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controle farmacológico do ciclo estral binelli

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Acta Scientiae Veterinariae 34(Suplemento 1): 2006
s1
BASES FISIOLÓGICAS, FARMACOLÓGICAS E ENDÓCRINAS DOS
TRATAMENTOS DE SINCRONIZAÇÃO DO CRESCIMENTO FOLICULAR E DA
OVULAÇÃO
Mario Binelli; Bruna Trentinaro Ibiapina; Rafael Siscôneto Bisinotto
Departamento de Reprodução Animal, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,
Universidade de São Paulo
Resumo
Os modernos protocolos utilizados para a inseminação artificial e transferência de embriões em
tempo fixo foram desenvolvidos com base no conhecimento profundo do controle endócrino do
ciclo estral bovino. Com tal conhecimento tornou-se possível o controle das fases do
desenvolvimento folicular, recrutamento, seleção e ovulação, pela utilização estratégica de
fármacos específicos. O controle farmacológico do ciclo estral facilita o manejo reprodutivo e
aumenta a eficiência de operações pecuárias de produção de leite e carne. O objetivo do presente
trabalho é prover o embasamento teórico necessário sobre o controle endócrino do funcionamento
ovariano para que sua manipulação farmacológica possa ser efetuada de forma racional.
Palavras-chave: Folículos, Esteróides, Gonadotrofinas, Ciclo estral, Bovinos, Revisão.
Introdução
A característica mais marcante do processo reprodutivo é que este é cíclico. Tal característica
pode ser exemplificada em vacas, que apresentam comportamento estral que se repete em média
a cada 21 dias, sendo o período compreendido entre dois estros consecutivos denominado ciclo
estral. A justificativa evolutiva da atividade cíclica é prover à fêmea oportunidades sucessivas
de se tornar gestante e com isso perpetuar a espécie. A atividade cíclica depende de um complexo
mecanismo, orquestrado pelo sistema nervoso central que, em instância final, controla o
funcionamento do sistema reprodutivo. Tal controle é exercido pelas ações tecido-específicas
de hormônios protéicos e esteróides, fatores de crescimento, citocinas e prostanóides. A biologia
do ciclo estral bovino foi descrita exaustivamente em uma série de artigos científicos e livros
texto específicos (Roche et al., 1998; Wiltbank et al., 2002; Senger, 2003; Martinez et al., 2004;
Moore & Thatcher, 2006). O objetivo do presente trabalho é prover o embasamento teórico
necessário sobre o controle endócrino do funcionamento ovariano para que sua manipulação
farmacológica possa ser efetuada de forma racional.
O controle endócrino do ciclo estral bovino
Durante um ciclo estral, ocorrem normalmente duas ou três ondas de crescimento folicular
consecutivas, sendo apenas a última onda ovulatória. O folículo ovulado passa por mudanças
funcionais e estruturais para dar origem ao corpo lúteo (CL). O CL desenvolve-se rapidamente,
secretando quantidades crescentes de progesterona (P
4
). Por volta do dia 18, o processo de
luteólise causa a regressão do CL e a conseqüente queda das concentrações plasmáticas de P
4
.
Cada onda de crescimento folicular é caracterizada pelas fases de recrutamento, seleção e
dominância. O folículo dominante (FD) de uma onda tem dois destinos possíveis. Na presença
de P
4
 o FD entra em regressão ou atresia. Após a luteólise, o FD escapa à atresia e ovula. Se não
houver fertilização do ovócito ovulado, o ciclo se repetirá.
Binelli M., Ibiapina B.T. & Bisinotto R.S. 2006. Bases fisiológicas, farmacológicas e endócrinas dos tratamentos de
sincronização do crescimento folicular e da ovulação. Acta Scientiae Veterinariae. 34 (Supl 1): 1-7.
Acta Scientiae Veterinariae 34(Suplemento 1): 2006
s2
Em uma determinada onda, cada fase de crescimento folicular é controlada por mecanismos
específicos. O início de uma onda de crescimento folicular depende do término da onda que a
precedeu. Com a atresia ou ovulação do FD anterior, diminuem as concentrações plasmáticas de
inibina e estradiol-17β (E
2
). Tais hormônios são inibitórios e sua diminuição resulta na liberação
de um pico de FSH pela hipófise anterior e no recrutamento de uma nova onda (Adams et al.,
1992b). O recrutamento consiste do crescimento concomitante de um grupo de folículos em
resposta ao FSH. Conforme os folículos vão crescendo, aumenta sua capacidade de produção de
E
2
 e inibina, que suprimem paulatinamente a liberação de FSH (Gibbons et al., 1997). As
concentrações decrescentes de FSH limitam o crescimento folicular e a maioria dos folículos
recrutados entra em atresia. A seleção folicular é o ajuste do número de folículos recrutados para
o número de folículos ovulados normalmente, em um ciclo estral, por uma determinada espécie,
ou seja, um no caso dos bovinos. Assim, dentre os folículos recrutados em cada onda, apenas
um é selecionado por conseguir continuar a crescer sob concentrações limitantes de FSH.
Ultrasonograficamente, pode-se definir a seleção pelo momento do “desvio” folicular, que é o
momento no qual o folículo selecionado passa a ter uma taxa de crescimento (i.e., aumento
diário de diâmetro) maior que os outros folículos recrutados na mesma onda (Ginther et al.,
2001). Os mecanismos de seleção são controversos, mas provavelmente o folículo selecionado
apresenta mais precocemente a capacidade de responder ao estímulo provido por uma outra
gonadotrofina hipofisária, o LH (Driancourt, 2001; Sartori et al., 2001). Em resposta ao LH o
folículo selecionado continua a crescer e sua capacidade de produzir E
2
 e inibina aumenta. Tal
fato leva as concentrações de FSH ao nadir e o folículo selecionado se torna dominante (Ginther,
et al., 1999). A dominância é definida como a capacidade de um folículo inibir o crescimento
dos demais. A taxa de crescimento do FD é maior quanto maior for a freqüência de pulsos de
LH, sendo esta controlada diretamente pelo neurohormônio hipotalâmico GnRH (Karsh et al.,
1997). Ocorre que a freqüência de pulsos de GnRH e, conseqüentemente, de LH é inversamente
proporcional às concentrações de P
4
 circulante (Adams et al., 1992a). Durante a fase luteínica
do ciclo estral a freqüência de pulsos de LH é insuficiente para estimular a diferenciação final e
ovulação do FD. Ao entrar em atresia o FD perde a dominância e ocorre recrutamento de uma
nova onda, como mencionado acima. Alternativamente, na fase folicular do ciclo, com a ausência
de P
4
 ocorre aumento na freqüência de pulsos de LH que estimula a liberação de quantidades
crescentes de E
2
 pelo FD. O E
2
 induz mudanças de comportamento associadas ao estro e induz
a liberação de um pico pré-ovulatório de GnRH, seguido por um pico de liberação de LH que
causa a ovulação do FD.
Manipulações do ciclo estral bovino
O entendimento da fisiologia do ciclo estral bovino possibilitou que o mesmo fosse
manipulado de forma a aumentar-se a eficiência reprodutiva em operações pecuárias. Entende-
se por manipulação do ciclo estral a interferência humana visando alterar sua duração. Tal alteração
se dá pela interferência na seqüência cronológica natural das ondas dentro de um ciclo e das
fases dentro de cada onda de crescimento folicular. Exemplos de finalidades práticas das
manipulações são: sincronização de ovulações para inseminação artificial em tempo fixo (Baruselli
et al., 2004a) ou transferência de embriões em tempo fixo (Bó et al., 2002), superovulação de
doadoras (Bó et al., 2006), controle da progesteronemia (Marques et al., 2002) e controle da
luteólise (Binelli et al., 2001; Machado et al., 2006; Bisinotto et al., 2006; Ibiapina et al., 2006).
Para as manipulações do ciclo estral bovino são comumente utilizadas estratégias farmacológicas.
Tais estratégias consistem em protocolos de tratamentos hormonais, aplicados em uma seqüência
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s3
pré-definida, visando um ou mais efeitos específicos, como por exemplo, controlar o recrutamento,
a seleção, a ovulação ou a atresia folicular.
Controle do recrutamento folicular
O recrutamento de uma nova onda depende do término da onda anterior, ou seja, da
eliminação dos efeitos supressivos causados por folículos em estádios mais adiantados de
crescimento folicular.A eliminação de tais folículos pode ser alcançada de diferentes maneiras,
e sua eficiência depende da fase da onda de crescimento folicular (Twagiramungu et al., 1995;
Martinez et al., 1999). Em qualquer onda de crescimento folicular, após a seleção os FD ganham
capacidade de responder ao LH e ovular. Após a ovulação, segue a liberação de um pulso de
FSH que leva ao recrutamento de uma nova onda um dia após (Adams et al., 1992b). Dessa
forma, tratamentos com GnRH (Twagiramungu et al., 1995), LH (Martinez et al., 1999; Goissis
et al., 2004) ou hCG (Diaz et al., 1998) causam a ovulação e o recrutamento de novos folículos.
A eficiência ovulatória de tratamentos com GnRH e LH variou, dependendo se a aplicação foi
realizada dia 3, 6 ou 9 do ciclo estral (Martinez et al., 1999). Na ausência de ovulação, o
recrutamento da nova onda ocorreu espontaneamente conforme esperado.
Em contraste ao GnRH ou LH, o efeito dos estrógenos é independente do estádio do ciclo
estral ou da onda de desenvolvimento folicular (revisado por Bó et al., 1995). A aplicação de
estrógenos causa, inicialmente, uma supressão na secreção tanto de FSH quanto de LH (Martinez
et al., 2003), levando à atresia dos folículos. Segue a liberação de um pico de FSH e,
conseqüentemente, o recrutamento de uma nova onda. O intervalo entre a aplicação do estrógeno
e o recrutamento da nova onda depende da dose administrada e da natureza do estrógeno, sendo
maior para doses maiores e para valerato de estradiol, benzoato de estradiol e E
2
, nessa ordem
(Martinez et al., 2005).
O controle do recrutamento folicular é utilizado em um grande número de protocolos visando
IATF (Baruselli et al., 2004; Vasconcelos et al., 2004; Moore & Thatcher, 2006), TETF (Bó et
al., 2002; 2006) e o retardamento da luteólise (Binelli et al., 2001; 2005; Machado et al., 2006).
Controle da seleção folicular
Objetiva-se com o controle da seleção folicular aumentar o número de folículos a continuar
o crescimento e, potencialmente, a ovular em uma mesma onda. Para tanto, é necessário que se
supra ao animal algum composto com atividade folículo-estimulante, uma vez que as
concentrações endógenas de FSH tornam-se limitantes entre o recrutamento e a seleção de folículos
em uma determinada onda (Adams et al., 1993; Adams, 1994). Dessa forma, protocolos
comumente utilizados para interferir com o mecanismo de seleção folicular e levar ao
desenvolvimento múltiplo de folículos contém aplicações estratégicas de eCG e FSH (Boland et
al., 1978; Donaldson, 1989; Wilson et al., 1993; Barros & Nogueira, 2001; Seneda et al., 2005).
O interesse prático no controle da seleção é, principalmente, na superestimulação ovariana visando
a obtenção de múltiplas ovulações de doadoras de embriões. Mais recentemente, aumentou o
interesse em também superestimular o desenvolvimento folicular em receptoras, objetivando a
produção de múltiplos CLs e conseqüente aumento na progesteronemia (Binelli et al., 2001).
Concentrações mais elevadas de P
4
 estão associadas a maiores taxas de concepção em receptoras
de embrião (Mann et al., 1999; Marques et al., 2002). Para a efetiva superestimulação, é necessário
que a atividade folículo-estimulante seja provida em fase adequada da onda de crescimento
folicular, idealmente a partir do seu recrutamento (Bó et al., 2003). Assim, os protocolos de
superestimulação mais modernos incluem tratamentos visando controlar o recrutamento folicular,
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utilizando estratégias similares às descritas acima (Nogueira & Barros, 2003; Baruselli et al.,
2006).
Controle da ovulação de folículos
Para que ocorra a ovulação é necessário que um FD (i.e., pós-seleção e pré-atresia) seja
exposto a um pico de LH. Pode-se programar a presença de um FD com capacidade ovulatória
programando-se anteriormente o recrutamento da onda de crescimento folicular pelos métodos
descritos acima. Na ausência de P
4
 a ovulação ocorrerá espontaneamente. Assim, formas de se
programar a ovulação incluem a indução farmacológica da luteólise utilizando-se prostaglandina-
F2α ou seus análogos sintéticos (PGF) ou a remoção de um dispositivo contendo P
4
 ou
progestágenos, como o norgestomet, em animais previamente tratados com PGF. Para se controlar
mais precisamente o momento da ovulação, é comum utilizar-se em protocolos de IATF e TETF
algum agente indutor da ovulação. Para esse fim, comumente utilizam-se estrógenos (Lammoglia
et al., 1998), GnRH (Pursley et al., 1995) ou LH (Brogliatti et al., 1998). Binelli e colaboradores
(2001) propuseram uma série de estratégias visando diminuir a mortalidade embrionária associada
às falhas no processo de reconhecimento materno da gestação em bovinos. Tais estratégias
incluem o aumento da progesteronemia em animais previamente inseminados. Um aumento nas
concentrações plasmáticas de P
4
 pode ser alcançado pela ovulação do FD da primeira onda de
crescimento folicular e conseqüente formação de um CL acessório (Schmitt et al., 1996). De
fato, maiores taxas de prenhez foram reportadas em animais com CL assessório induzido por
GnRH, LH ou hCG (Santos et al., 2001; 2004; Marques et al., 2002).
Considerações finais
O conhecimento dos fundamentos do controle endócrino do ciclo estral bovino permitiu
que estratégias racionais fossem elaboradas para que fins específicos, como a IATF e a TETF,
fossem alcançados. Com a utilização estratégica de fármacos é possível controlar precisamente,
individualmente e em conjunto, as fases da onda de crescimento folicular. Tal controle facilita o
manejo reprodutivo e aumenta a eficiência de operações pecuárias de produção de leite e carne.
Agradecimentos
FAPESP e CNPq pelo apoio financeiro, Prefeitura do Campus Administrativo de
Pirassununga pela concessão de animais experimentais, pos-docs, estudantes, estagiários e
pesquisadores colaboradores do Laboratório de Fisiologia e Endocrinologia Molecular da
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo pelas contribuições
técnicas e intelectuais, Centro Paulista de Desenvolvimento Farmacotécnico, Bellman e
INTERVET pela concessão de fármacos e materiais experimentais.
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INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO (IATF) EM BOVINOS
José Luiz Moraes Vasconcelos; Mauro Meneghetti; Ricarda Maria dos Santos
DPA – FMVZ – UNESP, Botucatu, SP; vasconcelos@fca.unesp.br
Em todo o mundo existem relatos que indicam baixa taxa de serviço em bovinos,
principalmente devido comprometimento na eficiênciada detecção de estro. Visando otimizar o
manejo, o uso de mão-de-obra e minimizar a observação de cio, foram desenvolvidos protocolos
de sincronização da ovulação, que além de auxiliarem na indução da ciclicidade, permitem a IA,
de todos os animais, em horário pré-determinado (IATF), contornando os desafios da observação
de cio. Um protocolo de sincronização de ovulação deve ser de fácil aplicabilidade, ter alta
probabilidade de sucesso, ser viável economicamente (relação custo/benefício) e ser administrado
num curto período de tempo.
O objetivo desta revisão é apresentar resultados de trabalhos desenvolvidos no Brasil
utilizando IATF, em bovinos de corte e leite.
BOVINOS DE CORTE
Época de parição de novilhas no escore de condição corporal e na resposta a protocolo
de inseminação artificial em tempo fixo
O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da época de parição no escore de condição
corporal (ECC) no início de estação de monta (EM) e na resposta a protocolo de IATF em vacas
primíparas. No experimento 1 foi avaliado o efeito da época do parto na alteração do ECC pré e
pós-parto em 87 novilhas Nelore e em 68 ½ Red Angus x ½ Nelore, que foram inseminadas em
datas diferentes para parir de forma distribuída nos meses de setembro a dezembro. O ECC foi
avaliado mensalmente no pré e pós-parto, de junho a fevereiro. No experimento 2, foram utilizadas
538 primíparas de duas fazendas (60 Nelore e 123 ½ Red Angus x ½ Nelore na fazenda 1 e 355
Nelore na fazenda 2), com 33 a 104 DPP e parto entre setembro e dezembro. As vacas foram
sincronizadas com o protocolo: inserção do dispositivo intravaginal de P4 (CIDR®, Pfizer, novo
ou pré-utilizado por 9 ou 18 dias), e aplicação de estrógeno (2,0 mg de Benzoato de Estradiol,
Estrogin®, Farmavet, i.m.), após sete dias foi aplicado PGF2α (12,5 mg de Dinoprost, Lutalyse®,
Pfizer, i.m.). No dia 9 foi retirado o CIDR®, aplicado 0,5 mg de Cipionato de Estradiol (E.C.P.®,
Pfizer, i.m) e os bezerros foram removidos. Todos os animais foram inseminados 46 a 52 horas
após a retirada do CIDR®. Após a inseminação, os bezerros retornaram com suas mães. Apenas
nos animais da fazenda 2 foi avaliada a taxa de sincronização, por dois exames de ultra-som
(Aloka SSD-500, 5,0 MHz) e determinada de acordo com a presença e ausência de folículo
dominante no momento da IATF e 48 horas após. O diagnóstico de gestação foi feito por ultra-
som 28 dias após a IATF. A análise estatística do experimento 1 foi feita no PROC MIXED e do
experimento 2 no PROC LOGISTIC do SAS. No experimento 1 o mês de parição teve efeito
(p<0,001) na dinâmica do ECC ao longo dos nove meses do período experimental, os animais
com parto nos meses de setembro e outubro apresentaram redução mais acentuada no ECC do
que aqueles com parto em novembro e dezembro. No experimento 2 houve tendência de efeito
do ECC (p=0,07) na sincronização ao protocolo, os animais com melhor ECC tiveram maior
taxa de sincronização. O ECC teve efeito linear (p<0,0001) sobre a taxa de concepção, mostrando
melhora na taxa de concepção proporcional ao aumento no ECC. Não foi observado efeito de
raça ou de fazenda na taxa de concepção. A taxa de concepção das vacas efetivamente sincronizadas
Vasconcelos J.L.M., Meneghetti M. & Santos R.M. 2006. Inseminação artificial em tempo fixo (IATF) em bovinos. Acta
Scientiae Veterinariae. 34 (Supl 1): 9-16.
Acta Scientiae Veterinariae 34(Suplemento 1): 2006
s10
foi de 58,9% (99/168) e não foi verificado efeito de qualquer variável. Estes dados mostram a
importância dos animais apresentarem bom ECC no momento da IATF e para se conseguir isto
não se deve antecipar a parição das novilhas de corte.
Efeito de diferentes estratégias de manejo reprodutivo em vacas de corte paridas
Após o parto, vacas de corte apresentam quadro de balanço energético negativo. Algumas
estratégias de manejo podem ser aplicadas nestas situações, visando à indução de ciclicidade, a
redução da ocorrência de ciclos curtos e o aumento da eficiência reprodutiva. Estas estratégias
também permitem melhor controle da estação de monta, possibilitando as vacas emprenhar em
período mais adequado, permitindo desta maneira, a concentração das parições e melhor
desenvolvimento dos bezerros. O objetivo deste experimento foi comparar diferentes estratégias
de manejo reprodutivo, na porcentagem de vacas gestantes ao final da EM, porcentagem de
vacas gestantes por IA, número de dias para o nascimento dos bezerros e intervalo entre partos.
Foram utilizadas 724 vacas cruzadas (Brangus x Nelore), divididas aleatoriamente em 5
grupos:
G1 (n=143) controle: monta natural (1:25) por 107 dias;
G2 (n=143) observação de cio e inseminação artificial nos primeiros 57 dias, seguida por
repasse de touros (1:25) por mais 50 dias;
G3 (n=145) dispositivo intravaginal de P4 (CIDR®) por 6 dias, remoção de bezerros por 60
horas, observação de cio e inseminação artificial por 57 dias, seguida por repasse de touros
(1:25) por mais 50 dias;
G4 (n=144) remoção de bezerros por 48 horas, seguido de aplicação de GnRH (Fertagyl®,
100mcg, i.m.), e inserção do dispositivo intravaginal de P4 (CIDR®), sendo que após 6,5 dias,
retirou-se o dispositivo e foi aplicado PGF2α (Lutalyse®, 25mg, i.m.), realizando-se nova remoção
de bezerros por 48 horas, seguida por aplicação de GnRH e IATF. Após 7 dias os animais foram
colocados em repasse com touros por 107 dias.
G5 (n=149) recebeu o mesmo protocolo do G4, sendo que após a IATF os animais ficaram
apartados para re-observação de cio e inseminação, entre os dias 17 a 25, entrando em repasse
com touros, por mais 82 dias.
Foi realizado diagnóstico de gestação por exame de ultra-sonografia, utilizando-se o aparelho
modelo Aloka SSD – 500, com transdutor linear de 7,5 MHz, via retal, 30 dias após o início da
estação de monta (G3, G4 e G5) e 30 dias após o final da estação de monta, em todos os grupos.
As variáveis binomiais (porcentagem de vacas gestantes e porcentagem de vacas gestantes por
inseminação artificial) foram analisadas por regressão logística. As variáveis contínuas (dias
médios para nascimento dos bezerros e intervalo entre partos) foram analisadas por análise de
variância.
As estratégias de manejo reprodutivo não influenciaram a porcentagem de vacas gestantes
ao final da estação de monta, G1 = 92,3; G2 = 89,5; G3 = 82,8; G4 = 96,5 e G5 = 91,3%. As taxas
de concepção na IATF nos grupos 4 e 5 foram 47,2 e 51,7%, respectivamente. A porcentagem de
vacas gestantes por IA foi diferente (P<0,01) entre os tratamentos, G1 = 0,0; G2 = 69,5; G3 =
67,5; G4 = 48,9 e G5 = 75,0%. Houve efeito de grupo (P<0,01) no número de dias para o
nascimento dos bezerros (G1 = 38, G2 = 44; G3 = 39; G4 = 30 e G5 = 24 dias) e no intervalo
entre partos (G1 = 400; G2 = 402; G3 = 401; G4 = 382 e G5 = 375 dias). Os resultados mostram
que a IATF permite antecipar nascimento e emprenhar as vacas no início da estação de monta, o
que consequentemente reduz o número de dias para o nascimento dos bezerros e o intervalo
Acta Scientiae Veterinariae 34(Suplemento 1): 2006
s11
entre partos. A associação da IATF e observação do cio de retorno (17 a 25 dias) permite ter mais
bezerros nascidos de IA.
Uso de protocolo de IATF associado a diagnostico precoce de gestação e re-sincronização
como estratégia para maximizar o número de vacas gestantes por IA em estação de monta
reduzida.
O objetivo deste trabalho foi avaliar se a estratégia reprodutiva (IATF no inicio da EM
associado com observação de cio no retorno, diagnóstico precoce de gestação e re-sincronização)
permite maximizar o número de animais gestantes por IA em estação de monta (EM) reduzida
(37 dias) em vacas de corte pós-parto.
Foram utilizadas 316 vacas da raça Nelore e aneloradas com 64 ± 17 dias pós-parto (de 40
a 110 dias) no momento da IATF. Os animais foram mantidos em regime de pastejo extensivo de
Brachiaria decumbens e suplementação mineral. O ECC foi avaliado no momento da IATF,
sendo de 3,06 ± 0,45 (de 2,25 a 3,75), usando a escala de 1 (muito magra) a 5 (muito gorda)proposta por Edmonson, et al. (1989). Todas as vacas foram sincronizadas e inseminadas em
tempo fixo com o mesmo protocolo, no início da EM (dia 0): no dia -11 foi realizada a inserção
de dispositivo intravaginal de P4 (CIDR®, Pfizer Saúde Animal) previamente utilizado por nove
ou dezoito dias juntamente com a aplicação de 2,0mg de Benzoato de Estradiol (2,0mL de
Estrogin®, Farmavet). No dia -4 foi aplicado 12,5mg de dinoprost trometamina, (2,5mL de
Lutalyse®, Pfizer Saúde Animal), dose reduzida testada por Losi et al. (2005), apenas nos animais
que tinham a presença de corpo lúteo. No dia -2, pela manhã, foi removido o dispositivo CIDR®,
aplicado 0,5mg de cipionato de estradiol (0,25mL de ECP®, Pfizer Saúde Animal) e os bezerros
foram separados de suas mães. No dia 0, 48 a 54 horas após a retirada do CIDR®, todos os
animais foram inseminados. Após a inseminação de todos os animais, os bezerros retornaram
com suas mães. Na IATF foi utilizado descongelador eletrônico de sêmen (Fertilize®) para facilitar
o processo sem comprometer o padrão de descongelamento. Os exames de ultra-som foram
realizados com aparelho Aloka SSD- 500 com transdutor linear de 5,0 MHz. A taxa de ciclicidade
foi avaliada por dois exames de ultra-som, nos dias -11 e -4 (US 1 e 2), sendo considerados em
anestro as vacas que não apresentaram corpo lúteo (CL) nas duas avaliações. A taxa de
sincronização foi avaliada pelos exames ultra-som no momento da IATF e 48 horas após esta
(US 3 e 4), considerando sincronizados os animais com presença e ausência de folículo dominante
nos dois exames, respectivamente. A taxa de concepção na IATF foi avaliada por ultra-som (US
5) 28 dias após a IATF. As taxas concepção no retorno em cio e na re-sincronização foram
avaliadas por ultra-som (US 6) 28 dias após o final da EM. Foi realizada detecção de cio apenas
entre os dias 18 e 24 após a IATF, pois devido a sincronização, os animais tendem a retornar em
cio sincronizado, sendo que os animais detectados em cio foram inseminados 12horas após a
detecção. Em todos os animais, exceto os que foram inseminados entre os dias 18 e 24, foi feito
diagnóstico precoce de gestação (US 5) e as vacas vazias foram re-sincronizadas. Todas as vacas
receberam dispositivo intravaginal de P4 (CIDR®) e foram classificadas de acordo com a presença
ou ausência de CL ao exame de ultra-som. Passados seis dias foi retirado o dispositivo e aplicado
2,5mL de Lutalyse® nas vacas com presença de CL ou 200UI de eCG (Folligon®, Intervet) naquelas
que não apresentaram CL. Neste dia os bezerros dessas vacas foram removidos por 72 horas e as
vacas inseminadas 12 horas após detecção de estro. As variáveis, taxa de ovulação e de concepção,
foram analisadas por regressão logística (SAS), sendo incluídas nos modelos as variáveis
ciclicidade, condição corporal, manifestação de estro e pré-utilização do CIDR. Touro e
inseminador foram incluídos no modelo para avaliar taxa de concepção.
Acta Scientiae Veterinariae 34(Suplemento 1): 2006
s12
US = ultra-som
RB = remoção de bezerro
No início da EM, 83,2% (263/316) dos animais estavam em anestro. O protocolo de IATF
utilizado sincronizou 89,0% (234/263) dos animais em anestro e 90,6% (48/53) dos que estavam
ciclando. A taxa de concepção foi maior (P<0,05) nas vacas ciclando (66,0%, 35/53) do que nas
vacas que estavam em anestro (47,5%, 125/263).
A taxa de sincronização ao protocolo não foi influenciada pelo ECC, sendo 88,3% (113/
128) nos animais com menor ECC (d”2,75), 87,4% (83/95) nas vacas com ECC intermediário
(3,00 e 3,25) e 90,3% (84/93) naquelas com maior ECC (e”3,50). Foi observado efeito (P<0,05)
do escore condição corporal na taxa de concepção, sendo 42,1% (53/126) para menor ECC,
55,3% (52/94) nas vacas com ECC intermediário e 59,1% (55/93) para vacas com maior ECC.
Não foi observado efeito do período de pré-utilização do CIDR nas respostas ao protocolo.
As taxas de sincronização foram 88,8% (159/179) e 88,3% (121/137) e as taxas de concepção
foram 50,8% (91/179) e 50,4% (69/137) nos animais que receberam CIDR pré-utilizado por
nove e dezoito dias, respectivamente.
Foi observada alta taxa de manifestação de estro (77,2%) nas 48 horas entre o momento da
retirada do CIDR e a IATF, os animais que mostraram estro tiveram maior (P<0,01) taxa de
sincronização (93,4%; 228/244) do que as que não mostraram estro (72,2%; 52/72). A taxa de
concepção não foi diferente entre os animais que mostraram ou não estro (52,1%; 127/244 vs.
45,8%; 33/72, respectivamente).
Os resultados de sincronização e de concepção ao protocolo de IATF foram de 89,2% e
50,6%, respectivamente. No retorno sincronizado do cio, 18 a 24 dias após a IATF, a taxa de
detecção de estro foi de apenas 36,7% (33/90), e considerou-se apenas as vacas com presença de
CL ao diagnóstico de gestação aos 28 dias, sendo que a taxa de concepção desses animais foi
69,7% (23/33). Na re-sincronização foram inseminados 58,2% (71/122) dos animais tratados e a
taxa de concepção nesses animais foi 63,4% (45/71). Nos animais com presença de CL e que
receberam meia dose de Lutalyse® (2,5ml) a taxa de serviço foi 56,1% (32/57) e a de concepção
foi 71,9% (23/32). Nos animais em anestro, que receberam eCG (200UI Folligon®) a taxa de
serviço foi de 60,0% (39/65) e a de concepção foi 56,4% (22/39). Dessa forma, a taxa de prenhez
cumulativa por IA foi de 69,3%. Verificou-se que o ECC no início da EM foi determinante na
velocidade com que as vacas ficaram gestantes ao longo da estação de monta (Figura 1). A
estratégia utilizada IATF no inicio da EM, observação de cio por 7 dias (entre os dias 18 e 24),
diagnóstico precoce de gestação aos 28 dias e re-sincronização foi eficiente, pois permitiu
emprenhar 69,3% da vacas por IA em EM de 37 dias. Melhores resultados podem ser alcançados
se os animais apresentarem ECC adequado no início da EM.
 
dia 65 
 IATF 
(dia 0) 
7 dias 
dia 37 
 
dia 34 
 
dia 28 
Cio 
+ 
IA 
 3 d. 
dia 24 
 
dia 18 
 
BE 
(dia -11) 
 
28 dias 6 dias. 
RB 
Lutalyse 
(dia -4) 
2 d. 2 d. 24 dias 2 d. 
US 1 
CIDR 
US 2 US 3 US 5 US 4 
E.C.P. 
(dia -2) 
Obs. 
Cio 
CIDR 
US 6 Final EM 
Acta Scientiae Veterinariae 34(Suplemento 1): 2006
s13
Figura 1: Efeito do ECC na taxa de gestação ao longo da estação de monta
Validação de um protocolo de sincronização da ovulação em vacas de corte
Em 2005 foi desenvolvido um protocolo para sincronização de ovulação de vacas de corte
(Meneghetti et al. 2005a). Esse protocolo proporcionou taxa de concepção de 50,6% na IATF e
consistia em: D0 – inserção de um dispositivo intravaginal de P4 (CIDR®, Pfizer) associado à
aplicação de 2 mg de benzoato de estradiol (2 mL, IM, Estrogin®, Farmavet). No D7 administração
de 12,5 mg de dinoprost trometamina (2,5 mL, IM, Lutalyse®, Pfizer). No D9, retirada do CIDR®,
aplicação de 0,5 mg de cipionato de estradiol (0,25 mL, IM, ECP®, Pfizer) e separação dos
bezerros até o término da IATF, que foi realizada 48 horas após a retirada do CIDR®. Esse estudo
teve como objetivo validar o protocolo supracitado. Os dados de 7527 vacas de corte, sincronizadas
com esse protocolo durante a estação de monta 2005/2006, foram analisados por regressão
logística. A taxa de concepção na IATF foi de 48,9% (3681/7527) e foi influenciada (P<0,001)
pelas variáveis: categoria, raça e ECC. A taxa de concepção diferiu entre vacas secas, primíparas
e multíparas, sendo de 39,4% (137/348), 46,3% (937/2022) e 50,5% (2607/5157), respectivamente.
Vacas cruzadas (½ Bos taurus taurus / ½ Bos taurus indicus) apresentaram maior taxa de
concepção quando comparado a vacas Bos taurus taurus e vacas Nelore [62,3% (964/1547),
53,0% (150/283) e 45,1% (2567/5697)]. Vacas com menor ECC mostraram menor taxa de
concepção na IATF [ECC 2,5: 41,9% (687/1638); ECC 2,75: 50,3% (831/1653); ECC 3,0: 49,4%
(1006/2035); ECC 3,25: 49,2% (386/785); ECC 3,5: 54,5% (771/1416)]. O número de vezes
que o dispositivo CIDR® havia sido utilizado anteriormente (0 vs. 1 vs. 2) não afetou a taxa de
concepção na IATF. Esses resultados validam o protocolopara sincronização de ovulação em
vacas de corte e fatores como categoria, raça e ECC devem ser levados em consideração antes de
se implementar um programa de IATF em vacas de corte.
Adição de eCG ou remoção de bezerro no final de protocolo de IATF
A suplementação de LH ao final de protocolos de IATF melhora o desenvolvimento folicular
resultando em incremento nas taxas de sincronização e concepção. Este efeito pode ser obtido
através da aplicação de eCG (Baruselli et al., 2002; Perez et al., 2004) ou com a remoção temporária
dos bezerros (RB) (Meneghetti et al., 2001), porém a adição do eCG não teve efeito aditivo à
remoção de bezerros quando utilizadas em protocolo de IATF a base de estrógeno e dispositivo
intravaginal de P4 (Meneghetti et al., 2005b). O objetivo deste experimento foi comparar o
 
60.6
42.1
50.0
65.9
55.3
76.6
59.1
68.8
79.6
30
40
50
60
70
80
90
IATF (dia 0) Observação de Cio
(18 a 24 dias)
Ressincronização
(37 dias)
 Dias de Estação de Monta
T
ax
a 
d
e 
G
es
ta
çã
o
 (
%
)
ECC =2,75
ECC 3,00 e 3,25
ECC =3,50
Acta Scientiae Veterinariae 34(Suplemento 1): 2006
s14
efeito da aplicação de eCG ou RB ao final de protocolo de IATF à base de P4 e estradiol. Vacas
paridas da raça Nelore (n=559) com escore de condição corporal 3,40 + 0,31 e entre 40 e 90 dias
pós-parto, mantidas em regime de pasto com suplementação mineral, foram sincronizadas com
o mesmo protocolo base: no dia 0 os animais receberam um dispositivo intravaginal de P4 (CIDR®,
1,9 g de P4, Pfizer) novo ou pré-utilizado por 9 ou 18 dias e cipionato de estradiol (1,0 mg, i.m.,
E.C.P. ®, Pfizer). O dispositivo permaneceu nos animais por nove dias e dois dias antes da retirada
(dia 7) foi aplicado PGF2á (12,5 mg de dinoprost trometamina, i.m., Lutalyse®, Pfizer), na retirada
do CIDR® (dia 9) foi feita nova aplicação de cipionato de estradiol (0,5 mg, i.m., E.C.P. ®, Pfizer).
A IATF foi realizada 48 a 54 horas após a retirada do dispositivo. Os animais foram divididos
aleatoriamente em quatro grupos, sendo: Controle; RB: remoção de bezerros entre a retirada do
CIDR® e a IATF; 300 eCG ou 400 eCG: receberam aplicação de 300 ou 400 UI de eCG (i.m.,
Folligon®, Intervet) no momento da retirada do CIDR®, respectivamente. No momento da IATF
e 48 horas após foi realizado exame de ultra-som (Aloka SSD-500, 5,0 MHz) para determinar a
taxa de ovulação. O diagnóstico de gestação foi feito por ultra-som 28 dias após a IATF. A
análise estatística foi feita por regressão logística. Não foi verificado diferença na taxa de
sincronização entre os grupos, sendo 82,3% (107/130) no grupo controle, 86,5% (135/156) no
grupo RB, 80,8% (105/130) no grupo 300 eCG e 83,9% (120/143) no grupo 400 eCG. Foi
verificado efeito de grupo (p=0,10) na taxa de concepção que foi 41,5% (54/130), 51,3% (80/
156), 46,9% (61/130) e 54,5% (78/143) para os grupos controle, RB, 300 eCG e 400 eCG,
respectivamente. Os grupos remoção e 400 eCG foram superiores ao grupo controle enquanto o
grupo 300 eCG foi semelhante aos demais. Estes dados sugerem que no protocolo testado, remoção
de bezerros ou aplicação de eCG devem ser utilizadas pois resultaram em maior taxa de concepção
em vacas paridas da raça Nelore.
BOVINOS DE LEITE
Vacas Mestiças
Efeito da inclusão de eCG em protocolos de IATF na concepção de vacas de leite mestiças
Diferentes tratamentos hormonais visando IATF têm sido utilizados em vacas mestiças
mantidas a pasto. Nas primíparas tem sido indicado o Ovsynch com CIDR e nas multíparas o
HeatSynch com CIDR (Garcia, 2003). O objetivo deste estudo foi determinar se a inclusão de
eCG aos protocolos propostos por Garcia (2003), poderia melhorar a concepção em vacas de
leite mestiças, mantidas em regime de pastejo rotacionado.
Foram utilizadas 121 vacas de leite mestiças, sendo estas primíparas (n = 41), multíparas
sem presença de CL no dia do inicio do protocolo (n = 26) e multíparas com presença de CL (n
= 54), com ECC entre 2,5 e 4,0, em escala de 1 a 5. Todas as primíparas mais as multíparas sem
presença de CL receberam o seguinte protocolo: GnRH (Fertagyl®, 100ìg) mais dispositivo
intravaginal de P4 (CIDR®), após seis dias foi feita a remoção do dispositivo junto com a aplicação
de PGF2á (Lutalyse, 25mg). Após quarenta e oito horas foi realizada nova aplicação de GnRH
(Fertagyl®, 100ìg ), e IATF realizada doze horas após a segunda aplicação de GnRH. As multíparas
ciclando foram submetidas ao protocolo: GnRH (Fertagyl®,100 ìg) e dispositivo intravaginal de
P4 (CIDR®) , seis dias depois remoção do CIDR® junto com a aplicação de PGF2á (Lutalyse®,
25mg). Vinte e quatro horas depois os animais foram tratados com ECP® (1 mg, cipionato de
estradiol, via IM) e 48 horas após aplicação de ECP® as vacas que não apresentaram cio foram
submetidas à IATF. As vacas que apresentaram cio foram inseminadas 12h após a detecção do
cio. Os animais foram divididos aleatoriamente em dois grupos experimentais: G1 (n = 62) 2,0
ml de solução salina ou G2 (n=59) 200 UI de eCG (Folligon®) no momento da retirada do
Acta Scientiae Veterinariae 34(Suplemento 1): 2006
s15
CIDR®. A presença de CL no início do protocolo e o diagnóstico de gestação aos 30 dias após a
IATF foram determinados por ultra-sonografia. A variável taxa de concepção foi avaliada por
regressão logística, sendo incluído no modelo as variáveis eCG, categoria dias pós-parto (<100
dias, entre 100 e 150 dias e com > 150 dias), escore de condição corporal (≤ 2,75, entre 3, 0 a
3,25, ≥ 3,5), protocolo utilizado, touro e inseminador. Das variáveis analisadas apenas tratamento
com eCG e ECC influenciaram a concepção. Nas vacas que receberam eCG (200UI) a taxa de
concepção foi de 40,7% e nas que não receberam eCG foi de 27,4% (P<0,10). Vacas com ECC ≤
2,75 apresentaram concepção de 21,8%, enquanto nas de 3,0 a 3, 25, foi de 37,8% e nas com
ECC ≥ 3, 5, a concepção foi de 40,0% (P=0,102). Estes dados mostram que inclusão de eCG aos
protocolos de IATF pode aumentar a taxa de prenhez. Mais estudos são necessários para determinar
o mecanismo pelo qual a inclusão de eCG aumenta a concepção.
Efeitos da utilização de protocolo de sincronização da ovulação na reprodução de vacas
leiteiras de alta produção
A produção de leite por dia de intervalo entre partos é um importante parâmetro para
avaliar a eficiência de sistemas de produção de leite. O objetivo deste experimento foi avaliar se
o protocolo de sincronização de ovulação HeatSynch associado a dispositivo intravaginal de P4
antecipa a concepção em vacas de leite de alta produção.
Foram utilizadas 208 vacas Holandesas de alta produção (média 37,3 ± 7,0kg/dia) com
117,5 ± 27,9 dias pós-parto e ECC de 2,9 ± 0,3 de 5 fazendas da região de Castro, PR no período
de agosto a outubro de 2004. As vacas foram distribuídas aleatoriamente em dois grupos: G1 -
não recebeu nenhum tratamento e G2 – foi tratado com o seguinte protocolo: CIDR® + GnRH
(Fertagyl®, 100mcg) - 7d – retira o CIDR® + PGF2α (Lutalyse®, 25mg) - 24h - ECP (ECP®, 1mg)
– 48h – IATF. Vacas que apresentaram cio foram inseminadas 12 horas depois. O período de
avaliação foi de 50 dias. A variável dias para a concepção foi analisada pelo GLM e taxa de
concepção por Regressão Logística. Foram incluídas no modelo as variáveis: fazenda, tratamento,
produção de leite, ECC, ordem, dias pós-parto no início do protocolo e interações. Vacas
submetidas ao protocolo de sincronização ficaram gestantes mais rapidamente (P<0,01),
independente da fazenda (3,2 ± 7,7 vs. 17,7 ± 12,4 dias). Vacas submetidas ao protocolo de
sincronização também apresentaram maior concepção (44,0 vs. 33,3%), porém houve interação
com fazenda (faz 01: 57,1 vs. 50,0; faz 02: 45,0 vs. 19,1; faz 03: 44,0 vs. 21,9; faz 04: 44,4 vs.
22,2; e faz 05: 37,5 vs. 50,0%), respectivamente. Estes dados mostram que os protocolos de
sincronização devem ser utilizados para emprenhar as vacas mais rapidamente, porém em algumas
fazendas pode ocorrer redução da concepção, apesar de na média ter ocorrido aumento da
concepção.
Conclusões
A técnicade IATF esta bem consolidada e existem protocolos que permitem aumentar a
porcentagem de vacas gestantes de IA no inicio da estação de monta ou após o período voluntário
de espera, sem a necessidade de observação de cio. Fatores como ECC, qualidade do sêmen e do
inseminador devem ser levados em consideração antes de se implementar um programa de IATF.
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PROTOCOLOS DE TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÕES EM TEMPO FIXO PARA
RECEPTORAS DE EMBRIÕES BOVINOS
G.A. Bó1,2; D. Picinato1,3; L. Peres1,3; L. Cutaia1,2; L.F. Nasser4; P.S. Baruselli4
1 Instituto de Reproducción Animal Córdoba (IRAC), 2 Universidad Católica de Córdoba,
3Universdad Nacional de Córdoba, 4Departamento de Reprodução Animal, FMVZ-USP,
Brazil, gabrielbo@iracbiogen.com.ar
Resumo
Apesar da tecnologia de transferência de embriões vir sendo usada comercialmente há muitos
anos, a ineficiência na detecção de cios, especialmente em gado derivado de Bos indicus, tem
limitado a sua ampla aplicação. Provavelmente a alternativa mais útil para aumentar de modo
significativo o número de animais envolvidos em programas de TE é a aplicação de protocolos
que permitem a TE sem a necessidade de detecção de cio, geralmente chamados de protocolos de
TE em tempo fixo (TETF). A maioria dos protocolos de TETF usados atualmente são baseados
em dispositivos liberadores de progestágenos/ progesterona combinados com estradiol ou GnRH,
que controlam a dinâmica das ondas foliculares e a ovulação. Têm sido relatadas taxas de
concepção paea TETF semelhantes ou maiores do que aquelas observadas após a detecção de
cios espontâneos, mas as taxas de gestação têm melhorado porque esses tratamentos têm
aumentado o número de receptoras que receberam embriões entre aquelas tratadas. Modificações
recentes incorporadas ao tratamento, como a administração de eCG e as mudanças no momento
em que a PGF é aplicada, também têm melhorado as taxas de gestação e oferecem novas idéias
para tornar a execução desses tratamentos mais fácil para os funcionários das fazendas. Finalmente,
outros fatores também devem ser levados em consideração em programas de TE de larga escala
para se alcançar as melhores taxas de gestação possíveis.
Palavras-chave: transferência de embriões em tempo fixo, receptoras, progesterona, estradiol,
eCG
Agradecimentos
Esta pesquisa foi financiada pelo Instituto de Reproducción Animal Córdoba (IRAC),
Argentina e Estancia “El Mangrullo S.A.”. Nós também agradecemos a Syntex S.A., Argentina
pelos hormônios usados nos estudos. Agradecimentos especiais para nossos colegas do IRAC e
da Universidade de São Paulo pela assistência técnica. e-mail: gabrielbo@iracbiogen.com.ar
Introdução
O principal objetivo da implementação de tecnologias de transferência de embriões (ET)
em gado de corte é produzir progresso genético no rebanho. Entre os principais fatores que
afetam o uso amplo dessas tecnologias estão aqueles relacionados à nutrição, manejo e detecção
de cio ineficiente. Provavelmente a alternativa mais útil para aumentar de modo significativo o
número de animais envolvidos em programas de TE é a aplicação de protocolos que permitem a
TE sem a necessidade de detecção de cio, geralmente chamados de protocolos de TE em tempo
fixo (TETF).
Bó G.A., Picinato D., Peres L., Cutaia L., Nasser L.F. & Baruselli P.S. 2006. Protocolos de transferência de embriões em
tempo fixo para receptoras de embriões bovinos. Acta Scientiae Veterinariae. 34 (Supl 1): 17-23.
Acta Scientiae Veterinariae 34(Suplemento 1): 2006
s18
Sincronização de cio e ovulação em receptoras
Um dos tratamentos utilizados para a sincronização de receptoras constitui na administração
de Prostaglandina F2á (PGF) com intervalos de 11 a 14 dias (revisado por Bó et al., 2004a).
Quando todas as receptoras estão ciclando, em torno de 80% deveriam manifestar sinais de cio
até 5 dias após o tratamento. Entretanto, devida à baixa precisão da detecção de cios, em torno de
50% das receptoras tratadas tinham um CL e receberam um embrião 7 dias após o cio (Bó et al.,
2004a). Essa situação foi até pior quando as receptoras usadas forma Bos indicus ou cruzamentos
de Bos indicus sob condições de pastejo, nas quais a taxa de gestação total foi tão baixa quanto
13% e foi causada em grande parte devido ao baixo número de receptoras detectadas em cio
(863/1554; 55,5%) e/ou com CL no momento da transferência dos embriões (449/1554; 28,9%;
Bó et al., 2004a). Essa ineficiência tem grande impacto na viabilidade desses programas em
gado mantido a pasto.
Protocolos Ovsynch
Os protocolos Ovsynch também têm sido usados na sincronização de receptoras que
receberam embriões (revisado por Bó et al., 2002). Em dois estudos utilizando novilhas mestiças
Bos indicus x Bos taurus (Baruselli et al., 2000; Zanenga et al., 2000), a taxa de gestação total foi
maior em receptoras tratadas com o protocolo Ovsynch do que em receptoras tratadas com PGF,
porque mais receptoras receberam embriões com o protocolo Ovsynch. A inclusão de um
dispositivo liberador de progesterona no protocolo Ovsynch também resultou em taxas de gestação
aceitáveis em receptoras. Em um experimento de campo envolvendo 1637 receptoras tratadas
com o protocolo Ovsynch mais um implante SMB na orelha ou um dispositivo CIDR-B e
inovuladas sem detecção de cio, a taxa de gestação total foi de 59,9% (Beal & Hinshaw, 2001).
Dispositivos liberadores de progestágeno/ progesterona e estradiol
Estudos realizados para avaliar diferentes protocolos a base de progestágenos/ progesterona
(P4) têm demonstrado que tratamentos que foram suficientemente longos para permitir a regressão
normal do CL (i.e., ≥14 d), poderiam sincronizar o cio. Entretanto, esses tratamentos foram
associados ao desenvolvimento de folículos dominantes de grande tamanho (persistentes) e à
baixa fertilidade após a IA (revisto por Bó et al., 2004b). Baseados nos resultados de um estudo
anterior, acreditava-se que folículospersistentes não afetavam a qualidade do CL a as taxas de
gestação após a TE (Wehrman et al., 1997). Contudo, as taxas de gestação desse estudo foram
baixas (em torno de 30% em todos os tratamentos) e os resultados de um estudo recente
demonstraram que CLs grandes originados de folículos persistentes resultaram em taxas de
gestação mais baixas do que em receptoras controle ovulando normalmente (Mantovani et al.,
2004).
Tratamentos com estradiol e P4 foram muito utilizados nos últimos anos para TETF (Bó et
al., 2002; Bó et al., 2004b). Em geral, os tratamentos são muito parecidos com aqueles usados
para a IATF, exceto pelo fato de que a PGF é aplicada mais cedo. Dessa forma, as receptoras
recebem um dispositivo liberador de P4 e uma injeção IM de 2 mg de BE no dia 0; a PGF é
aplicada no dia 5 (1 dia após a emergência da onda folicular); os dispositivos de P4 são removidos
Acta Scientiae Veterinariae 34(Suplemento 1): 2006
s19
no dia 8 e 1 mg de BE é aplicado IM no dia 9. O dia 10 é considerado o dia do cio, portanto, os
embriões são transferidos no dia 17 para todas as receptoras com CL. A antecipação da aplicação
de PGF foi devida aos resultados de dois experimentos nos quais a aplicação de PGF mais cedo
aumentou: o diâmetro do folículo dominante (13,2±0,2 mm vs. 11,5±0,2 mm; P<0,05), a
concentração de P4 no plasma no momento da TETF (6,9±0,8 ng/ml vs 5,2±0,6 ng/ml; P=0,08),
a proporção de receptoras selecionadas para a transferência (70,5% vs. 52,7%; P<0,02) e as
taxas totais de gestação (41,1% vs. 21,5%; P<0,004; Moreno, 2006).
Um trabalho subsequente foi idealizado para avaliar se a aplicação de 400 UI de eCG no
dia 5 do protocolo de TETF poderia melhorar as taxas de gestação. Este tratamento foi utilizado
principalmente com receptoras mestiças Bos taurus x Bos indicus (n=312). Apesar da aplicação
de eCG não ter resultado em mais receptoras selecionadas para transferência, ela resultou em um
aumento do diâmetro dos CLs (eCG: 18,5±0,4 mm vs Controle 17,7±0,4 mm; P<0,05) e nas
taxas de concepção (eCG: 76/132; 57,6% vs Controle 53/127; 41,7%; P<0,05). Além disso, a
concentração plasmática de P4 nas receptoras tratadas com eCG que tinham 2 ou 3 CLs (30,2±8,2
ng/mL; n=8) ou somente 1 CL no momento da transferência do embrião (7,5±0,7 ng/mL; n=18)
foi significativamente maior (P<0,01) todo que nas receptoras que não foram tratadas com eCG
(5,7±0,4 ng/mL; n=29; Moreno, 2006).
Apesar dos estudos anteriores terem demonstrado a eficiência desse protocolo, é necessário
que os animais sejam manejados pelo menos 4 vezes durante o tratamento. Por essa razão, estudos
recentes foram idealizados para simplificar o protocolo de tratamentos, reduzindo o número de
injeções ou o número de dias necessários. O primeiro objetivo foi comparar as taxas de gestação
em receptoras tratadas com dispositivos DIB (Syntex SA, Argentina) e 400 UI de eCG (Novormon,
Syntex SA) mais PGF aplicada no dia 5 ou dia 8 (Nasser et al., 2004). Apesar da proporção de
receptoras selecionadas para a transferência (P=0,15) e as taxas de concepção (P=0,23) não
terem diferido, a taxa de gestação total tendeu (P=0,1) a ser maior nas novilhas tratadas com
eCG no dia 5 (71/151, 47,0%) do que naquelas tratadas com eCG no dia 8 (61/150, 40,7%).
Esses resultados foram confirmados em um estudo subsequente no qual o tratamento com eCG
mais PGF no dia 5 resultou em taxas de gestação significativamente maiores do que o tratamento
com eCG mais PGF no dia 8 (eCG dia 5: 132/299; 44,1% vs eCG dia 8: 108/295; 36,6%; P<0,05;
Bó et al., 2004b).
Após o resultado desses experimentos, nós continuamos a explorar a idéia de simplificar
os procedimentos e o próximo trabalho teve como objetivo avaliar se o segundo BE poderia ser
aplicado no momento da remoção do DIB, ao invés de 24 horas depois. Vacas mestiças Zebu,
secas e ciclando (n=478) foram tratadas com um dispositivo DIB e 2 mg de BE IM no dia 0 e 400
UI de eCG IM mais PGF no dia 5. Os dispositivos DIB foram removidos no dia 8 e as vacas
foram divididas de modo aleatório para receber 1 mg de BE IM no momento da remoção do DIB
(BE dia 8) ou 24 horas depois (BE dia 9). As receptoras foram observadas para detecção de cio
do dia 8 ao 11. Todas as receptoras com >1 CL, ou um único CL com uma área >256mm2 (16 mm
de diâmetro), medida por ultrasonografia, receberam embriões a fresco ou descongelados por
TETF no dia 16 (BE dia 8) ou dia 17 (BE dia 9). As variáveis embrião fresco ou congelado,
técnico, estágio embrionário e área de CL não afetaram as taxas de gestação (P>0.1). Todavia, a
qualidade do embrião teve uma tendência (P=0.06) a influenciar as taxas de gestação (Grau 1:
152/253, 60,1%, Grau 2: 32/65, 49,2%, Grau 3: 11/33, 33,3%). O intervalo entre a remoção do
DIB e o cio foi mais curto (P<0.01) nas receptoras do grupo BE dia 8 (26,5±0,6h) do que nas do
grupo BE dia 9 (39,8±0,8h). Apesar disso, as taxas de gestação não foram diferentes (P>0.6)
Acta Scientiae Veterinariae 34(Suplemento 1): 2006
s20
entre receptoras observadas em cio ou não (Tabela 1). A quantidade de receptoras selecionadas
para a transferência não foi diferente (P>0.5) entre os grupos. Por outro lado, as taxas totais de
gestação foram maiores (P<0.05) no grupo BE dia 8 do que no grupo BE dia 9, respectivamente
(Tabela 2). Concluiu-se que o uso do BE no momento da remoção do dispositivo poderia reduzir
o manejo das receptoras necessário ao tratamento.
Em um experimento mais recente nós quisemos confirmar os resultados do trabalho anterior
com relação ao momento do tratamento com BE e também avaliar outras alternativas para
simplificar o protocolo de TETF, antecipando o momento da aplicação de PGF para o dia 0 ao
invés do dia 5 e retardando a aplicação de eCG do dia 5 para o dia 8 (remoção do dispositivo
liberador de progesterona). Isso foi baseado em estudos preliminares nos quais a administração
de PGF no dia 0 aumentou a taxa de crescimento do folículo dominante; por essa razão, as vacas
ovularam um folículo maior comparado com aquelas nas quais a PGF foi aplicada no momento
da remoção do dispositivo de progesterona (Bo et al., 2004c, Cutaia et al., 2004). Esse é um
experimento em andamento no qual nós coletamos dados de 3 repetições (n=712). Todas as
vacas foram tratadas com um dispositivo DIB e 2 mg de BE IM no dia 0 e foram divididas de
forma aleatória em 1 de 6 grupos de tratamento em um esquema fatorial 3 por 2. Os fatores
avaliados foram o momento da administração de PGF e eCG e o momento da administração do
segundo BE (dia 8 ou dia 9, como no experimento anterior). As vacas dos Grupos 1 e 4 receberam
150ìg D(+)cloprostenol (Ciclase, Syntex SA) mais 400 UI de eCG no dia 5. As vacas nos Grupos
2 e 5 receberam 75 ìg D(+)cloprostenol nos dias 0 e 8 mais eCG no dia 5. As vacas nos Grupos
3 e 6 também receberam 75 ìg D(+)cloprostenol nos dias 0 e 8, mas o eCG foi dado no dia 8. Os
dispositivos DIB foram removidos no dia 8 e as receptoras foram novamente subdivididas para
receber 1 mg de BE IM no momento da remoção do DIB (Grupos 1, 2 e 3) ou 24 h depois (dia 9;
Grupos 4, 5 e 6). As receptoras foram observadas para detecção de cio dos dias 8 ao 11. Todas as
receptoras com >1 CL, ou com um único CL com uma área >196mm2 (14 mm de diâmetro)
receberam embriões descongelados por transferência direta no dia 16 (Grupos 1, 2 e 3) ou dia 17
(Grupos 4, 5 e 6). Como no experimento anterior, o intervalo entre a remoção do DIB e o cio foi
mais curto (P<0,05) para as receptoras tratadas com BE no dia 8 (Grupos 1, 2 e 3; 28,1±0,6h) do
que para aquelas tratadas com BE 24 h depois (Grupos 4, 5 e 6; 43,5±0,8h). Novamente, as taxas
de gestação não foram diferentes (P=0.6) entre as receptoras que foram vistas (205/375, 54,7%)
e as que não foram vistas em cio (77/137, 56,2%). Mas ao contrário do experimento anterior, o
número de receptoras selecionadas e de receptoras gestantes foi maior (P<0,05) em vacas tratadas
com BE no dia 8 (Grupos 1, 2 e 3) do que naquelas tratadas com BE 24 h depois (Grupos 4, 5 e
Tabela 1. Taxas de gestação em relação aobservação de cio em receptoras tratadas com 
dispositivos DIB por 8 dias e BE no dia 0, 400 UI de eCG no dia 5 e com 
ovulação induzida com BE no dia 8 ou no dia 9. 
 BE dia 8 BE dia 9 
Em cio (%) 137/241 (56,8%) 117/237 (49,3%) 
Gestantes/ observadas em cio (%) 83/137 (60,6%) 60/117 (51,3%) 
Gestantes/ não observadas em cio (%) 27/43 (62,8%) 25/54 (46,3%) 
Gestantes/ inovuladas (%) 110/180 (61,1%) a 85/171 (49,7%) b 
As taxas de gestação diferem significativamente (ab P<0.05) 
 
Acta Scientiae Veterinariae 34(Suplemento 1): 2006
s21
6; Figura 1). Além disso, o diâmetro do CL também foi maior em vacas tratadas com BE no dia
9 (296,1 mm2, n=300) do que naquelas tratadas com BE no dia 8 (265,5 mm2, n=270, P<0,05).
Figure 1. Taxas de gestação em receptoras tratadas com dispooditivos DIB, BE e eCG e que
tiveram ovulação induzida com BE no dia 8 ou no dia 9. Os embriões foram
transferidos no dia 16 (BE dia 8) ou dia 17 (BE dia 9). ab P<0,05.
A análise de outros fatores como o momento da aplicação de PGF e eCG revelaram até
agora resultados interessantes, nos quais as taxas de gestação totais não foram diferentes entre
vacas tratadas com PGF mais eCG no dia 5 (Controle, 93/244, 38%), PGF nos dias 0 e 8 mais
eCG no dia 5 (89/234, 38,0%) e aquelas que também receberam PGF nos dias 0 e 8, mas o eCG
foi aplicado no dia 8 (100/240; 41,67%).
Fatores que afetam a taxa de gestação com embriões descongelados em programas de
TETF
Nós fizemos recentemente uma análise de regressão logística para avaliar diferentes fatores
(que não o próprio tratamento) que afetam as taxas de gestação em um programa de TETF com
embriões inovulados por transferência direta. Todos os embriões transferidos (n=506) foram
congelados em etileno glicol 1,5 M pelo mesmo veterinário e foram descongelados em água a
30ºC por 30 segundos. As taxas de gestação foram determinadas por ultrasonografia 35 dias
após a TETF. As variáveis analisadas foram estágio embrionário, escore de condição corporal da
receptora, histórico reprodutivo da receptora (receptora vazia após uma TETF anterior ou utilizada
pela primeira vez, sem histórico reprodutivo), área do CL (A: d” 201,06 mm2, B: > 201,06 and
<254,5 mm2 and C: e”254,5 mm2), observação ou não do cio antes da TETF (dias 8 a 11 do
tratamento de sincronização), técnico que executou a TE, local de deposição do embrião (proximal
ao ovário, na curvatura ou na bifurcação do corno uterino) e avaliação subjetiva da técnica (boa,
média ou ruim). As variáveis escore corporal, observação ou não do cio, local de deposição do
embrião, avaliação da técnica e área de CL não afetaram as taxas de gestação. Entretanto, houveram
três variáveis significativas (P<0,05): técnico (A: 133/219, 60,7% vs. B: 148/287, 51,6%); histórico
reprodutivo (vazia numa TETF anterior: 24/66, 36,3% vs. sem histórico: 254/440, 57,7%) e
estágio embrionário (mórula: 93/142, 65,5% vs. blastocisto inicial 115/207, 55,5% vs. blastocisto:
71/157, 45,2%). O efeito do técnico nas taxas de gestação era esperado e confirmou dados
Acta Scientiae Veterinariae 34(Suplemento 1): 2006
s22
anteriores do nosso e de outros laboratórios, mostrando que a habilidade do técnico é crucial
para se alcançar altas taxas de gestação (Bó et al., 2004a). Contudo, a diferença nas taxas de
concepção obtidas em receptoras que ficaram vazias numa TETF anterior e receptoras que não
tinham sido usadas anteriormente levanta questões interessantes quanto à seleção de receptoras.
Apesar de haverem na literatura relatos indicando menores taxas de gestação em receptoras
usadas anteriormente, a redução relatada é em torno de 10% (Looney et al., 2006). Provavelmente
a diferença entre os resultados relatados por outros autores e os nossos é que nós usamos vacas
e não novilhas, como na maioria dos outros trabalhos, e as vacas foram compradas como vacas
vazias de vários fornecedores diferentes; dessa forma, muitas delas podem ter sido vacas sub-
férteis de descarte. Quando as receptoras mais férteis ficaram gestantes após a primeira TETF, a
proporção de vacas sub-férteis pode ter aumentado entre as vacas vazias, o que afetou bastante
as taxas de gestação quando essas receptoras foram reutilizadas. Se esses resultados forem
confirmados por outros autores, as recomendações sobre a reutilização de receptoras (até três
vezes) podem mudar quando forem utilizadas vacas com fertilidade desconhecida ao invés de
vacas com fertilidade conhecida ou novilhas.
Em outro estudo, nós avaliamos o efeito do tempo (segundos) entre o descongelamento e
a deposição do embrião dentro do corno uterino sobre as taxas de gestação. Todos os embriões
(n=800) foram descongelados em água a 30ºC por 30 segundos e transferidos de forma direta. As
transferências foram classificadas em três grupos: Grupo 1: <180 segundos, Grupo 2: entre 181
to 360 segundos e Grupo 3: >361 segundos (entre 361 a 960 segundos). A gestação foi determinada
por ultrasonografia de 28 a 35 dias após a TETF. Nós não conseguimos encontrar diferenças
significativas entre os grupos (Grupo 1: 147/267, 55,0%; Grupo 2: 269/469, 57,0%, Grupo 3:
33/64 51,5%). Esses resultados podem ser interpretados como sugestivos de que não há efeito
significativo do tempo entre o descongelamento e a transferência do embrião (até 16 minutos) na
transferência direta.
Resumo e conclusões
Apesar da tecnologia de transferência de embriões vir sendo usada comercialmente há
muitos anos, a ineficiência na detecção de cios, especialmente em gado derivado de Bos indicus,
tem limitado a sua ampla aplicação e aumentou muito o custo das operações comerciais. A
incorporação de técnicas desenvolvidas para controlar a dinâmica das ondas foliculares e da
ovulação reduz o problema da detecção de cio e propicia a possibilidade de aplicação de programas
de TETF. Têm sido relatadas taxas de concepção para TETF semelhantes ou maiores do que
aquelas observadas após a detecção de cios espontâneos, mas as taxas de gestação têm melhorado,
porque esses tratamentos têm aumentado o número de receptoras que receberam um embrião
entre as tratadas. As modificações mais recentes incorporadas, como o tratamento com eCG e as
mudanças no momento em que a PGF é aplicada também têm aumentado as taxas de gestação e
oferecido idéias interessantes para tornar esses protocolos mais fáceis de ser executados pelos
funcionários das fazendas. Finalmente, outros fatores devem ser levados em consideração em
programas de transferência de embriões de larga escala para se alcançar as melhores taxas de
gestação possíveis.
Acta Scientiae Veterinariae 34(Suplemento 1): 2006
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ASPECTOS PRÁTICOS E PERSPECTIVAS FUTURAS DO MODELO P-36 DE
SUPEROVULAÇÃO EM DOADORAS DA RAÇA NELORE
Marcelo F.G. Nogueira1; Ciro M. Barros2
1Departamento de Ciências Biológicas, Faculdade de Ciências e Letras, UNESP, Av. Dom
Antonio, 2100, CEP 19806-900, Assis, SP, Brasil. marcelo@assis.unesp.br; 2Departamento de
Farmacologia, Instituto de Biociências, UNESP, Botucatu, SP, Brasil
Resumo
Nesta breve retrospectiva, serão descritas as mudanças implementadas durante a transição de um
programa de múltipla ovulação e transferência de embrião (MOTE) baseado em observação de
cio – previamente a IA – para um modelo de MOTE baseado na administração de pLH, como
indutor da ovulação, associado à inseminação artificial em tempo fixo (IATF). De forma adicional,
serão discutidas algumas interações entre o protocolo P-36 e doadora, dose de pLH, fonte de
progesterona e momento da IATF. Finalmente, as perspectivas futuras para a utilização do
protocolo P-36 – na MOTE de doadoras da raça Nelore – serão inferidas baseadas no modelo da
experiência de um rebanho em particular.
Palavras-chave: Superovulação; Transferência de embrião; IA em tempo fixo; Bos indicus; LH;
espécie bovina
Introdução
A múltipla ovulação e transferência de embrião (MOTE) na espécie bovina, recebeu
melhorias e evoluiu em diversos aspectos nas últimas 3 décadas (revisto por Barros & Nogueira,
2001). Nos trabalhos publicados recentemente, um dos aspectos mais pesquisados é a capacidade
do protocolo de superestimulação suportar a inseminação artificial em tempo-fixo (IATF) de
uma maneira similar ao protocolo convencional de produção embrionária (isto é, protocolo
superestimulatório associado à observação de estro previamente à IA; Nogueira et al., 2002;
Barros & Nogueira, 2005; Baruselli et al., 2006; Bó et al., 2006).
Um ponto crítico, para a capacidade do protocolo superestimulatório em suportar a IATF,
é que as ovulações ocorram de forma sincronizada, ou seja, em um curto período de tempo (no
qual ocorreria a maioria das ovulações). Desse modo, diferentes indutores da ovulação (GnRH,
pLH ou hCG) poderiam apresentar variações em sua ação, devido à dose administrada e cinética
do fármaco (Barros & Nogueira, 2005; Baruselli et al., 2006).
De forma adicional e com o intuito de otimizar a fertilização, o momento programado para
a realização da IATF é um ponto crucial para a obtenção da máxima viabilidade de ambos os
gametas (D’Occhio et al., 1997; Nogueira et al., 2002).
A concentração do sêmen utilizado para a IATF, de uma doadora superovulada, deveria ser
cuidadosamente controlado, a fim de evitar doses sub-ótimas e o decréscimo da produção
embrionária. Este aspecto é notório devido às tendências para a diminuição da concentração de
espermatozóides na palheta de sêmen – reflexo do mercado, para a genética de touros Nelore em
evidência – e para a utilização de uma única dose de sêmen na IATF (Baruselli et al., 2006).
Além dos fatores citados acima (tipo e dose do indutor da ovulação, momento da IATF
pós-indução da ovulação e concentração do sêmen na IATF), dois outros fatores deveriam ser
essenciais para a otimização da produção embrionária em um programa de MOTE, isto é, a
Nogueira M.F.G & Barros C.M. 2006. Aspectos práticos e perspectivas futuras do modelo P-36 de superovulação em
doadoras da raça nelore. Acta Scientiae Veterinariae. 34 (Supl 1): 25-29.
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equipe de funcionários que trabalha diretamente com as doadoras e receptoras, e a doadora por si
só (Stroud & Hasler, 2006; Nogueira et al., 2002, respectivamente).
Nesta sucinta revisão, a experiência de uma propriedade em particular – realizando MOTE
em animais Nelore desde 1999 – poderia servir como modelo quando houver a necessidade de
mudanças e de ajustes dos fatores citados acima. Ao menos, poderia ser um modelo alternativo
para outras propriedades que estejam iniciando a MOTE. Neste sentido, o sucesso obtido nesta
propriedade-modelo poderia ser um guia adicional dentre as possibilidades de realizar a MOTE
em bovinos.
Mudança do Protocolo de Inseminação
Em uma determinada propriedade (Fazenda Nova América), foi iniciado um programa de
MOTE baseado na IA após observação (12 e 24 h após a primeira aceitação de monta). Neste
sentido, foi frustrante a baixa taxa de viabilidade observada (49,9%), embora uma aceitável
média (±EPM) de estruturas totais colhidas tenha sido obtida (11,1±1,36). Com isso, foi inferido
que deveríamos estar obtendo uma boa taxa de ovulação porém, uma comprometida fertilização
poderia ser a causa da baixa taxa de viabilidade.
Foi demonstrado que, para a raça Nelore, o comportamento estral é de curta duração e de
ocorrência preferencialmente noturna (Pinheiro et al., 1998). Particularmente, isso implica em
um esforço adicional – pela equipe de trabalho da propriedade – para a eficiente realização da
observação do cio e IA em doadoras Nelore.
Nesse caso, foi implementada a mudança do protocolo de IA baseado na observação do cio
para um outro baseado na IATF (protocolo P-36; Barros & Nogueira, 2001), com o intuito de
melhorar a taxa de viabilidade. Essa decisão foi tomada uma vez que a ovulação induzida por
pLH e a realização da IATF (12 e 24 h após a administração do pLH; protocolo P-36) não foi
prejudicial para a produção embrionária, quando comparada à IA baseada na observação do cio
(Nogueira et al., 2002).
Na mesma propriedade e utilizando o mesmo rebanho base, a mudança da colheita de
embriões baseada na IA convencional (n=40) para a IATF associada ao protocolo P-36 (n=136),
não alterou a média de estruturas totais colhidas (relacionada, principalmente, com a doadora em
si e com a dose administrada de FSH), porém houve uma melhora na média de embriões viáveis
(5,5±0,95a e 9,4±0,63b, respectivamente). Não foi possível confirmar se a causa da baixa taxa de
viabilidade era devido à observação do cio e à programação da IA, ambas de forma sub-ótima,
porém os resultados foram sugestivos. Além disso, a única mudança realizada foi a introdução
da IATF associada ao protocolo P-36 (pLH como indutor da ovulação), uma vez que as partidas
de sêmen utilizadas para a IA ou

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