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É um transtorno neurocognitivo > mental orgânico, também chamando de estado confusional agudo. Definição • Transtorno psiquiátrico mais comum em ambiente hospitalar; • Pode ser a única apresentação de uma patologia clínica grave; • Alteração aguda/abrupta do nível de consciência > secundária às alterações emocionais devido a uma patologia clínica, normalmente; • 80% dos casos de UTI apresentam delirium; • 50% dos casos internados apresentam delirium; • 70% dos casos de delirium não são reconhecidos por médicos que não sejam especialistas/geriatras > por isso é importante saber reconhecer; • Prognóstico ruim: a mortalidade em um ano é de até 50%; • Para diferenciar de uma demência ou transtorno do humor, é válido considerar o tempo de ocorrência > esses costumam se instalar de forma crônica, enquanto que o delirium se instala de forma aguda; Subtipos 1) Hipoativo > sonolência, apatia, lentidão > É O MAIS COMUM! 2) Hiperativo > agitação, ilusão, disautonomias (como a retenção urinária) > É O MAIS FÁCIL DE SER DIAGNÓSTICADO! 3) Misto > flutua ao longo do dia. Clínica • Rebaixamento do nível de consciência > súbito; • Comprometimento da atenção > É O SINTOMA MAIS COMUM! • Distúrbios de percepção; • Delírios pouco estruturados e fugazes > são mais simples e desaparecem ou reaparecem ao longo do dia > uma hora o paciente está lúcido e consciente, conversando e na outra ele está tendo delírios > quadro flutuante; • Déficit de memória de fixação; • Alucinações (criação de coisas que não existem na realidade) e ilusão (alteração de algo da realidade); • Preservação de memória remota > perde-se primeiro a recente; • Desorientação > mais comum no tempo (pode ser no espaço também > paciente acha que está em uma floresta, por exemplo); • Comprometimento da atividade psicomotora > aumento ou redução > mais comum é o aumento da agitação; • Alteração do ciclo sono-vigília. Fatores predisponentes ou de risco • Síndrome demencial; • Idade avançada; • Sexo masculino; • Doenças orgânicas (crônicas e graves, principalmente); • Desidratação; • Déficit sensorial (visual/auditivo, principalmente > muitas vezes o paciente precisa ficar sem lentes ou aparelhos auditivos dentro do hospital, aumentando o risco); • Desnutrição ou déficit vitamínico (especialmente a tiamina); • Estresse psicológico, baixo suporte social; • Internação em UTI. Etiologia Acontece secundária a uma patologia clínica, não psiquiátrica > para lembrar, basta entender que alguma coisa altera a hemostasia do paciente. • ITU; • Insuficiência respiratória; • Hipo ou hiperglicemia; • Hipóxia; • Traumas; • Processos invasivos (cateter, sondas...) • AVE; • IAM; • Abstinência de substâncias; • Medicamentos (amitriptilina, ranitidina, hidromorfona, principalmente). Investigação • Sinais vitais; • Glicemia; • Estabilização clínica; • Avaliação clínica e exames complementares de acordo com a suspeita clínica; Laboratório básico • Hemograma; • Função renal; • Função hepática; • Função tireoideana; • Eletrólitos (incluindo cálcio); • Glicemia; • EAS; • Gaometria; • ECG; • Rx de tórax. • TC: apenas nos seguintes casos: 1) Presença de sinais localizatórios; 2) História de TCE; 3) Quando a história clínica não pode ser realizada. Diagnóstico • Tem critérios diagnósticos no DSM-5, mas, o mais utilizado é o CAM-ICU (que não é muito diferente do DSM-5); • Déficit de atenção > atenção! Delirium x Delírio DELIRIUM DELÍRIO É uma síndrome mental orgânica É um sintoma Pode ocorrer delírio dentro do delirium Percepção falsa da realidade, alteração da consciência > e a pessoa tem certeza de que está vivenciando na realidade essa falsa realidade. Delirium x Demência DELIRIUM DEMÊNCIA Início Súbito, agudo Insidioso Duração Curta Progressiva Consciência Flutuante Preservada Percepção Alucinações comuns Alucinações raras (exceto nas fases finais da demência, em que elas aumentam) Memória Memória recente prejudicada Memória recente e remota prejudicadas Pensamento Desorganizado (mas, muito aflorado > paciente fala muito) Diminuído (paciente fala menos, repertório diminuído) Sono Perturbado Menor perturbação Reversibilidade Frequente Rara Medidas para evitar e corrigir delirium 1) Adequação ambiental: colocar relógio para a pessoa saber a passagem do tempo, calendário, ambiente com luz natural e permitir o escuro do quarto à noite e bem iluminado durante o dia; 2) Acompanhamento de familiares e equipe multiprofissional instruída; 3) Correção dos déficits sensoriais > manter a prótese auditiva e óculos; 4) Estímulo à ingestão alimentar, à hidratação e mobilidade; 5) Observação e correção das retenções fecais e urinárias > as vezes o idoso tem o delirium por causa da infecção urinária ou obstipação intestinal, por exemplo; 6) Tratamento da dor; 7) Uso racional de medicação e de psicotrópicos, principalmente (tricíclicos e benzodiazepínicos predispõe ao delirium, uma vez que o paciente fica sedado > predispõe à queda e à sonolência também); 8) Evitar contenção física e restrição no leito > mas, se for necessária para a segurança do paciente, da equipe ou de outras pessoas, pode ser feito antes de fazer a contenção química > jamais fazer uma injeção de medicamento em paciente agitado, por exemplo; 9) Evitar o uso desnecessário de sondas e cateteres > predispõe à infecção. Tratamento da agitação • Tratar a causa base desencadeante; • Contenção física somente se necessário; • Evitar benzodiazepínicos > predispõe à quedas e ao próprio delirium > efeito paradoxal; • Utilizar antiopsicótico: Haloperidol em baixa dose (Haldol) – 5 mg IM ou VO ou Risperidona 1 mg VO; • Paciente com abstinência de álcool: nesse caso deve-se utilizar benzodiazepínicos > já que o haloperidol diminui o limiar de convulsão e abstinência de álcool pode cursar com convulsão. RESUMO • Delirium é uma alteração aguda do nível de consciência secundária a uma patologia clínica > reversível, ao melhorar a doença de base; • Comprometimento da atenção > é o mais importante a ser notado; • Sem antecedentes psiquiátricos > mas, pode ter demência associada (sendo que a demência já era diagnosticada anteriormente); • Flutuante (paciente dorme durante o dia e acorda a noite); • Investigar causas: exames de imagem apenas para casos reservados; • Tratamento da agitação é fundamental para melhorar o quadro do paciente.