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1ª Edição |Agosto| 2014 Impressão em São Paulo/SP Educação ambiental e sustentabilidade Nadiella Monteiro Apresentação Quando se propõe a escrever sobre Educação Ambiental e Sustentabilidade, buscando o diálogo com os profissionais de saúde, um mundo de pos- sibilidades se descortina. Quais os limites, então, do tema que aqui se desenvolve? Estabelecer conceitos e definições se faz, portanto, necessário. Ainda que a delimitação cerceie, de alguma maneira, a grande riqueza contida nas palavras, ela pode ser bastante didática quando estabelece um foco para o olhar. Assim, falar de saúde não é apenas falar da “não doença”. Já, em 1978, na Declaração de Alma-Ata, a Conferência Internacional sobre Cuidados Primá- rios de Saúde enfatiza que: “a saúde - estado de completo bem-estar físico, men- tal e social, e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade - é um direito humano fundamen- tal, e que a consecução do mais alto nível possível de saúde é a mais importante meta social mundial, cuja realização requer a ação de muitos outros setores so- ciais e econômicos, além do setor saúde.” (MS, 2013) O Escritório Regional Europeu da OMS, por sua vez, reconhece a presença de saúde, “à medida em que um indivíduo ou grupo é capaz, por um lado, de realizar aspirações e satisfazer neces- sidades e, por outro, de lidar com o meio ambiente. A saúde é, portanto, vista como um recurso para a vida diária, não o objetivo dela; abranger os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas, é um conceito positivo.” (RHS, 2013) É prática comum, entre os profissionais da área, a ação em torno da promoção da saúde, que deve antever e prevenir a necessidade da cura da doença. É também possível, de forma abrangente, falar de saúde ecossistêmica: e daí pensar o indivíduo como parte de um todo, o ambiente onde vive e se movi- menta, com o qual se relaciona e do qual se alimenta, agindo sobre ele e dele sofrendo ação. A partir do espaço interno de cada ser vivo, considerando as redes de interligação existentes nos meios intra e extracelulares e aumentando em complexidade na formação de órgãos e sistemas, até chegar às relações estabelecidas entre as comunida- des humanas, há, em todo tempo, como condição indispensável para a vida, a troca com o ambiente – notadamente quando se trata do sistema respirató- rio, mas muito grandemente executada pela pele hu- mana, o maior órgão de comunicação entre os meios interno e externo. É possível perguntar, então: Onde termina o in- divíduo e onde inicia o ambiente? Não fosse a neces- sidade didática das delimitações e definições, talvez ficasse a pergunta sem resposta exata. Como bem exemplifica Polignano et al (2012), um peixe doente vivendo no poluído rio das Velhas, pode ser tratado com eficácia ao ser retirado do seu ambiente por um espaço de tempo e ter recuperada sua condição de saúde. Mas, se for devolvido ao seu inalterado habi- tat, de nada valerá o sucesso do tratamento. De igual forma, dada a condição de íntima re- lação entre seres humanos e o ambiente – ainda que esses vivam, em sua maioria absoluta, em áreas urba- nas e forçadamente por este mesmo motivo – o cui- dado intensivo com o meio e a promoção de saúde ambiental tornam-se indispensáveis como requisitos básicos para a promoção da saúde humana. A sustentabilidade deve ser, por tudo dito, bus- cada de forma intencional, quando o objetivo é pro- mover a saúde. E ela, sustentabilidade, ainda que muito em voga nos presentes dias, também sofre da falta de consenso em relação ao que pode significar. Com toda a ampli- tude que é característica dos conceitos vivos, defini-la é preciso pelo óbvio fim didático. Seu componente de futuro é fundamental, mas precisa ser gritado em tempos de imediatismo em todos os âmbitos. Em princípio, como um tripé, a sustentabilidade deveria se ater às questões ambientais, sociais e eco- nômicas. Especialistas, hoje em dia, incluem as faces: cultural, espiritual, ética e estética como elementos de observância no cuidado com o planeta e a biosfera. A própria palavra “cuidado”, tão familiar aos profissio- nais de saúde, é buscada como a maneira necessária de promoção de um mundo sustentável. As ações imprescindíveis para promover a sus- tentabilidade e a consequente saúde – que, dada a ar- gumentação anterior, não necessitaria mais ser adje- tivada, ambiental ou humana, entendendo-se a óbvia e contingente interdependência – devem perpassar, preenchida de cuidado, a educação ambiental. É, por fim, este o principal objetivo deste livro: por meio do estabelecimento de relações entre sus- tentabilidade e saúde, promover a iniciação a uma formação necessária para que o profissional obte- nha, num primeiro momento, um olhar abrangente e crítico sobre o ambiente do qual é parte indissoci- ável e, como consequência, a possibilidade de uma ação protagonista na promoção da saúde – humana, ambiental e das relações entre estas. Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353 Coordenação Geral Nelson Boni Professor Responsável Nadiella Monteiro Coordenadora Peda- gógica de Curso- EAD - Coordenação de Projetos Leandro Lousada Revisão Ortográfica Elisete Teixeira Projeto Gráfico, Dia- gramação e Capa Ana Flávia Marcheti 1º Edição: Agosto de 2014 Impressão em São Paulo/SP Educação ambiental e sustentabilidade Sumário Unidade 3 - Urbanização: a saúde na cidade 3.1. Ecologia urbana 3.2. Águas e árvores, rios, ruas e o ar. 3.3. Há lugar para o lixo? 3.4. Exercícios de reflexão Referências bibliográficas . 11 . 59 Unidade 3 - Urbanização: a saúde na cidade As regiões urbanas abrigam, no começo do século XXI, a maioria absoluta da população mundial. Retratadas na Fi- gura 13, feitas de asfalto e concreto, as cidades nem sem- pre dão o lugar adequado aos elementos naturais, como rios e árvores, estabelecendo-se uma disputa por ocupa- ção de espaço entre as construções humanas e as manifes- tações da natureza. Entre os seres urbanos, terra e folhas podem ser, somente, sinais de sujeira. O trânsito flui com mais liberdade do que as águas da chuva, que sempre en- contram muitas barragens para parar e transbordar pelas ruas. O lixo se acumula da mesma forma como a tensão diária diante de tantos estímulos audiovisuais e sonoros. A cidade é, por tudo isto, o grande desafio da sus- tentabilidade. Promover novamente a interligação en- tre humanidade e natureza no ambiente urbano tam- bém é condição fundamental para que a possibilidade do desenvolvimento sustentável seja concretizada: a reunião de milhares de pessoas no espaço urbano se provoca tantos problemas ambientais, pode também produzir as ideias imprescindíveis para a transforma- ção que o mundo moderno necessita. Possibilitar este olhar sobre a cidade e suas rela- ções entre meio natural e artificial, apontando causas e consequências, é o objetivo desta unidade. 3.1. Ecologia urbana O planeta abriga, no ano 2013, cerca de sete bilhões de habitantes, cuja maioria absoluta, aproxi- madamente 70% deles vive nas áreas urbanas. Ape- sar desta realidade, o pensamento comum, quando o tema ambiente é discutido, é aliado à preservação das florestas, à extinção de espécies exóticas e ao derretimento das geleiras. Desta forma, a vivência da sustentabilidade estaria num lugar remoto e, qua- se sempre, inalcançável. Situar a relação humano-natureza no contexto urbano, por esta razão, é uma maneira de aproximar a concepção de sustentabilidade da vida diária do cidadão comum. Oliveira et al (2010), destacam a importância estratégica de se considerar as relações urbanas, uma vez que as cidades e as relações so- cioculturais estabelecidas são reconhecidamente re- ferenciais simbólicos para a organização individual e coletiva, com suas identidades, histórias e ações no meio. (OLIVEIRA et al, 2010). Somado a este fato, apesar do antropocentris- mo reinante, as grandes preocupaçõesambientais levam pouco em consideração a necessidade de, também, respeitar e preservar a espécie humana. Saldiva et al (2010) atentam para este fato quando fazem a análise, a respeito da construção do rodo- anel na Grande São Paulo, da demanda de tempo e atenção em se aferir os riscos do impacto ambiental para o cinturão verde da capital paulista. Foram oito anos de pesquisas voltadas a garantir a minimização dos impactos e a melhor conservação ambiental. A mesma atenção, afirmam os autores, não acontece “quando se constrói uma avenida em uma zona resi- dencial (...). Não seria o caso de refletirmos se o ho- mem não merece o mesmo cuidado que outros seres vivos receberam?” (SALDIVA et al, 2010, pág. 19) Saldiva et al (2010) ainda, comparam as ações governamentais realizadas em prol de melhorias nas relações estabelecidas entre a produção econômica e a conservação ambiental, como na criação do protoco- lo de mecanização da cana-de-açúcar, que objetivava erradicar as queimadas desta monocultura, além de incentivar o replantio da vegetação em áreas de maior declividade e a recuperação de matas ciliares. Mas, res- saltam que a mesma política ambiental não aconteceu, na mesma proporção, nas áreas urbanas: “Nelas, o crescimento explosivo criou uma periferia desértica, na qual o concreto, os telhados de cimen- to, as lajes e o asfalto de ruas desprovidas de pla- nejamento urbano substituíram a cobertura vegetal original. As margens dos córregos e suas áreas de transbordamento foram ocupadas por ruas e casas que abrigam as populações menos favorecidas social e economicamente. Os morros foram escalados por casebres sujeitos a deslizamentos de terra.” (SALDI- VA et al, 2010, pág. 19) Baptista (2012) vai lembrar que o ambiente ur- bano é “resultado de aglomerações localizadas em ambientes naturais transformados, e que para a sua sobrevivência e desenvolvimento necessitam dos re- cursos do ambiente natural” (BAPTISTA, 2012, pág. 2) (Figura 14). Saldiva et al (2010) reforçam este pen- samento, acrescentando a imprescindível noção de interdependência, já que “medidas que aumentem a sustentabilidade das cidades terão impactos benéfi- cos que se estenderão para muito além de seus limi- tes territoriais” (SALDIVA et al, 2010, 18). Baptista (2012) prossegue: “Ainda neste sentido, se a realidade atual é caracte- risticamente urbana, e a probabilidade de alterá-la a ponto de se viver unicamente no campo é quase nula, questiona-se então como viver, nesses ambientes ur- banos e de que maneira as adaptações no ambiente natural seriam promovidas, de modo a “gerar” novos ambientes urbanos sem esgotar os recursos naturais disponíveis e sem tornar o ambiente insalubre à exis- tência humana.” (BAPTISTA, 2012, pág. 2) Seria possível considerar, como propõem Sal- diva et al (2010) “a cidade como um ecossistema complexo e frágil”, sofrendo grandes pressões e im- pactos ambientais: a busca por água em quantidade e qualidade satisfatórias para abastecer populações sempre crescentes se faz a distâncias cada vez maio- res e a deposição do esgotamento sanitário perma- nece, em diversas situações, sendo feita abertamente nos rios urbanos, que deveriam ser os provedores de água para os cidadãos (Figura 15). As condições de moradia variam consideravelmente em quantidade e qualidade, dependendo das regiões e nível socioeco- nômico. O microclima é variável também, criando em algumas regiões ilhas de calor e grande concen- tração de poluentes tóxicos. “A vulnerabilidade da população é altamente influenciada pelo local de moradia, distância entre a residência e (...) trabalho, modal de transporte, idade, sexo, doenças preexis- tentes, nível socioeconômico e genético”. (SALDI- VA et al, 2010, pág. 19) Além do exposto, é preciso lembrar que as re- lações entre humanos e o ambiente urbano sofrem grandes influências das modificações, no meio, de- correntes da artificialização usual das cidades. Nelas, as habitações e demais estruturas construídas repre- sentariam um abrigo contra as intempéries, alterando as relações estabelecidas entre clima e tempo, como bem analisa Mendonça (2000): o ser humano à mer- cê do clima percebe o tempo cronológico e o tempo atmosférico e determina suas atividades segundo as alterações daqueles; o humano urbano, que se pro- tege e se abriga, entende como mais importante o domínio cronológico pela velocidade, sempre cor- rendo contra o tempo, não dando valor considerável ao tempo atmosférico. (MENDONÇA, 2000) A direta influência da Revolução Industrial na constituição das cidades já podia ser observada em fins do século XVIII e por todo o século XIX, re- sultando em considerável impacto nas cidades euro- peias, gerando apreensão principalmente a respeito das relações de causa e efeito entre a produção de doenças e o ambiente. Em decorrência da óbvia ne- cessidade de agrupamento populacional demanda- do pelo novo modelo econômico, as cidades foram consolidadas de maneira súbita e sem planejamento, permitindo-se fazer associações entre o surgimen- to de doenças e os resultados diretos do processo de industrialização e urbanização nas condições de trabalho e na qualidade de vida da população. Neste mesmo período é possível destacar as ações iniciais do Estado no uso da medicina com o intuito de or- ganizar a sociedade, considerado por Foucault como a base para a medicina social. Seus objetivos seriam analisar os lugares de acúmulo de tudo o que poderia causar doença, o controle e a circulação de coisas ou dos elementos naturais, principalmente água e ar, e a preocupação com a ordenação das águas urbanas, separando água limpas e sujas. (POLIGNANO et al, 2012, pág. 73) (Figura 16) Ao longo do século XIX, no Brasil, mais es- pecificamente em São Paulo, diversos profissionais que tinham a cidade como local de atuação, dentre médicos, advogados e engenheiros, entendiam que o ambiente urbano, através do uso da técnica, poderia ser alterado em favor da melhoria de condições de vida da população, tornando-se um meio ideal para “formar homens saudáveis, moralizados e trabalha- dores, os bons cidadãos”. As motivações que leva- ram à construção deste pensamento de intervenção ambiental como garantia de qualidade de vida foram as grandes epidemias que alcançavam as cidades pe- las águas, através dos portos do Rio de Janeiro e de Santos, no Brasil, e dos portos de Marselha, na Fran- ça. (SALDIVA et al, 2010, pág. 25) A íntima relação entre qualidade das águas e a saúde na cidade é tratada, de forma positiva e pela abordagem ecossistêmica, através do Projeto Manuel- zão, idealizado por Polignano et al (2012). Na execu- ção deste projeto, a saúde é relacionada com qualidade de vida, numa concepção teórica e territorial, conside- rando a área de abrangência das bacias hidrográficas, especificamente a do rio das Velhas, na região metro- politana de Belo Horizonte, Minas Gerais: “O Projeto Manuelzão pensa na construção de ecos- sistemas humanos saudáveis, pensa ecologicamente a relação da sociedade com o solo, com a biodiversi- dade (flora e fauna), com as águas, com o ar. Não deveríamos enxergar a cidade prioritariamente como um território político-administrativo e econômico, mas como um território de exercício da cidadania através da vida num ecossistema saudável, como as águas de uma bacia hidrográfica. Elas refletem isso em primeira mão, elas são um meio sistêmico ímpar, tomado por nós como eixo metodológico de moni- toramento, de gestão e de mobilização em torno da volta do peixe.” “Daí, buscar compreender nossa relação com as águas disponíveis na natureza foi nosso primeiro olhar em termos de estratégia de promoção de saú- de e busca de qualidade de vida para a população. A partir desse raciocínio, foi um passo redescobrir o território de bacia hidrográfica e atribuir-lhe um papel essencial em nossa teoria, enquanto território coerente de planejamento. Daí, proportrazer o peixe de volta, com indicador mais amplo de saúde coletiva, foi um passo.” (POLIGNANO, 2012, pág. 23, grifo do autor) Cuidar das águas como meio de promover saú- de, com toda a abrangência sugerida pelo Projeto Manuelzão, pode parecer uma proposta de vanguarda ou quase utópica diante do índice irrisório de esgoto tratado no Brasil. No entanto, relatos de óbitos nos anuários estatísticos mostram que doenças como fe- bre tifoide e paratifoide, além da cólera, disenterias, diarreias e parasitoses intestinais, todas elas de veicula- ção hídrica, foram a causa de mais de 25% das mortes anuais na cidade de São Paulo no ano de 1969. Há tempos já era sabido que tais enfermidades poderiam ser totalmente controladas com o abastecimento de água potável e o adequado saneamento do meio urba- no. (SALDIVA et al, 2010, pág. 33) Há, perceptível e já amplamente tratado aqui, um distanciamento que impede a existência de ple- na relação de interdependência entre humanidade e terra, sobretudo nas cidades. As distâncias, além daquelas de caráter paradigmático, são também ge- ográficas. A produção do alimento, como se sabe, é fundamentalmente realizada no campo, por pessoas que, ao olhar do cidadão comum e, muitas vezes ao seu próprio ver, carrega em si um atraso indisfarçá- vel. O “caipira”, ignorante e rude, foi condenado a tirar da terra alimento para todos os outros huma- nos, mais estudados, mais esforçados, responsáveis, nas cidades, pelo desenvolvimento das novas tecno- logias que garantem a eficiência no aumento da pro- dução de alimentos. Saldiva et al (2010) lembram que esta tecnologia, além do conforto prometido pelo trabalho menos árduo, atrai considerável número de moradores do campo para as cidades, que crescem cada vez mais, esvaziando as zonas rurais. A mesma concepção de desenvolvimento re- lacionado única e exclusivamente com crescimento econômico, evidenciado pelos inconfundíveis sinais externos de progresso, determina o planejamento urbano, quando ele existe. Veiga (2010) reforça a obrigação de incorporar, no conceito de desenvolvi- mento, a qualidade de vida humana, incluindo os be- nefícios do crescimento econômico para ampliar os acessos a bens como liberdades cívicas, saúde, edu- cação e trabalho digno, dentre outros, promoven- do a verdadeira sustentabilidade. “Ainda mais para quem já entendeu, também, que o desenvolvimento terá pernas curtas se a natureza for demasiadamente agredida pela expansão da economia (...)”. (VEIGA, 2010, pág. 50) As cidades, não apenas por concentrarem os maiores contingentes populacionais, mas principal- mente por ser o espaço por excelência para a produ- ção de novas ideias e tecnologias, é o palco onde a humanidade protagoniza sua atuação no planeta. É nela que se vivenciam as mais intricadas relações, e de onde, paradoxalmente, podem surgir as soluções para os problemas criados pela modernidade. Mas, é preciso atentar para os princípios geradores e moti- vadores das decisões: “Se por desenvolvimento se entender o processo de expansão das liberdades humanas – na linha proposta por Amartya Sen, prêmio Nobel de 1998 –, então sua sustentabilidade deve ser assumida como a prioridade mais alta (Sen, 2000). Basicamente, em sua proposta, ele procura enfatizar que a busca de bem-estar, de democracia e de paz precisa ser combinada, em últi- ma instância, com a necessidade de conservação de suas próprias bases materiais, isto é, a conservação dos ecossistemas, por mais artificializados que alguns necessariamente se tornem.” (VEIGA, 2010, pág. 38) Ainda, conforme propõem Oliveira et al (2010) o modelo centrado no individualismo e no con- sumismo necessita ser substituído por outro que pressuponha a existência de valores éticos que pri- vilegiam o bem-estar coletivo. As cidades devem ser pensadas para as pessoas que vivem ali e não para facilitar o fluxo de automóveis ou servir de vitrine de exposição para os administradores urbanos e seus monumentos ao nada. Os espaços públicos devem sempre existir em função da coletividade, evitando a criação de guetos, situação agravada também pelas difíceis condições de mobilidade. Por fim, é impres- cindível levar em conta, no planejamento urbano, os valores básicos que garantirão à cidade o espaço pos- sível de uma convivência comunitária marcada pelo senso ético de responsabilidade social e ambiental. (OLIVEIRA et al, 2010) 3.2. Águas e árvores, rios, ruas e o ar Esta artificialização, intrínseca às cidades mo- dernas, altera as relações entre os seus habitantes e os elementos naturais que ainda restam no meio urbano. É impensável, pelo menos para a quase to- talidade das cidades brasileiras, em utilizar as águas naturais, seja de rios ou lagos, como forma de recre- ação ou fonte de alimentação, por meio da pesca, sem incorrer em riscos para a saúde. Rios urbanos, se ainda não foram enterrados para abertura de ruas e avenidas, são verdadeiros e tristes esgotos a céu aberto. Chuvas não são bem-vindas, exceto quando a baixa umidade do ar e sua alta concentração de poluentes conduzem boa parte da população aos postos de atendimento médico. E quando caem as águas, por absoluta impossibilidade de penetrar na terra, hoje revestida de asfalto e concreto, inundam as mesmas ruas e avenidas onde, antes, corriam li- vres os rios. São motivo de reclamação as folhas que caem das árvores, que entopem calhas e “sujam” as calçadas. Se elas produzem frutos, então, raros são os cidadãos que aproveitam para saborear seu gosto ou o canto dos pás- saros que se aproximam, atraídos pela presença de ali- mento. As frutas amassam os carros que, sobre todos, têm preferência de ocupação das ruas. A qualidade do ar é determinada pela produção das fábricas e pelos quilômetros de engarrafamentos diários. Em cada carro, duas pessoas representam lo- tação máxima, dada a raridade de usuários em maior número. O investimento em transporte coletivo ca- minha na mesma velocidade das filas de carros nos horários de pico, mas o incentivo fiscal à compra de veículos novos parece animar a economia e o cida- dão, desavisado dos riscos para a qualidade de vida, acredita que alcançou o crescimento econômico. O cenário visualizado acima, da cidade moderna, vem sendo criado desde o início do processo civiliza- tório, quando a presença das águas determinava, não só a localização do agrupamento humano, mas tam- bém as possibilidades de transporte e escoamento de produtos locais. Comparada à circulação sanguínea, as redes fluviais tanto traziam benefícios e vida, abaste- cendo as populações de água e peixes, aplacando sua sede e sua fome, quanto carreavam consigo agentes patológicos, produzindo também a morte: “Ao longo da história, a edificação das cidades às margens dos cursos d’água, seguida de deposição de esgotos sem tratamento, provocou uma ampla disse- minação dessas doenças, causando grandes epidemias. Gradativamente, com a implantação dos serviços de tratamento da água através das chamadas Estações de Tratamento de Água (ETA), essas doenças passaram a ser evitadas. Como consequência, as doenças de veicu- lação hídrica passaram a ser um indicador de qualidade socioambiental.” (POLIGNANO, 2012, pág. 60) Em Londres, na metade do século XIX, John Snow realizou uma pesquisa sobre a epidemia de có- lera que acometia a cidade, atendendo ao pedido do governo inglês. “Suas conclusões apontaram para a responsabilidade dos esgotos lançados no rio Tâmi- sa, cujas águas eram utilizadas no abastecimento da população de Londres” (POLIGNANO et al, 2012, pág. 9). Estas descobertas revolucionaram as ciên- cias naturais de então, criando os fundamentos da Epidemiologia ao alterar o paradigma miasmático para ambiental, relacionando uma possível causa de doença com fatores ambientais. Polignano et al (2012) afirmam que há grande susceptibilidade do humano aos agentes microbianos veiculados pela água, principalmente crianças, sendocausa importante de mortalidade infantil. Depois da Revolução Industrial, também surgiram as contami- nações químicas e físicas, sobretudo por agrotóxicos e metais pesados, oriundos da agricultura convencio- nal, dos efluentes industriais não tratados e da queima de combustível fóssil, que primeiro contaminam o ar e depois são depositados nos solos e carreados, pela chuva, para os lençóis freáticos. Os autores alertam para o grave risco representado por algumas destas substâncias que possuem a capacidade de imitar a função de hormônios, conhecidas como “disruptores endócrinos” 7 Aqui, alguns exemplos: “(...) metais pesados (chumbo, cádmio, arsênio, mer- cúrio), pesticidas como clordano, dieldrin, DDT, en- dosulfan e outros. Doença associadas a estas substan- cias: redução na qualidade e quantidade de esperma; hipotireoidismo; aborto; prematuridade; diminuição de funções imunológicas; neoplasia da tireoide; tera- togenia; deficiência cerebral; câncer de próstata e de ovário; câncer de mama; infertilidade dentre outras.” (POLIGNANO, 2012, pág. 66) Considerando as drásticas previsões de al- teração do clima devido ao aquecimento global, Ab’Saber, citado por Mendonça (2000) explica que o impacto relativo ao risco climático está estreitamen- te associado, em regiões tropicais, com o volume e duração das grande chuvas: “Cidades inteiras, em faixas ribeirinhas, recebem a pressão e as interferências das inundações nos verões 7 Agentes que promovem alterações no sistema endócrino, substituindo os hormônios ou bloqueando sua ação natural, ou mesmo aumentando ou diminuindo a quantidade original de hormônios. chuvosos, a principal época de precipitações. Via de regra, quanto mais cresce o organismo urbano – tam- ponando e hermetizando os solos, outrora livres para infiltração, mais rápido se torna o escoamento super- ficial, maior o volume das águas nos rios e riachos e mais catastróficas e imediatas as interferências das inundações sobre a funcionalidade do mundo urba- no.” (MENDONÇA, 2000, pág. 90) Ainda que não haja mudanças significativas, as características climáticas de uma determinada região também interferem na prevalência de doenças. Re- latos do século XIX mostram que a primeira epide- mia de febre amarela ocorrida no Brasil aconteceu na cidade do Rio de Janeiro, em 1849. A cidade foi severamente atingida pela doença, que logo no ano seguinte alcançou as regiões litorâneas do Estado de São Paulo, produzindo uma difícil situação para a saúde pública. Na capital paulista, no entanto, con- formem relatam Saldiva et al (2010), “as condições de sobrevivência do mosquito transmissor eram ruins, pelas rápidas mudanças de temperatura, que tanto afligem os paulistanos, mas que se provaram muito eficazes no controle do vetor” (SALDIVA et al, 2010, pág. 25). A cidade de São Paulo, curiosa- mente, esteve imune à ocorrência da febre amarela, dadas as suas naturais condições climáticas. Continuando seu relato histórico, Saldiva et al (2010) analisam as mudanças ocorridas nas condi- ções de habitação, ainda no século XIX: “A habitabilidade não é mais definida pelas carac- terísticas de um local, como a situação topográfica, a direção dos ventos, mas passa a ser definida por condições técnicas, pela existência de canalizações de água e de esgoto. O habitável, então, não tem mais limites naturais e, sim, limites técnicos, econômicos e políticos. Este controle sobre o meio, a relação entre as doenças e o habitat, atinge também a arquitetura da casa, a inclusão de canalizações para a circulação da água e a disposição do esgoto. (...) As mudanças na arquitetura incluem também a entrada de luz e ar nas moradias.” (SALDIVA et al, 2010, pág. 26) É interessante perceber, também no quesito moradia, que a influência determinante do ambiente na escolha dos locais de construção, já nesta época, foram substituídas pelas questões técnicas objetivas e pela possibilidade de, com o uso da razão, intervir no meio. A relação de interdependência é eviden- ciada, entretanto, pela preocupação em considerar a luz natural e as direções do vento para abertura de portas e janelas. Os mesmos autores relatam que o padrão de escolha dos locais a serem ocupados, na cidade de São Paulo pelas classes ricas e pobres eram, respec- tivamente, os bairros mais centrais, que ocupavam os planaltos, com bela vista e boa qualidade do ar – como as regiões oeste e sul da cidade – e as regiões mais distantes, próximas às várzeas dos rios, mais vulneráveis às inundações frequentes, como as regi- ões leste e norte da cidade. A percepção do valor da convivência com áreas verdes na cidade de São Paulo já era uma evidên- cia, em 1838, quando foi criada uma comissão sobre parques e áreas verdes. Esta comissão, em relatório elaborado para afirmar a importância destas áreas, destaca que o uso de parques e jardins públicos se- ria motivo de grande benefício para a saúde física e mental da população trabalhadora. (SALDIVA et al, 2010, pág. 27) Da mesma forma, a boa qualidade do ar é con- dição básica para a manutenção da saúde. O caminho oposto, da poluição atmosférica, é o responsável por um número crescente de óbitos nas grandes cidades. Dados da OMS, segundo informações de matéria veiculada pela revista virtual Carta Maior, afirmam que a poluição ambiental urbana causa cerca de 1,3 milhão de mortes no mundo. Os óbitos, apenas na cidade de São Paulo, chegam a somar a quantia de quatro mil ao ano. Ainda em 2004, quando a quan- tidade de automóveis era um terço menor do que a que circula hoje em dia nas vias congestionadas da capital paulista, o número de mortes foi estimando em 2,9 mil. “Idosos, crianças, gestantes, portadores de doenças respiratórias e cardíacas crônicas e, prin- cipalmente, os mais pobres – que têm níveis maiores de exposição – são os principais atingidos”. (CAR- TA MAIOR, 2013) Saldiva (2013) entrevistado pela reportagem, afirma que: “não há impedimentos técnicos ou falta de conhecimento para que esse problema seja resol- vido. No meu entendimento, temos todas as condi- ções de resolver o problema da poluição do ar em nossas cidades em alguns anos” (CARTA MAIOR, 2013). A matéria ainda alerta para o risco a que a população paulistana se submete por respirar: “De acordo com a OMS, os elevados níveis de po- luição na cidade de São Paulo são responsáveis pela redução da expectativa de vida em cerca de um ano e meio. Os três motivos que encabeçam a lista são: cân- cer de pulmão e vias aéreas superiores; infarto agudo do miocárdio e arritmias; e bronquite crônica e asma. Estima-se um aumento de oito meses na expectativa de vida a cada 10 microgramas de poluição retirados do ar.” (CARTA MAIOR, 2013) A principal responsável pelas emissões causa- doras da poluição atmosféricas na cidade é a extensa – e crescente – frota de automóveis. A poluição e seu risco inerente têm acompanhando o aumento da quantidade de veículos e de trânsito nas metrópoles. Saldiva (2013) explica: “Os poluentes que ficaram acima do padrão são o ozônio e o material particulado. As razões para isso são o aumento da frota e a lentificação do trânsito, que fazem com que os veículos emitam mais poluen- tes ao estarem presos em congestionamentos. A re- dução da velocidade do tráfego faz com que perma- neçamos cada vez mais tempo em meio a corredores de tráfego, onde os níveis de poluição são substan- cialmente mais elevados do que a média da cidade. Em outras palavras, quanto mais tempo ficamos pre- sos em congestionamentos intermináveis, maior será a nossa dose de poluição.” (CARTA MAIOR, 2013) Acrescenta-se às doenças causadas pela polui- ção, as mortes e outros danos à saúde em decorrên- cia dos acidentes de trânsito. Além disso, é preciso repensar a mobilidade e, assim, melhorar os índices de atividade física dos brasileiros, diminuindo as ta- xas de morte por doenças não transmissíveis. (OLI- VEIRAet al, 2010) Mudar a realidade atual, entretanto, não será uma tarefa fácil. Oliveira et al (2010) afirmam que: “(...) o paradigma hegemônico de planejamento e de gestão urbanos encontra-se voltado para o automó- vel, afetando não apenas a vida urbana mas também a vida como um todo, gerando impactos ambientais (...)”. (OLIVEIRA et al, 2010) Ícone do sonho de consumo e do sucesso eco- nômico, o carro particular carrega, além do motoris- ta e de um, raro, passageiro, os símbolos do poder e do status tanto almejados pela sociedade moderna. Na rota oposta, o transporte coletivo brasileiro, si- nalizando a pobreza, o desconforto e a inseguran- ça pública, é algo a ser evitado a todo custo. Destas percepções, alimentadas pelo planejamento urbano e pelos incentivos fiscais, nasce a crítica situação de mobilidade nas cidades modernas. “A “ideologia do automóvel” contamina, assim, des- de o modelo de cidade que resulta sendo planejado e estabelecido até a capacidade de carga dos ecossiste- mas, gerando externalidades negativas que vão da po- luição ambiental ao agravamento da exclusão social, uma vez que grande parcela da população brasileira se encontra fora deste sistema, excluída inclusive do sistema público de transporte. São necessárias mu- danças de enfoque e de pensamento para que haja um redirecionamento paradigmático que possibilite a melhoria da qualidade de vida e a equidade socio- ambiental, valorizando-se mais o transporte coletivo e criando boas condições para seus usuários.” (OLI- VEIRA et al, 2010) Ao andar pelas ruas das grandes cidades brasi- leiras, ainda que se caminhe na calçada, uma pergun- ta pode frequentemente vir à tona: para quem são pensadas as cidades, cidades para quem? Se a huma- nidade se afastou do meio natural e buscou reunir-se em ambientes a serem transformados por ela, crian- do a urbanidade, qual o espaço restante, então, para o humano? E como podem conviver, neste mesmo local, elementos da natureza e da cultura? Este espa- ço é considerado lugar adequado de vivência e con- vivência como mostra a Figura 17? É fato que o paradigma originado na Revolu- ção Industrial gerou mudanças substanciais na vida moderna pode responder às muitas questões que se originam dos problemas atuais. Agora, será preciso trabalhar na construção e fundamentação do novo paradigma que responderá a estas questões gerado- ras das soluções. 3.3. Há lugar para o lixo? Na maioria das residências brasileiras será pos- sível encontrar uma lixeira principal, ocupando o es- paço mais externo possível. Os resíduos de alimen- tação, além de embalagens diversas, produzidas com os mais variados materiais, junto a jornais e revistas lidos, lâmpadas queimadas, pilhas usadas, medica- mentos vencidos e outros objetos sem uso, são des- cartados e deverão ser conduzidos para algum lugar distante, preferencialmente inalcançável à vista. O lixo precisa ser jogado fora e levado para bem longe. Ainda que seja pelas águas de um rio, como mostra a Figura 18. Uma vez resolvida esta questão e mantido o es- paço habitado limpo e sem resíduos emissores de mau cheiro, pouco se questiona a respeito do des- tino dos materiais descartados, seu potencial risco de contaminação da água ou impermeabilização do solo ou o tempo necessário para decomposição. A pergunta que deveria anteceder a compra do objeto gerador do material então descartado não passa, se- quer, perto de ser elaborada. A preocupação em selecionar este material e conduzi-lo aos locais responsáveis pela reciclagem é tão recente quanto pouco comum. Apesar das tec- nologias responsáveis por garantir bom aproveita- mento no processo de reciclagem, a quantidade de material que efetivamente será transformado para retornar ao ciclo de uso é irrisória. A produção de lixo é resultante do ciclo do caos: há um incentivo irrefletido ao consumo, como forma de fazer girar a roda da economia e gerar progresso que, por sua vez, expropria mais e mais os recursos do ambiente que receberá, por fim, os resíduos inúteis. Ao contrário dos ciclos naturais, o produto gerado aqui não continua a circular, mas é capaz de aumentar o caos. Somando-se o incentivo ao consumo com a concentração urbana, fenômeno global nas últimas décadas, tem-se como resultado um amontoado de problemas a serem selecionados e encaminhados à correta solução. Saldiva et al (2010) propõem a análise da pro- dução de resíduos numa cidade comparando esta a um organismo vivo, possuidora de um metabolismo característico, o metabolismo urbano: a cidade respi- ra, consome água e alimentos, além de energia e ma- téria-prima, liberando resíduos, ao final do processo. Quanto maior e mais populosa for a área urbana, mais intensivo é o consumo destes recursos e a pro- dução de resíduos. (SALDIVA et al, 2010, pág. 108) O metabolismo é variado de acordo com a grandeza das cidades, as atividades desenvolvidas no lugar e os valores socioculturais da população. Gran- de parte do que se produz de resíduos é sólida, mas também devem ser considerados, nesta soma, os efluentes industriais, as águas pluviais, além do esgo- to sanitário. A relação entre a produção, deposição e tratamento dos resíduos é diretamente proporcional à saúde da cidade, devendo ser objeto de constante cuidado. (SALDIVA et al, 2010, pág. 109) Saldiva et al (2010) continuam sua análise so- bre o metabolismo urbano e destacam a íntima re- lação entre o consumo desenfreado e a resultante deposição de material sem uso. Além de aumentada a quantidade de produtos, é possível verificar uma perda de qualidade, o que contribui, ainda mais, para o acúmulo de materiais inservíveis: “Para se ter uma ideia, só em 2008, pessoas no mun- do todo compraram 68 milhões de veículos, 85 mi- lhões de geladeiras, 297 milhões de computadores e 1,2 bilhão de telefones móveis celulares. O consumo teve um aumento preocupante nos últimos 50 anos. Entre 1950 e 2005, por exemplo, a produção de me- tais cresceu seis vezes, a de petróleo, oito vezes, e a de gás natural, 14 vezes. No total, 60 bilhões de tonela- das de recursos são hoje extraídas anualmente – cerca de 50% a mais que há quase 30 anos. Hoje, o europeu médio consome 43 quilos de recursos diariamente e o norte-americano, 88 quilos.” (SALDIVA et al, 2010, pág. 109) Baptista (2012), complementando as informa- ções acima, reflete sobre o potencial impacto am- biental causado pelos resíduos nos recursos naturais, afirmando que a maneira de gerir a utilização destes recursos deve estar fundamentada em sua diversi- dade no ambiente natural, a velocidade em que se realiza a extração e, por último, como e onde são depositados os resíduos finais. (BAPTISTA, 2012) O impacto também é considerável nas áreas ur- banas, dada à complexidade e periculosidade da com- posição dos resíduos e a necessidade de estabelecer um gerenciamento específico para cada necessidade e, ao mesmo tempo, integrado e sustentável. Dia a dia as cidades recebem “(...) milhares de toneladas de sobras de alimentos, embalagens, equipamentos ele- troeletrônicos, resíduos industriais, comerciais e de serviços, da construção civil e dos estabelecimentos de saúde, entre outros (...).” (SALDIVA et al, 2010) Recentemente instituída e, ainda, em fase de implementação, a Política Nacional de Resíduos Só- lidos propõe a redução da produção excessiva de resíduos e o aumento do reuso como fatores estra- tégicos. A Lei Federal N.º 12.305, de 2 de agosto de 2010, estabelece a definição de resíduos sólidos: “material, substância, objeto ou bem descartado re- sultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólidos ou se- missólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas ou eco- nomicamenteinviáveis em face da melhor tecnologia disponível.” (BRASIL, 2010) Outra definição de resíduos sólidos, entretan- to, deixa a cargo do possuidor a responsabilidade de classificar sua utilidade: assim, resíduos seriam “(...) todos os materiais sólidos ou semissólidos que o possuidor não considera com valor suficiente para conservá-lo. Nessa definição, é importante o refe- rencial, ou seja, quem é o possuidor, pois o que é re- síduo para uma pessoa, pode ser matéria-prima para outra”. (SALDIVA et al, 2010) Dada esta concepção que relativiza a utilidade do resíduo, devem ser considerados dois importan- tes conceitos, conforme estabelece a Lei de Resídu- os Sólidos: a) “reutilização: processo de aproveita- mento dos resíduos sólidos sem sua transformação biológica, física ou físico-química (...)”; e b) “recicla- gem: processo de transformação dos resíduos sóli- dos, que envolve a alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à transformação.” (BRASIL, 2010) (Figura 19) Um novo mercado, então, é criado, a partir da década de 1990, reconhecendo-se, antes, a possibi- lidade de dar-se novo uso ao que era destinado ao lixo e, logo em seguida, a importância econômica agregada aos resíduos sólidos. Como consequência, é também criada uma nova profissão, o catador: “Além da implementação de políticas públicas que possibilitaram o aumento da quantidade de iniciativas de gestão compartilhada, contemplando parcerias en- tre governos municipais e cooperativas de catadores, expandiu-se significativamente o número de catado- res de rua, sucateiros, empresas recicladoras e outros empreendimentos privados interessados na coleta e comercialização de resíduos sólidos recicláveis.” (DEMAJOROVIC et al, 2004) Saldiva et al (2010) destacam a importância do processo de coleta seletiva, desempenhado pelos ca- tadores, na gestão integrada dos resíduos sólidos: “Após a adoção de medidas estratégicas visando di- minuir a produção de resíduos, reutilizar e recupe- rar, trocar e doar objetos e materiais, a coleta seletiva fecha a cadeia de boas práticas na medida em que é essencial para minimizar o volume dos resíduos, eco- nomizar recursos naturais e possibilitar a reciclagem. A coleta seletiva é etapa fundamental para a eficiên- cia do sistema de gerenciamento de resíduos sólidos. Envolve o setor público, no planejamento, execução e controle do sistema; a prestação dos serviços pelo setor privado e organização de catadores; a participa- ção da sociedade civil e de instituições de ensino; e os meios de comunicação e ONGs, na promoção da educação para a sustentabilidade.” (SALDIVA et al, 2010, pág. 115) Demajorovic et al (2004) destacam a funda- mental importância do catador na gestão dos resídu- os sólidos das grandes cidades, devendo ser conside- rando, segundo os autores, como um dos principais atores no processo de gerenciamento de resíduos, possibilitando a gestão compartilhada. Informações procedentes da Prefeitura de São Paulo, relativas ao ano de 2004, sugeriram que grande parte do lixo produzido pela população teria sido “interceptada” pelos catadores nos últimos anos, devido ao seu va- lor econômico (Figura 20). Os dados mostram uma redução na quantidade e na qualidade do material coletado pelas empresas públicas, na ordem de 30% “passando de 12.000 toneladas/dia em 2002 para cerca de 9.000 toneladas/dia em 2004. A maior de- manda por recicláveis pode ser um dos fatores que explica, na cidade de São Paulo, esta significativa re- dução. (DEMAJOROVIC et al, 2004) A presença do catador e sua ação diária nas metrópoles merecem ser louvadas pela seriedade do trabalho de coleta de materiais recicláveis. Por mui- to tempo, os grupos de catadores eram os únicos profissionais responsáveis, nos grandes centros ur- banos, por selecionar, coletar e conduzir os resíduos sólidos para os centros de reciclagem. Este reco- nhecimento, entretanto, é bastante recente. Dema- jorovic (2004) relata que o trabalho dos catadores permaneceu marginalizado por muitos anos, devido ao descaso por parte da gestão pública e também dos movimentos sociais, não tendo a sua importân- cia reconhecida, impedindo, assim, as iniciativas de organização. (DEMAJOROVIC et al, 2004) A proposta de uma gestão compartilhada dos resíduos sólidos, corroborando o que foi anterior- mente explanado por Saldiva et al (2010) é o objeto de estudo de Demajorovic et al (2004): há neces- sidade de estimular e promover a parceria entre os governos municipais, as cooperativas de catadores e as empresas responsáveis pela reciclagem com a finalidade de, além do cumprimento dos objetivos propostos na Política Nacional de Resíduos Sólidos, garantir a valorização profissional e a inclusão social, com dignidade e qualidade de vida para os catadores: “Em primeiro lugar, almeja-se valorizar o trabalho do catador, promovendo o resgate da cidadania e a inclusão social. Em muitas cidades, os programas lo- graram retirar adultos e crianças dos lixões que ser- viam não apenas como fonte de materiais recicláveis, mas também como fonte de alimento e mesmo de automedicação. No lixão Zona Norte em Porto Ale- gre, até a década de 1990, mais de 300 catadores dis- putavam alimentos com prazo de validade vencido, provenientes de supermercados, ou restos de alimen- tos coletados em hospitais, além de medicamentos, seringas e agulhas recolhidos junto à rede hospitalar (Oliveira, 2001). Com o início do programa de gestão compartilhada, parte destes catadores passou a ge- renciar alguns dos galpões de triagem montados pela prefeitura, alcançando um dos principais objetivos do programa que é a remoção destas pessoas do lixão e o resgate de sua condição de cidadãos.” (DEMAJO- ROVIC et al, 2004) Reconhecer e valorizar o catador e promover a gestão compartilhada e integrada dos resíduos é tarefa primordial, mas carece da participação cons- ciente da população geradora dos resíduos. Saldiva et al (2010) relatam, segundo estudos sobre a vulne- rabilidade das regiões metropolitanas às mudanças climáticas, que, dentre os fatores causadores desta vulnerabilidade, o hábito da população de jogar lixo nos cursos d’água figura entre os seis principais. Cerca de seis mil habitações utilizam rios e ribeirões como destino dos resíduos que, de outra forma, po- deriam ser reaproveitados. Soma-se, ainda, o risco de obstruções e assoreamentos, além da contaminação da água pelos materiais depositados. Estima-se que cada cidadão paulistano produ- za, ao dia, em média 1kg de resíduos domiciliares, metade formada por matéria orgânica, que terá papel importante na emissão de gases de efeito estufa, nos aterros sanitários. Além das sobras de alimentos, boa parte da matéria orgânica descartada é composta por poda de árvores e grama, resultantes da manutenção de áreas verdes. Este material, separado e tratado, pode vir a se tornar composto orgânico, doando fertilidade ao solo e retornando ao ciclo, conforme estabelece a Lei Municipal N.º 14.723, da Cidade de São Paulo. É possível, da mesma forma, diminuir o descarte de material orgânico nas residências com o uso de composteiras domésticas, conhecidas tam- bém como minhocários: de maneira simples e sus- tentável, os recipientes são usados para depositar restos vegetais de alimentos que serão decompostos pelas minhocas e transformados em húmus de exce- lente qualidade. O que seria lixo, aqui se transforma em folhas e flores, como mostra o desenho esque- mático da Figura 21. Considerando que a administração pública pos- sui, dentre tantas tarefas, a função de manter praças, parques e jardins nas cidades, uma gestão inteligente e sustentável dos resíduos sólidos orgânicos pode- ria solucionar o problema da deposição do material orgânico nos aterros – e a consequente liberação de gases tóxicos – e, ao mesmo tempo, suprir a necessi- dade de nutrição do solo, eliminando o uso de fertili-zantes químicos, também responsáveis por contami- nação dos lençóis freáticos. Sem contar, também, o incentivo à agricultura urbana, possibilitando acesso aos compostos orgânicos essenciais à sua existência. Sem a ação consciente do cidadão, para os ater- ros permanecem sendo levadas, também, grandes quantidades de material diversificado que poderia retornar ao ciclo produtivo, caso houvessem sido separadas e destinadas corretamente. Além dos ris- cos já mencionados de contaminação de solo e água, sem contar a exposição, pelos profissionais da co- leta, a materiais perfurocortantes ou contaminados, tem sido considerada, ainda, o incremento ao aque- cimento global. A maior responsável, nesta circunstância, é a produção excessiva de resíduos sólidos, que deverá ser controlada antes mesmo de se pensarem em so- lucionar a deposição final após o uso, trabalhando no sentido de prevenir a emissão de CO². O correto gerenciamento dos resíduos, por sua vez, pode auxi- liar na redução de impactos ambientais. A Prefeitura de São Paulo, ao quantificar as emissões de dióxido de carbono e metano, verificou que a principal fonte é o uso da energia, com 76,1% das emissões, estando à disposição final de resíduos sólidos em segundo lugar, com 23,48% das emissões da capital paulista. (SALDIVA et al, 2010, pág. 111) Numa proposta interessante, a mesma Prefei- tura desenvolveu um sistema de captação de emis- sões dos gases produzidos nos aterros, dentre eles o metano e o CO², que são transformados em energia elétrica a ser diretamente transferida para a rede de distribuição da concessionária local. Parte da receita obtida com a venda de créditos de carbono, resulta- do da diminuição da emissão de gases, foi destinada a projetos ambientais geridos pelo Fundo Especial do Meio Ambiente. (SALDIVA et al, pág. 114) É possível, diante das ações e proposições, ter esperança de incluir os resíduos sólidos de volta ao ciclo e, além do retorno, produzir novas soluções (Fi- gura 22). Pensar que, no ambiente urbano, restos de alimentos transformam-se em adubo e fertilizam o solo que, exercendo seu nicho ecológico, sustentam o crescimento de árvores e alimentos, garantido ar puro e saúde, é pensar num futuro onde a vida habita. E se os gases geradores do aquecimento global podem ser conduzidos, pela técnica, para a produção de ener- gia alternativa às fontes fósseis, um novo caminho de possibilidades se descortina no horizonte urbano. Exercícios de reflexão a. Como se dá a relação entre o ambiente urbano, os elementos naturais e a humanidade? b. Em sua opinião, as cidades são locais de saúde ou de doença? Justifique sua resposta. c. Liste algumas ações práticas possíveis que incre- mentariam a cidade como um ambiente promotor de saúde. d. Quais as soluções para a excessiva produção de lixo? e. Estabeleça a relação entre crescimento econômi- co, consumo e acúmulo de resíduos sólidos. Considerações para reflexão A atual configuração do mundo, aqui incluídos, planeta e humanidade – foi construída num curto espaço de tempo, se comparado aos milhares de anos de existência humana na Terra. Tempo curto, mas suficiente para provocar mudanças tão profun- das que ainda não encontraram resposta adequada e eficaz na solução dos problemas resultantes desta transformação desenfreada. É possível, com segurança, associar as mani- festações de doenças com o desequilíbrio ambiental crescente e, desde há muito, incontrolável. Apesar de todo o avanço tecnológico, a humanidade sofre a cada dia um novo mal, provocado direta ou indireta- mente pela ação humana sobre o planeta. Toda a modificação do modo de vida ocorri- do nos últimos dois séculos e meio aconteceu em decorrência da solidificação de ideias associadas às práticas diárias. O paradigma do desenvolvimen- to econômico, por mais que tenha sido criticado e combatido, mantém-se vivo e atuante, determinan- do os cursos de vida – ou de morte. Por tudo dito, uma mudança paradigmática se faz urgentemente necessária como garantia única de viabilizar a existência futura das gerações humanas. O papel do Educador Ambiental é, por esta razão, fundamental no processo de implementação da transformação desejada, intentando influenciar posi- tivamente na formação de atores sociais mobilizados e atuantes. Concluindo, é possível dizer que a promoção da saúde dependerá, absolutamente, de uma nova visão de mundo, integrada e integradora, associando razão e ética, sabedora de que humanos e húmus, ainda, são necessariamente interdependentes e que os caminhos de um definirão, sem sombra de dúvi- da, os caminhos do outro. Referências Bibliográficas AZEVEDO, Elaine de; PELICIONI, Maria Ce- cília Focesi. 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