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Resenha: "Sobre a morte e o morrer" Elisabeth K. Ross

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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTEGRADO
Medicina
CAROLINA DE CASSIA LOPES MARQUES
RESENHA DO LIVRO: “SOBRE A MORTE E O MORRER” ELIZABETHKÜBLER-ROSS
Campo Mourão
2019
Título original: ON DEATH AND DYING - Elisabeth Kluber Ross, 1969 
7º Edição – abril de 1996
Tradução: Paulo Menezes 
Editora Martins Fonte – São Paulo
 
A obra “Sobre a morte e o morrer” de Elisabeth Kübler-Ross traz em seu intimo um compilado de experiências compartilhadas pela autora referentes as suas entrevistas com diversos pacientes em fase terminal.
Os impasses desenvolvidos durante a obra são ministrados no texto de modo que o leitor compreenda como tais situações são vividas e encaradas pelas perspectivas dos diversos atores envolvidos desde pacientes, familiares, equipe médica e estudantes. 
A psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross desenvolve seu livro em doze capítulos. No decorrer dos capítulos, os enfoques temáticos relativos a morte são descritos com o olhar dos profissionais da saúde como os médicos, dos pacientes entrevistados ou até mesmo da própria autora. 
A priori, o 1º e 2º capitulo explicitam como o olhar perante a mortalidade mudou de sentido entre as diferentes etnias com o passar dos anos. A postura ao enfrentar a morte se tornou um tabu que vai além da aceitação individual do enfermo terminal, mas abrange toda a postura da sociedade na qual vê a morte como algo doloroso de imensas perdas.
A partir do 3º até o 7º capitulo a autora relata os estágios que os pacientes passam perante o saber sobre a terminalidade da vida. Esses estágios seriam negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. 
Nos capítulos seguintes a autora explicita a relevância dos pacientes de terem esperança, do apoio familiar durante todo o processo, e a eficiência de um bom dialogo com os pacientes durante suas internações. 
A principio, em sua obra, a autora Elisabeth Kübler-Ross perpassa os diferentes sentidos dados a morte com o passar dos séculos. Logo, fica explicito que se todos pudessem assumir a possibilidade do fim da vida estar chegando, teriam as chances de realizar seus sonhos, ressaltando o que mais importa em suas vidas. Encarar a morte de frente ou aceita-la sem questionar são caminhos dos quais é possível encontrar a tão esperada paz.
Os estágios que os pacientes podem passar são reconhecidos como mecanismos de defesa, de luta, segundo a autora. Tais estágios tem duração variada, não tendo uma ordem logica e podendo acontecer simultaneamente, sendo eles negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. 
A maioria dos doentes ao descobrirem sobre suas situações relutaram com as más noticias. A negação, geralmente, é a primeira fase entre os estágios entre os pacientes. Kübler-Ross da grande ênfase na relevância de se lidar de forma saudável com a dolorosa situação que são obrigada a passar a partir do diagnostico que recebem. O sentimento de negação serve como barreira para noticias ruins e inesperadas. A autora acredita que o paciente precisa ter um tempo exclusivo seu para que se recupere de tais noticias. Fica evidente o quanto a autora Kübler-Ross reitera os pontos positivos de se falar sobre a morte e o morrer mesmo sem se obter um diagnostico terminal. 
É referenciado no livro que a maioria dos pacientes não ficam em negação por muito tempo. Desse modo, as ideias de entrevistas foram recebidas pelos próprios pacientes de uma forma mais aceitável. Os “moribundos” sentiam-se respeitados independente de suas escolhas pessoais de pensamentos sobre o morrer – se eles não aceitavam, ou se ainda tinham esperanças a autora com seu grupo de estudantes estavam determinados a não serem invasivos e nem imprudentes.
Quando a negação se vai, na maioria das vezes, ela é substituída pela raiva. O inconformismo e a revolta tomam contam das emoções dos pacientes. Aos olhares dos pacientes as equipes médicas não tem competência e nem profissionalismo, até mesmo a ponto de deixar os pacientes sem assistência e hospitalizados mais do que o necessário. As enfermeiras, são descritas, como alvo fácil para sofrerem com os intemperes dos pacientes. 
Nesse estágio, as visitas dos familiares são recebidas com pouca expectativa e baixo entusiasmo. Já os parentes sentem pesar, culpa, muitas vezes humilhação e por isso, acabam evitando estar presentes nas visitas futuras, o que gera um aumento de mágoa e raiva dos pacientes. 
É preciso que os cuidadores deem ouvidos aos pacientes, e de certa forma até aguentarem seus momentos de raiva e irracionalidade. Pois, esses momentos servem de válvulas de escape para alivio dos pacientes e uma futura aceitação da proximidade das horas finais. 
O terceiro estágio é conhecido como barganha, nele ocorre uma tentativa de adiamento da morte por intermédio de “boas ações”, porém, acontece em um tempo muito curto. Em suma, a barganha é realizada em segredo entre o paciente e Deus. Quase sempre feita a fim de possuir dias sem dores e males, além de prolongar a vida.
A depressão é descrito pela autora como o 4º estágio, acompanhada dos sentimentos de grandes perdas e tristeza. A aflição de partir faz com que os pacientes tenham sintomas tipicamente depressivos. Se sentir incapaz com a própria doença e a proximidade da morte deixavam os paciente melancólicos e mais reflexivos.
O estágio que permite a conformação é a aceitação. Após invejar os sadios, relutar perante sua doença e explanar suas emoções o paciente, possivelmente, chegará na paz almejada. A autora explica que não se pode confundir aceitação com felicidade. Esse deve ser o momento no qual o paciente sente uma necessidade de não lutar mais contra seu destino, apenas cria-se uma expectativa referente ao inevitável fim próximo.
Durante todo o processo desde o diagnostico até a morte, alguns pacientes lutam até o fim, que se agarram até o último fio de esperança e não chegam ter uma aceitação sobre seu real estado.
Entretanto, segundo a observação da autora a esperança é a única coisa que persiste por todos os estágios que perpassam os indivíduos terminais. Incluindo os pacientes mais realistas e descrentes que por sua vez deixam uma mínima abertura para uma possível cura. 
O que permite aos pacientes passarem por tantos meses de sofrimento é a esperança. É devido a ela que diversas vezes os doentes acreditam que estão apenas vivendo em um pesadelo e logo menos irão acordar e estarem curados ou que um novo tipo de tratamento irá surgir para mudarem seu destino. É por causa desse tipo de pensamento que em momentos de muita dor a esperança lhes serviu de conforto, como se fosse um tipo de compensação para aguentarem mais um pouco daquele sofrimento. 
Geralmente, quando um paciente não tem mais esperança seu fim está próximo. A autora revela que seria de muita ajuda para todos que se conversasse sobre a morte e o morrer como assunto fundamental da vida. Quanto mais se nega a importância de se debater sobre a morte mais nos prejudicamos quando tal situação chega até nós. 
É fundamental levar em consideração a postura familiar do paciente para que a equipe médica consiga ajuda-lo com eficácia. Durante o período de doença, as reações e atitudes dos entes queridos interferem diretamente nas próprias reações dos “moribundos”. 
Embora estar lado a lado do paciente durante essa jornada seja essencial, Elisabeth Kluber Ross afirma que acha cruel exigir que os parentes permaneçam constantemente juntos aos pacientes. Faz-se necessário renovar os ares dos membros da família e dos próprios pacientes. “Recarregar as baterias”, ter um momento de individualidade é preciso para diminuir as mazelas dos tratamentos.
A doença faz com que os pacientes culpem os familiares por tentarem ter uma vida normal, reclamam que seus lares se adaptam e se transformam perante o estar doente. As mudanças acontecem não somente com o doente, mas também muda todos que estão a sua volta e convivem com eles. Sendo assim, quando se tem um familiar em fase terminal é preciso encontrar um meio termo entre ficar ao seulado todas as horas do dia ou abandona-lo definitivamente. É importante mostrar-se fiel ao doente, porém, também é relevante dar um espaço para que ele e o parente possam refletir e viver na medida do possível. 
Os familiares são tão importantes que muitas vezes são eles que recebem as noticias graves, em sua maioria marido ou esposa que são alertados. Cabe a eles decidirem se vão contar ao cônjuge sobre a doença, o melhor momento para tal e se irão compartilhar com o restante da família. Assim, Elisabeth Kübler-Ross informa que guardar segredos só protelam o sofrimento irrevogável, criando barreiras artificiais entre si.
Quando o momento do óbito chega os familiares preferem ficar sozinhos longe dos ambientes hospitalares para extravasarem suas dores. Os primeiros dias, normalmente são preenchidos com muito trabalho, arrumações e visitas de cortesia após os funerais. Logo, existem parentes que ficam ruminando a morte dos entes queridos, fantasiando a presença deles mesmo após a morte. Dão inicio a um isolamento dos vivos, tornando tudo mais difícil para encarar a realidade da morte.
As crianças possuem um olhar diferente sobre a morte, suas ações pos morte intrigam a autora. Crianças de até 5 anos veem a morte como algo temporário, como se existisse um renascer. Após essa idade, a morte é vista como uma pessoa que vem em busca de outras. Por volta dos 10 anos, já amadurecidas, veem como fator biológico, consequência da vida. Cada criança reage de uma forma, dependendo de quem perderam e da época que estão vivendo. 
Os adolescentes já estão passando naturalmente por um período difícil. A escritora afirma que a perda de um ente querido como um dos pais se torna uma situação insuportável para um adolescente lidar. Por isso, os reesposáveis devem dar para eles a chance de se expressar, seja com a raiva, frustração ou qualquer outra forma de colocar seus sentimentos para fora.
Já quase no fim do seu livro, Elisabeth Kübler-Ross, descreve que em suas entrevistas notou que importância de deixar os parentes se expressarem, que participem das fases do luto. Seja seus sentimentos voltados para a equipe médica, para o falecido ou até mesmo contra si, se forem bem auxiliados conseguiram superar essa fase tão dolorosa. Caso contrário, seremos altamente culpados pelos futuros pesares que eles possam sofrer.
As entrevistas realizadas pela psiquiatra dão base para as ideias presentes na obra. Todos os pacientes foram entrevistados todas as vezes que se foi recomendado ate suas respectivas mortes. Alguns pacientes tiveram alta e morreram por lá, outros foram hospitalizados novamente e voltaram a serem entrevistados.
No começo dos seminários, a equipe hospitalar demonstrou relutância, às vezes até foram hostis com os estudantes. Era quase impossível de conseguir de fato pacientes para as entrevistas a principio. Quanto maior a experiência do médico responsável menor era sua vontade de auxiliar no projeto. Aproximadamente nove entre dez médicos reagiram com má vontade ao serem solicitados para disponibilizar pacientes. Alguns se zangavam quando seus pacientes queriam conversar com a psiquiatra. A situação foi mudando com o tempo e aos poucos os próprios médicos começaram a pedir que os estudantes fossem dialogar com os doentes.
Os alunos não sabiam como seria o curso, e tiveram que esperar para saber como era. Já os pacientes diferentemente da equipe médica foram favoráveis e positivos com as visitas. Logo, tinham muito o que ensinar a todos, entre elas a hora em que eles tiravam suas mascaras - encaravam a realidade – e transmitiam seus anseios e cuidavam de assuntos vitais enquanto havia tempo.
Devido aos mecanismos de defesa, é possível saber como os pacientes reagirão em momentos de crise. Em geral, doentes com menos instruções e elevação social tinham menor dificuldade em lidar com a morte eminente do que pessoas que possuíam mais bens físicos e um maior meio de relações interpessoais. Era subentendido que pessoas menos abastadas conseguiam partir com mais dignidade que as demais, aceitavam com maior tranquilidade a paz eterna. Ademais, as interferências externas impossibilitavam que os “moribundos” conseguissem aceitar tal destino.
O capitulo final ressalta as necessidades especiais que os pacientes terminais precisam ter. É preciso sentar, ouvir e descobrir quais necessidades são essas, que variam de paciente para paciente. Contudo, o que é considerado realmente precioso em todo o processo é a disponibilidade oferecida aos doentes, é dar a oportunidade de serem ouvidos. 
É admirável como uma sessão de conversas podem aliviar as pressões envolvidas com o paciente terminal. Em suma, uma simples pergunta sincera e franca já auxiliariam em muito para aliviar as necessidades dos doentes. Uma pessoa compreensiva bastaria para ajudar a ouvir e compreender.
Há um momento na vida dos pacientes terminais que toda sua dor cessa, que a mente esvazia, sua alimentação diminui e a consciência entra num espaço obscuro e desaparece. É quando os familiares passam impacientes pelos corredores dos hospitais, atormentados e incapazes de saber com a nova problemática. As intervenções médicas já não possuem os mesmos efeitos. É o momento mais difícil para os entes mais próximos, eles desejam que tudo acabe logo ou se apegam ao máximo a esperança que lhe restam. É o momento de se fazer a terapia do silêncio com o paciente, e de se disponibilizar com os parentes.
Os que tiverem ao seu favor a força e amor para ficar ao lado dos pacientes “moribundos” , com o silencio que vai além das palavras, terão o privilegio de saber que o final não é tão assustador ou doloroso como se imagina, mas, sim o fim das funcionalidades do corpo humano. A autora Elisabeth Kübler-Ross completa dizendo que observar a morte em paz de alguém a faz lembrar uma estrela cadente. É uma estrela entre milhões de luzes que existem no céu, que brilha ainda que por um breve momento para enfim desaparecer para eternidade em uma noite sem fim.
De acordo com Kübler-Ross ser terapeuta de um paciente que agoniza é ser lembrada constantemente da singularidade de cada individuo em um planeta tão grande. É a percepção da finitude da vida, do nosso limite de tempo nesse mundo. Elisabeth Kübler-Ross fecha seu livro reafirmando que poucas pessoas vivem acima dos 70 anos, e ainda assim com pouco tempo de vida conseguem fazer de suas vidas uma trajetória única, cada um da sua maneira e com maestria. 
	A obra “Sobre a morte e o morrer” de Elisabeth Kübler-Ross, me marcou muito como estudante. Os filmes apresentados durante as aulas, a leitura para a realização dessa resenha, e as anamneses feitas na Santa Casa nesse semestre contribuíram para um grande aprendizado sobre as adversidades da vida, e os tortuosos caminhos que ela pode ter.
	Como futuros profissionais da saúde é nos ensinado como proceder perante doenças tão graves, e nem sempre damos o devido valor aos enfermos e sim apenas para as enfermidades. Lendo essas entrevistas e os argumentos utilizados por Kübler-Ross ficou evidente na minha concepção a relevância de dar atenção aos pacientes durante todo o processo de tratamento. A importância de empatia ao se deparar com o adoecimento alheio é muito significante, tanto para o paciente quanto para quem irá conviver com ele.
	Nesse sentido, no decorrer das entrevistas, conseguir encaixar os conceitos aprendidos nas aulas foi fundamental para ampliar meu embasamento sobre o assunto. Quando Kübler-Ross em seus diálogos transfere fidedignamente as palavras utilizadas pelos pacientes nas entrevistas, e como foram suas trajetórias, conseguimos perceber o quão imprescindível é quando eles se libertam de suas máscaras. Quando demonstram seus reais sentimentos, sejam eles de inveja aos sadios, de raiva, de tristeza ou até mesmo de esperança é quando seus verdadeiros selfs se manifestam.
	Entre as entrevistas concedidas a autora, ficou claro que o olhar sobre a morte e o morrer é variável de pessoa para pessoa. Existem pessoas que vão passar por todos os estágios referidosno livro e deixaram esse mundo em paz. Porém, existem também indivíduos que não saíram do primeiro estágio – negação – e vão passar todo o período terminal resistente e procrastinando ações que lhe fariam atingir a tão paz almejada.
O seminário de Kübler-Ross somente conseguiu ter sequência devido a sua própria insistência para que continuasse com as entrevistas. Os colaboradores da equipe médica foram extremamente relutantes com tais ideias, não queriam dar a chance dos pacientes de serem ouvidos, acreditavam que não fosse necessário sentar, ouvir e conversar. Com o tempo, as percepções das equipes médicas mudaram radicalmente, até que por fim os próprios profissionais entenderam os benefícios dos seminários, e voltaram atrás em suas posturas iniciais. Isso no livro é descrito de forma impecável e genial, mostrando que nem os mais estudados (médicos) possuem uma verdade inquestionável e infalível, demonstrando que mudanças são extremamente válidas.
	A dedicação que a escritora ofereceu aos familiares também me chamou muita atenção, pois, são eles que sofrem lado a lado dos seus respectivos entes queridos. As atitudes dos familiares referentes a morte e o morrer influenciam de forma direta e incisiva nos pacientes, tanto para um melhor tratamento ou a recusa total do mesmo. Esse tempo destinado aos familiares foi fundamental para demonstrar que eles também sofrem, choram se entristecem e enfrentam as dores e mazelas junto com os enfermos. O luto que virá faz parte dos processos a serem enfrentados pelos membros da família. O fato da escritora relatar como isso ocorre em cada faixa etária nos permite compreender melhor como cada um lida com as dores em um momento tão difícil.
	Assim sendo, a ideia de renascer que as crianças possuem me fez refletir os motivos que nos levam a perder tal perspectiva que ao mesmo é inocente e despretensiosa, também é carregada de significados e amor. O ciclo da vida é inevitável, vamos nascer – crescer – e por fim morrer. Se a morte fosse encarada como algo irremediável desde a infância, provavelmente, o morrer seria bem menos penoso, seria um sopro no meio da ventania que é a vida.
	Outrossim, o fator esperança me despertou muita curiosidade sobre como apesar dos claros diagnósticos de doença terminal, ainda assim os pacientes carregavam a esperança consigo nos leitos hospitalares para que uma cura milagrosa acontecesse. Isso evidencia que até a morte dar sinal de existência, vivemos como se não fossemos morrer. Logo, deixamos de lado coisas ou pessoas, que nos preenchem de amor e afeto, para dar mais atenção a bens que não nos ajudarão quando nosso fim estiver próximo.
	 Indubitavelmente a leitura da obra me surpreendeu de forma muito positiva. Somando minhas experiências pessoais, não somente como estudante de medicina, mas também em conjunto com as demais esferas da minha vida. Consegui renovar meu olhar sobre a morte e o morrer, principalmente, após o último filme que nos foi passado “Para sempre Alice”. A cada semana de leitura, aos poucos reforcei meu conhecimento acompanhando os diálogos que Elisabeth Kübler-Ross fez aos “moribundos” que me ensinaram tanto em tão poucas palavras.
	Dessa maneira, creio que cada aluno terá uma interpretação única desta leitura. Almejo que todos consigam ter uma experiência parecida com a minha e que levem o livro com carinho assim como eu levarei.

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