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Farmacodinâmica: Interação entre fármacos e receptores

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FARMACODINÂMICA
· Introdução
- A maior parte das interações entre os fármacos e o organismo ocorre diretamente sobre as células dos tecidos. Portanto, para que ocorra alguma mudança fisiológica, é necessário que o fármaco se "comunique" com a célula. Essa comunicação se dá usualmente por meio de estruturas celulares bem definidas denominadas receptores.
- A ação e o efeito de um fármaco são conceitos distintos. Enquanto a ação diz respeito ao local onde o fármaco se liga para alterar fisiologicamente a célula, o efeito é a consequência da ação ou a alteração do tecido/organismo em razão dessa ligação.
OBS: A epinefrina, agente vasoconstritor que é incorporado a algumas das soluções anestésicas de uso odontológico, deve chegar ao local onde sua ação é desejada (por meio dos mecanismos farmacocinéticos), ligar-se ao local de ação (receptor) e promover seu efeito (vasoconstrição).
- Embora a maior parte dos efeitos seja derivada da ação de fármacos em receptores, existem aqueles que são decorrentes da interação do fármaco com as moléculas do tecido de forma inespecífíca, ou seja, reações organicas que ocorrem sem a participação de uma estrutura celular diferenciada.
- Um exemplo desse tipo de fármaco são os laxantes, os quais mobilizam água para o lúmen intestinal obedecendo a um gradiente osmótico, sem se ligar a nenhuma estrutura celular. Alguns agentes antissépticos, como a clorexidina, também são desse tipo, pois atuam desnaturando a célula bacteriana sem interagir com estruturas específicas .
· Receptores
- Os fármacos se associam a receptores, os quais são substâncias químicas organizadas que normalmente se encontram na superfície celular e apresentam algum local de ligação.
- A interação entre fármaco e receptor funciona como uma combinação do tipo chave-fechadura, a qual promove uma ligação altamente específica no sítio, alterando a molécula do receptor e o funcionamento da célula.
- A característica principal para que a molécula seja considerada um receptor é ser capaz de se alterar em decorrência da ligação de uma substância específica e transmitir essa alteração induzindo atividade na célula-alvo.
- Os receptores têm, na sua grande maioria, alta potência (exercem sua ação em concentrações muito pequenas) e alta especificidade biológica (existem apenas em órgãos-alvo).
- Existem 5 tipos de receptores, vou listá-los abaixo: 
1. Receptores ligados a canais de íons: são regulados por voltagem e se ativam por mecanismos de alteração na carga elétrica das membranas excitáveis. São importantes na condução de impulsos nervosos e estão diretamente implicados nos efeitos dos anestésicos locais utilizados em odontologia. Aqueles ligados a canais de íons e regulados por ligação específica de moléculas promovem alterações celulares como hiperpolarização ou despolarização.
2. Receptores associados à proteína G: são vários tipos diferentes de receptores ligados à membrana celular, os quais têm como característica comum ativar a proteína G, amplificando acentuadamente o sinal biológico.
3. Receptores catalíticos: a ligação da molécula ativadora a esse receptor permite mudanças químicas que usualmente ativam outras enzimas intracelulares, induzindo mudanças fisiológicas.
4. Receptores intracelulares: se localizam no líquido intracelular ou no citoplasma da célula. Em virtude do caráter da membrana celular, substâncias lipofílicas tendem a atravessar essa estrutura mais facilmente, A ligação altera a conformação do receptor, o que leva aos efeitos intracelulares.
5. Existem também moléculas endógenas que têm sítios específicos para ligação, mas que não se alteram ou não geram efeitos biológicos visíveis, como a albumina, por exemplo. Estas são chamadas de aceptores e atuam como locais de armazenamento para os fármacos.
· Substâncias que se ligam aos receptores
- As interações químicas entre os ligantes e os receptores podem ocorrer por meio de um ou mais dos diversos tipos de ligações químicas conhecidas, como ligações covalentes, iônicas, interação dipolos, pontes de hidrogênio ou van der Waals.
- Seja oriunda de um fármaco ou uma substância endógena, a ligação tem de obedecer aos preceitos de especificidade quanto ao encaixe químico com o receptor.
- A estereoespecificidade da ligação também é importante, sendo que muitos fármacos (betabloqueadores, alguns anti-inflamatórios etc.) são misturas racêmicas, ou seja, misturas compostas por dois enantiômeros. Estes, embora sejam quimicamente idênticos, apresentam diferente configuração espacial da molécula.
- Afinidade: capacidade do ligante de estabelecer a ligação com o receptor. Entretanto, não necessariamente a ligação induz o efeito. Muitas moléculas têm alta afinidade pelo receptor, isto é, são capazes de se ligar fortemente, mas não necessariamente produzem efeitos. Assim, a afinidade trata apenas da força da ligação ao receptor e depende das propriedades químicas de ambas as moléculas.
- Atividade intrínseca: capacidade de uma substância de realmente ativar ou mudar quimicamente o receptor, levando à formação de reações que desencadeiam os efeitos. Assim, para que ocorra o efeito, o ligante deve ter afinidade para se ligar ao receptor e atividade intrínseca para ativá-lo. Obviamente, várias substâncias podem ter diferentes afinidades e atividades intrínsecas em relação a um determinado receptor.
- Agonistas: substâncias que se ligam aos receptores e provocam algum efeito, que pode ser total ou parcial.
- Agonistas totais: ligantes que produzem o maior efeito possível, o qual não pode ser ultrapassado. Apresentam alta afinidade e alta atividade intrínseca.
- Agonistas parciais: produzem algum efeito, mas sempre inferior ao efeito máximo, ou seja, apresentam alta afinidade (pois se ligam aos receptores), mas baixa atividade intrínseca.
- Antagonistas: substâncias que se ligam a um receptor, mas não induzem nenhum efeito. Existem basicamente dois tipos de antagonistas, os competitivos e os não competitivos.
- Antagonistas competitivos: ligam-se ao receptor, pois usualmente têm alta afinidade, mas atividade intrínseca nula. Entretanto, se a dose do agonista for aumentada suficientemente, ocorre o deslocamento do antagonista do receptor, e o efeito máximo pode ocorrer.
- Antagonistas não competitivos: são irreversíveis, pois mesmo o aumento da dose do agonista não causa o deslocamento do antagonista, e não ocorre o efeito máximo. Também têm alta afinidade e atividade intrínseca nula.
- Potência: dose necessária para produzir um efeito. Quanto menor a dose necessária para produzir o efeito, maior a potência do agonista. Embora bastante popular, o significado desse conceito é dúbio, pois a potência de um agonista é muito afetada pela sua farmacocinética. Assim, a maior dose pode ser necessária em virtude da má absorção, e não propriamente dos fatores farmacodinâmicos.
- Eficácia: é o termo farmacologicamente mais adequado para o que se trata comumente como potência, pois diz respeito ao número de receptores necessários para uma determinada resposta máxima. Entretanto, esse conceito tem menor praticidade do que a "potência", pois não é possível saber com exatidão a quantidade de receptores ocupados.
· Relação dose-resposta
- O efeito de um agonista é proporcional ao número de moléculas disponíveis para a ligação com o receptor. Quanto menor for o número de receptores necessários para que ocorra o efeito, mais eficaz será o agonista. A resposta ao agonista depende, entre outros fatores, da dose administrada.
O aumento da dose obviamente pode provocar aumento do efeito, até que este atinja seu máximo. Aumentos sucessivos podem, entretanto, induzir efeitos indesejáveis.
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