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Esquistossomose, Malária, Leishmaniose Aula: 05 - Professor: Nélio Esquistossomose Existe a esquistossomose aguda (com alterações digestivas) e a esquistossomose crônica (com hipertensão portal). Ciclo: os ovos presentes em fezes ou urina na beira dos rios eclodem e liberam os miracídios, que irão penetrar no tecido do caramujo. As cercárias são liberadas pelo caramujo para a água e nadam livremente. A cercária penetra na pele e vai para a circulação. Na circulação ele tem tropismo pelo sistema porta e as veias mesentéricas, onde irão se acasalar e virar verme. Então, com a migração para o sangue portal do fígado, eles amadurecem para a forma adulta. Os pares de vermes ficam juntinhos e migram para as vênulas mesentéricas do intestino/reto, onde irão formar os ovos. Caramujo: Biomphalaria glabrata. Patogenia: o que leva a doença da esquistossomose? - Carga parasitária; - Estado nutricional; - Resposta imune; - Doenças associadas. Ex: paciente que tem esquistossomose que é alcoólatra e tem hepatite crônica pode ter seu quadro agravado. - Suscetibilidade genética. Então, as cercárias levam à dermatite; os esquistossômulos levam à febre. A presença do ovo inicial lá na parede do intestino pode dar um quadro de diarreia ou dor abdominal, que representa a fase inicial da esquistossomose. Eles podem ficar retidos na mucosa intestinal e podem ir para o fígado. A migração para o fígado faz com que o órgão aumente de tamanho, que inicialmente pode ser pequeno, mas o impacto crônico desses ovos leva à formação de granulomas no fígado. Então, vai ter a fase necrótica exsudativa, com a formação de fibroses, que é a fibrose de Symmers, que vai acabar levando à hipertensão portal. Ana Carolina Picanço FORMAS CLÍNICAS 1- Esquistossomose Aguda - Dermatite cercariana (2-3 dias): que é a entrada da cercária; - Toxêmica (febre de Katayama): tem a ver com o quadro imunológico, que é a reação imune do organismo contra o parasita. 2- Esquistossomose Crônica - Intestinal / Hepatointestinal: na fase inicial, que o fígado aumenta um pouco de tamanho e pode dar diarreia. - Hipertensão portal: Aumento na pressão do sistema venoso portal > 10mmHg. Poderá ser compensada ou descompensada. Como assim? Eu posso ter uma hipertensão portal que às vezes não tem nem varizes esofagianas, não tem nem ascite, mas se eu fizer um ultrassom a hipertensão portal vai estar lá. Muitas vezes até tem as varizes esofagianas, mas não sangra, não tem quadro de esplenomegalia, ou seja, é aquele paciente que está compensado. Mecanismos da hipertensão portal: - ↑ da resistência na circulação hepática - ↑ do fluxo sanguíneo esplâncnico: por causa da retenção dos ovinhos. - Desequilíbrio das substâncias contráteis Com a hipertensão portal vai ocorrer também o aumento do baço, provocando a doença chamada de hiperesplenismo. Além disso, tem a formação das varizes, circulações colaterais e peritonite bacteriana. Pode ter translocação bacteriana, em que as bactérias do intestino acabam entrando no sangue e entrando no peritônio, fazendo uma peritonite. IMPORTANTE: - Compensada: fígado aumentado, baço aumentado. - Descompensado: varizes, fígado não tão aumentado, baço muito grande e hipertensão portal. Vale ressaltar que, mesmo na esquistossomose hepatoesplênica (considerada uma forma grave da doença), o estado geral do paciente está preservado, a não ser nas fases muito avançadas. A manifestação clínica mais proeminente é a hematêmese, causada pela rotura espontânea de varizes esofagianas. Pode vir de modo inesperado e ter como consequência imediata lipotímia, síncope, sonolência, sede exagerada, palidez, taquicardia, hipotensão postura, redução abrupta da esplenomegalia, ou seja, sintomas decorrentes da hipovolemia aguda. No segundo dia, surgem os vômitos em “borra de café” e melena. FORMAS CLÍNICAS EVENTUAIS - HEPATOESPLÊNICA COMPLICADA: Infecções por enterobactérias; pode ter outras doenças associadas, sangramento, ascite. Geralmente apresenta plaqueta baixa devido ao hiperesplenismo (baço aumentado). - VÁSCULO – PULMONAR: Hipertensiva; É mais frequente, tendo origem na obstrução do leito arterial pulmonar pelos ovos (de forma semelhante ao que ocorre no sistema porta). - TUMORAL: Pólipos estenosantes; - ECTÓPICAS: Cérebro, medula espinhal, etc. A manifestação neurológica mais Ana Carolina Picanço comum da esquistossomose é a mielopatia. O quadro clínico dependerá, obviamente, da localização dos ovos ou vermes. Mais frequentemente encontramos sintomas neurológicos comprometendo a medula espinhal toracolombar, com quadro de mielite transversa. Em termos de diagnóstico diferencial, se faz importante a exclusão de outras causas, como por exemplo neoplasias, para a doença neurológica. DIAGNÓSTICO Tem os métodos diretos (ovos): Ex. de fezes (3 a 6), Sedim. Espont., Centrif., Kato e Katz (75 – 85%), Biópsia retal + oograma (é o mais importante e vai cair na prova), Biópsia hepática. No diagnóstico parasitológico é fundamental o exame de fezes, com especial importância para as técnicas de Lutz e Kato-Katz – esta última é uma técnica quantitativa, com grande aplicabilidade na inferência da carga parasitária. Detecta a presença de ovos nas fezes, o que ocorre após o 40ª dia de infecção. Há importantes variações na positividade do exame de fezes, na dependência de fatores, tais como carga parasitária, experiência do laboratorista e tempo de infecção – quanto mais antiga a infecção, no geral, menor é a oviposição. Um exame de fezes, em geral, tem uma sensibilidade por volta de 50%. Por isso, recomendam-se várias amostras (alguns autores indicam 6 amostras). A biópsia retal, técnica indolor e de rápida execução, é também utilizável, sendo de maior positividade do que o parasitológico de fezes (sensibilidade = 80%). Os tipos de ovos que aparecem na biópsia retal são bem mais variados do que nas fezes; por isso, há necessidade de conhecê-los a fim de avaliar a atividade parasitária. A contagem e a classificação dos ovos encontrados na biópsia retal denominam- se oograma. (MEDCURSO) E tem os métodos indiretos (imunoglobulinas): intradermorreação, reações sorológicas, Elisa com KLH. Além disso, tem os exames de imagem: USG, ressonância, TC. As reações imunológicas são mais empregadas na fase crônica da doença (são positivas a partir do 25º dia). Sua importância aumenta com a progressão (cronicidade) da doença. TRATAMENTO Específicos ovos viáveis (fezes/biópsia retal): PRAZIQUANTEL (Ef. colaterais - cefaléia, náuseas/ Dose - 20mg/Kg VO, 12/12h, dose única) e OXAMNIQUINE. O praziquantel está indicado em todas as fases da doença, e deve ser usado na dose de 40 mg/kg, em tomada única, havendo 80-90% de cura. Ele atua contra as três espécies do gênero Schistosoma que parasitam o homem, e por isso representa a droga PREFERENCIAL. O oxaminiquine deve ser usado na dose de 15 mg/kg em tomada única para adultos e de 20 mg/kg em tomada única para crianças. Tem atividade estrita sobre o S. mansoni, agindo em todos os seus estágios evolutivos. Contraindicações - Adulto > 70 anos; - crianças < 2 anos; - epilepsia ou doença mental em uso de medicamentos; - doença renal, hepática ou cardíaca em grave descompensação. Na fase aguda, a dermatite cercariana é tratada com anti-histamínicos locais e corticosteroides tópicos, associados ao tratamento com os fármacos específicos. Os quadros de febre de Katayama podem requerer internação hospitalar, devendo-se indicar repouso, hidratação adequada, uso de antitérmicos, analgésicos e antiespasmódicos. (MEDCURSO) Ana Carolina Picanço COMPLICAÇÕES: 1) Varizes esofagianas: pode dar sangramento, e assim deve-se fazer lavagem gástrica, correção da volemia e balão de Sengstaken-Blakemore. Já no tratamento eletivo deve-se fazer uma esclerose ou ligadura elástica, fazer uso de beta bloqueador (propranolol) ou nitratos/ ou espironolactona; 2) Hipertensão portal: deve-se fazer a desconexão porta-varizes, cirurgia eletiva. 3) Ascite: dieta hipossódica/ diuréticos/ paracentese. 4) Encefalopatia:quando o grau da doença está muito avançado. 5) Peritonite bacteriana espontânea: a translocação bacteriana, em que a bactéria sai do intestino e vai para o peritônio. A esquistossomose só faz lesão hepática na fase avançada. Quando começa a dar lesão hepática, em que os granulomas começam a serem muitos aparentes, vai ter uma alteração renal. No controle de cura devem ser feitos de 3 a 6 parasitológicos mensais - 45 dias após tratamento e biópsia retal. PROFILAXIA ● CONTROLE DOS PORTADORES: Coproscopia e tratamento; ● CONTROLE DOS HOSPEDEIROS INTERMEDIÁRIOS: Pesquisa em coleções hídricas de moluscos parasitados (malacologia) e tratamento químico ou biológico; ● MODIFICAÇÃO DA TRANSMISSÃO: educação e saneamento. A cura da esquistossomose é conseguida em 80% dos casos com os tratamentos acima (oxamniquine ou praziquantel). Malária Malária é uma doença infecciosa transmitida por mosquitos e causada por protozoários parasitários do género Plasmodium. Pode causar anemia, esplenomegalia, podendo também evoluir para a forma crônica, que pode causar recidiva, complicações ou óbito. Agente etiológico - Plasmodium: tem o Plasmodium Vivax, Plasmodium falciparum (é a forma mais grave), Plasmodium malariae, Plasmodium ovale. O P. vivax é transportado pela fêmea do mosquito Anopheles, uma vez que são apenas as fêmeas da espécie que picam para se alimentar Epidemiologia: é tropical, geralmente tem a ver com as matas. Sempre que o mosquito pica um homem contaminado, o plasmodium fica na glândula salivar dele. Então, quando ele pica o homem, o plasmodium entra e vai primeiramente para o fígado, vai se replicar, romper e entrar nos sinusóides hepáticos. Depois eles entram nas hemácias e dão início ao ciclo eritrocítico. Tem dois plasmodium que fazem o ciclo hepático ficam ali direto, fazendo chamado hipnozoítas, que são o vivax e ovale. Tem que usar a primaquina para atacar os hipnozoítas. Então, o esporozoíto que entrou na corrente sanguínea vai para o fígado e é transformado em merozoíto. Estes vão para a corrente sanguínea, e através da glicoforina A ou da proteína DUFFY, eles entram nos eritrócitos formando os merozoítas eritrocitários, que vão se multiplicar. Com isso, as hemácias começam a adoecer e ele começa a ter dificuldades. Tem também alterações nos vasos, provocando edema, diminuindo a volemia, pode ter febre. As hemácias adoecidas ficam aderidas (citoaderência) ao endotélio e com isso o sangue não passa, fazendo hipoxemia. Ana Carolina Picanço Ciclo de transmissão da Malária. 1. A picada do mosquito promove a transmissão de esporozoítos na corrente sanguínea do homem. 2. Os esporozoítos migram para o fígado, onde fazem a esquizogonia hepática. Observe que, neste ciclo genérico, estão representados os hipnozoítos que ocorrem em P. vivax e P. ovale. 3. Após a esquizogonia hepática, ocorre a liberação de merozoítos na corrente sanguínea, onde ocorre a invasão das hemácias promovendo a esquizogonia sanguínea e também a formação dos gametócitos. 4. Os gametócitos são sugados pelos mosquitos e promovem a reprodução sexuada. 5. As etapas de desenvolvimento do parasita no vetor não estão representadas. TRANSMISSÃO - PICADA DE MOSQUITO - Gênero Anopheles; - TRANSMISSÃO CONGÊNITA - mãe pode passar para o filho; - TRANSFUSÃO DE SANGUE; - TRANSMISSÃO EM TOXICÔMANOS Pessoas em áreas endêmicas podem ter manifestações clínicas mais brandas, porque existe uma tolerância. Pacientes com malária fazem hemólise, por quê? Por causa da hemocaterese, que além de acontecer no baço, acontece também nos próprios eritrócitos por causa de sua fragilidade. Então, um eritrócito doente quando passa no baço, ao invés de durar 120 dias, vai durar três dias. Toda vez que eu tenho hemólise eu tenho a liberação de hemozoína no tecido, que é a hemoglobina metabolizada pelo plasmodium. Ela é responsável por grande parte das manifestações clínicas. Devido às citoaderências citadas acima, formam-se as rosetas, que é uma hemácia grudada na outra. Essas rosetas impedem o fluxo de sangue e fazem hipóxia. O Plasmodium falciparum é o pior de todos, é o mais grave (ele repete isso toda hora). É aquele que tem maior parasitemia, faz a febre terçã maligna, pode fazer confusão mental, insuficiência renal, diarréia, icterícia, edema pulmonar e cid. O Plasmodium malariae faz uma parasitemia elevada, mas não tanto quando o falciparum; Faz febre quartã benigna e a principal complicação é a síndrome nefrótica. O Plasmodium vivax faz uma parasitemia menor e faz febre terçã benigna, não costuma ser grave. DIAGNÓSTICO A malária é sistêmica, afeta diversos locais do organismo. O diagnóstico da malária é confirmado a princípio pela hematoscopia, que pode ser realizada em dois tipos de preparação do sangue periférico: (1) esfregaço; (2) gota espessa. Ana Carolina Picanço CLÍNICO – EPIDEMIOLÓGICO: buscar saber da procedência do paciente, da onde ele veio. LABORATORIAL Anemia, leucopenia, plaquetopenia ↑ b.i ou b.d; ↑ asl ou alt (250 u ); ↑ tap; ↑ uréia, creatinina, k + Parasitológico -Gota espessa (submetida à coloração pelo método de azul de metileno-giemsa); -Sangue delgado (giemsa). Imunológico -ELISA, Testes rápidos, PCR. Imunotestes rápidos são a nova metodologia diagnóstica representada pelos testes imunocromatográficos de diagnóstico rápido da malária. PROFILAXIA INDIVIDUAL - Proteção (telas, roupas, repelentes) - Quimioprofilaxia (início 1 sem. antes da viagem e manter 4 sem. após saída) - p. falciparum resistente - Mefloquina: pode usar, mas é cada vez menos utilizada. COLETIVA - Meio ambiente - Inseticidas - Migração de doentes * Vacina: está perto de ser criada. DROGAS ANTIMALÁRICAS - 4 - Aminoquinoleínas: cloroquina e amodiaquina; - 8 - Aminoquinoleínas: primaquina (age no fígado matando os hipnozoítas); - Quinolinometanóis: Naturais - Quinino / Sintéticos – Mefloquina - Lactonas sesquiterpênicas: deriv. artemisinina; - Naftacenos: tetraciclina, doxiciclina; - Lincosamidas: clindamicina; - Inib. diidrofolato redutase: -Pirimetamina, Proguanil; -Cloroquina + Pirimetamina Artemeter + Lumefantrine; -Cloroquina + Primaquina Artesunato + Mefloquina; -Sulfadoxina + Pirimetamina Artesunato + Amodiaquina; -Atovaquone + Proguanil Artesunato + Sulfad. / Pirimet. medcurso tabela ESQUEMAS TERAPÊUTICOS -Malária não complicada: via Oral -Malária complicada: via endovenosa e via oral de complementação. 1) P. vivax e P. ovale Ana Carolina Picanço 2) P. malariae/ P. vivax ou P. ovale em gestantes e crianças < 6 meses: - Cloroquina ( dias); 3) P. falciparum não complicada 4) Infecções mistas (P. falciparum, P. vivax ou P. ovale): - Artemeter + Lumefantrine ou Artesunato + Mefloquina (1º ao 3º dia) mais Primaquina (4º ao 10º dia). 5) P. Falciparum não complicado, 1º trimestre de gestação e crianças < 6 meses: - Quinino + Clindamicina (1º,2º e 3º dia), Clindamicina (4º e 5º dia). 6) P. falciparum complicado, Tratamento via endovenoso e via oral na complementação, se possível: - Artesunato– EV (1ª dose, 2ª dose 12h após, 3ª dose 24h após e depois 1 dose ao dia durante 6 dias) ou ARTEMETER (IM) ou QUININA (EV). 7) P. falciparum complicado, 1º trimestre de gestação e crianças < 6 meses: - Clindamicina - EV (8/8h, 7 dias). fim Leishmaniose - Calazar A Leishmaniose, também conhecida como calazar é causada pelo protozoário parasita Leishmania que é transmitido pela picada de mosquitos-palha infectados. O parasita ataca o sistema imunológico e, meses após a infecção inicial, a doença pode evoluir para uma forma visceral mais grave, que é quase sempre fatal se não for tratada. A doença afeta as pessoas mais pobres do mundo e está associada à desnutrição, deslocamento de população, condições precárias de habitação e saneamento precário, um sistema imunológico fraco e falta de recursos financeiros. O calazar, em geral, também está ligado a mudanças ambientais como o desmatamento, construção de barragens, sistemas de irrigação e urbanização. A principal característica do gênero Leishmania é o dimorfismo,isto é, presença de duas formas evolutivas: (1) amastigota – forma aflagelada, arredondada, parasito intracelular obrigatório; (2) promastigota – forma flagelada, alongada e móvel. - A promastigota é a forma que está circulante, sua reprodução é por fissão binária no inseto vetor. Ana Carolina Picanço - Sua forma invasiva é a promastigota metacíclico. E tem a amastigota, que está dentro da célula, que infecta o sistema mononuclear fagocítico: macrófagos, neutrófilos, células dendríticas. Existe a parasitose cutânea, que dão lesões localizadas, causada pela leishmania brasiliensis, e a visceral causada pela leishmania chagasi e dovani. O ciclo biológico também tem um mosquito, que é chamado de mosquito palha. Quando morde o ser humano, coloca no organismo as formas promastigotas metacíclicas (têm tropismo pelo sistema mononuclear linfocítico), que são fagocitados por macrófagos e são transformados em amastigotas dentro dos macrófagos. As amastigotas se multiplicam dentro da célula vão para as células e começam a se multiplicar. Um dos principais vetores é o mosquito, mas o cachorro também é como se fosse um vetor. É uma doença muito grave, que é 100% de morte. O que acontece? Tem a ver com o sistema de defesa. Nesse caso é o Th1 que está com problema. Então, tem pacientes que não desenvolvem o calazar nunca, porque tem o th1 deficiente. Paciente que tem algum grau de comprometimento do th1 o calazar entra e causa doenças mais sérias. Desse modo, quando o calazar entra, o th1 piora mais do que já é e, assim, o th2 aumenta, aumentando de forma bagunçada. A reação de montenegro é uma reação cutânea de intradermo reação, que vai ser negativo quando tem a forma visceral (O teste é sempre negativo durante a fase ativa da doença). O reação de montenegro é negativa porque o paciente tem imunodeficiência demonstrando que a baixa imunidade Th1 específica é uma condição quase que sine qua non para o desenvolvimento do calazar). É um teste semelhante ao PPD, baseando-se na “memória imunológica” dependente de linfócitos Th1. QUADRO CLÍNICO Forma cutânea localizada: causada pelos L. brasiliensis, amazonensis, L. guyanensis e L. mexicana. Sintomas aparecem de 2 a 8 semana após a infecção. São lesões únicas ou limitadas, úlceras com bordas elevadas. Forma cutânea: causada pelo L. brasiliensis. Aparece na doença crônica, alta morbidade e estigma social. O tratamento é prolongado e tòxico. Ana Carolina Picanço Forma visceral: causada pelo L. chagasi e L. dovani. Tem esplenomegalia, compromete o sistema fagocitário, aumento de fígado, febre irregular. No Brasil as crianças são grupos de risco. Tem perda de peso e anemia. Pele cinza (Índia) = calazar (febre negra). O período de incubação é de 2 a 6 meses. DIAGNÓSTICO: Parasitológico: - Histopatológico ou citologia: aspirado de médula óssea (mielograma), ilíaca ou esternal. É onde você encontra a maior quantidade de parasita. Altamente específico e de baixo custo, mas baixa sensibilidade. - Imunológico: Elisa também pode, mas é muito sensível e pouco específico, pode dar reação cruzada. Além disso, pode ser feito o DAT (=aglutinação direta). Na Leishmaniose tegumentar o diagnóstico é feito a partir da presença do parasita na lesão (escarificação, aspiração, biópsia). Reação intradérmica = TESTE DE MONTENEGRO NEGATIVO. Na Leishmaniose visceral é diagnóstico é feito por punção do baço, do fígado e da medula óssea. TESTE DE MONTENEGRO NEGATIVO (positivo após cura). Sorologia imprecisa. TRATAMENTO 1) Antimoniais pentavalentes: IV ou IM.Tóxicos, hospitalização; É feito 20 dias na forma cutânea ou 28 dias na forma mucosa ou visceral. Bloqueiam quinases da glicólise. 2) Anfotericina B: IV, tóxico, hospitalização. Interage com o ergosterol da membrana do parasita, tornando-a permeável a íons e pequenas moléculas. 3) Pentamidina: altera a estrutura do cinetoplasto e síntese de poliamidas. Resistência na Índia. 4) Miltefosine: primeira droga oral para leishmania, mas é muito cara e não pode dar em gestante. Via ser o futuro do calazar. Droga oral. É teratogênica (proibida para grávidas) (vai cair na prova!!). Cachorro: mata. Não tem tratamento para ele. Doença de chagas A doença de Chagas (ou Tripanossomíase americana) é a infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi. Apresenta uma fase aguda (doença de Chagas aguda – DCA) que pode ser sintomática ou não, e uma fase crônica, que pode se manifestar nas formas indeterminada, cardíaca, digestiva ou cardiodigestiva. Em resumo: O barbeiro picou uma pessoa infectada e ao mesmo tempo que ele pica ele faz as fezes, que entra nos músculos, no SNC e o ciclo começa quando a pessoa é picada de novo. Tem três formas: tripomastigota, epimastigota e amastigota. Protozoário: Trypanosoma cruzi; Agente transmissor: barbeiro. As principais formas de transmissão da doença de chagas são: - Vetorial: contato com fezes de triatomíneos infectados, após picada/repasto (os triatomíneos são insetos popularmente conhecidos como barbeiro, chupão, procotó ou bicudo). Ana Carolina Picanço - Oral: ingestão de alimentos contaminados com parasitos provenientes de triatomíneos infectados. - Vertical: ocorre pela passagem de parasitos de mulheres infectadas por T. cruzi para seus bebês durante a gravidez ou o parto. - Transfusão de sangue ou transplante de órgãos de doadores infectados a receptores sadios. - Acidental: pelo contato da pele ferida ou de mucosas com material contaminado durante manipulação em laboratório ou na manipulação de caça. É uma zoonose, é silvestre. Não era para pegar no homem, porém o homem invade outros sistemas e o barbeiro atinge o homem. O mosquito é igual uma barata, gosta de pegar a pessoa dormindo e geralmente na face. A saliva do barbeiro é anestésica, então a pessoa não sente sua picada. Às vezes sente até ele andando. Outra forma de contaminação é o açaí. Fizeram um estudo recente que lá no Pará de 30 a 40% do açaí tem esse protozoário. Além do açaí, pode ser contraído através da cana. FASES DA DOENÇA: Na fase aguda tem a forma aparente e inaparente. Na forma aparente o paciente pode apresentar febre, sinais de porta de entrada, edema, linfonodomegalia, meningoencefalite, miocardite e hepato-esplenomegalia. Então, pode ser uma quantidade tão grande de tripomastigota que entra que pode entrar no SNC e fazer uma meningite, uma das formas de morte pela doença aguda. Além de miocardite aguda e meningoencefalite. O trypanosoma entra e tem tropismo pelas células nervosas e musculares. Então, entra bastante quantidade e faz um processo inflamatório no músculo, fazendo o quadro de miocardite aguda. Pode dar ICC nesses casos. A forma aguda em criança pode dar edema generalizado, esplenomegalia e rash cutâneo. Parece um quadro viral. Na fase aguda, os principais sintomas são: ● Febre prolongada (mais de 7 dias); ● Dor de cabeça; ● Fraqueza intensa; 20 ● Inchaço no rosto e pernas. Caracteriza-se por: parasitemia abundante, transitoriedade dos sintomas e sinais. Duração de 2 a 4 meses. Acomete ambos os sexos até 15-20 anos, mais exuberante até 3-5 anos. Período de incubação: 4-10 dias Miocardite: aguda,difusa e intensa. Pode ter pericardite, ICC nos casos mais graves, ECG normal, DRV, BAV 1º. RX com cardiomegalia leve. Diagnóstico laboratorial na fase aguda: pesquisa do T. cruzi no sangue, reações sorológicas (reação de precipitação e pesquisa de anticorpos IgM por imunofluorescência e ELISA) e biópsia de gânglio. Quando ele entra o primeiro sinal dele é o Sinal de romana: faz um edema periorbitário. Mas também pode acontecer na pele, que é o chagoma de inoculação. Apresenta muita parasitemia. Na criança é mais comum. Na fase crônica tem a forma indeterminada, cardíaca, digestiva. A indeterminada é a mais comum, a pessoa recebe e não adoece, e fica 10, 20, 30 anos com o trypanosoma dentro das células se multiplicando. Isso depende muito do sistema imune do paciente. 1) Forma cardíaca: O paciente se contamina, pode se curar na fase aguda com o tratamento ou morrer. Tem alta prevalência.Faz um ECG e tem um BR direito = aí não é mais indeterminado, já está adoecendo. Na triagem do sangue mostra o tripanossoma O T. cruzi entra, tem uma resposta da lesão miocárdica. Tem reação inflamatória, levando a necrose local, que se transforma em fibrose. Essas três coisas acontecem. As células do miocárdio são substituídas por fibras colágenas. Lei de frank starling faz aumentar o coração. TRÍADE da miocardiopatia chagásica: inflamação, necrose e fibrose. ECG do paciente com doença de chagas: bloqueio do ramo direito e bloqueio anterior esquerdo. Pode ter arritmias e BAV’S. O lado do coração que fica doente mais rápido é o direito. Tromboembolismo: por causa da arritmias e aneurisma de ponta. Ana Carolina Picanço TRATAMENTO MIOCARDIOPATIA CHAGÁSICA CRÔNICA: Antiarrítmicos: Amiodarona, Mexiletine, Propafenona. IC: Digitálicos em dose baixa (reservas em BAV), diuréticos, inibidores da ECA. Anticoagulantes Marcapassos artificiais (cardiomegalia leve) Cardioversores - desfibriladores implantáveis. Cirurgia: aneurisma, transplante, cardiomioplastia. 2) Forma digestiva: pode apresentar megaesôfago e megacólon. As alterações que ocorrem no trato digestivo na doença de Chagas resultam principalmente do 21 comprometimento do sistema nervoso entérico, em particular do plexo mioentérico de Auerbach. ● MEGAESÔGAGO: a desnervação intrínseca do esôfago ocasiona a perda do peristaltismo no corpo do esôfagoe falta de relaxamento do esfíncter esofagiano inferior às declutições. Quadro clínico: DISFAGIA – “mal do engasgo”, líquidos às refeições, odinofagia, soluço, regurgitação. Complicações: pneumonia de repetição (por causa da broncoaspiração), esofagite, ruptura de esôfago, câncer de esôfago. Tratamento: Dinitrato de isossorbitol, Nifedipina, Sondas hiperbáricas no esfíncter inferior, Cirurgia – cardiotomia, ressecções e anastomoses. ● MEGACÓLON: Quadro clínico: OBSTIPAÇÃO- > 7dias, meteorismo, disquezia, dores abdominais, diarréias ocasionais no início. Complicações: fecaloma, volvo de sigmóide, colite esquêmica, úlcera por estase fecal. Tratamento: Dietas anti constipantes, Dietas com poucas fibras, Laxantes e lavagens, Intubação descompressiva, Retossigmoidoscopia, Cirurgias: Ressecções e Anastomoses. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DA FASE CRÔNICA: Reações Sorológicas, Reação de fixação de complemento, Reação de imunofluorescência (IgG), Reação de hemaglutinação, Reação de imunoperoxidades, ELISA, Xenodiagnóstico, Hemocultura, Inoculação em animais sensíveis TRATAMENTO ESPECÍFICO PARA DOENÇA DE CHAGAS: BENZONIDAZOL (“Rochagan”): supressão da parasitemia e tem alguma atuação sobre amastigotas. Efeitos colaterais: dermatite, anorexia, perda de peso, cefaléia Indicação principal: casos agudos PROFILAXIA: (slide) Ação sobre as fontes de infecção: Homem Notificação compulsória Internação na fase aguda - tratamento Reservatórios: Cães, gatos, ratos, marsupiais, cobaias (Peru, Bolívia) Luta Antivetorial Inseticidas: BHC a 5%, Malation, Diclorvos Hormônio juvenil Feromônios Controle biológico: fungos, bactérias, vírus, protozoários,helmintos, artrópodes. 22 Esterilização: química, radioativa Proteção aos suscetíveis: Vacina Transmissão transfusional Triagem sorológica Adição de substância tripanossomicida Transmissão pelo leite: afastar o doador infectado Medidas sócio-econômicas Melhoria de habitação Educação sanitária OBS: Galera, a “aula” foi muito corrida, então algumas informações estão jogadas, em alguns momentos ele não seguiu uma linha de raciocínio. Tentamos organizar e adicionar algumas informações do slide. Então, caso não entendam alguma coisa complementem com a bibliografia que ele enviou. Ana Carolina Picanço
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