 ou 5 anos.
Esse movimento da produção das ciências gera uma base de instabilidade que nos causa 
ansiedade e com a qual precisamos aprender a conviver.
Considerando que como professores no Ensino Superior trabalhamos com os conhecimentos, 
novos e não tão novos, precisaremos construir programas de ensino mais dinâmicos que 
possibilitem aulas mais interativas e colaborativas.
Novas relações no Trabalho
A outra mudança identificada por Lévy (1999) diz respeito às novas relações do saber no 
trabalho, definindo uma nova natureza para ele.
O filósofo acredita que a transação do Conhecimento será a base das relações de trabalho 
e, portanto, a transmissão do conhecimento adquirido assim como a troca de experiências 
vivenciadas pelos profissionais serão importantes para a busca e produção de novos 
conhecimentos.
Todos os profissionais assumem o papel de pesquisador diante das diferentes situações novas 
que surgem no cotidiano profissional. A visão investigativa é um diferencial, na medida em 
que os profissionais buscam respostas, individualmente ou em grupos colaborativos. Não temos 
respostas prontas para as novas situações que surgem e, por esse motivo, é necessário transmitir 
os conhecimentos adquiridos, partilhar as experiências vividas e construir novos conhecimentos.
Diante dessa mudança, podemos afirmar que professores que atuam diretamente na 
formação dos futuros profissionais se encontram frente a um desafio. Cabe refletir como 
criar condições para que nossos alunos assumam uma postura mais ativa com relação ao 
conhecimento,desenvolvam maior autonomia em suas reflexões de modo que elas subsidiem 
suas decisões.
Nós formamos nossos alunos para serem empreendedores neste novo espaço de 
conhecimentos?
15
Ciberespaço e Tecnologia
Finalmente, a terceira e última mudança identificada por Pierre Lévy (1999) tem relação 
com a Tecnologia, mais especificamente a Informática, suporte digitalizado da comunicação e 
da informação. Por meio da tecnologia, podemos trabalhar com as informações de maneira 
interativa, além de garantir que todas elas estejam interligadas, possibilitando novas formas de 
acesso e de utilização.
As novas tecnologias influenciam nossas funções cognitivas. Nós utilizamos a memória para 
reter informações que poderão ser guardadas por meio de banco de dados, de hiperdocumentos 
ou arquivos digitais de diferentes formatos. As simulações que podem ser realizadas com 
auxílio de tecnologia amplificam nossa imaginação e alteram nosso raciocínio e os sensores 
digitais e as realidades virtuais interferem na nossa percepção.
São transformações que estão por vir, que chegam aos poucos, mas que, como professores, 
precisamos refletir sobre elas e identificarmos sua relação com nossa prática docente.
Educação a distância
Diante do contexto que estamos discutindo, é necessário abordarmos a questão da Educação 
a Distância.
Você está fazendo este curso na modalidade a distância e o que isso significa para você? 
Um grande desafio, talvez, uma nova experiência ou a construção de novos conhecimentos 
acompanhada do desenvolvimento de novas competências. A educação a distância é para 
você um desafio ou um grande problema?
O desafio da educação a distância não reside no uso de novas técnicas e recursos de ensino, 
na sua relação com as redes de comunicação ou com as hipermídias. A EaD propõe uma nova 
visão da pedagogia, propõe uma educação voltada para a aprendizagem individualizada, mas 
inserida em uma grande rede que incentiva a aprendizagem colaborativa e coletiva. Parece 
controverso, mas acredito que é desafiador e inquietante.
Conclusões voltadas para o Ensino Superior
É certo que a globalização trouxe a facilidade de interligação das informações. As pessoas 
passaram a interpretar estas informações, porém de acordo com os conhecimentos já 
adquiridos e acumulados ao longo de suas vidas. Entendemos por Sociedade do Conhecimento, 
a sociedade na qual vivemos na atualidade, em que todos desejam o domínio do conhecimento, 
seja científico, seja tecnológico. Esta sociedade contemporânea privilegia o conhecimento na 
evolução das carreiras profissionais.
Devemos, portanto, analisar como as universidades estão lidando com tanta informação, na 
formação de novos profissionais, vez que é nas universidades que as pessoas procuram formação 
e qualificação para desenvolver suas atividades no mercado de trabalho. A Universidade deve 
16
Unidade: O Contexto do Ensino Superior: Educação, Sociedade e Profissão Docente
produzir conhecimento. Para tanto, deve estar aberta ao diálogo com as diferentes fontes de 
produção de conhecimento, inclusive incorporando as diferentes produções.
A produção de conhecimento pelas universidades teve de lidar com a velocidade da informação. 
A diversidade cultural e produtiva, aliada às diferentes atividades desenvolvidas pelas pessoas, 
pede atualizações e produções constantes. Há também a necessidade de acesso, por parte dos 
pesquisadores, a diferentes tecnologias que permitam novas descobertas em menor tempo. É 
preciso também que se perceba que a produção científica, antes monopólio das universidades, 
hoje acontece em múltiplos espaços, como ONGs, laboratórios, mídia, imprensa etc.
É preciso que haja uma ampliação do universo da discussão do conhecimento científico. 
Com tantas mudanças em termos de produção e reconhecimento de novos conhecimentos, 
há necessidade de mudança também na prática do docente, o qual não pode mais agir como 
se ele fosse o centro e o detentor de todo conhecimento e saber. O aluno também tem acesso 
aos novos conhecimentos. O docente deve, portanto, mudar sua docência por conta das 
mudanças na Sociedade e na produção do Conhecimento.
É de se esperar que com as novas exigências da Sociedade do Conhecimento haja uma crise 
no perfil das carreiras profissionais, pois agora se procura um novo profissional, um profissional 
mais completo. E se a Universidade trabalha diretamente na formação de profissionais, ela 
deve repensar a organização de seus currículos para atender à demanda do mercado.
Vejamos: se antes havia a adoção de um currículo mínimo, com conteúdos divididos em 
disciplinas, para todo o país, o trabalho docente era transmitir estes conteúdos básicos para seus 
alunos. Hoje, as diretrizes curriculares procuram atender aos perfis profissionais diferenciados, 
havendo um trabalho com a docência mais abrangente e mais amplo, no sentido de atender 
aos objetivos a serem alcançados, de acordo com as competências das diretrizes.
A Sociedade do Conhecimento pede uma mudança do processo de Ensino para o Processo 
de Aprendizagem, pois suas exigências levam o aluno a buscar informações, sabendo pesquisar, 
selecionar informações, criticar estas informações, assimilar seus interesses, construir novos 
conhecimentos, enfim aprender.
E o professor universitário precisa estar em constante atualização para entender e trabalhar 
as mudanças que ocorrem com velocidade cada vez maior e afetam o trabalho, as relações, a 
educação e a sociedade como um todo.
17
Material Complementar
Sites:
Dilemas da educação superior no mundo globalizado: sociedade do conheci-
mento ou economia do conhecimento?
Educ. Soc., Campinas, v. 28, n. 98, apr. 2007.
http://goo.gl/cqg9qH
Leituras:
O futuro da educação em uma sociedade do conhecimento: o argumento 
radical em defesa de um currículo centrado em disciplinas
YOUNG, Michael P. D. Universidade de Londres.
http://goo.gl/15p8T3
O ensino Universitário: seu cenário e seus protagonistas
ZABALZA, Miguel A. Porto Alegre: Artmed, 2004, p. 58-66.
http://goo.gl/kdQ95v
18
Unidade: O Contexto do Ensino Superior: Educação, Sociedade e Profissão Docente
Referências
BELLUZZO, Regina Célia Baptista. A Educação na Sociedade do Conhecimento. 2005. 
Disponível em http://www.serprofessoruniversitario.pro.br/ler.php?modulo=10&texto=501 
Acesso mar.2010
BRASIL. Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação 
nacional. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 1996. Disponível 
em http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn1.pdf Acesso em fev.2010. 
Acesso mar.2010
DELORS, J. Educação: Um Tesouro a Descobrir: Relatório Para a UNESCO da Comissão 
Internacional. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2003.
DRUCKER, Peter. Sociedade Pós-Capitalista. São Paulo: Pioneira, 1997. 
FREIRE, Paulo Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 
Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1997
LECHTE, J. 50 Pensadores contemporâneos essenciais. Difel: Brasil, 2002
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed.34. 1999.
MIZUKAMI, Maria da Graça N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à Educação do Futuro. São Paulo: Cortez; 
Brasília, DF: UNESCO, 2000.
UNESCO. Política de mudança e desenvolvimento no ensino superior. Rio de Janeiro: 
Garamond, 1999
19
Anotações