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GEsTÃo eLiDErANÇA EMPREENDER EM TEMPOS DE CRISE Curso Formação e Gestão de Equipes Campeãs: missão, valores, comprometimento mEiriJANE ANAsTáCio BArATA GoNZáLEZ 6 FAsCÍCuLo Apresentação 1. Definição de equipes de trabalho 2. Composição das equipes de trabalho 3. Ápice da questão do alto desempenho 4. Novos cenários, novos desafios Referências 83 84 85 89 91 95 sumário 83 Devido à magnitude e à velocidade das mudanças ambientais, econômicas, tecno- lógicas, sociais, políticas, culturais e mais re- centemente de saúde pública, boa parte das empresas – pequenas, médias ou grandes – estão transformando suas estruturas, seus sistemas organizacionais, seus métodos e seus processos de trabalho. As estruturas tradicionais, centralizadas, verticais e hie- rarquizadas em torno do conceito de postos de trabalho, tendem a ser substituídas por confi gurações descentralizadas, horizontais e em forma de rede, cujos “nódulos” têm um elevado grau de autonomia e se encontram interconectados de modo contingente. Nes- ses modelos voláteis de organizações, os di- ferentes tipos de grupos e equipes de traba- lho constituem suas principais células e são mais do que nunca fundamentais para a ob- tenção dos resultados esperados. (Gil, 2020). Vamos tratar, neste fascículo, de equi- pes que trabalham com empresas e insti- tuições, de equipes que estão atuando nes- se mercado com cenários tão desafi adores. APrEsENTAÇÃo FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE84 1 O trabalho de equipe é uma forma de atividade coletiva que com-preende a interação, a interde-pendência, a coordenação e a cooperação dos membros, orientada para o alcance de metas ou objetivos e cujo resulta- do tem um caráter grupal. É considerado que o trabalho em equipe é efi caz quando dita atividade provoca um resultado emergen- te que excede a contribuição de qualquer membro e a soma de todas as contribuições logra a sinergia. Isso implica que o resultado grupal é superior (em quantidade) ou dife- rente (em qualidade) frente a mera soma das contribuições dos membros que compõem a equipe. (Gil y Alcover, 2003) Equipes pequenas Uma equipe pequena pode ser defi nida como um sistema adaptado e caracterizado por uma interação e pela interdependência mútua entre os membros que a compõem, com projetos a realizar e usando, na maio- ria das vezes, determinada tecnologia. Elas têm uma identidade compartilhada. (Mc- Grant y Argote, 2001) DEFiNiÇÃo DE EQuiPEs DE TrABALHo Na prática, essas características impli- cam que os membros das equipes contem com objetivos compartilhados em relação a seus trabalhos. Necessariamente irão atuar entre eles. Desempenham, geralmen- te tarefas defi nidas e diferentes. Ao longo dos anos, qual é o foco? (González, 2011) • A década de 1980 foi o período em que se começou a falar de uma forma mais contundente sobre metas. • Na década de 1990 houve um boom em torno da fi gura do líder. • Na atualidade a ênfase tem sido dada às equipes. No cenário atual, estamos presencian- do a todo momento situações em que o lí- der se posiciona como o back do time, e as equipes que estão no front são as que assu- mem o protagonismo. Sabemos que o back parado de um time é importantíssimo, mas os “louros” estão sendo mais do que nunca outorgados às equipes. EMPREENDER EM TEMPOS DE CRISE: GESTÃO E LIDERANÇA 85 As equipes são basicamente com-postas por: pessoas, processos, recursos, cultura organizacional e ambiente externo. Para que essa equipe seja verdadeira- mente campeã, é necessário acertar na seleção das pessoas e nos recursos forneci- dos a elas, para que possam trabalhar mini- mamente bem, atuando no entorno onde estão inseridas ou no ambiente virtual em que se propõe atuar. A cultura organiza- cional também será um fator fundamental para o bom ou mau desempenho do time e, consequentemente, seus resultados fi nais. Não há segredo, mas um passo a passo a ser seguido para poder nos aproximar- mos mais do que é necessário para desen- volver uma equipe vencedora. Tudo come- ça na seleção da pessoa certa para ocupar a posição adequada do time. Além disso, é importante considerar que as equipes devem ser compostas por pessoas que te- nham temperamento e jeito de ser comple- 2 ComPosiÇÃo DAs EQuiPEs DE TrABALHo mentares. Nem opostos em demasia nem similares em excesso. Assim será mais fácil construir uma equipe multidisciplinar. Os líderes podem infl uenciar positiva ou negativamente no resultado de performance das equipes – depende do estilo que adotam e do grau de liderança em que se encontram. Estando com a equipe bem formada, o passo seguinte é desenvolver as estratégias e as ações, defi nir prazos e acertar as me- tas e as recompensas que terão com cada venda de produto ou serviço. E um passo fundamental: cumprir com o prometido. O trabalho em equipe se constitui em um fator contributivo para o aumento de performance e de resultados, principal- mente quando se requer adotar mudanças e inovação, porque trabalhar em equipe é uma maneira de alcançar as estratégias da organização de modo mais efi caz – pois há a participação de todos – bem como uma forma mais rápida em termos de comuni- cação e produção. FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE86 Os participantes das equipes devem ser engajados, mas, sem os recursos, eles não poderão ir muito longe. Podem até come- çar dando um jeitinho, mas, nos primeiros meses, começarão a perder força. A energia vital já vai diminuindo e assim fi ca muito mais difícil chegar a resultados exitosos. Recursos podem ser: • Ferramentas adequadas para realizar o trabalho. • Ajuda de custo para transporte, alimen- tação etc. • Utensílios que facilitem a comunicação com os potenciais clientes (tecnológicos ou físicos). Com relação aos processos, esses cos- tumavam ser o centro de atenção nos estu- dos de rendimento e efi cácia das equipes. De umas duas décadas para cá, porém, vem diminuindo o grau de “onipresença”, mesmo que as nuanças que o envolvem ainda carreguem signifi cativa importância. Eles envolvem três aspectos: 1. cogniti- vos, 2. emocionais e 3. comportamentais. Os aspectos cognitivos referem-se à capacidade intelectual e técnica de cada membro da equipe. Referem-se, inclusive, ao quociente de inteligência (QI) de cada um. Os aspectos emocionais dizem res- peito à inteligência emocional e ao grau de resiliência com que cada pessoa costuma agir diante dos obstáculos, sejam objeções FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE Fica a Dica Na hora de selecionar: • Você pode ensinar qualquer coisa a qualquer um, menos a sorrir. • Para medir o grau de resiliência das pessoas, coloque-as para desenvolver alguma atividade lúdica ou esportiva. Passamos a conhecer mais as pessoas quando elas estão em ação. Fica a Dica Na hora de selecionar: EMPREENDER EM TEMPOS DE CRISE: GESTÃO E LIDERANÇA 87 interpostas pelo mercado, sejam condi- ções de trabalho, sejam confl itos viven- ciados no dia a dia. Quanto aos aspectos comportamentais, são o comportamento adotado nas situações de um modo geral. Por exemplo: um membro da equipe, quan- do pressionado, reage de forma receptiva à crítica e passa a adotar novos modelos de enfrentamento dos desafi os? Ou se sente muito incomodado em recebê-la, levando para o lado pessoal e não conseguindo re- agir positivamente melhorando sua perfor- mance ou atitude? Tudo isso infl uenciará no processo e na condução das metas, tarefas e temas do dia a dia da equipe. Para ter um bom acompanhamento do processo, os gestores devem levar em conta: 1. O que a equipe acha sobre a condu- ção de determinado processo, tarefa ou situação? 2. Com o que a equipe se motiva? Dos benefícios ofertados, quais são os mais efi cazes e os que mais contri- buem para a motivação das pessoas que compõem a equipe? 3. Como a equipe age diante das situa- ções-problema, das adversidadesdo mercado e confl itos dentro da equi- pe e da empresa? Todos esses aspectos devem ser obser- vados pelos gestores e, quando geram con- As empresas perdem grandes mem- bros e equipes muito boas são desfei- tas, porque o que fora combinado com eles no início não foi cumprido. Assim, se prometeu, cumpra. “As pessoas não abandonam as empresas! Elas abandonam os maus líderes”. (Gil y Alcover, 2003). SAIBA MAIS fl itos ou riscos que comprometam o resul- tado, devem ser encarados pela liderança e resolvidos por meio de análises das situa- ções e conversas francas de “alinhamento” para que a equipe retorne ao ponto de sin- tonia. Os feedbacks são fundamentais para o bom desempenho das ações propostas e revisão de procedimentos. Podem ser dados por meio de reuniões informais ou formais – em grupo os que forem positivos, e de forma individualizada quando se tra- tam de aspectos a serem melhorados e que possam constranger o outro se realizado na presença de terceiros. Planejamento é outro ponto crucial na formação de equipes de alto resultado. Um grande gestor de vendas, ao ser indagado sobre como ele fazia para ter re- sultados tão expressivos, bater tanta meta e receber tantas premiações, respondeu: “Eu planejo. Planejo todo o passo a passo, tento me antecipar às adversidades com que meus vendedores vão lidar. Me sento e planejo tudo. Depois compartilho com a equipe e revisamos o planejamento. Em se- guida, planejo tudo de novo”. E em tempos de pandemia, como pla- nejar? O grande desafi o atual é fazer gestão num ambiente imprevisível. Em tempos de pandemia e pós-pandemia, não podemos querer que os planejamentos sejam tão re- fi nados como antes, muito menos extensos. FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE88 Dois fatores têm feito a diferença no bom desempenho das equipes: 1. Confi ança da parte dos líderes nas pessoas das equipes e 2. Engajamento e comprometimento das pessoas que compõem os times. Os líderes devem ter uma posição de focar nos resultados e não nas tarefas. Não cabe, num momento de estresse como o de isolamento social e pandemia, querer cobrar tal e qual se cobrava antes. As pes- soas estão mais temerosas, inseguras e verdadeiramente desorganizadas. Mais do que nunca, o apoio é fundamental para que possam produzir minimamente bem. Fica a Dica Os líderes costumam ter pavio curto. E estão saindo do isolamento social sem pavio nenhum. É necessário que alguém os avise que não podem e não devem cobrar das equipes como costumava fazer. É importante ter consciência que as pessoas e, portanto, as equipes estão mais desorganizadas. Será mais recorrente certa confusão mental na elaboração das tarefas. Apoio, acolhimento e compreensão serão fundamentais para que as equipes mantenham o equilíbrio e cumpra suas tarefas adequadamente.” (Inez Cozzo, neuropsicóloga) Fica a Dica Os líderes costumam ter EMPREENDER EM TEMPOS DE CRISE: GESTÃO E LIDERANÇA 89 O ponto crucial para que uma equi-pe atinja alta performance é o relacionamento e o bom clima entre as pessoas que fazem parte do grupo. Por isso, fi que atento e cuide bem desse quesito. Catalisadores e Toxinas Como em tudo na vida, há pessoas que atuam como catalisadores e outras que atuam como toxinas. Catalisadores: são pessoas que têm fa- cilidade de trabalhar em grupo e de com- partilhar informações. Conseguem colocar os objetivos comuns em evidência em de- trimento dos seus objetivos próprios e in- dividuais. Trabalham com ética, sabendo respeitar direitos e deveres dos demais. Costumam ser mais resilientes e receber e dar críticas de forma, na maioria das vezes, construtiva. Toxinas: são pessoas com alto grau de produtividade ou não, com capacidade de infl uenciar terceiros, direcionando-os 3 áPiCE DA QuEsTÃo Do ALTo DEsEmPENHo para suas opiniões. Geralmente têm difi - culdades de compartilhamento das infor- mações, sobretudo aquelas que não irão favorecer a sua performance individual. Na maioria das vezes, não apresentam a devida maturidade para receber críticas e levam as observações para o lado pesso- al, difi cultando que os demais apontem sugestões ao seu trabalho. Atuam com co- municação cruzada. Na maioria das vezes, têm baixa autoestima. Quanto mais catalisadores tivermos no time, melhores resultados aportare- mos. Isso é óbvio. O que não é tão óbvio é como são danosas são as toxinas dentro das empresas. De acordo com a autora Tereza Amábile, no livro O Princípio do Progresso, o que sa- bemos das situações-problema são apenas a ponta do iceberg. O que está por baixo é o que consiste no grande risco. Para quem está inserido no time, confl itos velados e não resolvidos são os mais danosos para o bom resultado. FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE90 Em relação ao bournout, que é a síndro- me da exaustão emocional, é considerada uma enfermidade laboral há tempos e os danos causados à saúde são enormes. Veja o exemplo: considere a glândula suprarrenal e o seu rim. Sob tensão, a su- prarrenal libera cortisol e adrenalina, den- tre outros hormônios. Esses são hormônios do estresse. Segundo a psicóloga Susan Andrew, bastam cinco minutos pensando em alguém que faz mal a você, que sempre coloca difi culdade frente a suas ideias e que torna sua vida na empresa mais difícil. A sua imunidade baixa em seis horas. Por- tanto, cuide-se e procure se afastar das to- xinas. Quando tiver de conviver com essas pessoas, procure alguns “desestressores” e, sempre que possível, esteja próximo a pes- soas que fazem bem e contribuem para o seu bem-estar psicológico. Mais do que nunca, a imunidade não tem preço. Precisamos refl etir sobre isso, pois as formas de trabalho estão mudando, a me- todologia e a carga horária, mas os senti- mentos não mudam. Estamos na gestão do cuidado e preci- samos ter um olhar mais cuidadoso para as pessoas que compõem as equipes e as organizações. Pessoas rudes demais e pessoas sen- síveis demais não têm muita chance de ter alto desempenho por muito tempo. Em toda e qualquer situação, procure sair dos extremos. Por isso, é importante se avaliar cons- tantemente e cada um trabalhar sua auto- estima. Ler e buscar informações também fazem a diferença no trabalho. Impacta di- retamente na sua maneira de ver o mundo. Estimule a sua equipe e dê o exemplo. Precisamos de pessoas que sejam espe- cialistas naquilo que fazem. Muito mais que isso, precisamos transformar os especialis- tas em uma equipe especialista. EMPREENDER EM TEMPOS DE CRISE: GESTÃO E LIDERANÇA 91 NoVos CENários, NoVos DEsAFios 4 O céu é o limite quando a comu-nicação passa a ser pensada de forma dinâmica e interativa.Às vezes me perguntam: “Para onde vão as equipes agora?”. Querem saber qual é o formato de equipe que será mais adequado no momento atual e daqui por diante. Eu respondo: vão para onde os clientes forem. Se os clientes forem para as lojas físicas, é para lá que vamos; se os clientes forem para o digital, é para lá que vamos. E quem ainda não foi, apresse-se. Não tivemos tempo para planejar a entrada no isolamento social, mas tivemos tempo para planejar a retomada. Sabemos que infelizmente a pandemia ainda não acabou, mas quem tiver prepa- rado um protocolo lógico e adequado vai sair à frente. Sobre os membros das equipes em meio à pandemia Os índices variam em torno de 77% das pessoas que querem continuar trabalhan- do em equipes virtuais e isso vai continuar crescendo. É necessário, porém, haver con- fi ança entre os membros e o líder para que consigam fazer um trabalho brilhante. No período de isolamento social e no pós-pandemia, o nível de estresse cresceu assustadoramente e não podemos querer que o habitual passo a passo seja seguido. O líder que fi car cobrando de forma exces- siva por cumprimento de horário ou outras variáveis que antes costumava cobrar está equivocado. O importante agora é ter foco no resultado. Fica a Dica “Líderesque não escutam correm o risco de fi car rodeados por pessoas que não têm nada a dizer”. (Andy Satnley) Fica a Dica “Líderes que não escutam FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE92 Sobre equipes presenciais O apoio às equipes presenciais tem de ser igual ou superior em termos de aco- lhimento e incentivo. Quando todos es- távamos dizendo “fi que em casa”, para as equipes presenciais estávamos dizendo “venham trabalhar”. Dotar a equipe presencial de segurança emocional é tão importante quanto equipá- -la com EPIs e utensílios relevantes para a proteção de sua saúde e bem-estar no traba- lho. Muita gente simplesmente transportou o modelo tradicional para o modelo digital. É importante entender que agora os modelos presencial e virtual são diferenciados. De acordo com o World Economic Fo- rum, na segunda metade de 2020 vivemos uma epidemia secundária marcada por: • Elevado número de absenteísmo; • Pessoas adoecidas física e emocional- mente. O número de pessoas desorganizadas mentalmente vai crescer, o número de pe- quenos acidentes domésticos e laborais vai aumentar. É importante que todos os que atuam na gestão sejam acolhedores e com- preensivos. Estamos na era do acolhimento. Eduardo Ferraz faz uma correlação mui- to inteligente sobre equipes de alto desem- penho, em seu livro Gestão de resultados: O membro da equipe que conseguir re- alizar suas atividades já está apto. É preciso entender que as pessoas estão mais confu- sas, mais assustadas, receosas; portanto, é necessário ter mais contato e conversar mais, para demonstrar confi ança e valori- zação do trabalho que estão realizando. A distância os colaboradores podem não se sentir tão seguros de estar fazendo o cor- reto. É importante que seja dito a eles: “Se estivermos conectados e integrados, pode- remos fazer um trabalho brilhante”. Orientações para trabalhar com equipes virtuais O trabalho em equipes virtuais requer muita atenção. Lembre-se de que o maior objetivo são os objetivos compartilhados. Além disso, veja algumas orientações para trabalhar nesse formato (de acordo com RW3 Culturewizard): 1. Faça um esforço para criar confi ança e fomentar a colaboração. 2. Seja um padrão de conduta no espa- ço virtual. 3. Crie oportunidades para que todos aprendam juntos. 4. Encontre as ferramentas necessárias para sua equipe de trabalho virtual. 5. Lembre que fazer a gestão a distância requer regras claras e calendário. 93EMPREENDER EM TEMPOS DE CRISE: GESTÃO E LIDERANÇA “Façamos uma correlação: para alcan- çar ótimos resultados, os comandantes de pequenas ou grandes empresas precisam trabalhar com equipes enxutas. Contudo na medida certa, ou seja, em número mí- nimo, mas sufi ciente, de profi ssionais qua- lifi cados e comprometidos, que dão o seu melhor e que recebem proporcionalmente aos resultados que geram. O grande desa- fi o é encontrar e manter apenas pessoas com tais características.” Principais critérios utilizados para valorar a efi cácia das equipes de trabalho (Hackman, 1987) * Resultados produtivos (que podem ser medidos pela quantidade e/ou qualidade ou pelos erros); * Viabilidade da equipe (capacidade de os membros da equipe continuarem traba- lhando juntos) – a isso se chama potência de equipe – diz respeito aos resultados so- cioemocionais dos membros das equipes – por meio dessa medida, sabe-se se há coesão, satisfação em fazer parte do grupo, compromisso etc); * Nível geral de inovação (inclui a ge- ração de ideias e os procedimentos novos adotados na execução); * Resultados individuais relacionados com o bem-estar dos membros das equipes. FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE94 Esses quatro critérios incluem um nú- mero elevado de variáveis, que implicam considerar a efi cácia da equipe como algo mais complexo que a mera produtividade, critério que habitualmente se associa à efi cácia de maneira exclusiva nos contex- tos organizacionais. A efi cácia constitui um critério subjetivo, posto que dependerá de quem a valora – seu chefe, seu gerente, os próprios membros da equipe. Resultados produtivos, portanto, são aqueles mais visíveis para as equipes e mais desejados para os líderes. É impor- tante distinguir entre rendimento, efi cácia e produtividade. (Brodbeck, 1996) * Rendimento: diz respeito ao conjunto de condutas relevantes para o logro dos ob- jetivos do grupo (motivação, conhecimen- tos e habilidades apropriados para a reali- zação das tarefas e estratégias coletivas). * Efi cácia: estritamente falando, refere- -se ao grau que o rendimento se aproxima das metas estabelecidas. * Produtividade: está defi nida como a efi ciência com a qual se logra a efi cácia, quer dizer, a adequação entre os recursos investidos e os resultados alcançados. As relações entre rendimento e efi cácia estão moderadas por fatores internos da equipe (perdas do processo, grau de co- nhecimento das tarefas a serem realizadas) e externos (escassez de recursos por falta de fornecedores, incertezas ambientais, tecnologia utilizada etc). O que se conside- ra como resultados produtivos deve estar claramente defi nido, posto que ignorar al- guma dessas três dimensões pode distor- cer a valoração que se atribua à equipe. Dimensões da potência da equipe (Alcover, 1999) * Potência: ou crença coletiva acerca da efi cácia que a equipe pode alcançar; * Signifi cância: consistência entre tare- fa e crenças, atitudes e condutas da equipe; * Autonomia: capacidade da equipe para tomar decisões relativas à sua ativida- de, seu funcionamento e seus objetivos; * Consequências: ou infl uência que a atividade da equipe exerce sobre os resul- tados alcançados. Nos últimos anos tem sido criticado com força o otimismo ingênuo deposita- do nas equipes de trabalho como meio de alcançar uma efi cácia ilimitada, ao tempo em que se encontra em algumas empre- sas até o uso perverso que alguns líderes adotam. Há crítica maior ainda quando se trata de controles excessivamente rigoro- sos às equipes, aqueles que se aproximam dos velhos tempos do Taylorismo. O que se pode concluir é que temos que tentar ti- rar o melhor do que o trabalho em equipe pode agregar, buscar desenvolver climas favoráveis para que a comunicação e os processos fl uam e gerar estímulos motiva- cionais para que as pessoas se sintam fe- lizes, em ambientes permissíveis e, assim, permitam-se dar o seu melhor. Confl itos podem existir e, às vezes, são os geradores da criatividade e da inovação nas equipes. O que deve ser evitado são os confrontos. Christopher Peterson defi ne a felicidade em três palavras que acredita- mos ser algo fundamental para o bom de- sempenho dentro das equipes: “As pessoas importam”. Pense nisso e desenvolva uma boa equipe. EMPREENDER EM TEMPOS DE CRISE: GESTÃO E LIDERANÇA 95 Referências Andrew, S. Síndrome de Bournout. http://resumos.netsa- ber.com.br/resumo-40838/o-stress-a-seu-favor. Amabile, T. O princípio do progresso: Como usar pequenas vitórias para estimular satisfação, empenho e criatividade no trabalho. Editora Rocco, 2013. Alcover, C. M. Aproximaciones al concepto de grupo y ti- pos de grupos. 1999. Ed. Piramides. Madrid. Es. Cozzo, I. Aprendizagem e ansiedade. Live de 17/04/2020. YouTube. González, M. A. B. Liderazgo organizacional global, Tesis doctoral, 2011, UCM. ES Gil, F. R. y Alcover, C. M. Introducción a la Psicologia de las Organizaciones. Alianza Editorial. 2003, Madrid, Es. Gil, F. R. Equipos en tiempos de pandemia. Articulo in pren- sa. 2020. Madrid, Es. Ferraz, E. Gente de Resultados. Manual Prático para formar e liderar equipes enxutas de alta performance. Ed. Planeta Estratégia, São Paulo, SP. 2018. Gabriel, M. Reportagem à Report 360 de 07/06/2020. São Paulo, SP. McGrant, J. E. y Argote, L. Group processes in Organizacio- nal contexts. Handbook of social Psychology. Oxford: Bla- ckwekk. 2001. MCKeown, M. Da estratégia ao Planejamento [Tradução de Júlio Monteiro Oliveira].e-book kindle, Rio de Janeiro/RJ. Alta Books. 2019. Brodbeck, F. C. Criteria for the study of group functio- ning. 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Patrocínio Realização Correalização Apoio mEiriJANE ANAsTáCio BArATA GoNZáLEZ (autora) Doutora em Psicologia pela Universidade Complutense de Madrid (UCM – ES), com tese em equipes de alta performance e motivos, mestre em Psicologia pela UCM (ES) com dissertação em Liderança Organizacional Global e com especialidade em Marketing pela Universidade Estadual do Ceará (Uece). Graduada em Administração (Uece) e Psicologia (UFC). Tem larga experiência nas áreas de Recursos Humanos e Marketing em empresas de comércio, serviços e indústria. É coordenadora dos cursos de pós-graduação e extensão da Faculdade CDL e membro do Teamwork (equipe de pesquisas da UCM – ES) e da Rinepe (Revista de Psicologia da UFC). rAFAEL LimAVErDE (ilustrador) Nascido em Belém/PA, naturalizado cearense, formado em Artes Visuais pelo Instituto Federal do Ceará (IFCE), é xilogravurista e ilustrador. Possui mais de 40 livros ilustrados em diversas editoras do país. É um dos organizadores do “Festival de Ilustração de Fortaleza”, evento que já está em sua quarta edição e é realizado dentro da Bienal do Livro do Ceará. Um ano de atividades e conteúdos para você criar ou impulsionar o seu negócio. webcontentsLives webinar podcasts programas de TV programas de rádio CONHEÇA MAIS EM SEMINARIOEMPREENDER.COM.BR 2020 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR) Presidente: João Dummar Neto Diretor Administrativo-Financeiro: André Avelino de Azevedo Gerente Geral: Marcos Tardin Gerente Editorial e de Projetos: Raymundo Netto Analistas de Projetos: Aurelino Freitas, Emanuela Fernandes e Fabrícia Góis | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE (UANE) Gerente Pedagógica: Viviane Pereira Coordenadora de Cursos: Marisa Ferreira Designer Educacional: Joel Bruno | CURSO GESTÃO E LIDERANÇA: EMPREENDER EM TEMPOS DE CRISE Coordenador Técnico: Nazareno Albuquerque Coordenadora Executiva: Valéria Xavier Coordenadora de Conteúdo: Flávia Chagas Coordenadora Editorial e Revisão: Daniela Nogueira Projeto Gráfico: Andrea Araújo Editores de Arte: Andrea Araújo e Welton Travassos Designer Gráfico: Welton Travassos Ilustrador: Rafael Limaverde Coordenadora de Marketing: Natercia Melo Designer (campanha): Jansen Lucas Webdesigner (campanha): Clemilson Souza Editora Criativa de Marketing: Renata Viana Analista de Marketing: Fernando Diego Sioli Todos os direitos desta edição reservados à: Fundação Demócrito Rocha Av. 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