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TRANSFORMADAS: TEMPO CONTÍNUO E DISCRETO AULA 5 Prof. Guilherme Augusto Pianezzer CONVERSA INICIAL Nas últimas aulas, vimos como obter a transformada de Fourier de algumas funções e como essa ferramenta nos permite solucionar algumas equações diferenciais que costumam surgir na simulação de certos fenômenos físicos. A transformada de Fourier não é a única transformada que existe. Outras transformadas, como a transformada de Laplace, tema desta aula, ou a transformada-Z, tema da aula seguinte, auxiliam na resolução de outros tipos de problemas específicos. Vejamos algumas características das transformadas de Laplace e que tipo de problema ela se propõe a resolver. TEMA 1 – TRANSFORMADA DE LAPLACE A transformada de Laplace atua de forma semelhante à transformada de Fourier, no sentido de que cada transformada, quando aplicada a certa classe de problemas, reduz a sua complexidade. A solução procurada na forma transformada pode ser reescrita a partir da transformada inversa e o problema pode ser solucionado. Denotamos pela transformada de Laplace aplicada a uma função 𝑓(𝑡), como sendo ℒ{𝑓(𝑡)} = 𝐹(𝑠) = ∫ 𝑓(𝑡)𝑒−𝑠𝑡𝑑𝑡 ∞ 0 Essa operação, quando aplicada a certa classe de problemas, reescreve-o em função de uma variável nova. Passasse a usar 𝑠 como a variável do domínio, ao invés de 𝑡. Essa operação pode ser desfeita a partir da transformada de Laplace inversa ℒ−1{𝐹(𝑠)} = 𝑓(𝑡) = 1 2𝜋𝑖 ∮ 𝐹(𝑠)𝑒𝑠𝑡𝑑𝑡 𝐶 Veja que calcular essas integrais demanda um trabalho matemático intenso. Por isso, deduz-se os resultados das transformadas de Laplace de algumas funções específicas simples e de algumas propriedades que permitem calcular a transformada de funções mais complexas. Vejamos, por exemplo, a 3 função constante 1. Sua transformada de Laplace pode ser calculada, com base na definição, como sendo: ℒ{1} = ∫ 𝑓(𝑡)𝑒−𝑠𝑡𝑑𝑡 ∞ 0 = ∫ 𝑒−𝑠𝑡𝑑𝑡 ∞ 0 = lim 𝑏→∞ [− 𝑒−𝑠𝑡 𝑠 ] 0 𝑏 = 1 𝑠 Vejamos o caso da função 𝑒𝑐𝑡. Sua transformada de Laplace também pode ser calculada, com base na definição, como sendo: ℒ{𝑒𝑐𝑡} = ∫ 𝑓(𝑡)𝑒−𝑠𝑡𝑑𝑡 ∞ 0 = ∫ 𝑒𝑐𝑡𝑒−𝑠𝑡𝑑𝑡 ∞ 0 = ∫ 𝑒(𝑐−𝑠)𝑡𝑑𝑡 ∞ 0 = lim 𝑏→∞ [ 𝑒(𝑐−𝑠)𝑡 𝑐 − 𝑠 ] 0 𝑏 = −1 𝑐 − 𝑠 = 1 𝑠 − 𝑐 No caso da função tn, sua transformada de Laplace pode ser obtida após aplicação do método de integração por partes diversas vezes. A obtenção desse resultado é similar aos dois primeiros discutidos anteriormente. Segue- se da definição da transformada de Laplace aplicada a função f(t) = t: ℒ{𝑡} = ∫ 𝑓(𝑡)𝑒−𝑠𝑡𝑑𝑡 ∞ 0 = ∫ 𝑡𝑒−𝑠𝑡𝑑𝑡 ∞ 0 . Pelo método de integração por partes escolhe-se u = t, dv = e−stdt. Nesse caso, podemos encontrar du = dt e v = − 1 s e−st. Aplicando no método de integração por partes, ∫ udv = uv − ∫ vdu. Ou seja, ℒ{𝑡} = ∫ 𝑡𝑒−𝑠𝑡𝑑𝑡 ∞ 0 = lim 𝑏→∞ [− 𝑡 𝑠 𝑒−𝑠𝑡] 0 𝑏 + 1 𝑠 ∫ 𝑒−𝑠𝑡𝑑𝑡 ∞ 0 Ou seja, ℒ{𝑡} = 1 𝑠2 Podemos fazer uma operação semelhantes para o cálculo de ℒ{t2}. Nesse caso, após a aplicação da integral por partes duas vezes, obtemos: ℒ{𝑡2} = 2! 𝑠3 De modos semelhantes, podemos escrever a transformada de Laplace para os outros valores de n que tn pode assumir: ℒ{𝑡3} = 3! 𝑠4 4 ℒ{𝑡4} = 4! 𝑠5 ℒ{𝑡5} = 5! 𝑠6 Dessa forma, pode-se mostrar que ℒ{𝑡𝑛} = 𝑛! 𝑠𝑛+1 Outras transformadas podem ser obtidas a partir do método de integração por partes. O leitor interessado pode tentar deduzir, com base na definição, as seguintes transformadas: ℒ{cos(𝑎𝑡)} = 𝑠 𝑠2 + 𝑎2 ℒ{𝑠𝑒𝑛(𝑎𝑡)} = 𝑎 𝑠2 + 𝑎2 Para facilitar na hora do cálculo, vale a pena ter em mãos as transformadas obtidas na forma de uma tabela. Tabela 1 – Transformada de Laplace de algumas funções elementares 𝒇(𝒕) 𝑭(𝒔) 1 1 𝑠 𝑒𝑎𝑡 1 𝑠 − 𝑎 𝑡𝑛 𝑛! 𝑠𝑛+1 𝑐𝑜𝑠(𝑎𝑡) 𝑠 𝑠2 + 𝑎2 𝑠𝑒𝑛(𝑎𝑡) 𝑎 𝑠2 + 𝑎2 5 TEMA 2 – PROPRIEDADES TRANSFORMADA DE LAPLACE Nesta temática, vamos discutir algumas propriedades da transformada de Laplace que poderão ser utilizada para, com base nas tabelas e nos resultados já deduzidos, avaliar as transformadas de Laplace de funções mais complexas. Assim, como a transformada de Fourier, a transformada de Laplace também apresenta a propriedade de linearidade, isso é: ℒ{𝑎𝑓(𝑡) + 𝑏𝑔(𝑡)} = 𝑎ℒ{𝑓(𝑡)} + 𝑏ℒ{𝑔(𝑡)} = 𝑎𝐹(𝑠) + 𝑏𝐺(𝑠) Por exemplo, vejamos a transformada da seguinte função: ℒ{6𝑡3 − 2𝑠𝑒𝑛(𝑡) + 5𝑒−𝑡} Aplicando-se a propriedade de linearidade, podemos separá-las da forma: 6ℒ{𝑡3} − 2ℒ{𝑠𝑒𝑛(𝑡)} + 5ℒ{𝑒−𝑡} Observando na Tabela 1, o resultado de cada uma das funções elementares que surge permite avaliar que ℒ{6t3 − 2sen(t) + 5e−t} = 6.3! s4 − 2. s s2 + 12 + 5.1 s + 1 = F(s) Veja que a transformada da função é uma função F(s). Vejamos a transformada da função f(t) = senh(at). ℒ{𝑠𝑒𝑛ℎ(𝑎𝑡)} = ℒ { 𝑒𝑎𝑡 − 𝑒−𝑎𝑡 2 } = 1 2 ℒ{𝑒𝑎𝑡} − 1 2 ℒ{𝑒−𝑎𝑡} = 1 2 ( 1 𝑠 − 𝑎 − 1 𝑠 + 𝑎 ) = 𝑎 𝑠2 − 𝑎2 De forma análoga, podemos usar a propriedade de linearidade para mostrar que ℒ{𝑐𝑜𝑠ℎ(𝑎𝑡)} = 𝑠 𝑠2 − 𝑎2 A segunda propriedade que merece atenção é a primeira propriedade de translação, em que sendo ℒ{f(t)} = F(s) conhecida, então ℒ{eatf(t)} = F(s − a). Vejamos como utilizá-la para calcular: 6 ℒ{𝑒𝑡 cos(3𝑡)} = ℒ{𝑒𝑡𝑓(𝑡)} Veja que esse exemplo se enquadra no tipo de função que pode ser transformada pelo uso da primeira propriedade de translação, considerando f(t) = cos (3t). De acordo com a Tabela 1, 𝐹(𝑠) = 𝑠 𝑠2 + 9 Assim: ℒ{𝑒𝑡 cos(3𝑡)} = ℒ{𝑒𝑡𝑓(𝑡)} = 𝐹(𝑠 − 1) = 𝑠 − 1 (𝑠 − 1)2 + 9 = 𝑠 − 1 𝑠2 − 2𝑠 + 8 Vejamos a terceira propriedade, a mudança de escala. Sendo ℒ{𝑓(𝑡)} = 𝐹(𝑠), então ℒ{𝑓(𝑎𝑡)} = 1 𝑎 𝐹 ( 𝑠 𝑎 ) Por exemplo, para obtermos ℒ{cosh(3𝑡)}, sabendo que ℒ{cosh(𝑡)} = 𝑠 𝑠2 − 1 = 𝐹(𝑠) Pode-se utilizar a propriedade de mudança de escala. Nesse caso, obtemos: ℒ{cosh(3𝑡)} = 1 3 𝐹 ( 𝑠 3 ) = 1 3 𝑠/3 ( 𝑠 3) 2 − 1 = 𝑠 𝑠2 − 9 Essas propriedades já permitem que resolvamos vários tipos de problemas. Entretanto, os problemas mais interessantes que surgem na modelagem de problemas de engenharia envolvem equações diferenciais, as quais, por sua vez, envolvem as derivadas de funções, sejam ordinárias, sejam parciais. Nesse caso, a propriedade para a transformada de derivadas de funções é dada por: ℒ{𝑓′(𝑡)} = 𝑠𝐹(𝑠) − 𝑓(0) ℒ{𝑓′′(𝑡)} = 𝑠2𝐹(𝑠) − 𝑠𝑓(0) − 𝑓′(0) ℒ{𝑓′′′(𝑡)} = 𝑠3𝐹(𝑠) − 𝑠2𝑓(0) − 𝑠𝑓′(0) − 𝑓′′(0) Além da transformada de derivadas, pode-se aplicar a transformada em integrais, como mostra a seguinte propriedade: 7 ℒ {∫ 𝑓(𝑢)𝑑𝑢 𝑡 0 } = 𝐹(𝑠) 𝑠 TEMA 3 – FUNÇÃO DELTA DE DIRAC E OUTRAS Vejamos algumas transformadas de outras funções que serão úteis no cálculo de equações diferenciais. A função degrau unitária é definida como: 𝜇(𝑡 − 𝑐) = { 0, 0 ≤ 𝑡 ≤ 𝑐 1, 𝑡 ≥ 𝑐 Sua transformada de Laplace é dada por: ℒ{𝜇(𝑡 − 𝑐)} = 𝑒−𝑎𝑠 𝑠 A partir da função degrau unitária, pode-se gerar a função impulso unitário que descreve um impulso gerado num curto período de tempo. Definimos a função impulso unitário como sendo: 𝛿𝑐(𝑡 − 𝑡0) = { 0,0 ≤ 𝑡 ≤ 𝑡0 − 𝑐 1 2𝑐 , 𝑡0 − 𝑐 ≤ 𝑡 ≤ 𝑡0 + 𝑐 0, 𝑡 ≥ 𝑡0 + 𝑐 Veja que essa função assume valor apenas durante um curto intervalo de tempo entre t0 − c e t0 + c. Veja que podemos utilizar a função degrau unitário para reescrevermos a função 𝛿𝑐(𝑡 − 𝑡0): 𝛿𝑐(𝑡 − 𝑡0) = 1 2𝑐 {𝜇[𝑡 − (𝑡0 − 𝑐)] − 𝜇[𝑡 − (𝑡0 + 𝑐)]} Esse intervalo de tempo pode ser qualquer. Entretanto, a escolha de um intervalo de tempo infinitesimal, ou seja, um intervalo em que 𝑐 → 0, permite definir um caso específico da função impulso unitário em que: 𝛿(𝑡 − 𝑡0) = { ∞, 𝑡 = 𝑡00, 𝑡 ≠ 𝑡0 Essa função, 𝛿(𝑡 − 𝑡0), é conhecida como delta de Dirac e surge em uma grande gama de aplicações em equações diferenciais. A definição da função da forma apresentada permite encontrar sua transformada de Laplace: ℒ{𝛿(𝑡 − 𝑐)} = 𝑒−𝑎𝑠 8 TEMA 4 – EQUAÇÕES DIFERENCIAIS COM FORÇAMENTO DESCONTÍNUO Vejamos como utilizar as propriedades e transformadas vistas anteriormente para resolver algumas equações diferenciais específicas. Seja a equação diferencial dada por: { 𝑦′′(𝑡) + 𝑦(𝑡) = 8cos (𝑡) 𝑦(0) = 1 𝑦′(0) = −1 Nosso objetivo é encontrar a função 𝑦(𝑡) que satisfaz a equação dada. A estratégia é aplicar a transformada de Laplace na equação diferencial dada, encontrar a solução 𝑌(𝑠) na forma transformada e aplicar a transformada Inversa para encontrar a solução 𝑦(𝑡). Aplicando a transformada em ambos os lados obtemos: 𝑦′′(𝑡) + 𝑦(𝑡) = 8 cos(𝑡) ℒ{𝑦′′(𝑡) + 𝑦(𝑡)} = ℒ{8 cos(𝑡)} Aplicando a propriedade de linearidade em ambos os lados, podemos escrever: ℒ{𝑦′′(𝑡)} + ℒ{𝑦(𝑡)} = 8ℒ{cos(𝑡)} A transformada de cada uma das funções foi vista nas páginas anteriores. Lembre-se que: ℒ{𝑦′′(𝑡)} = 𝑠2𝑌(𝑠) − 𝑠𝑦(0) − 𝑦′(0) ℒ{𝑦(𝑡)} = 𝑌(𝑠) ℒ{cos(𝑡)} = 𝑠 𝑠2 + 1 Portanto, ℒ{𝑦′′(𝑡)} + ℒ{𝑦(𝑡)} = 8ℒ{cos(𝑡)} 𝑠2𝑌(𝑠) − 𝑠𝑦(0) − 𝑦′(0) + 𝑌(𝑠) = 8. 𝑠 𝑠2 + 1 Veja que as condições iniciais e de contorno foram dadas no problema 𝑦(0) = 1 e 𝑦′(0) = −1. Nesse caso, 𝑠2𝑌(𝑠) − 𝑠 + 1 + 𝑌(𝑠) = 8𝑠 𝑠2 + 1 9 O objetivo é encontrar a solução 𝑌(𝑠). Isolando 𝑌(𝑠), obtemos: 𝑌(𝑠). (𝑠2 + 1) = 8𝑠 𝑠2 + 1 + 𝑠 − 1 𝑌(𝑠) = 8𝑠 (𝑠2 + 1)2 + 𝑠 − 1 𝑠2 + 1 𝑌(𝑠) = 8𝑠 (𝑠2 + 1)2 + 𝑠 𝑠2 + 1 − 1 𝑠2 + 1 Aplicando a transformada inversa, podemos obter 𝑦(𝑡). Nesse caso: 𝑦(𝑡) = ℒ−1{𝑌(𝑠)} = ℒ−1 { 8𝑠 (𝑠2 + 1)2 } + ℒ−1 { 𝑠 𝑠2 + 1 } − ℒ−1 { 1 𝑠2 + 1 } Consultando a Tabela 1, pode-se determinar a transformada de cada uma das funções descritas acima. Assim, obtemos que: 𝑦(𝑡) = 4𝑡𝑠𝑒𝑛(𝑡) + cos(𝑡) − 𝑠𝑒𝑛(𝑡) É a solução geral procurada. Vejamos mais um exemplo para consolidar a aplicação da técnica. Seja a equação diferencial dada por: { 𝑦′(𝑡) = 1 − 𝑠𝑒𝑛(𝑡) − ∫ 𝑦(𝑢)𝑑𝑢 𝑡 0 𝑦(0) = 0 Para encontrar a sua solução particular, podemos aplicar a transformada de Laplace em ambos os lados da equação. Nesse caso, obtemos: 𝑦′(𝑡) = 1 − 𝑠𝑒𝑛(𝑡) − ∫ 𝑦(𝑢)𝑑𝑢 𝑡 0 ℒ{𝑦′(𝑡)} = ℒ {1 − 𝑠𝑒𝑛(𝑡) − ∫ 𝑦(𝑢)𝑑𝑢 𝑡 0 } Pela propriedade da linearidade, podemos escrever: ℒ{𝑦′(𝑡)} = ℒ{1} − ℒ{𝑠𝑒𝑛(𝑡)} − ℒ {∫ 𝑦(𝑢)𝑑𝑢 𝑡 0 } Veja que essas transformadas são conhecidas. Lembre-se que: ℒ{𝑦′(𝑡)} = 𝑠𝑌(𝑠) − 𝑦(0) ℒ{1} = 1 𝑠 10 ℒ{𝑠𝑒𝑛(𝑡)} = 1 𝑠2 − 1 ℒ {∫ 𝑦(𝑢)𝑑𝑢 𝑡 0 } = 𝑌(𝑠) 𝑠 Portanto, ℒ{𝑦′(𝑡)} = ℒ{1} − ℒ{𝑠𝑒𝑛(𝑡)} − ℒ {∫ 𝑦(𝑢)𝑑𝑢 𝑡 0 } Pode ser reescrita como: 𝑠𝑌(𝑠) − 𝑦(0) = 1 𝑠 − 1 𝑠2 − 1 + 𝑌(𝑠) 𝑠 Aplicando as condições de contorno e as condições iniciais, podemos escrever: 𝑠𝑌(𝑠) = 1 𝑠 − 1 𝑠2 − 1 + 𝑌(𝑠) 𝑠 Isolando 𝑌(𝑠): 𝑠𝑌(𝑠) − 𝑌(𝑠) 𝑠 = 1 𝑠 − 1 𝑠2 − 1 𝑠2𝑌(𝑠) − 𝑌(𝑠) = 1 − 𝑠 𝑠2 − 1 𝑌(𝑠)(𝑠2 − 1) = 1 − 𝑠 𝑠2 − 1 𝑌(𝑠) = 1 𝑠2 − 1 − 𝑠 (𝑠2 − 1)2 Aplicando a transformada inversa, obtemos: 𝑦(𝑡) = ℒ−1{𝑌(𝑠)} = ℒ−1 { 1 𝑠2 − 1 } − ℒ−1 { 𝑠 (𝑠2 − 1)2 } 𝑦(𝑡) = 𝑠𝑒𝑛(𝑡) − 1 2 𝑡𝑠𝑒𝑛(𝑡) TEMA 5 – CONVOLUÇÃO Como apresentado nas aulas de transformadas de Fourier, a convolução de duas funções é definida como 𝑓(𝑡) ∗ 𝑔(𝑡) = ∫ 𝑓(𝑢). 𝑔(𝑢 − 𝑡)𝑑𝑢 𝑡 0 11 Assim como há uma transformada de Fourier para 𝑓(𝑡) ∗ 𝑔(𝑡), também há uma transformada de Laplace para a convolução dada por: ℒ{𝑓(𝑡) ∗ 𝑔(𝑡)} = 𝐹(𝑠). 𝐺(𝑠) Vejamos como podemos utilizar esse resultado para resolver a seguinte equação íntegro-diferencial: 𝑦(𝑡) = 1 − 𝑠𝑒𝑛ℎ(𝑡) + ∫ (𝑢 + 1)𝑦(𝑡 − 𝑢)𝑑𝑢 𝑡 0 Aplica-se a transformada de Laplace em ambos os lados. Nesse caso, obtemos: ℒ{𝑦(𝑡)} = ℒ{1 − 𝑠𝑒𝑛ℎ(𝑡) + ∫ (𝑢 + 1)𝑦(𝑡 − 𝑢)𝑑𝑢 𝑡 0 } Aplicando a propriedade de linearidade, obtemos: ℒ{𝑦(𝑡)} = ℒ{1} − ℒ{𝑠𝑒𝑛ℎ(𝑡)} + ℒ {∫ (𝑢 + 1)𝑦(𝑡 − 𝑢)𝑑𝑢 𝑡 0 } Lembre-se que, a transformada de cada uma das funções é conhecida: ℒ{𝑦(𝑡)} = 𝑌(𝑠) ℒ{1} = 1 𝑠 ℒ{𝑠𝑒𝑛ℎ(𝑡)} = 1 𝑠2 − 1 ℒ {∫ (𝑢 + 1)𝑦(𝑡 − 𝑢)𝑑𝑢 𝑡 0 } = ℒ{(𝑢 + 1) ∗ 𝑦(𝑡)} = ℒ{𝑢 + 1}. ℒ{𝑦(𝑡)} = ( 1 𝑠2 + 1 𝑠 ) 𝑌(𝑠) Aplicando essas transformadas na equação ℒ{𝑦(𝑡)} = ℒ{1} − ℒ{𝑠𝑒𝑛ℎ(𝑡)} + ℒ {∫ (𝑢 + 1)𝑦(𝑡 − 𝑢)𝑑𝑢 𝑡 0 } Obtemos: 𝑌(𝑠) = 1 𝑠 − 1 𝑠2 − 1 + ( 1 𝑠2 + 1 𝑠 ) 𝑌(𝑠) Isolando 𝑌(𝑠), obtemos: 12 𝑌(𝑠) − ( 1 𝑠2 + 1 𝑠 ) 𝑌(𝑠) = 1 𝑠 − 1 𝑠2 − 1 𝑌(𝑠) (1 − 1 𝑠2 + 1 𝑠 ) = 1 𝑠 − 1 𝑠2 − 1 𝑌(𝑠). ( 𝑠2 − 1 − 𝑠 𝑠2 ) = (𝑠2 − 1 − 𝑠) 𝑠(𝑠2 − 1) 𝑌(𝑠) = 𝑠 𝑠2 − 1 Aplicando a transformada inversa, obtemos: 𝑦(𝑡) = ℒ−1{𝑌(𝑠)} = ℒ−1 { 𝑠 𝑠2 − 1 } = cosh(𝑡). FINALIZANDO Nesta aula vimos como a utilização das transformadas de Laplace como uma técnica para a solução de equações diferenciais e íntegro-diferenciais. Essas equações diferenciais serão tema de aplicações de diversas simulações específicas da área de Física e Engenharia. Na última aula, vamos discutir a transformada-Z como uma outra possibilidade de transformada que pode ser usada para resolver problemas específicos. 13 REFERÊNCIAS ALEXANDER, C. K., SADIKU, M. O. Fundamentos de circuitos elétricos. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. BOYCE, W. E.; DiPRIMA, R. C. Equações diferenciais elementares e problemas de valores de contorno. 10. ed. São Paulo: LTC, 2015. BOYLESTAD, R. L. Introdução à análise de circuitos. 10. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2004. BRANDAO, J. C.; ABRAHAM, A.; SAMPAIO, R. N. Princípios de comunicações. 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