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09 Direitos da Criança e do Adolescente

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DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
 
1 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 
Direitos Fundamentais da Criança e do Adolescente 
O Direito da Criança e do Adolescente demarcou um campo especial no ordenamento brasileiro. A 
partir de 1988 crianças e adolescentes são reconhecidos na condição de sujeitos de direitos e não 
meros objetos de intervenção no mundo adulto. 
A proteção integral às crianças e adolescentes está consagrada nos direitos fundamentais inscritos 
no artigo 227 da Constituição Federal de 1988 e nos artigos 3 e 4 do Estatuto da Criança e do Ado-
lescente (Lei Federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990). A promulgação destes direitos fundamentais 
tem amparo no status de prioridade absoluta dado à criança e ao adolescente, uma vez que estão em 
peculiar condição de pessoas humanas em desenvolvimento. 
Os direitos fundamentais sugerem a idéia de limitação e controle dos abusos do próprio Estado e de 
suas autoridades constituídas, valendo, por outro lado, como prestações positivas a fim de efetivar na 
prática a dignidade da pessoa humana. 
Esta compreensão incide, igualmente, sobre os direitos fundamentais de criança e adolescente, os 
quais sustentam um especial sistema de garantias de direitos, sendo a efetivação desta proteção de-
ver da família, da sociedade e do Estado. 
Neste viés, torna-se relevante desenvolver um estudo acerca dos direitos fundamentais de crianças e 
adolescentes, buscando esclarecer em que condutas e iniciativas de proteção está sustentada a cida-
dania que emana dos direitos fundamentais especiais próprios destas pessoas em desenvolvimento, 
uma vez que, até para reivindicar direitos é necessário conhecê-los. 
A estrutura do trabalho inicia pela proteção à infância e à adolescência prevista na Constituição Fede-
ral e no Estatuto da Criança e do Adolescente, descrevendo os principais elementos da Doutrina da 
Proteção Integral, tendo nos direitos fundamentais especiais a garantia da proteção integral. 
Na sequência, traça considerações a respeito dos direitos fundamentais de crianças e adolescentes 
positivados no artigo 227 da Constituição Federal de 1988, buscando compreender o sentido e a 
abrangência de cada um destes direitos, evitando que sejam reduzidos a meras disposições. 
A metodologia utilizada para a realização do presente estudo foi a pesquisa do tipo teórica, utilizando-
se do método dedutivo e da técnica de pesquisa bibliográfica. 
A Doutrina da Proteção Integral no Cenário da Infância e Adolescência Brasileira 
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 foi inovadora ao adotar a Doutrina da Pro-
teção Integral na questão da infância e adolescência no Brasil. 
A referida doutrina teve seu crescimento primeiramente em âmbito internacional, em convenções e 
documentos na área da criança, dentre os quais se destaca a Convenção Internacional sobre os Di-
reitos da Criança de 1989, aprovada por unanimidade pela Assembleia Geral das Nações Unidas. 
Conforme Liberati (2003, p. 20), a Convenção “representou até agora, dentro do panorama legal inter-
nacional, o resumo e a conclusão de toda a legislação garantista de proteção à infância". 
A Convenção definiu a base da Doutrina da Proteção Integral ao proclamar um conjunto de direitos 
de natureza individual, difusa, coletiva, econômica, social e cultural, reconhecendo que criança e ado-
lescente são sujeitos de direitos e, considerando sua vulnerabilidade, necessitam de cuidados e pro-
teção especiais. 
Exige a Convenção, com força de lei internacional[3], que os países signatários adaptem as legisla-
ções às suas disposições e os compromete a não violarem seus preceitos, instituindo, para isto, me-
canismos de controle e fiscalização. (VERONESE; OLIVEIRA, 2008). 
O Brasil, com base nas discussões sobre a Convenção, adota no texto constitucional de 1988 a Dou-
trina da Proteção Integral, consagrando-a em seu art. 227[4]. 
“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com 
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionaliza-
ção, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de 
DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
 
2 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 
colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e 
opressão. ” 
Segundo Saraiva (2002), pela primeira vez na história brasileira, a questão da criança e do adoles-
cente é abordada como prioridade absoluta e a sua proteção passa a ser dever da família, da socie-
dade e do Estado. 
Contudo, a interferência prática desta opção constitucional coube à legislação especial, aprovada em 
13 de julho de 1990, através da promulgação da Lei Federal Nº 8.069/90 – o Estatuto da Criança e do 
Adolescente. 
“A gama de direitos elencados basicamente no art. 227 da Constituição Federal, os quais constituem 
direitos fundamentais, de extrema relevância, não só pelo seu conteúdo como pela sua titularidade, 
devem, obrigatoriamente, ser garantidos pelo Estatuto, e uma forma de tornar concreta essa garantia 
deu-se, justamente, por meio do Estatuto da Criança e do Adolescente, o qual tem a nobre e difícil 
tarefa de materializar o preceito constitucional.” (VERONESE, 1996, p. 94). 
Deste modo, para Veronese (1996) o surgimento de uma legislação que tratasse crianças e adoles-
centes como sujeitos de direitos era imprescindível, evitando que os preceitos constitucionais fossem 
reduzidos a meras intenções. Sendo crianças e adolescentes titulares de direitos próprios e especi-
ais, em razão de sua condição específica de pessoas em desenvolvimento, tornou-se necessária a 
existência de uma proteção especializada, diferenciada, integral. 
Complementa Paula (2002) ser da própria essência do Direito da Criança e do Adolescente a pre-
sença da proteção integral: 
“[...] me parece que a locução proteção integral seja auto-explicativa [...] Proteção Integral exprime 
finalidades básicas relacionadas às garantias do desenvolvimento saudável e da integridade, materia-
lizadas em normas subordinantes que propiciam a apropriação e manutenção dos bens da vida ne-
cessários para atingir destes objetivos.” (PAULA, 2002, p. 31). 
A Doutrina da Proteção Integral veio contrapor a Doutrina da Situação Irregular então vigente institu-
ída pelo Código de Menores de 1979, “[...] onde a criança era vista como problema social, um risco à 
estabilidade, às vezes até uma ameaça à ordem social [...] a infância era um mero objeto de interven-
ção do Estado regulador da propriedade [...]”. 
Assim, a doutrina da situação irregular não atingia a totalidade de crianças e adolescentes, mas so-
mente destinava-se àqueles que representavam um obstáculo à ordem, considerados como tais, os 
abandonados, expostos, transviados, delinquentes, infratores, vadios, pobres, que recebiam todos do 
Estado a mesma resposta assistencialista, repressiva e institucionalizante. (CUSTÓDIO; VERONESE, 
2009, p. 68). 
Pela nova ordem estabelecida, criança e adolescente são sujeitos de direitos e não simplesmente ob-
jetos de intervenção no mundo adulto, portadores não só de uma proteção jurídica comum que é re-
conhecida para todas as pessoas, mas detém ainda uma “supraproteção ou proteção complementar 
de seus direitos”. (BRUNÕL, 2001, p.92). A proteção é dirigida ao conjunto de todas as crianças e 
adolescentes, não cabendo exceção. 
O artigo 3º do Estatuto da Criança e do Adolescente esclarece a proteção complementar instaurada 
pela nova doutrina, ao afirmar que `a criança e ao adolescente são garantidos todos os direitos funda-
mentais inerentes a pessoa humana, bem como são sujeitos a proteção integral. 
“Art.3° A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa hu-
mana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por ou-
tros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimentofísico, men-
tal, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.” 
Fica evidenciado o princípio da igualdade de todas as crianças e adolescentes, estes compreendidos 
como todos os seres humanos que contam entre zero e 18 anos, ou seja, não há categorias distintas 
de crianças e adolescentes, apesar de estarem em situações sociais, econômicas e culturais diferen-
ciadas. 
DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
 
3 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 
Lembra Machado (2003) que sistema especial de proteção tem por base a vulnerabilidade peculiar de 
crianças e adolescentes, que por sua vez influencia na aparente quebra do princípio da igualdade, 
isto por que: 
“a) distingue crianças e adolescentes de outros grupos de seres humanos simplesmente diversos da 
noção do homo médio; 
b) autoriza e opera a aparente quebra do princípio da igualdade – porque são portadores de uma de-
sigualdade inerente, intrínseca, o ordenamento confere-lhes tratamento mais abrangente como forma 
de equilibrar a desigualdade de fato e atingir a igualdade jurídica material e não meramente formal.” 
(MACHADO, 2003, p. 123). 
Assim, com base na supremacia que o valor da dignidade da pessoa humana recebeu na Constitui-
ção da República Federativa do Brasil de 1988, foi inaugurado um sistema especial de proteção à in-
fância, expressamente referido no parágrafo 3º do artigo 227, também no artigo 228, artigo 226, caput 
§§ 3º, 4º, 5º e 8º e 229, primeira parte da CF/88. Ainda, XXX e XXXIII do artigo 7º, e § 3º do artigo 
208. 
Extrai-se do art. 227 da Constituição Federal e art. 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente que o 
dever de assegurar este sistema especial de proteção cabe à família, comunidade, sociedade em ge-
ral, poder público, que o farão com absoluta prioridade. 
Liberati (2003) entende prioridade absoluta como estar a criança e o adolescente em primeiro lugar 
na escala de preocupações dos governantes, que em primeiro lugar devem ser atendidas as necessi-
dades das crianças e adolescentes. Exemplifica: 
“Por absoluta prioridade, entende-se que, na área administrativa, enquanto não existirem creches, es-
colas, postos de saúde, atendimento preventivo e emergencial às gestantes, dignas moradias e traba-
lho, não se deverão asfaltar ruas, construir praças, sambódromos, monumentos artísticos etc, porque 
a vida, a saúde, o lar, a prevenção de doenças são mais importantes que as obras de concreto, que 
ficam para demonstrar o poder do governante.” (LIBERATI, 2003. p. 47). 
A lei ordinária nº 8.069/90, no parágrafo único do artigo 4º, detalhou a garantia da prioridade absoluta 
como sendo: 
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; 
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; 
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; 
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à 
juventude. 
Outra base que sustenta a nova doutrina é a compreensão de que crianças e adolescentes estão em 
peculiar condição de pessoas humanas em desenvolvimento, encontram-se em situação especial e 
de maior vulnerabilidade, ainda não desenvolveram completamente sua personalidade, o que enseja 
um regime especial de salvaguarda, o que lhes permite construir suas potencialidades humanas em 
plenitude. 
Neste sentido, afirma Machado (2003) que o direito peculiar de crianças e adolescentes desenvolver 
sua personalidade humana adulta integra os direitos da personalidade e é relevante tal noção por es-
tar ligada estruturalmente a distinção que os direitos da crianças e adolescentes recebem do texto 
constitucional. 
“[...] sustento, pode-se afirmar, ao menos sob uma ótica principiológica ou conceitual, que a possibili-
dade de formar a personalidade humana adulta – que é exatamente o que estão “fazendo” crianças e 
adolescentes pelo simples fato de crescerem até a condição adulta – há de ser reconhecida como di-
reito fundamental do ser humano, porque sem ela nem poderiam ser os demais direitos da personali-
dade adulta, ou a própria personalidade adulta.” (MACHADO, 2003, p. 110). 
DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
 
4 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 
Entretanto, frisa a autora, que a personalidade infanto-juvenil não é valorizada somente como meio 
de o ser humano atingir a personalidade adulta, isto seria um equívoco, uma vez que a vida humana 
tem dignidade em si mesma, em todos os momentos da vida, seja no mais frágil, como no momento 
em que o recém-nascido respira, seja no momento de ápice do potencial de criação intelectual de um 
ser humano. 
Assim, o que gera e justifica a positivação da proteção especial às crianças e adolescentes não é me-
ramente a sua condição de seres diversos dos adultos, mas soma-se a isto a maior vulnerabilidade 
destes em relação aos seres humanos adultos, bem como a força potencial que a infância e juven-
tude representam à sociedade. (MACHADO, 2003). 
Ocorre que a efetivação dos direitos fundamentais de cidadania pressupõe a criação de um Sistema 
de Garantia de Direitos, que atue na perspectiva da promoção, da defesa e do controle. Este direito 
deve ser produzido na sociedade, onde se experimenta um intenso processo de correlações de for-
ças, considerando a histórica postura de negligência e arbitrariedade com crianças e adolescentes no 
Brasil. 
Crianças e Adolescentes São Sujeitos de Direitos Fundamentais Especiais 
A Doutrina da Proteção Integral instaurou um sistema especial de proteção, delineando direitos nos 
artigos 227 e 228 da Constituição brasileira, tornando crianças e adolescentes sujeitos dos direitos 
fundamentais atribuídos a todos os cidadãos e ainda titulares de direitos especiais, com base na sua 
peculiar condição de pessoa em desenvolvimento. 
Machado (2003) afirma serem os direitos elencados no caput do artigo 227 e 228 da CF/88 também 
direitos fundamentais da pessoa humana, pois o direito à vida, à liberdade, à igualdade mencionados 
no caput do artigo 5º da CF referem-se a mesma vida, liberdade, igualdade descritas no artigo 227 e 
§ 3º do artigo 228, ou seja, tratam-se de direitos da mesma natureza, sendo todos direitos fundamen-
tais. 
Porém, os direitos fundamentais de que trata o artigo 227 são direitos fundamentais de uma pessoa 
humana de condições especiais, qual seja pessoa humana em fase de desenvolvimento. Neste sen-
tido, Bobbio (2002, p.35) aponta como sendo singular a proteção destinada às crianças e adolescen-
tes: 
“Se se diz que “criança, por causa de sua imaturidade física e intelectual, necessita de uma prote-
ção particular e de cuidados especiais”, deixa-se assim claro que os direitos da criança são conside-
rados como um ius singularecom relação a um ius commne; o destaque que se dá a essa especifici-
dade do genérico, no qual se realiza o respeito à máxima suum cuique tribuere.” (grifo do autor). 
Os direitos fundamentais de crianças e adolescentes são especiais e, de acordo com Machado 
(2003), eles podem ser diferenciados do direito dos adultos por dois aspectos, sendo um quantitativo, 
pois crianças e adolescentes são beneficiários de mais direitos do que os adultos, e ainda podem ser 
classificados pelo seu aspecto qualitativo ou estrutural, por estarem os titulares de tais direitos em pe-
culiar condição de desenvolvimento. 
Na sequência serão analisados os direitos fundamentais de crianças e adolescentes, apresentando 
certo detalhamento sobre cada um deles. Tendo em vista a extensa gama de direitos fundamentais, 
optou-se por realizada a abordagem dos direitos elencados no art. 227 da CF, quais sejam: “direito à 
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao 
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária”. 
Direito a Vida e a Saúde 
O Estatuto da Criança e do Adolescente e a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 
iniciam a exposição dos direitos fundamentais pelo direitoà vida e à saúde. No artigo 7º do ECA, lê-
se: “A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de polí-
ticas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de 
existência”. 
O próprio ECA preceitua várias medidas de caráter preventivo, além de políticas públicas que permi-
tam o nascimento sadio, configurando-se, segundo Elias (2005) o direito de nascer. 
DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
 
5 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 
Assegura-se à gestante o atendimento pré e perinatal, pelo Sistema Único de Saúde (art. 8). Às mães 
é assegurado o aleitamento materno, mesmo se estiverem submetidas a medida privativa de liber-
dade (art.9). 
Aos hospitais e demais estabelecimentos são impostas obrigações, tais como a manutenção de regis-
tros (prontuários) pelo período de 18 anos, identificação do recém-nascido, proceder a exames 
acerca de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, prestar orientação aos pais, fornecer 
declaração de nascimento onde constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neo-
nato (art. 10). 
Ainda, o Estatuto da Criança e do Adolescente garante o tratamento igualitário de todos os sujeitos, 
independentemente da condição social (art. 11). Os portadores de deficientes receberão tratamento 
especializado (§ 1º), incumbindo ao poder público o fornecimento gratuito de medicamentos, próteses 
e outros recursos quando necessários (§ 2º). 
No caso de internação da criança e do adolescente, os hospitais deverão propiciar condições para 
que um dos pais permaneça com o paciente (art.12). O Sistema Único de Saúde promoverá ainda 
programas de assistência médica, odontológica e campanhas de vacinação das crianças (art. 14). 
Observa-se, desta forma, que o direito à vida, incutido no direito à saúde, é considerado o mais ele-
mentar e absoluto dos direitos fundamentais, pois é indispensável ao exercício de todos os outros di-
reitos. Não pode ser confundido com sobrevivência, pois o direito à vida implica o reconhecimento do 
direito de viver com dignidade, direito de viver bem, desde o momento da formação do ser humano. 
(AMIN, 2007). 
Neste sentido, Lenza (2007) afirma que o direito à vida abrange tanto o direito de não ser morto, pri-
vado da vida, portanto o direito de continuar vivo, como também o direito de ter uma vida digna, ga-
rantindo-se as necessidades vitais básicas do ser humano, e proibindo qualquer tratamento indigno, 
como a tortura, penas de caráter perpétuo, trabalhos forçados, cruéis, entre outros. 
Amim (2007) ilustra a efetivação do direito à vida e à saúde, apontando para a hipótese de adoles-
cente que estando à beira da morte, deve ser assegurado a ele, minimamente, os recursos para ten-
tar mantê-lo vivo, ou se for inevitável a sua morte precoce, que ao menos haja tratamento digno. 
Ainda, na hipótese de uma criança ou adolescente sem as duas pernas, seria indigno que se arras-
tasse no intuito de se locomover, neste caso caberia providenciar uma cadeira de rodas, eventual ci-
rurgia para colocação de prótese, enfim todos os meios para assegurar dignidade na forma de viver. 
Direito a Alimentação 
O art. 227 da Constituição Federal inclui, logo após o direito à vida e à saúde, o direito à alimentação 
no rol dos direitos fundamentais de crianças e adolescentes. 
É um direito especial de crianças e adolescentes positivado, levando em consideração a maior vulne-
rabilidade por estarem em peculiar condição de pessoa em desenvolvimento. Este direito tem estreita 
ligação com o direito à vida e direito ao não- trabalho. Assim, a positivação deste direito criou para o 
Estado o dever de assegurar alimentação a todas as crianças e adolescentes que não tenham 
acesso a ela por meio dos pais ou responsáveis e, ainda, faz nascer o direito individual de exigir esta 
prestação. (MACHADO, 2003). 
Conforme determina o art. 1.696 do Código Civil de 2002, “o direito à prestação de alimentos é recí-
proco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próxi-
mos em grau, uns na falta de outros”, assim na falta dos genitores poderá a criança e o adolescente 
pleitear os alimentos dos outros parentes, respeitando a ordem de sucessão. Define o art. 2° da Lei 
de Alimentos, n. 5.478/68, que o credor, ao postular pela concessão dos alimentos, exporá suas ne-
cessidades e provará apenas o parentesco ou a obrigação de alimentar do devedor. 
Direito a Educação 
A educação figura na Constituição Federal de 1988 como direito fundamental do ser humano, bus-
cando conferir suporte ao desenvolvimento de crianças e adolescentes. Este direito está expresso 
nos art. 205 a 214 da Constituição Federal de 1988, na Lei 9.394/90 (Lei de Diretrizes da Educação) 
e na Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente). 
DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
 
6 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 
A Lei de Diretrizes da Educação Nacional, conhecida como Lei Darcy Ribeiro, reafirma a obrigação 
solidária do Poder Público, da família e da comunidade na busca de garantir a educação. 
“Art. 2º. A educação é direito de todos e dever da família e do Estado, terá como bases os princípios 
de liberdade e os ideais de solidariedade humana e, como fim, a formação integral da pessoa do edu-
cando, a sua preparação para o exercício da cidadania e a sua qualificação para o trabalho.” 
Conforme descrito no artigo 54 do Estatuto da Criança e do Adolescente, o Estado buscará a efetiva-
ção do Direito à educação, assegurando o ensino fundamental gratuito e universal a todos (inciso I), 
com acesso a “programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e as-
sistência à saúde” (inciso VII). Ainda, será oferecido atendimento especializado aos portadores de de-
ficiências (inciso III), e educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças de zero a seis anos de 
idade (inciso IV). A não oferta do ensino obrigatório importa em responsabilização da autoridade com-
petente (§ 2º). 
Fazendo alusão ao § 3º do artigo 54 do ECA, Machado (2003) ressalta a prestação positiva imposta 
ao Estado em assegurar o direito à educação, não bastando a oferta de vagas, a Constituição exige 
do Estado o recenseamento de crianças e adolescentes em idade escolar, que proceda a chamada 
deles e que zele, junto com os pais ou responsáveis, pela frequência à escola. 
Contudo, alerta Meneses (2008, p. 28): 
“[...] o aluno fora da sala de aula afronta a juridicidade. Mas um aluno na sala de aula, sem espaço 
para o erro, e por causa dele, desautorizado a reconstruir concepções, afronta a proteção integral de 
pessoa em desenvolvimento. Ainda o aluno na sala de aula, porque assim determina a lei, que não 
respeita a convivência com o educador e com os outros alunos, liquida com a qualidade da relação 
[...].” (MENESES, 2008, p.28). 
Veronese e Oliveira (2008, p. 67) esclarecem ser o direito de aprender, explícito no direito ao acesso 
à educação regular, um dos direitos humanos fundamentais. Isto se deve a relação existente entre 
educação e cidadania. Cidadania entendida como “[...] um exercício contínuo de reivindicação de di-
reitos. 
Como reivindicar o que não se conhece? Daí decorre a necessidade de investimento em educação 
[...]”. Ainda, sendo crianças e adolescentes sujeitos de direitos em processo de desenvolvimento, a 
educação se tornou um direito indisponível, um requisito indispensável para garantir o crescimento 
sadio, nos aspectos físico, cognitivo, afetivo e emocional. 
Direito a Cultura, Ao Esporte e ao Lazer 
As crianças e adolescente necessitam de vários estímulos na sua formação: emocionais, sociais, cul-
turais, educativos, motores, entre outros. Assim, a cultura estimula o pensamento de maneira diversa 
da educação formal. 
O esporte desenvolve habilidades motoras, socializa o indivíduo. O lazer envolve entretenimento, a 
diversão que são importantes para o desenvolvimento integral do indivíduo. (AMIN, 2007). 
Cabe aos Municípios,com o apoio dos Estados e da União, estimular e destinar recursos e espaços 
para programações culturais, esportivas e de lazer, voltadas para a infância e a juventude, conforme 
art. 59 do ECA. 
Elias (2005) ressalta a importância da cultura, do esporte e lazer no processo de formação dos indiví-
duos, sob o ponto de vista físico e mental. 
Desta forma, a municipalização facilita o atendimento nestas áreas, contribuindo para afastar crianças 
e adolescentes dos perigos das drogas e de outros vícios que prejudicam o desenvolvimento de uma 
personalidade saudável, o que, no futuro, poderá levá-los a uma vida sem qualidade e à criminali-
dade. 
Para Amin (2007) estes direitos devem ser assegurados pelo Estado através da construção de pra-
ças, instalação de teatros populares, promoção de shows abertos ao público, construção de comple-
xos ou simples ginásios poliesportivos. A família deve buscar proporcionar o acesso a estes direitos, 
DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
 
7 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 
e a escola tem papel importante na promoção destes, quando realiza passeios ou forma grupos de 
teatro com os próprios alunos. 
Aponta Machado (2003) que um direito que se desprenderia do direito ao lazer, à convivência familiar 
e comunitária, do direito ao não-trabalho, seria o direito de brincar. A garantia deste direito auxiliaria 
no desenvolvimento cognitivo, psicológico e social da criança e do adolescente. 
Assegurar o direito de brincar encontra seu significado quando inserido numa sociedade influenciada 
pela mídia que passou a exigir um comportamento adulto daqueles que ainda não o são. 
Assim, crianças e adolescentes assumem uma agenda de horários similar a dos adultos, a outros 
ainda é imposta a responsabilidade pelo cuidado de irmãos menores, correndo o risco de lhes faltar 
tempo para brincar, conversar, se divertir. (AMIN, 2007). 
Direito a Profissionalização e a Proteção No Trabalho 
O direito ao trabalho “repousa basicamente na proteção do interesse individual de ter liberdade para 
exercer as potencialidades que todo trabalho humano comporta e na proteção o interesse individual 
de prover as próprias necessidades”. (MACHADO, 2003, p. 176). 
Observa, contudo, Machado (2003) que, quando a criança ou o adolescente exercitam o trabalho não 
mais como impulso de experimentação das suas potencialidades, mas, sim, como necessidade de 
prover seu próprio sustento, o trabalho conflitua com outros interesses necessários ao seu pleno de-
senvolvimento. 
O trabalho poderá retirar as forças imprescindíveis para o acompanhamento das aulas regulares, limi-
tando a capacidade de aprendizado e prejudicando sua qualificação teórico-profissional. Ainda, o tra-
balho poderá representar um esforço superior ao seu estágio de crescimento, comprometendo a sa-
úde e o seu desenvolvimento cognitivo. 
Por estas razões, visando proteger crianças e adolescentes e, ao mesmo tempo, assegurar-lhes o 
direito fundamental à profissionalização, o ordenamento estabeleceu um regime especial de trabalho, 
com direitos e restrições. 
A Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98 alterou o inciso XXXIII do art. 7º restringindo o trabalho 
adolescente a partir dos 16 anos, salvo na condição de aprendiz a partir dos 14 anos, conforme art. 
403 da CLT e art. 60 da Lei 8.069/90. 
Além da limitação etária, é proibido o trabalho noturno, entre às 22 e 5 horas, o trabalho perigoso, in-
salubre ou penoso, realizado em locais prejudiciais à formação e desenvolvimento físico, psíquico, 
moral e social do adolescente, bem como em horários que prejudiquem a sua frequência à escola 
(art. 67 do ECA e arts. 403, 404, 405 da CLT). Também lhe são assegurados os direitos trabalhistas e 
previdenciários (art. 65 do ECA). 
O direito ao trabalho protegido, exercido por adolescente entre 14 a 18 anos, não pode ser confun-
dido com o direito à profissionalização, existindo na essência antagonismos entre eles. De acordo 
com Machado (2003, p.188): 
“[...] o direito à profissionalização objetiva proteger o interesse de crianças e adolescentes de se pre-
parem adequadamente para o exercício do trabalho adulto, do trabalho no momento próprio; não visa 
o próprio sustento durante a juventude, que é necessidade individual concreta resultante das desi-
gualdades sociais, que a Constituição visa reduzir.” 
Diante do mundo contemporâneo que exige qualificação elevada, da qual a educação é requisito ne-
cessário, a qualificação profissional dos adolescentes é garantidora de um mínimo de igualdade entre 
os cidadãos quando da inserção no mercado de trabalho. 
Entretanto, quando o adolescente passa a exercer o trabalho regular precocemente, mais se limitam 
suas chances de desenvolver adequadamente sua profissionalização, para que possa, na idade 
adulta, competir no mercado de trabalho, mantendo, desta forma, sua desigualdade na inserção so-
cial, pois a aprendizagem é limitada e precária, basicamente laboral e não educativa, que se norteia 
pelos princípios da produtividade do trabalho e lucro do empregador. (MACHADO, 2003). 
DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
 
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Direito a Liberdade, ao Respeito e a Dignidade 
A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade, por serem pessoas em 
desenvolvimento e sujeitos de direitos civis, humanos e sociais. (art. 15 da Lei 8.069/90). 
O direito à liberdade é mais amplo do que o direito de ir e vir. O art. 16 do ECA compreende a liber-
dade também como liberdade de opinião, expressão, crença e culto religioso, liberdade de brincar, 
praticar esportes e divertir-se, participar da vida em família, na sociedade e vida política, assim como 
buscar refúgio, auxílio e proteção. 
Porém, conforme verificado no inciso I, do art. 16 são impostas restrições legais ao direito à liberdade 
de crianças e adolescentes. Para Elias (2005), as limitações à liberdade são impostas devido a pró-
pria condição de pessoas em desenvolvimento, para o seu bem-estar. 
Neste sentido, Machado (2003) justifica que as restrições à liberdade da pessoa física em fase de de-
senvolvimento têm suas especificidades ligadas à questão da imaturidade de crianças e adolescen-
tes, o que auxilia que estas se protejam contra agressões aos seus direitos. 
Por seu turno, o direito ao respeito é descrito no art. 17 do ECA como a “inviolabilidade da integridade 
física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da iden-
tidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. 
“[...] Toda criança nasce com o direito de ser. É um erro muito grave, que ofende o direito de ser, con-
ceber a criança como apenas um projeto de pessoa, como alguma coisa que no futuro poderá adqui-
rir a dignidade de um ser humano. É preciso reconhecer e não esquecer em momento algum, que, 
pelo simples fato de existir, a criança já é uma pessoa e por essa razão merecedora do respeito que 
é devido exatamente na mesma medida a todas as pessoas.” (DALLARI; KORCZACK, 1986, p. 21). 
Reafirma o art. 18 do ECA, ser dever de todos zelar pela suprema dignidade de crianças e adoles-
centes, colocando-os a salvo de qualquer forma de tratamento desumano, aterrorizante, constrange-
dor, bem como qualquer espécie de violência, seja a violência física, a psicológica ou a violência mo-
ral. 
Direito a Convivência Familiar e Comunitária 
O art. 19 da Lei n. 8.069/90, assegura a toda criança e adolescente o direito de ser criado e educado 
no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurando a convivência familiar 
e comunitária, zelando por um ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias 
entorpecentes. 
Este direito tem por base a capacidade protetora da criança e do adolescente na relação parental. 
Conforme Gueiros e Oliveira (2005, p.118), o direito à convivência familiar deve ser garantido tanto 
aos filhos, como também aos pais: 
“É fundamental defender o princípio de que o lugarda criança é na família, mas é necessário pensar 
que essa é uma via de mão dupla – direito dos filhos, mas também de seus pais- e, assim, sendo, 
deve ser assegurado à criança o direito de convivência familiar, preferencialmente na família na qual 
nasceu, e aos pais o direito de poder criar e educar os filhos que tiveram do casamento ou de vivên-
cias amorosas que não chegaram a se constituir como parcerias conjugais.” 
Como fatores que dificultam a manutenção de crianças e adolescentes em suas famílias, são aponta-
das as desigualdades sociais presentes na sociedade e a crescente exclusão social do mercado for-
mal de trabalho que incidem diretamente sobre a situação econômica das famílias, inviabilizando o 
provimento de condições mínimas necessárias a sua sobrevivência, desta forma, vivem na negligên-
cia e abandono, tanto pais quanto filhos. 
No caso presente, faz-se urgente que as famílias contem com políticas públicas sociais que garantam 
o acesso a bens e serviços indispensáveis à cidadania. (GUEIROS; OLIVEIRA, 2008). 
É bem verdade que a pobreza dos genitores não constitui fator de perda ou suspensão do poder fa-
miliar, podendo somente serem decretadas judicialmente (art. 23 e 24 da Lei 8.069/90). O Poder Fa-
miliar é conceituado por Maciel (2007, p. 72) como um “complexo de direitos e deveres pessoais e 
DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
 
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patrimoniais com relação ao filho menor, [...] que deve ser exercido no melhor interesse deste último 
[...]”. 
A par disso, esclarece Ishida (2001), que nos procedimentos da infância e juventude, a preferência é 
sempre de mantença da criança e do adolescente junto aos genitores biológicos. Somente após 
acompanhamento técnico-jurídico que verifique a inexistência de condições dos genitores, havendo 
direitos fundamentais ameaçados ou violados, inicia-se a colocação em lar substituto. 
Conforme art. 100 da Lei n. 8.069/90, a manutenção e o fortalecimento dos vínculos devem ser ob-
servados também na aplicação de medidas socioeducativas, preferindo aquelas medidas que favore-
çam as relações afetivas que o adolescente já tem construído em sua família e comunidade. 
Medidas de Proteção à Criança e ao Adolescente 
As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconheci-
dos por Lei forem ameaçados ou violados: 
a) Por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; 
b) Por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; 
c) Em razão de sua conduta. 
Medidas Específicas de Proteção 
As medidas previstas poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a 
qualquer tempo. 
Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas 
que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. 
 São também princípios que regem a aplicação das medidas: 
· Condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos: crianças e adolescentes são os ti-
tulares dos direitos previstos no Estatuto da Criança e Adolescente - Lei nº 8.069/1990 e em outras 
Leis, bem como na Constituição Federal; 
· Proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação de toda e qualquer norma contida no Esta-
tuto da Criança e Adolescente - Lei nº 8.069/1990 deve ser voltada à proteção integral e prioritária 
dos direitos de que crianças e adolescentes são titulares; 
· Responsabilidade primária e solidária do poder público: a plena efetivação dos direitos assegurados 
a crianças e a adolescentes pelo Estatuto da Criança e Adolescente - Lei nº 8.069/1990 e pela Cons-
tituição Federal, salvo nos casos por esta expressamente ressalvados, é de responsabilidade primá-
ria e solidária das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo da municipalização do atendimento e da 
possibilidade da execução de programas por entidades não governamentais; 
· Interesse superior da criança e do adolescente: a intervenção deve atender prioritariamente aos in-
teresses e direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da consideração que for devida a outros 
interesses legítimos no âmbito da pluralidade dos interesses presentes no caso concreto; 
· Privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança e do adolescente deve ser efetuada no 
respeito pela intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida privada; 
· Intervenção precoce: a intervenção das autoridades competentes deve ser efetuada logo que a situ-
ação de perigo seja conhecida; 
· Intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida exclusivamente pelas autoridades e institui-
ções cuja ação seja indispensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da criança e do ado-
lescente; 
· Proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser a necessária e adequada à situação de pe-
rigo em que a criança ou o adolescente se encontram no momento em que a decisão é tomada; 
DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
 
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· Responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada de modo que os pais assumam os seus 
deveres para com a criança e o adolescente; 
· Prevalência da família: na promoção de direitos e na proteção da criança e do adolescente deve ser 
dada prevalência às medidas que os mantenham ou reintegrem na sua família natural ou extensa ou, 
se isto não for possível, que promovam a sua integração em família substituta; 
· Obrigatoriedade da informação: a criança e o adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvi-
mento e capacidade de compreensão, seus pais ou responsável devem ser informados dos seus di-
reitos, dos motivos que determinaram a intervenção e da forma como está se processa; 
· Oitiva obrigatória e participação: a criança e o adolescente, em separado ou na companhia dos pais, 
de responsável ou de pessoa por si indicada, bem como os seus pais ou responsável, têm direito a 
ser ouvidos e a participar nos atos e na definição da medida de promoção dos direitos e de proteção, 
sendo sua opinião devidamente considerada pela autoridade judiciária competente. 
Medidas 
Verificada qualquer das hipóteses previstas, a autoridade competente poderá determinar, dentre ou-
tras, as seguintes medidas: 
· Encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; 
· Orientação, apoio e acompanhamento temporários; 
· Matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental; 
· Inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente; 
· Requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; 
· Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxi-
cômanos; 
· Acolhimento institucional; 
· Inclusão em programa de acolhimento familiar; 
· Colocação em família substituta. 
Acolhimento Institucional e Acolhimento Familiar 
O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são medidas provisórias e excepcionais, utilizá-
veis como forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para colocação 
em família substituta, não implicando privação de liberdade. 
Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para proteção de vítimas de violência ou abuso 
sexual; o afastamento da criança ou adolescente do convívio familiar é de competência exclusiva da 
autoridade judiciária e importará na deflagração, a pedido do Ministério Público ou de quem tenha le-
gítimo interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável 
legal o exercício do contraditório e da ampla defesa. 
Crianças e adolescentes somente poderão ser encaminhados às instituições que executam progra-
mas de acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio de uma Guia de Acolhimento, ex-
pedida pela autoridade judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre outros: 
· Sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou de seu responsável, se conhecidos; 
· O endereço deresidência dos pais ou do responsável, com pontos de referência; 
· Os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-los sob sua guarda; 
· Os motivos da retirada ou da não reintegração ao convívio familiar. 
DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
 
11 WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 
Imediatamente após o acolhimento da criança ou do adolescente, a entidade responsável pelo pro-
grama de acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano individual de atendimento, visando 
à reintegração familiar, ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada em contrário de au-
toridade judiciária competente, caso em que também deverá contemplar sua colocação em família 
substituta, observadas as regras e princípios estipuladas pelo Estatuto da Criança e Adolescente - Lei 
nº 8.069/1990. 
O plano individual será elaborado sob a responsabilidade da equipe técnica do respectivo programa 
de atendimento e levará em consideração a opinião da criança ou do adolescente e a oitiva dos pais 
ou do responsável. 
 Constarão do plano individual, dentre outros: 
· Os resultados da avaliação interdisciplinar; 
· Os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; e 
· A previsão das atividades a serem desenvolvidas com a criança ou com o adolescente acolhido e 
seus pais ou responsável, com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por expressa 
e fundamentada determinação judicial, as providências a serem tomadas para sua colocação em fa-
mília substituta, sob direta supervisão da autoridade judiciária. 
 O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local mais próximo à residência dos pais ou do 
responsável e, como parte do processo de reintegração familiar, sempre que identificada a necessi-
dade, a família de origem será incluída em programas oficiais de orientação, de apoio e de promoção 
social, sendo facilitado e estimulado o contato com a criança ou com o adolescente acolhido. 
Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o responsável pelo programa de acolhimento fami-
liar ou institucional fará imediata comunicação à autoridade judiciária, que dará vista ao Ministério Pú-
blico, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo. 
Reintegração a Família 
Sendo constatada a impossibilidade de reintegração da criança ou do adolescente à família de ori-
gem, após seu encaminhamento a programas oficiais ou comunitários de orientação, apoio e promo-
ção social, será enviado relatório fundamentado ao Ministério Público, no qual conste a descrição por-
menorizada das providências tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos técnicos da enti-
dade ou responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência fami-
liar, para a destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda. 
Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo de 30 (trinta) dias para o ingresso com a ação 
de destituição do poder familiar, salvo se entender necessária a realização de estudos complementa-
res ou outras providências que entender indispensáveis ao ajuizamento da demanda. 
A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um cadastro contendo informa-
ções atualizadas sobre as crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar e institucional 
sob sua responsabilidade, com informações pormenorizadas sobre a situação jurídica de cada um, 
bem como as providências tomadas para sua reintegração familiar ou colocação em família substi-
tuta. 
Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência So-
cial e os Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Assistência Social, aos 
quais incumbe deliberar sobre a implementação de políticas públicas que permitam reduzir o número 
de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e abreviar o período de permanência em 
programa de acolhimento. 
Medidas Preventivas e de Proteção no Estatuto da Criança e do Adolescente 
O presente trabalho abordará as medidas de prevenção e de proteção previstas no estatuto da cri-
ança e do adolescente. 
DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
 
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Para expor o tema, e entendê-lo, necessário será que se trace algumas considerações iniciais, para 
posteriormente, apresentar o conceito, a aplicabilidade, em seguida estudar-se-á as medidas preven-
tivas uma a uma, bem como as sanções a elas inerentes. 
Em seguida desenvolvendo o trabalho se verificará as medidas de proteção, seu conceito, aplicabili-
dade, a competência a ela inerente e por fim a delimitação dessas medidas de proteção elencando-as 
e informando a forma dela ser regularizada. 
Ao final traça-se uma conclusão sobre o tema abordando as conclusões de ordem jurídica e dentro 
do próprio contexto da sociedade atual, com uma análise final da efetividade dessas medidas dentro 
da sociedade em que se vive, onde, apesar do ordenamento de vanguarda, ainda temos uma reali-
dade sociais aquém das necessidades das crianças. 
Dito isso, há de ser necessário se iniciar aos estudos sob a ótica jurídica, inserta no Estatuto da Cri-
ança e do Adolescente, que inegavelmente é de extrema qualidade mesmo dentre os ordenamentos 
mais importantes do mundo. 
As medidas de prevenção e proteção consistem nos dispositivos insertos[1] no Estatuto da Criança e 
do Adolescente com o objetivo de prevenir e proteger seus tutelados da ameaça ou violação de seus 
direitos. 
Assim elas objetivam evitar que os menores sejam postos em situação de ameaça dos direitos a ele 
inerentes, ou seja, aqueles já insertos no próprio dispositivo Constitucional da prioridade absoluta, ou 
a doutrina da proteção integral, adotada pelo ECA, com base na Constituição Federal e Normativa 
Internacional. 
Como já visto, dentre os direitos fundamentais dos tutelados pelo Estatuto da Criança e do Adoles-
cente, tem-se a prioridade absoluta, significando esta, por imposição do mesmo, preferência na for-
mulação e execução de políticas sociais pública e destinação privilegiada de recursos públicos nas 
áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude (artigo 227, caput da Constituição Fede-
ral[2] e artigo 4º, caput e parágrafo único, alíneas "c" e "d" do Estatuto da Criança e do Adolescente). 
No artigo 4º, § único, o ECA procura explicitar o que se deve envolver na garantia de prioridade pre-
conizada pelo caput do mesmo dispositivo (que por sua vez, praticamente reprodução do artigo 227, 
caput inserto na Constituição Federal, com o acréscimo de que também é dever da comunidade em 
que vive a criança ou adolescente a garantia de seus direitos fundamentais, harmonizando-se assim 
com outros dispositivos estatutários que a ela se referem), a saber: 
- A primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; 
- Precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; 
- Preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas. Nos termos do disposto no 
artigo 87[4], inciso I do ECA, que ao relacionar as linhas de ação da política de atendimento à criança 
e ao adolescente, estabeleceu que deve a preocupação do administrador público para com a área co-
meçar já através do direcionamento das políticas sociais básicas para o atendimento prioritário de cri-
anças e adolescentes, através da previsão da criação de programas específicos de atendimento, nos 
moldes do previsto nos arts.90, 101], 112 do Estatuto da Criança e Adolescente, como também o ar-
tigo 129, o que afinal se constitui numa das diretrizes dessa mesma política de atendimento, nos mol-
des do disposto no artigo 88, inciso III[9] do ECA); 
- Destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e ju-
ventude. Tal prioridade resta agora normatizada face ao disposto na Lei Complementar n.º 101/2000, 
apelidada de "Lei de Responsabilidade Fiscal". 
Vê-se claramente pela simples integração dos artigos do ECA que o princípio da prioridadeabsoluta 
preconizado pela norma constitucional deve ser ampliado a outros setores, como por exemplo na atu-
ação do Ministério Público e do próprio Poder Judiciário. 
Assim é inquestionável que o Poder Judiciário deve destinar à área da infância e juventude um trata-
mento privilegiado, com preferência no próprio trâmite das ações de forma a evitar os efeitos maléfi-
cos da morosidade da Justiça atinja também as crianças e os adolescentes. 
DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
 
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Medidas de Prevenção 
Como já verificado no item retro, não há como se estudar as medidas de prevenção sem, ao menos 
um rápida passagens pelo princípio da prioridade absoluta, que certamente é a base para que se dis-
cuta os outros direitos dos tutelados pelo Estatuto, bem como as responsabilidades das pessoas físi-
cas e jurídicas, de assegurarem medidas cujo objetivo serão, como se verificará, salvaguardar o me-
nor de situações de riscos. 
Considerações Gerais 
As medidas de prevenção especial vêm inserta no Estatuto da Criança e do Adolescente nos artigos 
74 a 85 e visão estabelecer direitos, assegurando a todas as crianças e adolescentes direito a infor-
mação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços que respeitem sua con-
dição peculiar de pessoa em desenvolvimento - artigo 71 do ECA. 
Há que se verificar que a própria lei estabeleceu uma restrição a esses direitos que passariam a res-
peitar condições peculiares. 
Assim admite-se que o Poder Público, através de órgão responsável, regule as diversões e os espe-
táculos. Todavia tal atribuição não será exclusiva do Poder Público que a exercerá em concorrência 
com a própria autoridade judiciaria, que nos termos do disposto no artigo e artigo 149[10]. 
§§ 1º e 2º do ECA, autorizará através de portaria ou alvará a entrada ou permanência de criança ou 
adolescente, desacompanhado dos pais ou responsável, em: estádio, ginásio e campo desportivo; 
bailes ou promoções dançantes; boate ou congêneres; casa que explore comercialmente diversões 
eletrônicas; estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão. Ou ainda a participação de criança 
e adolescente em: espetáculos públicos e seus ensaios; certames de beleza. 
Há de se considerar que a decisão do juiz nos termos do disposto no artigo 93, IX da Constituição Fe-
deral deverá ser fundamentada e levará em conta os critérios, a saber: 
- Os princípios desta Lei; 
- As peculiaridades locais; 
- A existência de instalações adequadas; 
- Tipo de frequência habitual ao local; 
- A adequação do ambiente a eventual participação ou frequência de crianças e adolescentes; 
- A natureza do espetáculo. 
Verificada o cumprimento das restrições asseveradas poderá a criança e adolescente o direito de li-
vremente assistir a espetáculos e diversões pública, sendo certo, outrossim, que o menor de 10 anos, 
sempre exigirá o acompanhamento de um responsável. 
As medidas de prevenção em caráter genérico ainda abordarão a restrição advinda da venda de fitas 
e revistas, sem a observância da proibição adstrita a idade, ou melhor dizendo, a faixa etária da cri-
ança ou do adolescente. 
Conceito 
De Plácito e Silva em seu vocabulário jurídico, define medida preventiva, como sendo: 
“É a medida cautelar pedida e processada no curso do processo da ação principal. 
Diz-se justamente preventiva, porque, não sendo ainda caso de sua concessão (medida), vem para 
prevenir ou evitar que possa a parte ser privada de ver cumprido seu objetivo, exarado no pedido, por 
embaraço decorrente de ato da outra parte, ou vem para prevenir ou evitar gravame de maior monta, 
em consequência de violência praticada contra sua pessoa ou contra seus direitos. ” 
DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
 
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Assim pode-se concluir que a medidas de prevenção, prevista no Estatuto da Criança e do Adoles-
cente, nada mais são do que prevenir a ocorrência de atos violadores dos direitos e integridade dos 
tutelados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Aplicabilidade 
Essas restrições a que se refere o artigo 74 do Estatuto da Criança e do Adolescente deverão ser es-
tabelecidas através, como já vimos do Poder Público, todavia a mesma não é restrita a União, sendo 
facultado ao Ministério da Justiça, a quem se lega legitimidade para publicar Portaria de Restrição de 
horário, como exemplo, a Portaria 773, de 19 de outubro de 1990, que regulamentava a “classificação 
, para efeitos indicativos, de diversões públicas e de programas de rádio e de televisão”, que aliás foi 
objeto de uma ação direta de inconstitucionalidade, que levou o n.º 392-5, e que foi julgada carente 
ao final. 
Há que se admitir essa inclusive que é possível que a autoridade judiciária, mediante portaria ou al-
vará, discipline a entrada e permanência de crianças e adolescentes, quando estiverem desacompa-
nhadas de seus pais ou responsáveis, em (art.149, inciso I do ECA): 
a) estádio, ginásio e campo desportivo; 
b) bailes ou promoções dançantes; 
c) boate ou congênere; 
d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas; 
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão. 
O mesmo se podendo dizer em relação à participação de criança ou adolescente, esteja ela ou não 
autorizada ou acompanhada dos pais ou responsável, em (art.149, inciso II do ECA): 
a) espetáculos públicos e seus ensaios; 
b) certames de beleza. 
Entendo importante estabelecer aqui que "responsável" não é, como querem estabelecer alguns, 
"qualquer pessoa maior", ainda que expressamente autorizada pelos pais da criança ou adolescente, 
mas sim deve ser entendido apenas como o tutor ou guardião, razão pela qual não basta estar a cri-
ança ou adolescente, para fins de evitar a incidência da portaria judicial disciplinadora, estar acompa-
nhado de seu "irmão", "primo" ou qualquer outra pessoa capaz. 
O entendimento supra decorre da interpretação sistemática do ECA, na medida em que, quando o 
legislador entendeu suficiente a presença de "pessoa maior", expressamente autorizada pelo pai ou 
mãe, o fez expressamente, como é o caso do disposto nos arts.82 (que trata da hospedagem de cri-
anças e adolescentes em hotel, motel, pensão ou congênere) e 83, §1º, alínea "b", in fine (que trata 
da viagem de criança desacompanhada dos pais no território nacional), do citado Diploma Legal. 
Importante também observar que, caso não haja a expedição de portaria, a entrada nos locais relaci-
onados no art.149, inciso I será livre, pois como vimos, a criança e o adolescente têm o direito de "ir, 
vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais" (art.16, 
inciso I do ECA). 
Espécies de Medidas Preventiva 
Pelo conceito apresentado essas medidas visam a evitar situação de risco à criança ou adolescente, 
assim o legislador dividiu essas medidas em três seções. 
A primeira dela visa proteger o adolescente quando esse frequentar locais de cultura, lazer, esportes, 
diversões e espetáculos; a segunda são proibições quanto a produtos e serviços; e a terceira se re-
fere a autorização para viagem. 
A primeira das medidas já foi estudada no item anterior quando se estudou a aplicabilidade das medi-
das preventivas. 
DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
 
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Quanto às proibições de venda de produtos e serviços as crianças e adolescente, há que se especi-
ficá-las, conforme insertas no artigo 81 do Estatuto analisado. 
Assim é vedada a venda: 
a) armas, munições e explosivos (art.81, inciso I do ECA), inclusive sob pena de caracterização do 
crime previsto no art.242 do ECA, na parte referente à venda de arma de fogo e explosivos foi tacita-
mente revogado pela lei n.º 9.437, de 20/02/97, que instituiu o sistema nacional de armas (SINARM) e 
previu, em seu art.10, penas mais rigorosas para tais condutas; 
b) bebidas alcoólicas e produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, 
ainda que por utilizaçãoindevida (art.81, incisos II. e III do ECA), sob pena da prática do crime pre-
visto no art.243 do ECA. 
c) fogos de estampido e artifício, exceto os que por seu reduzido potencial não possam causar dano 
físico no caso de utilização indevida (art.81, inciso IV do ECA), sob pena da caracterização do crime 
previsto no art.244 do ECA; 
d) revistas e publicações a que alude o art.78 do ECA (art.81, inciso V do ECA); 
e) bilhetes lotéricos e equivalentes (art.81, inciso vi do ECA), valendo lembrar que a entrada de cri-
ança e adolescente em casas que realizam apostas é vedada (art.80 do ECA), sob pena da prática 
da infração administrativa prevista no art.258 do ECA. 
Veda-se também: 
a) hospedagem - art.82 do ECA - é proibida a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, mo-
tel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se expressamente autorizado (e a autorização deve 
ocorrer por escrito, através de documento idôneo) ou devidamente acompanhado pelos pais ou res-
ponsável, importando o descumprimento desta regra na infração administrativa prevista no art.250 do 
ECA. esta regra visa coibir a prostituição infanto-juvenil, embora seja irrelevante, para fins de caracte-
rização da infração, que a "hospedagem" tenha esta finalidade. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente, nos artigos 83 a 85 do ECA, apresenta como terceira forma 
de prevenção a exigência de autorização para viajar, da forma a seguir: 
a) viagem dentro do território nacional: nenhuma criança (não há, portanto, qualquer restrição para 
viagem de adolescente) poderá viajar para fora da comarca onde reside desacompanhada dos pais 
ou responsável, sem expressa autorização judicial (art.83 do ECA), sendo dispensada tal autorização 
apenas em se tratando de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma unidade da fe-
deração (no mesmo estado), ou incluída na mesma região metropolitana ou, se estiver acompanhada 
de ascendente ou colateral maior, até o 3º grau, comprovado documentalmente o parentesco ou de 
pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável (art.83, §1º do ECA). 
A pedido dos pais ou responsável poderá ser fornecida autorização de viagem válida por até dois 
anos. 
b) viagem ao exterior: a regra é a necessidade da autorização judicial tanto para a viagem da criança 
quanto para a viagem do adolescente, que somente será dispensada caso estejam eles acompanha-
dos de ambos os pais ou responsável ou, quando na companhia de apenas um dos pais, houver au-
torização expressa do outro, através de documento com firma reconhecida. esta regra visa impedir 
que, quando da separação de um casal, um dos pais "fuja" com seus filhos para o exterior. 
Sanção em Caso de Descumprimento 
Todas as medidas preventivas que visam assegurar os direitos das criança e adolescentes, trazem 
em seu bojo uma sanção para cada hipótese de descumprimento, assim cumpre-se estabelecer que: 
a) venda de armas, munições e explosivos a menores implicaram na caracterização do crime previsto 
no art.242[12] do ECA, na parte referente à venda de arma de fogo e explosivos foi tacitamente revo-
gado pela lei n.º 9.437, de 20/02/97, que instituiu o sistema nacional de armas (SINARM) e previu, em 
seu art.10, penas mais rigorosas para tais condutas; 
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b) venda de bebidas alcoólicas e produtos cujos componentes possam causar dependência física ou 
psíquica, implica na prática do crime previsto no art.243 [13] do ECA. 
c) venda de fogos de estampido e artifício, implica na pratica de crime previsto no art.244[14] do ECA; 
d) venda de revistas e publicações a que alude o art.78 do ECA (art.81, inciso V do ECA); 
e) venda de bilhetes lotéricos e equivalentes, implica na prática da infração administrativa prevista no 
art.258[15] do ECA. 
A hospedagem em desatenção ao estabelecido no artigo 82 do ECA importa, o descumprimento 
desta regra na infração administrativa prevista no art. 250[16] do ECA esta regra visa coibir a prosti-
tuição infanto-juvenil, embora seja irrelevante, para fins de caracterização da infração, que a "hospe-
dagem" tenha esta finalidade. 
Há ainda a proibição de hospedagem de crianças, que podem significar que o local está sendo utili-
zado para a exploração sexual de crianças e/ou adolescentes, interessante observar o disposto nos 
§§1º e 2º do art.244 do ECA (acrescido pela lei n.º 9.975, de 23/06/2000), segundo os quais os propri-
etários, gerentes, e/ou responsáveis pelos estabelecimentos onde ocorre a prostituição ou exploração 
sexual de crianças e adolescentes estão sujeitos a uma pena de quatro a dez anos de reclusão e 
multa, sendo que, na forma da lei, "constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença 
de localização e de funcionamento do estabelecimento" 
- a prática de transporte de criança ou adolescente com inobservância do disposto nos arts.83 a 85 
do ECA importa na prática de infração administrativa prevista no art.251[17] do mesmo diploma legal. 
Medidas De Proteção 
Tem-se agora que estudar, ainda que de forma sucinta, as medidas de proteção as crianças e ado-
lescente. 
Para tanto parece ser necessário que se conceitue, primeiramente o próprio instituto. 
Posteriormente será necessário verificar-se as medidas de proteção que visam evitar que a criança e 
o adolescente sejam atingidos por atitudes do próprio Estado ou dos pais ou responsáveis. 
As medidas de proteção estão inserta no Estatuto da Criança e do Adolescente, no Título III, artigos 
98 a 102. 
Conceito 
De Plácito e Silva conceitua proteção da forma a seguir: 
“Do latim protectio, de protegere (cobrir, amparar, abrigar), entende-se toda espécie de assistência ou 
de auxílio, prestado às coisas ou às pessoas, a fim de que se resguardem contra os males que lhes 
possam advir. 
Em certas circunstâncias, a prostituição revela-se o favor ou o benefício, tomando, assim, o caráter 
de privilégio ou de regalia. Desta acepção é que se deriva o conceito de protecionismo, na linguagem 
econômica e tributária.” 
Com base no conceito retro poder-se-á concluir que as medidas de proteção previstas no ECA são 
aquelas aplicadas pela autoridade competente (juiz, promotor, conselheiro tutelar) a crianças e ado-
lescentes que tiverem seus direitos fundamentais violados ou ameaçados. 
Assim sempre que as crianças e adolescentes se encontrarem em situação de risco pessoal ou social 
na forma do disposto no art.98[18] do Estatuto da Criança e do Adolescente, serão passíveis de pro-
teção. 
Aplicabilidade 
O artigo 98 do ECA estabelece que as medidas de proteção à criança e ao adolescente serão aplicá-
veis sempre que os direitos reconhecidos, a elas, pelo Estatuto forem ameaçados ou violados, quer 
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por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; ou ainda na hipótese de falta, omissão ou abuso 
dos pais ou responsável; bem compele sua própria conduta infracional. 
Assim sempre que verificada quaisquer dessas condições poderá a autoridade competente determi-
nar, nos termos do artigo 101 do Estatuto da Criança e do Adolescente, dentre outras, as seguintes 
medidas: 
I - Encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; 
II - Orientação, apoio e acompanhamento temporários; 
III - Matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental; 
IV - Inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente; 
V - Requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulato-
rial; 
VI - Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e 
toxicômanos; 
VII - abrigo em entidade; 
VIII - colocação em família substituta. 
Há de se considerar que o abrigo é medida provisória e excepcional, utilizável como forma de transi-
ção para a colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade.Competência 
As medidas de proteção especificadas no artigo 101 serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, conforme 
disposto nos artigos 136, I[19]; 98[20] e 105[21] do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Há de esclarecer que as Varas de Infância e Juventude será competente para administrar as medi-
das, além de aplicá-las, enquanto não instituído os Conselhos Tutelares, nos termos do disposto no 
artigo 262 [22]do ECA. 
Diferenciação Das Medidas De Proteção 
1. Encaminhamento aos pais ou responsáveis, mediante termo de responsabilidade: Providência para 
os casos de menos gravidade e não preocupantes (como o de criança que se perdeu, por exemplo). 
Intima-se os pais e se entrega a criança e/ou o adolescente mediante termo de responsabilidade; 
2. Orientação, apoio e acompanhamento temporários - Difere da primeira porque está condicionada a 
um lapso temporal e será executada pela equipe multidisciplinar. Casos bastante comuns em que a 
criança e a família, normalmente desestruturadas, são trabalhadas (aplicando-se esta, em tal caso, 
cumulativamente com uma ou mais das medidas previstas no art.129 do ECA); 
3. Matrícula e frequência obrigatória em estabelecimento oficial de ensino - Para os casos de evasão 
escolar, falta de matrícula ou negativa de sua aceitação por parte do estabelecimento de ensino pú-
blico (devendo ser aplicada em conjunto com a prevista no art.129, inciso V do ECA, através da qual 
os pais ou responsáveis são obrigados não apenas a providenciar a matrícula, mas também a acom-
panhar a frequência E o aproveitamento escolar de seus filhos, procurando fazer com que estes se 
interessem pelos estudos. Vide também art.55 do ECA e art.246 do CP); 
4. Inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à criança, à família e ao adolescente - São 
os programas que vão atingir as causas da carência e do abandono, conforme previsto no art.90, inci-
sos I e II do ECA (guardam ainda correlação e devem ser objeto de aplicação conjunta com a medida 
prevista no art.129, inciso I do ECA); 
5. Requisição de tratamento médico, psicológico, psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial - 
regra que decorre do direito fundamental à vida e à saúde, previsto no art.227, caput da CF e arts.4º, 
caput e 7º a 14 do ECA, valendo observar o disposto no art.208, inciso VII do ECA. A aplicação dessa 
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medida deve ser precedida de laudo técnico idôneo que assevere sua necessidade, devendo ser apli-
cada em conjunto com a medida destinada aos pais ou responsável prevista no art.129, inciso VI do 
ECA, de modo a obrigar estes a providenciar que a criança ou adolescente se submeta ao tratamento 
que se revele necessário. 
6. Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento de alcoólatras e 
toxicômanos - a existência de programas dessa natureza é expressamente prevista pelo art.227, §3º, 
inciso VII da CF, sendo que o tratamento pode ser realizado tanto em regime hospitalar quanto ambu-
latorial. 
Em qualquer caso, tendo em vista que as medidas de proteção não são coercitivas, nem importam na 
privação da liberdade de seu destinatário, é imprescindível que seja este convencido da necessidade 
de se submeter ao tratamento, ainda que antes tenham de ser aplicadas as medidas previstas no 
art.101, incisos II e V do ECA, sem perder de vista a necessidade de, também aqui, aplicar a medida 
prevista no art.129, inciso VI do ECA; 
7. Abrigo em entidade - O abrigo é medida de caráter excepcional e provisório (conforme enunciado 
do art.101, par. único do ECA). Deve a permanência ser pelo tempo necessário (porém o mais breve 
possível) para que seja entregue à família de origem (providência primeira a ser tentada, inclusive 
através da aplicação, aos pais ou responsável, das medidas previstas no art.129 do ECA que se fize-
rem necessárias) ou para a colocação em família substituta. Não importa em privação de liberdade, 
sendo portanto vedada a utilização do abrigo como forma de "internação" de crianças e adolescentes; 
8. Colocação em família substituta, nas três modalidades, sendo sua aplicação, como dito anterior-
mente, medida de competência EXCLUSIVA da AUTORIDADE JUDICIÁRIA (em razão do contido no 
art.136, inciso I do ECA, o CT somente pode aplicar a crianças e adolescentes as medidas de prote-
ção que vão do art.101, incisos I ao VII, valendo a respeito do tema ainda observar o contido no 
art.30 do ECA); 
Regularização Registral 
Todas as medidas de proteção serão acompanhadas da devida regularização do registro civil da cri-
ança e do adolescente, exatamente nos termos do disposto no artigo 102 do Estatuto da Criança e do 
Adolescente. 
Assim conjuntamente com as medidas de proteção deve-se, também, providenciar o devido registro 
do menor, posto que, enquanto não registrado ele não existe dentre da ótica do universo jurídico. 
Há de se esclarecer, que também, se providenciará a retificações, que se façam necessárias no re-
gistro do menor. 
No caso da inexistência de registro, há de se fazer uma pesquisa, expedindo-se ofício à Vara de Re-
gistros Públicos, devendo a mesma expedir edital que será respondido pelos Cartórios de Registros 
Públicos, assim não havendo, ou suspeitando-se que não há, imediatamente se ordenará a lavratura 
de registro, fundamentado nos dados do menor. 
A importância do registro ou averbação previstas no ECA, serão isentas de custo, conforme previsto 
no Provimento CG n.º 26/96. 
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