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C A P Í T U L O 9Defl exão de vigasDefl exão de vigas 9 A foto mostra uma ponte de múltiplas tramas durante a construção. O projeto das vigas da ponte baseia- -se nas considerações de resistência e avaliação das defl exões. 550 Defl exão de vigas 9.1. Introdução No capítulo anterior, aprendemos a projetar vigas considerando critérios de resistência. Neste capítulo vamos nos preocupar com outro aspecto do pro- jeto de vigas: a determinação da defl exão. A defl exão máxima de uma viga sob um determinado carregamento tem importância especial, pois as especifi - cações de projeto de uma viga geralmente incluem um valor máximo admis- sível para sua defl exão. Interessa também o fato de que o conhecimento das defl exões é necessário para analisar as vigas indeterminadas, que são as vigas nas quais o número de reações nos apoios excede o número de equações de equilíbrio disponíveis para determinar as incógnitas. Vimos na Seção 4.4 que uma viga prismática submetida à fl exão pura é fl exionada em um arco de circunferência e que, dentro do regime elástico, a curvatura da superfície neutra pode ser expressa como (4.21) 1 r M EI em que M é o momento fl etor, E, o módulo de elasticidade, e I, o momento de inércia da seção transversal em relação à linha neutra. Quando uma viga é submetida a um carregamento transversal, a Equação (4.21) permanece válida para qualquer seção transversal, desde que se aplique o princípio de Saint-Venant. No entanto, o momento fl etor e a curvatura da superfície neutra variam de uma seção para outra. Chamando de x a distância da seção a partir da extremidade esquerda da viga, escrevemos (9.1) 1 r M1x2 EI O conhecimento da curvatura em vários pontos de uma viga carregada nos permitirá tirar algumas conclusões gerais referentes à deformação dessa viga. (Seção 9.2). Para determinarmos a inclinação e a defl exão transversal da viga em qual- quer ponto, primeiro determinamos a equação diferencial linear de segunda ordem, dada a seguir, que governa a linha elástica e caracteriza a forma da viga deformada (Seção 9.3): d 2y dx2 M1x2 EI Se o momento fl etor pode ser representado para todos os valores de x por uma função simples M(x), como no caso das vigas e dos carregamentos mostrados na Fig. 9.1, a inclinação u � dy�dx e a defl exão y em qualquer ponto da viga po- dem ser obtidas por meio de duas integrações sucessivas. As duas constantes de integração introduzidas no processo serão determinadas a partir das condições de contorno indicadas na fi gura. No entanto, se forem necessárias funções analíticas diferentes para representar o momento fl etor nas várias partes da viga, serão necessárias Fig. 9.1 B B xA A y y (a) Viga em balanço (b) Viga biapoiada [ yA�0 ] [ yB�0 ] x [ yA�0] [ A� 0]� também diferentes equações diferenciais, que nos levarão a diferentes funções defi nindo a linha elástica nas várias partes da viga. Por exemplo, no caso da viga e carregamento da Fig. 9.2, são necessárias duas equações diferenciais, uma para a parte AD da viga e outra para a parte DB. A primeira equação produz as funções u1 e y1, e a segunda, as funções u2 e y2. Ao todo, devem ser determinadas quatro constantes de integração; duas serão obtidas escre- vendo-se que a defl exão é zero em A e B, e as outras duas expressando-se o fato de que as partes AD e BD da viga têm a mesma inclinação e a mesma defl exão em D. Você observará na Seção 9.4 que, no caso de uma viga suportando uma força distribuída w(x), a linha elástica pode ser obtida diretamente de w(x) por meio de quatro integrações sucessivas. As constantes introduzidas nesse processo serão determinadas pelos valores de contorno de V, M, u e y. Na Seção 9.5, discutiremos as vigas estaticamente indeterminadas, em que as reações nos apoios envolvem quatro ou mais incógnitas. As três equa- ções de equilíbrio devem ser complementadas com equações obtidas a partir das con dições de contorno impostas pelos apoios. O método descrito anteriormente para a determinação da linha elástica quando várias funções são necessárias para representar o momento fl etor M pode ser muito trabalhoso, pois requer que se imponha a condição de que as inclinações e as defl exões em cada ponto de transição sejam iguais. Você verá na Seção 9.6 que o uso de funções de singularidade (já discutido na Seção 5.5) simplifi ca consideravelmente a determinação de u e y em qualquer ponto da viga. A próxima parte do capítulo (Seções 9.7 e 9.8) é dedicada ao método da superposição, que consiste em determinar separadamente e, em seguida, adicionar a inclinação e a defl exão provocadas pelas várias forças aplicadas a uma viga. Esse procedimento pode ser facilitado usando-se a tabela do Apên- dice D, que fornece as inclinações e as defl exões de vigas para vários carrega- mentos e vários tipos de apoio. Na Seção 9.9, serão usadas certas propriedades geométricas da linha elástica para determinar a defl exão e a inclinação de uma viga em deter- minado ponto. Em lugar de expressar o momento fl etor como uma função M(x) e integrar essa função analiticamente, será traçado o diagrama re- presentando a variação de M�EI ao longo do comprimento da viga e serão deduzidos dois teoremas dos momentos de área. O teorema do primeiro momento de área nos permitirá calcular o ângulo entre as tangentes à viga em dois pontos; o teorema do segundo momento de área será usado para calcular a distância vertical de um ponto na viga a uma tangente no se- gundo ponto. Os teoremas dos momentos de área serão usados na Seção 9.10 para de- terminar a inclinação e a defl exão em pontos selecionados das vigas em ba- lanço e vigas com carregamentos simétricos. Na Seção 9.11 você verá que, em muitos casos, as áreas e os momentos de áreas defi nidos pelos diagramas M�EI podem ser mais facilmente determinados traçando-se o diagrama de momento fl etor por partes. Quando você estudar o método dos momentos de área, observará que ele é particularmente efi caz no caso de vigas com seção transversal variável. Na Seção 9.12, serão consideradas as vigas com carregamentos assimé- tricos e vigas biapoiadas com balanço. Uma vez que em um carregamento Fig. 9.2 BA D y [x � 0, y1 � 0] � � x x � L, 1 � 2 1 4[ [ x � L, y1 � y2 1 4[ [ x � L, y2� 0[ [ P 5519.1 Introdução 552 Defl exão de vigas assimétrico a defl exão máxima não ocorre no centro da viga, você aprenderá na Seção 9.13 a loca lizar o ponto em que a tangente é horizontal para deter- minar a defl exão máxima. A Seção 9.14 será dedicada à solução de problemas envolvendo vigas estaticamente indeterminadas. 9.2. Deformação de uma viga sob carregamento transversal No início deste capítulo, recordamos a Equação (4.21) da Seção 4.4, que relaciona a curvatura da superfície neutra e o momento fl etor em uma viga em fl exão pura. Destacamos que essa equação permanece válida para qualquer seção transversal de uma viga submetida a carregamento transversal, desde que o princípio de Saint-Venant seja aplicável. No entanto, tanto o momento fl etor quanto a curvatura da superfície neutra irão variar de uma seção para outra. Chamando de x a distância da seção a partir da extremidade esquerda da viga, escrevemos (9.1) 1 r M1x2 EI Considere, por exemplo, uma viga em balanço AB de comprimento L sub- metida a uma força concentrada P em sua extremidade livre A (Fig. 9.3a). Temos M(x) � �Px e, substituindo em (9.1), 1 r Px EI que mostra que a curvatura da superfície neutra varia linearmente com x, des- de zero em A, em que o próprio rA é infi nito, até �PL�EI em B, em que �rB� � EI�PL (Fig. 9.3b). Considere agora a viga biapoiada com um balanço AD da Fig. 9.4a que suporta duas forças concentradas conforme mostra a fi gura. No diagrama de corpo livre da viga (Fig. 9.4b), vemos que as reações nos apoios são RA � 1 kN e RC � 5 kN, respectivamente, e traçamos o diagrama do mo- mento fl etor correspondente (Fig. 9.5a). Notamos no diagrama que Me, portanto, a curvatura da viga são ambos zero nas extremidades da viga, assim como no ponto E localizado em x � 4 m. Entre A e E o momento fl etor é positivo e a viga tem a concavidade voltada para cima; entre E e D Fig. 9.4 Fig. 9.3 B A x A5 ` (a) P L B A (b) P 3 r Br D B C A (a) (b) 4 kN 2 kN 3 m 3 m 3 m DA B C 4 kN 2 kN RC � 5 kN RA � 1 kN 3 m 3 m 3 m o momento fl etor é negativo e a viga tem a concavidade voltada para baixo (Fig. 9.5b). Notamos também que o maior valor da curvatura (isto é, o me- nor valor do raio da curvatura) ocorre no apoio C, em que �M� é máximo. Com base nas informações obtidas a respeito de sua curvatura, temos uma ideia razoavelmente boa sobre a forma da viga deformada. No entanto, a análise e o projeto de uma viga geralmente exigem informações mais precisas sobre a defl exão e a inclinação da viga em vários pontos. Particularmente importante é o conhecimento da defl exão máxima da viga. Na próxima seção, a Equação (9.1) será usada para obter uma relação entre a defl exão y medida em determinado ponto Q no eixo da viga e a distância x desse ponto em rela- ção a alguma origem fi xa (Fig. 9.6). A relação obtida será a equação da linha elástica, isto é, a equação da curva na qual o eixo da viga é transformado sob determinado carregamento (Fig. 9.6b).† 9.3. Equação da linha elástica Primeiro recordamos do cálculo elementar que a curvatura de uma curva plana em um ponto Q(x,y) pode ser expressa como (9.2) 1 r d2y dx 2c1 ady dx b2 d 3 2 em que dy�dx e d 2y�dx2 são a primeira e a segunda derivadas da função y(x) representada por essa curva. Mas, no caso da linha elástica de uma viga, a inclinação dy�dx é muito pequena, e seu quadrado é desprezível comparado com a unidade. Escrevemos então (9.3) 1 r d2y dx2 Substituindo 1�r de (9.3) em (9.1), temos (9.4) d2y dx2 M1x2 EI Uma equação diferencial linear de segunda ordem é obtida; ela é a equação dife rencial que governa a linha elástica. †Devemos notar que, neste capítulo, a letra y representa um deslocamento vertical, embora tenha sido usada em capítulos anteriores para representar a distância de um ponto em uma seção transversal a partir da linha neutra dessa seção. Fig. 9.5 Fig. 9.6 5539.3 Equação da linha elásticaM A B E C CD D4 m 3 kN · m 4 kN 2 kN �6 kN · m B E A x (a) (b) x D C C y y A D Q Q A x Linha elástica (a) (b) P2P1 554 Defl exão de vigas O produto EI é conhecido como rigidez à fl exão e, se ele varia ao longo da viga, como no caso de uma viga de altura variável, devemos expressá-lo como uma função de x antes de integrar a Equação (9.4). No entanto, no caso de uma viga prismática, que é o caso considerado aqui, a rigidez à fl exão é constante. Podemos então multiplicar ambos os membros da Equação (9.4) por EI e integrar em x. Escrevemos (9.5)EI dy dx x 0 M1x2 dx C1 em que C1 é uma constante de integração. Chamando de u(x) o ângulo, medi- do em radianos, que a tangente com a linha elástica em Q forma com a hori- zontal (Fig. 9.7), e lembrando que esse ângulo é muito pequeno, temos dy dx tg u u1x2 Assim, escrevemos a Equação (9.5) na forma alternativa ( )9.5¿EI u1x2 x 0 M1x2 dx C1 Integrando ambos os membros da Equação (9.5) em x, temos (9.6) EI y x 0 dx x 0 M1x2 dx C1x C2 EI y x 0 c x 0 M1x2 dx C1 d dx C2 em que C2 é uma segunda constante de integração, e onde o primeiro termo no membro da direita representa a função de x obtida integrando-se duas vezes em x o momento fl etor M(x). Se não fosse pelo fato de que as constantes C1 e C2 estão ainda indeterminadas, a Equação (9.6) defi niria a defl exão da viga em qualquer ponto Q, e a Equação (9.5) ou (9.5’) defi niria de modo semelhan- te a inclinação da viga em Q. As constantes C1 e C2 são determinadas pelas condições de contorno ou, mais precisamente, pelas condições impostas à viga pelos seus apoios. Limi- tando nossa análise nessa seção a vigas estaticamente determinadas, isto é, a vigas vinculadas de uma forma que as reações nos apoios podem ser obtidas pelos métodos da estática, notamos que somente três tipos de vigas precisam ser considerados aqui (Fig. 9.8): (a) a viga biapoiada, (b) a viga biapoiada com balanço e (c) a viga em balanço. Nos dois primeiros casos, os apoios consistem em um apoio fi xo em A e um apoio móvel em B, e requerem que a defl exão seja zero em cada um desses pontos. Fazendo primeiro x � xA, y � yA � 0 na Equação (9.6), e depois x � xB, y � yB � 0 na mesma equação, obtemos duas equações que podem ser resolvidas para C1 e C2. No caso da viga em balanço (Fig. 9.8c), notamos que a defl exão e a inclinação em A devem ser zero. Fazendo x � xA, y � yA � 0 na Equação (9.6), e x � xA, u � uA � 0 na Equação (9.5�), obtemos novamente duas equações que podem ser resolvidas para C1 e C2. Fig. 9.7 y y(x) (x) x O Q � x P P BA y y y (a) Viga biapoiada yA� 0 yB� 0 x yA� 0 B B xA A x (c) Viga em balanço (b) Viga biapoiada com balanço yA� 0 A� 0� yB� 0 Fig. 9.8 Condições de contorno para vigas estati- camente determinadas. EXEMPLO 9.1 A viga em balanço AB tem seção transversal uniforme e suporta uma força P na sua extremidade livre A (Fig. 9.9). Determine a equação da linha elástica, a defl exão e a inclinação em A. Usando o diagrama de corpo livre da parte AC da viga (Fig. 9.10), em que C está localizado a uma distância x da extremidade A, encontramos (9.7)M Px Substituindo M na Equação (9.4) e multiplicando ambos os mem- bros pela constante EI, escrevemos EI d 2y dx2 Px Integrando em x, obtemos (9.8)EI dy dx 1 2Px 2 C1 Observamos agora que na extremidade engastada B temos x � L e u � dy�dx � 0 (Fig. 9.11). Substituindo esses valores na Equação (9.8) e resolvendo para C1, temos C1 1 2PL 2 que usamos novamente na (9.8): (9.9)EI dy dx 1 2Px 2 1 2PL 2 Integrando ambos os membros da Equação (9.9), escrevemos (9.10)EI y 16Px 3 1 2PL 2x C2 Mas em B temos x � L, y � 0. Substituindo na Equação (9.10), temos C2 1 3PL 3 0 16PL 3 1 2PL 3 C2 Utilizando o valor de C2 novamente na Equação (9.10), obtemos a equação da linha elástica: ou (9.11)y P 6EI 1 x3 3L2x 2L32 EI y 16Px 3 1 2PL 2x 13PL 3 A defl exão e a inclinação em A são obtidas fazendo x � 0 nas Equações (9.11) e (9.9). Encontramos yA PL3 3EI e uA adydxbA PL22EI EXEMPLO 9.2 A viga prismática biapoiada AB está submetida a uma força w uniformemente distribuída por unidade de comprimento (Fig. 9.12). Determine a equação da linha elástica e a defl exão má xima da viga. Desenhando o diagrama de corpo livre da parte AD da viga (Fig. 9.13) e tomando os momentos em relação a D, vemos que (9.12)M 12wLx 1 2wx 2 Substituindo M na Equação (9.4) e multiplicando ambos os mem- bros desta equação pela constante EI, escrevemos (9.13)EI d 2y dx2 1 2 wx2 1 2 wL x Integrando duas vezes em x, temos (9.14) EI dy dx 1 6 wx3 1 4 wLx2 C1 (9.15) EI y 1 24 wx4 1 12 wLx3 C1x C2 555 L P BA P V MA x C Fig. 9.9 Fig. 9.10 BO y yA A L x [x � L, � 0]� [x � L, y � 0] Fig. 9.11 Fig. 9.12 Fig. 9.13 B w A L A 2 x D M V wx RA � wL x 2 1 Observando que y � 0 em ambas as extremidades da viga (Fig. 9.14), calculamos primeiro x � 0 e y � 0 na Equação (9.15) e obtemos C2 � 0. Depois calculamos x � L e y � 0 na mesma equação e escrevemos C1 1 24 wL 3 0 124 wL 4 1 12 wL 4 C1L Utilizando os valores de C1 e C2 na Equação (9.15), obtemos a equação da linha elástica: ou (9.16)y w 24EI 1 x4 2Lx3 L3x2 EI y 124 wx 4 1 12 wL x 3 1 24 wL 3x Substituindo na Equação (9.14) o valor obtido para C1, verifi - camos que a inclinação da viga é zero para x � L�2 e que a linha elástica tem um mínimo no ponto médio C da viga (Fig. 9.15). Usando x � L�2 na Equação (9.16), temos yC w 24EI a L4 16 2L L3 8 L3 L 2 b 5wL4 384EI A defl exão máxima ou, mais precisamente, o valor máximo absoluto da defl exão é então 0y 0máx 5wL4384EI Em cada um dos doisexemplos considerados até agora, foi necessário somente um diagrama de corpo livre para determinar o momento fl etor na viga. Consequentemente, foi usada uma única função de x para representar M ao longo da viga. Isso, no entanto, não é o que geralmente ocorre. Forças con- centradas, reações nos apoios ou descontinuidades em uma força distribuí- da tornam necessárias a divisão da viga em várias partes e a representação do momento fl etor por uma função M(x) diferente em cada uma dessas partes da viga (Fig. 9.16). Cada uma das funções M(x) levará então a uma expressão diferente para a inclinação u(x) e para a defl exão y(x). Como cada uma das expressões obtidas para a defl exão deve conter duas constantes de integração, teremos de determinar um grande número de constantes. Conforme você verá no próximo exemplo, as condições de contorno adicionais necessárias podem ser obtidas observando-se que, embora a força cortante e o momento fl etor possam ser descontínuos em vários pontos em uma viga, a defl exão e a incli- nação da viga não podem ser descontínuas em nenhum ponto. EXEMPLO 9.3 Para a viga prismática e o carregamento mostrados (Fig. 9.17), determine a inclinação e a defl exão no ponto D. Devemos dividir a viga em duas partes, AD e DB, e determi- nar a função y(x) que defi ne a linha elástica para cada uma dessas partes. BA L y x x �0, y � 0 x � L, y � 0[[ [[ B C L/2 A y x Fig. 9.14 Fig. 9.15 Fig. 9.16 Uma função diferente M(x) é necessária em cada parte dos braços em balanço. Fig. 9.17 B D A 3L/4 L/4 P 556 1. De A a D (x , L�4). Desenhamos o diagrama de corpo livre de uma parte AE da viga, de comprimento x � L�4 (Fig. 9.18). Tomando os momentos em relação a E, temos (9.17)M1 3P 4 x ou, usando a Equação (9.4), (9.18)EI d2 y1 dx2 3 4 Px em que y1(x) é a função que defi ne a linha elástica para a parte AD da viga. Integrando em x, temos (9.19) EI u1 EI dy1 dx 3 8 Px2 C1 (9.20) EI y1 1 8 Px3 C1x C2 2. De D a B (x . L�4). Desenhamos agora o diagra ma de corpo livre de uma parte AE da viga de comprimento x � L�4 (Fig. 9.19) e escrevemos (9.21)M2 3P 4 x Pax L 4 b ou, usando a Equação (9.4) e rearranjando os termos, (9.22)EI d 2y2 dx2 1 4 Px 1 4 PL em que y2(x) é a função que defi ne a linha elástica para a parte DB da viga. Integrando em x, temos (9.23) EI u2 EI dy2 dx 1 8 Px2 1 4 PLx C3 (9.24) EI y2 1 24 Px3 1 8 PLx2 C3x C4 Determinação das constantes de integração. As condições que devem ser satisfeitas pelas constantes de integra- ção foram resumidas na Fig. 9.20. No apoio A, em que a defl exão é defi nida pela Equação (9.20), devemos ter x � 0 e y1 � 0. No apoio B, onde a defl exão é defi nida pela Equação (9.24), de- vemos ter x � L e y2 � 0. Além disso, o fato de que não deve haver nenhuma variação brusca na defl exão ou na inclinação no ponto D requer que y1 � y2 e u1 � u2 quando x � L�4. Temos portanto: (9.25) (9.26) (9.27) (9.28) PL3 512 C1 L 4 11PL3 1536 C3 L 4 C4 3x L 4, y1 y2 4 , Equações 19.202 e 19.242: 3 128 PL2 C1 7 128 PL2 C3 3x L 4, u1 u2 4 , Equações 19.192 e 19.232: 0 1 12 PL3 C3L C4 3x L, y2 0 4 , Equação 19.242:3x 0, y1 0 4 , Equação 19.202: 0 C2 Resolvendo essas equações simultaneamente, encontramos C1 7PL2 128 , C2 0, C3 11PL2 128 , C4 PL3 384 Substituindo C1 e C2 nas Equações (9.19) e (9.20), escrevemos que para x � L�4, (9.29) EI u1 3 8 Px2 7PL2 128 (9.30) EI y1 1 8 Px3 7PL2 128 x Usando x � L�4 em cada uma dessas equações, vemos que a in- clinação e a defl exão no ponto D são, respectivamente, uD PL2 32EI e yD 3PL3 256EI Observamos que, como uD � 0, a defl exão em D não é a defl e- xão máxima da viga. Fig. 9.18 Fig. 9.19 Fig. 9.20 A E M1 V1 x 3 4 P x � L14 V2 M2A D x E P 3 4 P 557 D BA y x x �0, y1 � 0 x � L, y2� 0[ [ [ [ � �x � L, 1 � 1 4[ [ x � L, y1 � y2 2 1 4[ [ P 558 Defl exão de vigas *9.4. Determinação direta da linha elástica com base na força distribuída Vimos na Seção 9.3 que a equação da linha elástica pode ser obtida inte- grando-se duas vezes a equação diferencial (9.4) d2y dx2 M1x2 EI em que M(x) é o momento fl etor na viga. Recordamos agora da Seção 5.3 que, quando uma viga suporta uma força distribuída w(x), temos dM�dx � V e dV�dx � �w em qualquer ponto. Diferenciando ambos os membros da Equa- ção (9.4) em relação a x e considerando que EI seja constante, temos então (9.31) d3y dx3 1 EI dM dx V1x2 EI e, diferenciando novamente, d 4y dx4 1 EI dV dx w1x2 EI Concluímos que quando uma viga prismática suporta uma força distribuída w(x), sua linha elástica é governada pela equação diferencial linear de quarta ordem (9.32) d 4y dx4 w1x2 EI Multiplicando ambos os membros da Equação (9.32) pela constante EI e integrando quatro vezes, escrevemos (9.33) EI y1x2 dx dx dx w1x2 dx 1 6 C1x 3 1 2 C2x 2 C3x C4 EI dy dx EI u 1x2 dx dx w1x2 dx 1 2 C1x 2 C2x C3 EI d2y dx2 M1x2 dx w1x2 dx C1x C2 EI d 3y dx 3 V1x2 w1x2 dx C1 EI d 4y dx4 w1x2B B xA A y y (a) Viga em balanço (b) Viga biapoiada [ yA� 0 ] x [ yA�0] [ A� 0]� [ VA�0] [MB�0] [ yB� 0 ] [MB� 0 ][MA� 0 ] Fig. 9.21 Condições de contorno para vigas submetidas a uma força distribuída. As quatro constantes de integração podem ser determinadas a partir das con- dições de contorno. Essas incluem (a) as condições impostas na defl exão ou na inclinação da viga por seus apoios (Seção 9.3) e (b) as condições de que V e M sejam zero na extremidade livre de uma viga em balanço, ou que M seja zero em ambas as extremidades de uma viga biapoiada (Seção 5.3). Isso foi ilustrado na Fig. 9.21. O método apresentado aqui pode ser utilizado efi cazmente com vigas em ba lanço ou biapoiadas submetidas a uma força distribuída. Porém, no caso de viga biapoiada com balanço, as reações nos apoios provocarão descontinui- dades na força cortante, isto é, na terceira derivada de y, e seriam necessárias outras funções para defi nir a linha elástica sobre toda a viga. EXEMPLO 9.4 A viga prismática biapoiada AB suporta uma força uniformemen- te distribuída w por unidade de comprimento (Fig. 9.22). Deter- mine a equação da linha elástica e a defl exão máxima da viga. (Este é o mesmo caso resolvido no Exemplo 9.2.) Como w � constante, as primeiras três equações das Equa- ções (9.33) resultam em (9.34) EI d 2y dx2 M1x2 1 2 wx2 C1x C2 EI d3y dx3 V1x2 wx C1 EI d 4y dx4 w Observando que as condições de contorno requerem que M � 0 em ambas as extremidades da viga (Fig. 9.23), primeiro usamos x � 0 e M � 0 na Equação (9.34) e obtemos C2 � 0. Depois usamos x � L e M � 0 na mesma equação e obtemos C1 � ½ wL. Utilizando esses valores de C1 e C2 de volta na Equação (9.34), e integrando duas vezes, escrevemos EI y 1 24 wx4 1 12 wL x3 C3x C4 19.352 EI dy dx 1 6 wx3 1 4 wL x2 C3 EI d2y dx2 1 2 wx2 1 2 wL x Mas as condições de contorno também requerem y � 0 em ambas as extremidades da viga. Utilizando x � 0 e y � 0 na Equação (9.35), obtemos C4 � 0; usando x � L e y � 0 na mesma equação, escrevemos C3 1 24wL 3 0 124wL 4 1 12wL 4 C3L Utilizando os valores de C3 e C4 novamente na Equação (9.35) e dividindo ambos os membros por EI, obtemos a equação da linha elástica: (9.36)y w 24EI 1 x4 2L x3 L3x2 O valor da defl exão máxima é obtido calculando-se x � L�2 na Equação (9.36). Temos0y 0máx 5wL4384EI B w A L w L BA y x 5 0, M 5 0 x [ ] x 5 L, M 5 0[ ] x 5 L, y 5 0[ ]x 5 0, y 5 0[ ] Fig. 9.22 Fig. 9.23 5599.4. Determinação direta da linha elástica com base na força distribuída 560 Defl exão de vigas 9.5. Vigas estaticamente indeterminadas Nas seções anteriores, nossa análise esteve limitada a vigas estaticamente determinadas. Considere agora a viga prismática AB (Fig. 9.24a), que tem uma extremidade engastada em A e a outra apoiada em B. Desenhando o diagrama de corpo livre da viga (Fig. 9.24b), notamos que as reaçõesenvolvem quatro incógnitas, embora tenhamos apenas três equações de equilíbrio, que são (9.37)gFx 0 gFy 0 gMA 0 Como somente Ax pode ser determinado por meio dessas equações, concluí- mos que a viga é estaticamente indeterminada. Porém, recordamos, dos Capítulos 2 e 3, que, em um problema estatica- mente indeterminado, as reações podem ser obtidas considerando-se as de- formações da estrutura envolvida. Iremos, portanto, prosseguir com o cálculo da inclinação e da defl exão ao longo da viga. Seguindo o método utilizado na Seção 9.3, primeiro expressamos o momento fl etor M(x) em um ponto qualquer de AB em função da distância x de A, da força aplicada e das reações desconhecidas. Integrando em x, obtemos expressões para u e y contendo duas incógnitas adicionais, que são as constantes de integração C1 e C2. Mas ao todo estão disponíveis seis equações para determinar as reações e as constan- tes C1 e C2; elas são as três equações de equilíbrio (9.37) e as três equações expressando que as condições de contorno estão satisfeitas, isto é, que a in- clinação e a defl exão em A são zero e que a defl exão em B é zero (Fig. 9.25). Assim, podem ser determinadas as reações nos apoios e pode ser obtida a equação da linha elástica. EXEMPLO 9.5 Determine as reações nos apoios da viga prismática da Fig. 9.24a. Equações de equilíbrio. Do diagrama de corpo livre da Fig. 9.24b escrevemos (9.38) ggMA 0: MA BL 12wL2 0 cgFy 0: Ay B wL 0 S gFx 0: Ax 0 Equação da linha elástica. Desenhando o diagrama de cor- po livre de uma parte da viga AC (Fig. 9.26), escrevemos (9.39)ggMC 0: M 12wx2 MA Ay x 0 B w A A L (a) B wL A x Ay L L/2 (b) MA B w B x x � 0, � 0[ ] x � L, y � 0[ ] x � 0, y � 0[ ] A � y Fig. 9.24 Fig. 9.25 Fig. 9.26 A MA x/2 C M V wx Ay Ax x Resolvendo a Equação (9.39) para M e substituindo na Equação (9.4), escrevemos EI d2y dx2 1 2 wx2 Ay x MA Integrando em x, temos (9.40) EI u EI dy dx 1 6 wx3 1 2 Ay x 2 MAx C1 (9.41) EI y 1 24 wx4 1 6 Ayx 3 1 2 MAx 2 C1x C2 Utilizando, agora, as condições de contorno indicadas na Fig. 9.25, usamos x � 0, u � 0 na Equação (9.40), x � 0, y � 0 na Equação (9.41), e concluímos que C1 � C2 � 0. Assim, escreve- mos a Equação (9.41) da seguinte forma: (9.42)EI y 124 wx 4 1 6 Ay x 3 1 2MAx 2 Mas a terceira condição de contorno requer y � 0 para x � L. Usando esses valores em (9.42), escrevemos ou (9.43)3MA AyL 1 4 wL 2 0 0 124wL 4 1 6AyL 3 1 2 MAL 2 Resolvendo essa equação simultaneamente com as três equações de equilíbrio (9.38), obtemos as reações nos apoios: Ax 0 Ay 5 8 wL MA 1 8 wL 2 B 38 wL No exemplo que acabamos de considerar, havia uma reação redundan- te, isto é, havia uma reação a mais do que podia ser determinada por meio, somente, das equações de equilíbrio. Dizemos que a viga correspondente é estaticamente indeterminada com um grau de indeterminação ou um grau de hiperasticidade. Outro exemplo de uma viga indeterminada de um grau de in- determinação é o fornecido no Problema Resolvido 9.3. Se os apoios da viga são tais que duas reações são redundantes (Fig. 9.27a), dizemos que a viga é indeterminada com dois graus de indeterminação. Embora tenhamos agora cinco reações desconhecidas (Fig. 9.27b), descobrimos que quatro equações podem ser obtidas das condições de contorno (Fig. 9.27c). Assim, temos um total de sete equações disponíveis para determinar as cinco reações e as duas constantes de integração. L L w w w MB MA y x A A B B A B Ax Ay B (b) (a) (c) Extremidade engatada Superfície isenta de atrito x � 0, � 0[ ] x � L, � 0[ ] x � L, y � 0[ ]x � 0, y � 0[ ] � � Fig. 9.27 561 562 PROBLEMA RESOLVIDO 9.1 A viga de aço biapoiada com balanço ABC suporta uma força concentrada P na ex- tremidade C. Para a parte AB da viga, (a) determine a equação da linha elástica, (b) determine a defl exão máxima e (c) avalie ymáx para os seguintes dados: W 360 � 101 I � 302 � 106 mm4 E � 200 GPa P � 220 kN L � 4,5 m a � 1,2 m SOLUÇÃO Diagramas de corpo livre. Reações: RA � Pa�L ↓ e RB � P(1 � a�L) ↑. Utili- zando o diagrama de corpo livre da parte AD da viga, de comprimento x, encontramos M P a L x 10 6 x 6 L2 Equação diferencial da linha elástica. Utilizando a Equação (9.4) e escrevemos EI d2y dx2 P a L x Considerando que a rigidez à fl exão EI é constante, integramos duas vezes e encontramos (1) EI dy dx 1 2 P a L x2 C1 (2) EI y 1 6 P a L x3 C1x C2 Determinação das constantes. Para as condições de contorno mostradas, temos [x � 0, y � 0]: Da Equação (2), encontramos C2 � 0 [x � L, y � 0]: Utilizando novamente a Equação (2), escrevemos EI102 1 6 P a L L3 C1L C1 1 6 PaL a. Equação da linha elástica. Substituindo C1 e C2 nas Equações (1) e (2), temos (3) dy dx PaL 6EI c1 3a x L b2 d EI dy dx 1 2 P a L x2 1 6 PaL 142 y PaL2 6EI c x L a x L b3 d EI y 1 6 P a L x3 1 6 PaL x b. Defl exão máxima na parte AB. A defl exão máxima ymáx ocorre no ponto E em que a inclinação da linha elástica é zero. Utilizando dy�dx � 0 na Equação (3), determinamos a abscissa xm do ponto E: 0 PaL 6EI c1 3axm L b2 d xm L23 0,577L Substituímos xm�L � 0,577 na Equação (4) e temos ymáx 0,0642 PaL2 EI ymáx PaL2 6EI 3 10,5772 10,57723 4 c. Avaliação de ymáx. Para os dados fornecidos, o valor de ymáx é ymáx 5,7 10 3 m 5,7 mm ymáx 0,0642 1220 103 N2 11,2 m2 14,5 m221200 109 N m22 1302 10–6 m42 B P C A L a RA � P V B D y P M RA RB C x L a A A L a B C x L a A y [ x � 0, y � 0 ] [ x � L, y � 0 ] C x xm ymáx A B E y 563 PROBLEMA RESOLVIDO 9.2 Para a viga e o carregamento mostrados, determine (a) a equação da linha elástica, (b) a inclinação na extremidade A, (c) a defl exão máxima. SOLUÇÃO Equação diferencial da linha elástica. Da Equação (9.32), (1)EI d 4y dx4 w1x2 w0 sen pxL Integrando a Equação (1) duas vezes: (2)EI d 3y dx3 V w0 L p cos px L C1 (3)EI d 2y dx2 M w0 L2 p2 sen px L C1x C2 Condições de contorno: [x � 0, M � 0]: Da Equação (3), encontramos C2 � 0 [x � L, M � 0]: Utilizando novamente a Equação (3), escrevemos 0 w0 L2 p2 sen p C1L C1 0 Assim: (4)EI d2y dx2 w0 L2 p2 sen px L Integrando a Equação (4) duas vezes: (5) EI dy dx EI u w0 L3 p3 cos px L C3 (6) EI y w0 L4 p4 sen px L C3x C4 Condições de contorno: [x � 0, y � 0]: Utilizando a Equação (6), encontramos C4 � 0 [x � L, y � 0]: Utilizando novamente a Equação (6), encontramos C3 � 0 a. Equação da linha elástica EIy w0 L4 p4 sen px L b. Inclinação na extremidade A. Para x � 0, temos uA w0L 3 p3EI EI uA w0 L3 p3 cos 0 c c. Defl exão máxima. Para x � 1 2 L ymáx w0L 4 p4EI TELymáx w0 L4 p4 sen p 2 B w � w0 sen A x L x y � L B x L A y [ x � 0, M � 0 ] [ x � 0, y � 0 ] [ x � L, M � 0 ] [ x � L, y � 0 ] L/2 L/2 A B y x ymáxA� 564 PROBLEMA RESOLVIDO 9.3 Para a viga uniforme AB, (a) determine a reação em A, (b) determine a equação da linha elástica e (c) determine a inclinação em A. (Note que a viga é estaticamente indeterminada com um grau de indeterminação.) SOLUÇÃO Momento fl etor. Utilizando o diagrama de corpo livre mostrado, escrevemos bgMD 0: RAx 12aw0 x2L b x3 M 0 M RAx w0x36L Equação diferencial da linha elástica. Utilizando a Equação (9.4) e escrevemos EI d2y dx2 RAx w0x 3 6L Considerando que a rigidez à fl exão EI é constante, integramos duas vezes e temos (1) EI dy dx EI u 1 2 RAx 2 w0x 4 24L C1 (2) EI y 1 6 RAx 3 w0x 5 120L C1x C2 Condições de contorno. As três condições de contorno que devem ser sa tisfeitas são mostradas no desenho (3) (4) (5) 1 6 RAL 3 w0L 4 120 C1L C2 03x L, y 0 4 : 1 2 RAL 2 w0L 3 24 C1 03x L, u 0 4 : C2 03x 0, y 0 4 : a. Reação em A. Multiplicando a Equação (4) por L, subtraindo a Equação (5) membro a membro da equação obtida e observando que C2 � 0, temos RA 1 10 w0L c 1 3 RAL 3 1 30 w0L 4 0 Notamos que a reação é independente de E e I. SubstituindoRA � 1 10 w0L na Equação (4), temos 1 2 1 110 w0L2L2 124 w0L3 C1 0 C1 1120 w0L3 b. Equação da linha elástica. Substituindo RA, C1 e C2 na Equação (2), temos y w0 120EIL 1 x5 2L2x3 L4x2 EI y 1 6 a 1 10 w0Lb x3 w0x5120L a 1120 w0L3b x c. Inclinação em A. Derivamos a equação acima em relação a x: Utilizando x 0, temos uA w0L 3 120EI c uA w0L 3 120EI u dy dx w0 120EIL 1 5x4 6L2x2 L42 A B L w0 A w � w0 x L(w0 ) x12 x13 x L D x M V RA x y [ x � 0, y � 0 ] [ x � L, y � 0 ] [ x � L, � 0 ]� A B A L B x �A
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