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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS - PPGDIP AVALIAÇÃO DO USO DA PAPAÍNA NO TRATAMENTO DE PACIENTES COM DENGUE HEMORRÁGICA E O CONTROLE SANITÁRIO DESTE VETOR NA CIDADE DE CAMPO GRANDE-MS Linha de Pesquisa: EVISP – Eco-epidemiologia de vetores de importância sanitária e parasitologia. Nome do possível orientador: Alessandra Gutierrez de Oliveira Nome do Candidato: Marluce da Costa Campo Grande 2021 INTRODUÇÃO A temática que se refere este pré-projeto incluirá a análise do vetor de importância sanitária a dengue, que é uma doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti e afeta milhares de pessoas em todo o mundo, especialmente em regiões tropicais e subtropicais. Conforme descrito no boletim epidemiológico da Secretaria de Vigilância Sanitária, a partir de julho de 2020, do início janeiro até junho, foram notificados “874.093 casos prováveis de dengue no país, com taxa de incidência de 415,9 casos por 100 mil habitantes” (SCHINCARIOL, 2020). Houve um aumento na incidência da dengue, a tornando um vetor sanitário com infecção endêmica. Algumas pessoas que foram previamente infectadas com uma subespécie do vírus da dengue desenvolvem severa permeabilidade capilar e sangramento após terem contato com outra subespécie do vírus, nesta situação, esta doença é conhecida como febre hemorrágica da dengue ou dengue hemorrágica (SHARMA, et al, 2020). Em 2020, a cidade de Campo Grande, no Estado do Mato Grosso do Sul registrou cerca de “192 casos novos registrados por semana”, de acordo com boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) da prefeitura da cidade, ao todo, desde o início do ano de 2020, foram 67.333 registros e 39 mortes. Neto (2019) pondera que as plantas medicinais constituem um potencial arsenal terapêutico para tratar doenças transmitidas por vetores, incluindo a dengue. Neste contexto, a Papaína, enzima retirada da fruta tropical Mamão, em latim Carica papaya, tem muitos usos surpreendentes que a classificam como um superalimento, ou seja, um alimento com função semelhante a um remédio. É imperioso destacar que, as folhas, quando ingeridas em infusão (chá), são eficazes também na prevenção da malária. Além disso, de acordo com estudo dos autores Subramani et al (2013) em seu artigo publicado no jornal Asiático Asian Pacific Journal of Tropical Biomedicine, o extrato de folhas de mamão apresentam potencial no combate à dengue, onde seus pacientes receberam 25 ml do extrato em água e posteriormente apresentaram aumento de plaquetas, leucócitos e neutrófilos. O problema a ser analisado visa responder a seguinte indagação: - de que modo o uso do extrato de Carica papaya (CP) implica no eficaz tratamento da infecção por dengue e mitiga o risco sanitário deste vetor na cidade de Campo Grande/MS, no Estado do Mato Grosso do Sul? Após aprovação do Comitê de Ética da Universidade, o tipo de pesquisa a ser desenvolvido será do tipo quantitativa-qualitativa, por meio de uma revisão bibliográfica, documental, observacional e de campo através de entrevistas semiestruturadas por meio do instrumento de coleta de dados com questionário. As fontes de pesquisa utilizadas para revisão bibliográfica são os endereços eletrônicos PubMed, LILACS e Google Scholar com ensaios clínicos randomizados ou não randomizados envolvendo pacientes com suspeita ou confirmação de dengue, onde o extrato de CP será comparado, como medida de tratamento padrão. Será identificado se houve recuperação da contagem de plaquetas, bem como outros indicadores clínicos de resultados favoráveis (duração da internação, prevenção de vazamento de plasma, complicações com risco de vida e mortalidade). O lócus da pesquisa é determinado visando estudar o fenômeno do uso da papaína no tratamento de pacientes com dengue hemorrágica e o controle sanitário deste vetor na cidade de Campo Grande- MS. PROBLEMA DE PESQUISA O problema central a ser analisado visa responder a seguinte indagação: - de que modo o uso do extrato de Carica papaya (CP) implica no eficaz tratamento da infecção por dengue e mitiga o risco sanitário deste vetor na cidade de Campo Grande/MS, no Estado do Mato Grosso do Sul? JUSTIFICATIVA As razões que motivaram a proposição deste projeto se partiram subjetivamente da preocupação da falta de intervenções terapêuticas eficazes para dengue, o que gerou interesse por terapias alternativas, ou seja, remédios naturais e fitoterápicos para a doença. O extrato da folha de Carica papaya (CP) recentemente ganhou interesse no tratamento da dengue, principalmente nas redes sociais. Embora o extrato simples de folhas de mamão seja comumente utilizado. Existem algumas preparações comerciais contendo extrato de folhas de mamão disponíveis em alguns países. A relevância para elaboração deste projeto tem em conta a necessidade e importância de compreender as implicações dos efeitos antivirais e hematológicos da folha de CP com resultados fisiopatológicos para seu uso como tratamento para dengue, como propriedades antioxidantes e de eliminação de radicais livres, (OKOKO; ERE, 2012) e melhor estabilização da membrana dos glóbulos vermelho, onde, os flavonoides do extrato da folha do CP inibem uma protease envolvida na montagem viral. OBJETIVOS OBJETIVO GERAL O objetivo geral deste trabalho é avalia o uso da papaína no tratamento de pacientes com dengue hemorrágica e o controle sanitário deste vetor na cidade de Campo Grande- MS. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Realizar uma análise bibliográfica da epidemiologia, fisiopatologia e etiologia do vírus da dengue transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. • Avaliar as estratégias de combate a dengue e a percepção sanitária adotada pelo governo na prefeitura da cidade de Campo Grande/MS, identificando os riscos e benefícios da intervenção do extrato de Carica papaya (CP) no controle dos vetores da dengue, em especial, hemorrágica. • Identificar o tratamento, diagnóstico, prognóstico da doença, e avaliar se o extrato de Carica papaya (CP) é capaz de tratar as infeções causadas pelo vírus transmitido pelo mosquito da dengue. • Verificar qual o extrato mais promissor no tratamento do vírus transmitido pelo mosquito da dengue. REVISÃO TEÓRICA A dengue é uma infecção arboviral transmitida por mosquitos da espécie Aedes. É uma doença com implicações globais, resultando em considerável morbidade e mortalidade. A transmissão ocorre em pelo menos 128 países, e quase 4 bilhões de pessoas estão em risco (BRADY et al, 2012). Dados do Global Burden of Disease Study 2013 mostraram que a incidência de dengue aumentou acentuadamente ao longo dos anos, de 8,3 milhões de casos em 1990 para impressionantes 58,4 milhões de casos em 2013 (STANAWAY et al, 2016). O número médio anual de mortes por dengue de 1990 a 2013 foi estimado em 9221. Atualmente, estima-se que cerca de 390 milhões de infecções por dengue ocorram anualmente, e que 96 milhões delas resultam em doença clínica. A dengue ocorre devido à infecção por quatro sorotipos distintos (DEN 1–4) e tem diversas manifestações, que vão desde uma doença febril não complicada até uma doença grave com disfunção orgânica. Nas formas mais graves, o vazamento de plasma dá origem a choque e falência de órgãos; hemorragia com risco de vida também pode ocorrer. Manifestações de órgãos incomuns da dengue também são cada vez mais relatadas e compreendem a síndrome da dengue expandida (RAJAPAKSE; et al, 2018). A mortalidade na dengue é mais frequentemente devido ao choque, disfunção multiorgânica intratável ou sangramento incontrolável. A fluidoterapia excessiva também é conhecida por contribuirpara a mortalidade em pacientes com vazamento de plasma, devido ao desenvolvimento de edema pulmonar durante a fase de recuperação. Apesar de muitos anos de extensas pesquisas, modalidades terapêuticas específicas para dengue ainda são incipientes. A imunossupressão, na forma de corticosteroides ou imunoglobulinas não se demonstram em benefício. Vários agentes antivirais e outros moduladores imunológicos do hospedeiro estão nos estágios iniciais de avaliação clínica e não estarão disponíveis para uso clínico em um futuro previsível (LEE; et al, 2017). Várias vacinas contra a dengue estão em desenvolvimento, e algumas já licenciadas para uso, mas não apresentam evidências convincentes de benefício em todas as faixas etárias e não conferem imunidade para todos os sorotipos. A base do tratamento clínico da dengue é o gerenciamento cuidadoso de fluidos, com monitoramento próximo e cuidados de suporte. A falta de intervenções terapêuticas eficazes para dengue gerou interesse por terapias alternativas, ou seja, remédios naturais e fitoterápicos para a doença. O extrato da folha de Carica papaya (CP) recentemente ganhou interesse no tratamento da dengue, principalmente nas redes sociais, e tem mostrado um uso cada vez mais off-label na doença. Embora o extrato simples de folhas de mamão seja comumente usado, existem algumas preparações comerciais contendo extrato de folhas de mamão disponíveis em alguns países. CP é uma planta com flor onipresente nos trópicos, com uma fruta comestível. Originalmente nativo do México e da América do Sul, floresceu após ser introduzido nos países do Sul e Sudeste Asiático. As folhas da planta contêm vários compostos biologicamente ativos, como papaína, caricaína, quimopapaína e glicina endopeptidase. Foi demonstrado que esses compostos melhoram o pH ácido e causam degradação da pepsina (HUET; et al, 2006) O CP também contém lipase, que está ligada ao componente insolúvel em água da papaína. O extrato da folha de CP tem efeitos antivirais e hematológicos que podem ter implicações fisiopatológicas para seu uso como tratamento para dengue, como propriedades antioxidantes e de eliminação de radicais livres, e melhor estabilização da membrana dos glóbulos vermelhos. Senthilvel et al (2013) demonstraram que os flavonóides do extrato da folha do CP inibem uma protease envolvida na montagem viral. Durante a epidemia recente, os pacientes recorreram ao uso off-label do extrato de CP na infecção por dengue. No entanto, é necessário o intenso debate a respeito da eficácia terapêutica e perfil de segurança desse tratamento. Este projeto como meta-análise tem como objetivo analisar criticamente a evidência clínica disponível prospectiva e controlada sobre a eficácia e segurança do extrato de CP no tratamento da infecção por dengue. METODOLOGIA Após aprovação do Comitê de Ética da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, o tipo de pesquisa a ser desenvolvido será do tipo quantitativa-qualitativa, por meio de uma revisão bibliográfica, documental, observacional e de campo através de entrevistas semiestruturadas por meio do instrumento de coleta de dados com questionário. As fontes de pesquisa utilizadas para revisão bibliográfica são os endereços eletrônicos PubMed, LILACS e Google Scholar com ensaios clínicos randomizados ou não randomizados envolvendo pacientes com suspeita ou confirmação de dengue, onde o extrato de Carica papaya (CP) será comparado, como medida de tratamento padrão. Para tabulação de dados o procedimento de coletas será através de uma pesquisa de campo por meio do instrumento de coleta de dados o questionário, organizar os dados coletados para serem tabulados, elaboração de relatórios, análise dos relatórios realizados conforme a pesquisa. Será identificado se houve recuperação da contagem de plaquetas, bem como outros indicadores clínicos de resultados favoráveis (duração da internação, prevenção de vazamento de plasma, complicações com risco de vida e mortalidade). O lócus da pesquisa é determinado visando estudar o fenômeno do uso da papaína no tratamento de pacientes com dengue hemorrágica e o controle sanitário deste vetor na cidade de Campo Grande- MS. Atualmente o desenvolvimento deste projeto encontra-se viável economicamente, onde, a grande maioria dos estudos encontram-se disponíveis para coleta seja por meio de dados quantitativos ou qualitativos, o fator econômico a ser ponderado e que possivelmente sofrerá alterações ao longo da elaboração deste egrégio projeto encontra-se disponível na tabela 1: Tabela 1: orçamento dos recursos que serão utilizados no projeto de pesquisa Atividade Custo estimado Planejamento da pesquisa R$ 0 Elaboração da coleta de dados R$0 Coleta de dados R$0 Análise da pesquisa R$0 Transporte R$150 a 200 reais Relatório Final R$0 Fonte: realizado pelo inscrito (2021) CRONOGRAMA ATIVIDADE / Ano 2021 Mês M J J A S O N D 1 – Cursar Disciplinas do Mestrado X X X X X X X X 2 – Escolha do tema X X X 3 – Elaboração do anteprojeto X X X 4 – Apresentação do projeto X 5 – Levantamento bibliográfico X X Atividade / 2022 J F M A M J J A S O N D 1 – Submissão ao Comitê de Ética X 2 – Levantamento bibliográfico X X X X X X X 3 – Coleta de dados X X X X 4 – Análise de dados X X X 5 – Redação da dissertação X X X X 6 – Exame de Qualificação X 7 – Revisão e redação da dissertação X X X X ATIVIDADE / 2023 J F M A 1 – Revisão e redação da dissertação X X 2 – Defesa e entrega da dissertação X X REFERÊNCIAS BRADY O.J; et al. Refining the global spatial limits of dengue virus transmission by evidence-based consensus. PLoS Negl Trop Dis. 2012. HUET, J; et al. Structural characterization of the papaya cysteine proteinases at low pH. Biochem Biophys Res Commun. 2006. LEE TH; et al. Current management of severe dengue infection. Expert Rev Anti-Infect Ther. 2017, pp. 67–78. NETO, Benedito Rodrigues da Silva. A produção do conhecimento nas ciências da saúde. [recurso eletrônico]. Ponta Grossa (PR): Atena Editora, 2019. OKOKO T; ERE D. Reduction of hydrogen peroxide-induced erythrocyte damage by Carica papaya leaf extract. Asian Pac J Trop Biomed. 2012 RAJAPAKSE S; et al. Beyond thrombocytopaenia, haemorrhage and shock: the expanded dengue syndrome. Pathogens and Global Health, 2018. SCHINCARIOL, Isabela. Novo curso da Fiocruz aborda combate a vetores da dengue, zika, chikungunya e febre amarela. Brasília: Fiocruz, 2020. Disponível em: https://campusvirtual.fiocruz.br/portal/?q=taxonomy/term/184#:~:text=O%20boletim%20epid emiol%C3%B3gico%20da%20Secretaria,casos%20por%20100%20mil%20habitantes. Acesso em: 20 de jan. 2021. SENTHILVEL, P; et al. Flavonoid from Carica papaya inhibits NS2B-NS3 protease and prevents dengue 2 viral assembly. Bioinformation. 2013, 889p. SESAU, Secretaria Municipal de Saúde Pública. Boletim epidemiológico – dengue, zika e chikungunya – março/2020. Campo Grande/ MS: Sesau, 2020. Disponível em: http://www.campogrande.ms.gov.br/sesau/downloads/boletim-epidemiologico-dengue-zika-e- chikungunya-marco-2020/. Acesso em: 23 de jan. 2020. SHARMA M, GLASNER DR, WATKINS H, PUERTA-GUARDO H, KASSA Y, EGAN MA, DEAN H, HARRIS E. Magnitude and Functionality of the NS1-Specific Antibody Response Elicited by a Live-Attenuated Tetravalent Dengue Vaccine Candidate. J Infect Dis. 2020 Mar 02;221(6):867-877. STANAWAY JD; et al. 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