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AULA 07

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DELEGADO 
Silvio Maciel 
Direito Penal 
Aula 7 
 
 
ROTEIRO DE AULA 
 
 
Tema: Teoria do Crime 
 
 
 
 
Iter criminis 
 
Em tradução livre, é a etapa percorrida pelo criminoso. As fases percorridas na realização do 
crime. 
 
A doutrina costuma dividir essas etapas em quatro: 
 
1- Cogitação (fase interna do delito) 
O delito ainda está internalizado no pensamento do autor. Ainda não houve exteriorização de 
conduta. 
A cogitação nunca é punida. É um mero pensamento do autor. 
 
 
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2- Preparação (atos preparatórios) 
São providências praticadas antes do início da execução do delito. Ainda não há execução do 
delito. 
Os atos preparatórios também não são punidos. 
 
➢ Atenção! Os atos preparatórios não são punidos, salvo se a lei dispor de forma 
diversa. Salvo quando, por si só, constituírem outro crime. 
Os atos preparatórios nunca são puníveis, se por si só constituírem crime, não são atos 
preparatórios, são crimes. 
Trata-se de um problema de linguagem. Dizer que excepcionalmente são punidos é uma 
contradição. 
A resposta correta é que nunca são crimes. Cabe a explicação do verdadeiro teor do “salvo se a 
lei dispor de forma diversa”: um ato preparatório se configurar um crime autônomo. 
Exemplo: um indivíduo aluga um automóvel para praticar racha à noite. O ato preparatório é o 
aluguel do veículo, que não é punido e não configura crime nenhum. 
Exemplo: o homicida compra uma arma com numeração raspada para cometer o homicídio. A 
compra, por si só, constitui porte ilegal de arma (art. 14 do estatuto do desarmamento). 
 
 
3- Execução ou atos executórios 
Existe crime em andamento. Já existe início de crime. 
O ato executório, em regra, é punido. 
Tem grande importância prática a diferenciação entre ato preparatório e ato executório. Um 
não é crime, o outro é ao menos crime tentado. Nem sempre é fácil distinguir um do outro. 
Exemplo: o cara pulou a cerca e está andando no quintal da casa para furtar. É preso. É ato 
executório do furto ou não? É furto tentado ou violação de domicilio? 
Exemplo: Está atrás da árvore com uma arma de fogo esperando a vítima passar para atirar. Já 
é execução de homicídio? 
 
Para distinguir um do outro existem três teorias: 
 
1- Teoria da hostilidade ao bem jurídico (critério material) 
Existe ato executório a partir do momento em que o bem protegido passa a sofrer uma situação 
concreta, real, efetiva de perigo. 
Por essa teoria, nos dois exemplos houve início de execução. Já pode dizer que houve tentativa 
de furto ou homicídio. Se está andando no quintal, já pode furtar. Se está atrás da árvore, a um 
metro da vítima, já está em perigo. 
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2- Critério formal objetivo (critério objetivo formal – critério lógico formal) 
Existe início de execução quando o agente começa a executar o verbo nuclear do tipo penal. 
Exemplo: Matar, subtrair, difamar, etc. 
Por essa teoria, nos exemplos, não há início de execução. Ainda não começou a subtrair, ainda 
não começou a executar o verbo matar. Pode ser que, nos próximos três segundos, se arrependa 
e não faça nada. 
 
 
3- Critério objetivo individual- individual objetivo. 
Se baseia no plano do autor. 
Já existe ato executório quando considerando-se o plano do autor, já é possível identificar que 
o delito começou a ser praticado. 
Nos dois exemplos já existe início de execução. Sabe que está dentro da casa, no quintal, para 
furtar objetos. Sabe que se escondeu atrás da árvore, com a arma, para matar a vítima. O plano 
é furtar, o plano é matar. Embora, ainda não tenha começado o verbo nuclear. 
 
➢ Atenção! O critério mais seguro é o formal objetivo. 
Só existe início de execução, a partir do momento que começa a executar o verbo do tipo. 
Esse é o critério adotado. 
No caso dos exemplos: violação de domicílio e porte ilegal de arma – se ele tinha porte: crime 
nenhum. 
Todos os critérios possuem falhas e críticas. 
 
 
4- Consumação 
É a ocorrência do resultado. 
Depende do tipo de crime. Crime material com o resultado naturalístico. Crime formal não é 
necessário o resultado naturalístico. Crime de mera conduta não é necessário, nem existe o 
resultado naturalístico. 
 
➢ O exaurimento é uma das etapas do iter criminis? 
Em que pese o posicionamento de alguns autores, como Rogério Grecco, é amplamente 
majoritária a posição que não é etapa do iter criminis. São acontecimentos que acontecem após 
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a consumação do delito. Após o crime já estar consumado. Agravam as circunstâncias do crime. 
Influenciam na dosagem da pesa base. 
Exemplo: o policial exigiu vantagem indevida. Já está consumado. Se depois de uma semana, 
for buscar 5 mil, esse recebimento é só o exaurimento. Vai apenas agravar as consequências do 
crime. Se ele não for buscar a propina, o crime de concussão não deixará de ser consumado. 
 
 
➢ Em todos os crimes os autor necessariamente tem que percorrer as quatro etapas 
do crime? 
Não. Em crimes tentados não existe a fase de consumação. Nos crimes culposos não existe a 
cogitação. 
 
➢ Atenção! Cogitação e preparação não são punidas. 
 
Iniciada a execução de um crime pode acontecer quatro situações: 
1- O crime não se consumar por razões contrárias a vontade do agente (tentativa) 
2- O crime não se consumar pela própria vontade do agente (desistência 
voluntária ou arrependimento eficaz) 
3- Crime não se consumar porque a consumação era absolutamente impossível de 
acontecer (crime impossível) 
4- Crime se consumar 
 
TENTATIVA 
Tentativa é também conhecida como conatus ou ainda, crime imperfeito e crime incompleto. 
É a execução que não se consuma por razões contrárias a vontade do agente. 
 
➢ O dolo da tentativa é o mesmo dolo do crime consumado? 
Sim. Em ambos os casos o dolo é o de causar o resultado. 
A diferença é que no crime consumado o agente consegue atingir o resultado. 
 
Ocorre situação de tipicidade indireta. 
 
Punição: existem duas teorias. 
 
a- Teoria subjetiva também chamada de teoria voluntarística ou monista. 
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Leva em conta a intenção do agente, para punir o crime tentado. 
No crime tentado, a intenção do autor era consumar o crime. Portanto, o crime tentado deve 
ser punido com a mesma punição do crime consumado. Como se fosse consumação. A pena 
deve ser a mesma, sem qualquer diminuição. 
 
b- Teoria objetiva. Teoria realista ou dualista. 
Leva em conta o grau de ofensa ao bem jurídico. 
No crime tentando, a ofensa ao bem jurídico é muito menor que no crime consumado. 
A pena da tentativa deve ser menor que a pena da consumação. 
Uma coisa é atirar e matar, outra é atirar e errar o tiro. O grau de ofensa é muito maior no 
primeiro caso. 
 
• O Brasil adota como regra a teoria objetiva. 
Art. 14 Pena de tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena 
correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.(Incluído pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
 
➢ Como o juiz faz para dosar a diminuição entre 1/3 a 2/3? 
O juiz adota o critério da proximidade da consumação. Quanto mais próximo o agente chegou 
da consumação, menor a redução e vice e versa. 
Deu dois tiros na vítima e errou. Diminui de 2/3. Deu dois tiros. Acertou, a vítima ficou na UTI 
mas se salvou. Diminui de 1/3. 
 
➢ Atenção! Excepcionalmente o Brasiladota a teoria subjetiva. 
“Salvo disposição em contrário” 
Exemplo: art. 352 do CP. 
Evasão mediante violência contra a pessoa 
 Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de 
segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência. 
 
Crimes de atentado ou de empreendimento são crimes cuja a tentativa é punida da mesma 
forma que o crime consumado, sem diminuição de pena. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art14
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art14
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art14
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➢ Juiz pode deixar de aplicar a causa de diminuição de tentativa se reconhecido que o 
crime foi tentado? 
Não. Causa de diminuição de tentativa é direito subjetivo do condenado. É obrigado a diminuir 
a pena. 
 
Infrações que não admitem tentativa: 
 
1- Crime culposo (se for culpa própria) 
Na tentativa, o agente quer causar o resultado mas não consegue. Enquanto no crime culposo, 
o agente não quer causar o resultado. 
Cuidado com a culpa imprópria (culpa por equiparação, extensão, assimilação). O agente por 
um erro inescusável, erro culposo, supõe estar numa situação excludente de ilicitude que na 
verdade, não existe. 
Exemplo: Morador da casa vê o ladrão no quintal à noite, atira na cabeça do ladrão. Ao acender 
a luz vê que era o vizinho que queria dar um recado. Imaginou legítima defesa de assalto, que 
na verdade, não existiu. 
É uma ação dolosa, punida como se fosse crime culposo, em razão do erro do agente. Morador 
atirou na cabeça para matar. Vai responder por homicídio culposo por ter agido com erro de 
tipo. Se é ação dolosa a conduta, admite tentativa. 
Exemplo: Atira, o assaltante cai desmaiado. Ao acender a luz vê o vizinho. Por sorte, o tiro pega 
de raspão e o vizinho não morre. Tentativa de homicídio culposo por culpa imprópria. 
 
 
2- Crime preterdoloso 
O resultado também é culposo. 
 
3- Crime omissivo puro ou próprio. 
O verbo nuclear do tipo já é uma omissão. A simples omissão já significa uma realização da 
conduta. 
Exemplo: Deixar de prestar socorro. Ou deixa de prestar socorro e o crime já está consumado 
ou presta e não existe crime. 
Tem que lembrar que existe o crime omissivo impuro. Cujo verbo é ação (comissivo), mas que é 
cometido mediante uma omissão. 
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Exemplo: salva vidas que vê o sócio morrendo afogado e não faz nada porque são inimigos. Um 
outro associado salva a pessoa. O crime de homicídio não aconteceu por razões contrárias a 
vontade do salva vidas que se omitiu. Tentativa de homicídio por omissão. 
 
4- Crime unisubsistente 
Aquele cuja conduta não pode ser fracionada em atos. 
A conduta de esgota em único ato. Exemplo: injúria verbal. Ou xinga ou não xinga. 
(Plurisubsistente: homicídio. 10 disparos de arma.) 
 
5- Crime de atentado ou de empreendimento 
São crimes cuja tentativa já configura crime consumado. Cujo ato tentado já configura ato 
consumado. 
Exemplo: “ Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida 
de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa:” 
O preso que tenta se evadir já praticou a conduta completa. O ato tentado já é descrito como 
ato consumado. 
Existe o entendimento minoritário, que admite a tentativa. A diferença é que a tentativa é 
punida com a mesma pena do crime consumado. 
 
6- Crime habitual 
Só existe a partir de uma reiteração de atos. Um ato isolado não é crime. 
Exemplo: curandeirismo. Dizer um dia para tomar tal remédio não é crime. Se um indivíduo com 
habitualidade prescrever tal remédio é curandeirismo. 
Se o ato é isolado é atípico e se há reiteração o delito já está consumado. Não há meio termo. 
 
➢ Existe tentativa de contravenção penal? 
A maioria dos manuais dirá que não. 
“Art. 4º Não é punível a tentativa de contravenção.” Lei das Contravenções Penais. 
O legislador não iria escrever um artigo, para dizer que não se pune, aquilo que não existe. 
Não é punida por opção de política criminal, por opção legislativa. 
 
➢ É possível tentativa nos crimes de perigo abstrato? 
Sim. 
 
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➢ É possível tentativa nos crimes formais e de mera conduta? 
Sim. Não importa se é formal ou de mera conduta. Importa se é unisubsistente ou 
plurisubsistente. 
 
➢ É possível tentativa em crime com dolo eventual? 
 Maioria da doutrina e pacífico STJ – perfeitamente possível crime tentado com dolo eventual. 
 
Classificação da Tentativa 
 
a- Branca ou Incruenta – Vermelha ou Cruenta. 
Branca- vítima não é atingida. 
Vermelha- vítima é atingida. 
Essa classificação se limita aos homicídios e lesão corporal. 
 
b- Tentativa idônea - inidônea. 
Idônea- o resultado era possível de acontecer. Exemplo: criminoso é preso arrombando a porta. 
Inidônea ou inadequada- apelido doutrinário do crime impossível – resultado impossível de 
acontecer. Exemplo: atirar em cadáver. 
 
c- Tentativa perfeita acabada ou crime falho- inacabada ou imperfeita. 
Perfeita- o agente consegue esgotar os meios de execução possíveis. Tem cinco munições na 
arma. Efetua os cinco disparos, mas a vítima não morre. 
Imperfeita- O agente não consegue esgotar os meios de execução disponíveis. Efetua dois 
disparos e é desarmado pela vítima em luta corporal. 
 
d- Tentativa abandonada ou qualificada 
É o apedido doutrinário da desistência voluntaria ou arrependimento eficaz 
 
 
Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz (art. 15) 
 Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que 
o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.(Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art15
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art15
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➢ Qual a diferença? 
Desistência Voluntária- sem esgotar os meios de execução, o agente desiste de prosseguir nela. 
Só pode falar em desistência voluntária, se o agente não esgotou todos os meios de execução. 
Exemplo: tem cinco munições, dá dois tiros e voluntariamente desiste de prosseguir nos 
disparos. 
Arrependimento eficaz- o agente, após esgotar os meios de execução possíveis, impede a 
consumação. 
Exemplo: Tem cinco munições e efetua o cinco disparos. Se arrepende, coloca a vítima no seu 
carro, leva para o hospital e ela se salva. 
 
Em que pese esses institutos serem diferentes, a consequência jurídica é exatamente a mesma. 
Afastam a tentativa do crime inicialmente pretendido. 
Para Franz von Liszt são pontes de ouro. Dá a chance para a pessoa voltar. 
 
➢ Questão de concurso. O criminoso tinha cinco munições. Com o dolo de matar 
atirou 3 vezes, a vítima não morreu. Atirou cinco vezes e colou no carro. Ela não 
morreu. É tentativa de homicídio? 
A tentativa só ocorre quando o resultado é contra a vontade do agente. Tentativa é 
incompatível com desistência voluntária e arrependimento eficaz. 
Responde pelos atos praticados, desde que esses atos configurem algum crime. 
Exemplo: deu cinco tiros, socorreu e evitou a morte. Deu dois tiros e parou. Afastou a tentativa 
de homicídio. Vai responder por lesão corporal. 
Exemplo: arromba a porta da casa, entra, pega objeto. Ao sair desiste de furtar. Afastou a 
tentativa de furto. Violação de domicilio e danos na porta. 
Exemplo: indivíduopassando na rua, vê uma bicicleta, resolve furtar. Abre o cadeado da 
bicicleta com um grampo. Senta na bicicleta, pedala e devolve no mesmo lugar. Fecha o cadeado 
e vai embora. Afastou a tentativa do furto. Abrir cadeado e sentar na bicicleta não configura 
crime nenhum. 
A desistência voluntária só pode afastar a tentativa imperfeita. Aquela que ainda não esgotou 
os atos de execução. 
Já o arrependimento eficaz, só pode acontecer na tentativa perfeita. Se já esgotou os atos de 
execução, e ainda dá tempo de evitar o resultado. Afastar a tentativa perfeita e transformá-la 
no arrependimento eficaz. 
 
➢ A desistência voluntária precisa ser espontânea? 
O ato de desistir pode ter sido sugerido por um terceiro. 
Exemplo: O criminoso parou de atirar na vítima porque a esposa da vítima pediu. 
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➢ O indivíduo desiste de furtar. Está abrindo o portão da casa para pegar a bicicleta, 
desiste de furtar porque o alarme disparou. É tentativa ou desistência voluntária? 
É tentativa. O agente parou de furtar por circunstâncias alheias a sua vontade. 
 
O agente deu cinco tiros na vítima. Se arrependeu, socorreu, levou ao hospital, mas ela ficou 
internada e morreu. Isso não foi arrependimento eficaz, foi arrependimento ineficaz. Responde 
por homicídio consumado. 
 
Todo crime que não admite tentativa, também não admite desistência voluntária e 
arrependimento eficaz. 
Eles foram inicialmente uma tentativa, que deixou de existir pela desistência e arrependimento. 
 
➢ Qual é a natureza jurídica da desistência voluntária e do arrependimento eficaz? 
Causas de excludente de tipicidade. (Entendimento majoritário) 
Afastam a tipicidade do crime inicialmente pretendido. 
 
➢ Comunicam-se com co autores e partícipes? Beneficiam os demais? 
Exemplo: Três indivíduos atiraram na vítima. Dois correram e um deles se arrependeu. Colocou 
no carro, levou para o hospital e evitou a morte. 
Majoritário – são circunstâncias comunicáveis entre co autores e partícipes. Beneficia todos os 
demais co autores e partícipes. Porque se o fato é atípico para um, tem que ser atípico para 
todos. 
 
Se um dos indivíduos desiste voluntariamente, mas o outro prossegue na execução e consuma 
o crime. O crime está consumado para ambos. Inclusive, para aquele que desistiu 
voluntariamente. 
Exemplo: Dois indivíduos pulam em um casa, um deles pula o muro de volta e vai embora. O 
outro furta. É furto consumado para ambos. 
 
Crime Impossível (tentativa inadequada) 
Se é absolutamente impossível de ocorrer. 
Conceito: é a execução absolutamente ineficaz para produzir o resultado. 
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Existem três hipóteses de crime impossível. Duas legais e uma jurisprudencial. 
 
Crime impossível (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta 
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.(Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
 
1- Absoluta impropriedade do objeto material (pessoa ou coisa) 
Exemplo: atirar em cadáver. Indíviduo atira na vítima dormindo. Laudo necroscópico diz que ela 
morreu duas horas antes, por infarto. Delito putativo por erro de tipo. Crime impossível. 
2- Absoluta ineficácia do meio de execução 
Exemplo: disparar uma arma sem munição. 
 
3- Flagrante preparado ou provocado. Crime impossível por obra do agente provocador, 
crime de ensaio, crime de experiência. 
Súmula 145- STF- Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível 
a sua consumação. 
No provocado, o agente é induzido a cometer a conduta. No esperado ele não é induzido, 
comete a conduta típica espontaneamente. 
Exemplo: Policial civil, disfarçado, induz o traficante a vender droga. Provocado. 
Exemplo: Entra no supermercado, furta um litro de bebida e é pego lá fora. STJ- sistema de 
vigilância não torna o crime impossível. Esperado. 
 
 
➢ Cuidado com os crimes de conduta múltipla ou variada. 
Exemplo: Tráfico de droga. Tipo penal prevê 18 verbos nucleares. Pode ocorrer o flagrante 
preparado em relação a uma conduta e não a outra. O policial induz o traficante a lhe vender 
droga. Induzido a vender. Flagrante preparado. Só que antes do traficante vender, ele 
adquiriu- preparou-guardou. Todas essas condutas foram praticadas espontaneamente. Pode 
ser preso pelas outras condutas do tipo. 
 
Natureza jurídica: causa excludente de tipicidade. 
 
Teorias quanto a punição. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art17
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art17
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art17
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1- Teoria sintomática 
O indivíduo demonstra periculosidade. Deve ser punido com medida de segurança. 
 
 
2- Teoria subjetiva 
Leva em conta a intenção do autor. Era intenção consumar o crime. Deve ser punido da mesma 
forma que a tentativa. 
 
3- Teoria objetiva 
3.1 teoria objetiva pura. 
Não deve ser punido nunca. Seja uma impossibilidade absoluta ou relativa. 
3.2 objetiva temperada. 
Se a impossibilidade é absoluta, não há punição. 
Se é impossibilidade relativa, está diante da tentativa e não do crime impossível. 
 
• O CP adota a teoria objetiva temperada. 
O art. 17 é claro ao dizer absoluta.

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