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Mayara Vianna de Menezes Adaptações fisiológicas na gestação Gestação: processo fisiológico que engloba várias adaptações ocorridas no corpo da mulher após a fertilização. O objetivo dessas alterações é adaptar o corpo às necessidades orgânicas próprias do complexo materno-fetal e parto. - Principais modificações: cardiocirculatórias, respiratórias, gastrintestinais, metabólicas e hematológicas, aumento da TMB Período gestacional normal: 37 a 42 semanas 1º trimestre: concepção até 12ª semana -> alterações biológicas em razão da ampla divisão celular e alterações hormonais. RESULTADO: náuseas, vômitos, falta de apetite Peso do feto até o 1º trimestre: 300g (crescimento lento do feto) 2º trimestre: 13ª semana até 27ª semana - crescimento do feto começa a ser mais acelerado 3º trimestre: 28ª semana até o parto (geralmente na 40ª semana) Cuidados necessários: em relação a ganho de peso da mãe, ingestão adequada de nutrientes, estilo de vida saudável e tranquilo (importantes para o crescimento e desenvolvimento normal do feto, com menor risco de mortalidade fetal e nascimento de bebês desnutridos e com outras complicações) Placenta: órgão completo, altamente vascularizado e adaptado para permitir a troca de gases, nutrientes e eletrólitos e fazer a interconexão imunológica entre a mãe e feto. Responsável pela secreção de hormônios esteroides e peptídicos importantes para a manutenção da gestação e para controlar o crescimento e amadurecimento fetal. Transferência materna de nutrientes: - Glicose: fornecimento de energia, essencial para o crescimento fetal - Proteínas: importante para fases de hiperplasia. Se não for ofertada adequadamente pode trazer danos irreversíveis ao crescimento - Ácidos graxos: importantes para criar o arcabouço celular cerebral e vascular, formar a placenta e na síntese de prostaglandinas vasodilatadoras Papel dos hormônios na gestação: - Regulação das alterações corporais - Promoção do desenvolvimento e amadurecimento fetal - Auxílio no parto e lactação A saúde geral e estado nutricional vão determinar a eficácia de produção hormonal. Hormônio Secretado por Implicações principais Gonadotrofina coriônica humana (hCG) células de trofloblasto e placenta Estimula produção de progesterona e estrogênio pelo corpo lúteo (garante manutenção da gravidez e ausência de nova ovulação). Evita rejeição imunológica do embrião (inibe produção de anticorpos) Progesterona Placenta relaxa musculatura lisa, diminuindo a contração uterina para não expulsar o feto. Reduz motilidade GI (podendo causar constipação e maior tempo de absorção de nutrientes), aumenta a excreção renal (manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico), altera metabolismo do Ác fólico. Auxilia no desenvolvimento dos lóbulos para lactação promovendo o desenvolvimento glandular mamário. Reduz eficácia da insulina nos tecidos periféricos. Hiperplasia das células beta do pâncreas, Aumento da frequência respiratória (redução da pCO2) Estrogênio Placenta Promove rápida proliferação da musculatura uterina e diminui proteínas séricas. Afeta função da tireoide. Garante o crescimento uterino e manutenção da elasticidade e contratilidade uterina (tecido conjuntivo uterino fica mais higroscópico, ou seja, absorve água), crescimento mamário e ductos mamários. Afeta função da tireoide. 2ª metade da gestação, pode ocorrer perda de apetite. Efeito antagônico a insulina. Hiperpigmentação cutânea. Responsável pela maturação e desenvolvimento dos órgãos fetais Lactogênio Placenta Antagoniza ação da insulina pela deposição de glicose na célula a partir do glicogênio. Promove lipólise e ADAPTAÇÕES METABÓLICAS 1. Metabolismo glicídico: 1º trimestre: utilização da glicose materna pelo feto (tendência de hipoglicemia e redução da necessidade de insulina) -> relação náuseas, desmaios, enjoos 2º trimestre: aumento gradual da RI em razão da ação dos hormônios, principalmente hPL. Objetivos da RI: priorizar a utilização da glicose pelo feto. Como consequência ocorre acúmulo de gordura materna, e insulina aumentada. placentário humano (hPL) aumento de AG livres no sangue, e glicogenólise (a partir da 8-9º SG). Ação similar ao GH por fazer deposição de proteínas nos tecidos. Desenvolvimento das mamas e na produção de leite Hormônio do crescimento Hipófise anterior Aumento da glicemia, estimula crescimento dos ossos longos, promove retenção de nitrogênio Tiroxina Tireoide Regula velocidade da TMB (regula as reações oxidativas para a produção de energia). O suprimento de O2 necessário para essas reações é garantido pela hiperventilação causada pela progesterona. Insulina células beta do pâncreas Produz mais insulina pq a produção de glicose aumenta com o passar da gestação. Proporciona diminuição da glicemia para promover produção de energia e síntese de gordura Glucagon células alfa do pâncreas Eleva a glicemia pela glicogenólise Cortisol córtex adrenal aumenta glicemia pela proteólise tecidual Aldosterona córtex adrenal causa retenção de sódio e excreção de potássio Renina-angioten sina rins estimula secreção de aldosterona, causa retenção de sódio e água Calcitonina tireoide bloqueio da reabsorção óssea de cálcio 3º trimestre: redução da sensibilidade a insulina. (ação do cortisol, progesterona, etc) Após refeições há tendência de aumento de glicose e insulina, estimulando o armazenamento lipídico. No jejum, a lipólise é estimulada pela baixa de glicose. Com o objetivo de manter o fornecimento adequado de nutrientes para a mão e o feto. Glicose passa pela placenta por difusão facilitada e é metabolizada a partir da ação da insulina própria do feto que é liberada pelo pâncreas fetal a partir da 9ª SG. Por isso a hiperglicemia materna é perigosa para o feto. Pois com isso, aumentaria a passagem de glicose pela placenta, hiperestimulando o pâncreas fetal a secretar insulina (pode levar a macrossomia - bebês que nascem com >4kg) 2. Metabolismo proteico: A deficiência de proteínas na gestação pode causar alterações em tecidos e estruturas dos órgãos (redução de peso). Os efeitos da desnutrição intrauterina são mais intensos e permanentes se ocorrerem no início da gestação e quanto mais demorar para reverter o quadro. 3. Metabolismo lipídico: Ocorre aumento de triglicerídeos (TG) e colesterol, mais acentuado no 3º trimestre. Ocorre por conta da atividade aumentada da lipase pancreática (induz elevação de TG) e pela redução da LPL, que provoca diminuição do catabolismo de TG. Influenciado pelos hormônios (estrogênio, hPL, progesterona) e RI (impede lipólise e aumenta TG) ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS 1. Modificações GI: Deslocamento do estômago, alterando o ângulo da junção gastroesofágica, que causa prejuízo no controle do esfíncter esofagiano (maior probabilidade de refluxo, podendo causar pirose e esofagite). - Diminuição na velocidade de esvaziamento gástrico e aumento no tempo de trânsito intestinal, por ação da progesterona e do aumento uterino (aumento da possibilidade de constipação) - Última SG: aumento da pressão intragástrica + aumento do volume do suco gástrico com pH reduzido (<2,5) = redução na pressão do esfíncter cárdico (maior possibilidade de regurgitação) 2. Modificações renais: 1º trimestre: elevação do fluxo plasmático e filtração glomerular (maior ida ao banheiro). CCR aumentado (valores de ureia e creatinina é mais baixo) Final da gestação: progesterona promove dilatação dos cálices renais, ureteres e pelve, também provocado pela compressão causada pelo aumento do útero -Responsável pela estase urinária que favorece o aparecimento de infecções urinárias. 3. Modificações hepáticas: Aumento de transaminases e colesterol. Bilirrubinas não se altera. Redução de proteínas totais e relação albumina/globulina (por causa do aumento do volume plasmático) 4. Modificações hematológicas: Devido ao aumento do útero, há maior necessidade de vascularização e perfusão sanguíneas. Por isso há aumento do fluxo e volume sanguíneo/plasmático e de vasos sanguíneos. (aumento de 40-50% do volume sanguíneo - maior no final do 2ºtrimestre). - Aumento de eritrócitos ocorre mais lento do que o volume de plasma: hemodiluição. Pode ocorrer anemia fisiológica, pois o corpo está se adaptando as necessidades de transporte de O2 para o feto. - Quando atinge equilíbrio: Ht entre 31-33% e Hb cerca de 11g/dL 5. Modificações circulatórias: Aumento da demanda cardíaca, com elevação do volume sanguíneo (estimulado pelo estrogênio), débito cardíaco (DC) e frequência cardíaca (FC). - O aumento do volume favorece retenção de sódio e água, por ação do sistema renina-aldosterona - Até metade da gestação pode ocorrer redução da pressão arterial (por conta da redução da resistência vascular por causa da ação hormonal, aumento de prostaglandinas, BNP, NO endotelial, produção de calor fetal) - No parto: sobrecarga ao coração, com aumento progressivo no consumo de O2, DC e PA, sendo aumentado pela dor e ansiedade do momento. A adaptação hemodinâmica retorna a valores pré-gestacionais após 12 a 24 semanas pós-parto.
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