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Farmacodinâmica Alvos farmacológicos Tipos de receptores 1. Canais iônicos ativados por ligantes São encontrados na membrana celular. Exemplos: receptor nicotínico de acetilcolina ou de Cysloop; receptores GABAA e glicina; receptor 5- hidroxitriptamina tipo 3; receptores ionotrópicos de glutamato; receptores purinérgicos P2X; canais iônicos dependentes de ligantes intracelulares – designadamente o inositol trifosfato (IP3) e os receptores de rianodina que liberam Ca2+ das reservas intracelulares. Estrutura molecular: Receptor nicotínico: estrutura pentamérica de diferentes subunidades (α, β, γ e δ) e cada uma delas contém quatro α-hélices que atravessam a membrana. A estrutura pentamérica (α2, β, γ, δ) contém dois pontos de ligação para a acetilcolina, cada um na interface entre uma das duas subunidades α e sua vizinha. A ligação de uma molécula agonista aumenta a afinidade de ligação no outro local (cooperação positiva), e ambos os locais têm de ser ocupados para que o receptor seja ativado e o canal abrir. Cada subunidade atravessa a membrana quatro vezes circundando um poro central. Uma das hélices transmembrana (M2) de cada uma das cinco subunidades forma o revestimento do canal iônico. As cinco hélices M2 que formam o poro são deformadas para dentro, a meio caminho da espessura da membrana, formando uma constrição. Quando as moléculas de acetilcolina se ligam, ocorre uma alteração conformacional na parte extracelular do receptor que torce as subunidades α, fazendo com que os segmentos M2 abaulados se afastem uns dos outros, promovendo, assim, a abertura do canal. A borda do canal contém uma série de resíduos aniônicos, o que torna o canal seletivamente permeável a cátions (inicialmente, NA+ e K +, embora alguns tipos de receptores nicotínicos também sejam permeáveis ao Ca2+). Uma mutação na hélice M2 é capaz de modificar o canal, passando de permeável para cátions para permeável para ânions. Receptor do glutamato: são tetraméricos e o poro é constituído a partir de alças, em vez de hélices transmembranares. Contém até 4 locais de ligação. Receptor P2X: são triméricos e cada subunidade tem apenas dois domínios transmembranares. Contém 3 locais de ligação, mas já são abertos quando 2 moléculas agonistas se ligam. Farmacologia ^ A velocidade de resposta é abrupta na faixa de milissegundos significando que o acoplamento entre o receptor e o canal iônico é direto e não há etapas bioquímicas intermediárias envolvidas no processo de transdução. 2. Receptores acoplados a proteína G Exemplos: AChR muscarínicos, adrenorreceptores, receptores de dopamina, receptores 5-HT (serotonina), receptores para muitos peptídios, receptores de purinas, quimiorreceptores do olfato. Possui resposta lenta. Alguns neurotransmissores, exceto os peptídeos, podem interagir tanto com os GPCR quanto com os canais ativados por ligantes, permitindo que a mesma molécula produza efeitos rápidos, mas também lentos. Já os neurotransmissores peptídeos, geralmente agem sobre os GPCR ou sobre os receptores ligados a quinases, raramente sobre ambos. Estrutura molecular: todos apresentam uma única cadeia de polipeptídios em uma estrutura hepta-helicoidal de 7 α-hélices transmembranares, com um domínio N- terminal extracelular de comprimento variável e um domínio C-terminal intracelular. Divididos em 3 classes (A, B e C) se diferindo diferem no comprimento do N-terminal extracelular e na localização do domínio de ligação do agonista. → Classe A – família da rodopsina: receptores para monoaminas, neuropeptídios e quimiocinas. → Classe B: receptores para alguns outros peptídios, como calcitonina e glucagon. → Classe C: receptores metabotrópicos para glutamato e GABA e os receptores sensíveis ao Ca2+. Alguns receptores acoplados a proteína G podem ser ativados por uma proteinase (PAR) como a trombina que removem a extremidade da cauda N-terminal extracelular do receptor para expor cinco ou seis resíduos N-terminais que se ligam aos domínios do receptor nas alças extracelulares. Só pode ser ativada uma vez. Proteína G: foram assim denominadas devido a sua interação com os nucleotídeos guanina, GTP e GDP. Se classificam em 3 subunidades: α, β e γ. Os nucleotídeos guanina ligam-se à subunidade α, que tem atividade enzimática (GTPase), catalisando a conversão do GTP a GDP. As subunidades β e γ permanecem unidas na forma de um complexo βγ. A subunidade “γ” está ligada à membrana através de uma cadeia de ácidos graxos acoplada à proteína G por meio de uma reação conhecida como prenilação. No estado de “repouso”, a proteína G permanece como um trímero αβγ que pode, ou não, ser previamente acoplado ao receptor, com o GDP a ocupar o local na subunidade α. Quando um GPCR é ativado por um agonista, isso induz pequenas alterações nos resíduos ao redor do sítio de ligação que se traduzem em rearranjos maiores das regiões intracelulares do receptor, que abrem uma cavidade no lado intracelular do receptor ao qual a proteína G pode se ligar, resultando em uma interação de alta afinidade das subunidades αβγ e do receptor. Essa interação ocorre dentro de 50 ms, causando a dissociação do GDP ligado e sua substituição por GTP (permuta GDP-GTP), o que, por sua vez, leva à dissociação do trímero da proteína G, liberando α-GTP das subunidades βγ, interagindo com uma proteína-alvo que pode ser uma enzima, como adenilato ciclase ou fosfolipase C. O complexo βγ também ativa uma proteína- alvo que pode ser um canal iônico ou uma quinase. A atividade GTPase da subunidade α aumenta quando a proteína- alvo é ligada, resultando em hidrólise do GTP ligado para GDP. O α-GDP resultante, então, se dissocia do efetor e se religa com βγ, completando o ciclo. A ativação da proteína G amplifica o sinal, pois um único complexo agonista-receptor pode ativar várias proteínas G que, por sua vez, pode permanecer associada à sua enzima efetora por tempo suficiente para produzir muitas moléculas do mensageiro secundário. Existem 4 tipos de proteínas G de importância farmacológica, se diferenciando nas subunidades α que contêm, mostrando seletividade aos receptores e efetores: Gs, Gi, Go e Gq. Alvo das prot. G → Adenilato ciclase, uma enzima responsável pela formação de cAMP a partir do ATP. O AMP cíclico ativa proteinoquinase A (PKA) responsável pela fosforilação proteica. Os receptores ligados à Gi, mais do que à Gs inibem a adenilato ciclase e, assim, reduzem a formação de cAMP. → Fosfolipase C, enzima responsável pela formação de fosfato de Inositol (1,4,5) trifosfato (IP3) e diacilglicerol (DAG) a partir do fosfatidilinositol (4,5) bifosfato (PIP2). A ativação da fosfolipase C é mediada pela proteína Gq. O IP3 é um mediador hidrossolúvel e age no receptor IP3, que é um canal de cálcio controlado por ligante presente na membrana do retículo endoplasmático, controlando a liberação de Ca2+ das reservas intracelulares. Já o DAG ativa a proteinoquinase C (PKC), que catalisa a fosforilação de várias proteínas intracelulares. Um dos subtipos da PKC é ativado pelo ácido araquidônico produzido pela ação da fosfolipase A2 sobre os fosfolipídios da membrana. → Canais iônicos, particularmente os canais de cálcio e de potássio através das subunidades βγ das proteínas Gi e Go. → Rho A/Rho quinase, um sistema que regula a atividade das muitas vias de sinalização que controlam o crescimento, a proliferação e a motilidade celular, a contração da musculatura lisa etc. através de proteínas G do tipo G12/13. → Proteinoquinase ativada por mitógenos (MAP-quinase), um sistema que controla muitas funções celulares, incluindo a divisão celular, sendo também um alvo para váriosreceptores ligados a quinases. 3. Receptores ligados a quinases São constituídos de grandes proteínas de cadeia única com somente uma região helicoidal transmembranar, a qual liga um amplo domínio extracelular de ligantes a um domínio intracelular de tamanho e função variáveis. Importantes no controle da divisão celular, metabolismo intermediário, no crescimento, na diferenciação, na inflamação, na reparação tecidual, na apoptose e nas respostas imunológicas. Seus efeitos se dão através de transcrição gênica. Tipos: → Receptores tirosinoquinase (RTK): incorporam uma porção de tirosinoquinase na região intracelular. São receptores para muitos fatores de crescimento, como o fator de crescimento epidérmico e o fator de crescimento neuronal, e o grupo de TLR, que reconhecem lipopolissacarídios bacterianos. → Receptor de serina/treoninoquinases: o principal exemplo é o receptor para o fator de crescimento transformador (TGF). Fosforila resíduos de serina e/ou treonina. → Receptores de citocinas: necessitam de atividade enzimática intrínseca. Quando ocupados, ativam várias tirosinoquinases. Os ligantes para esses receptores incluem citocinas como interferonas e fatores estimulantes de colônia. A quinase é responsável pela fosforilação proteica, enquanto as fosfatases pela desfosforilação. A ligação do ligante ao receptor leva à dimerização. A associação dos dois domínios de quinase intracelulares permite que ocorra autofosforilação mútua de resíduos de tirosina intracelulares. Os resíduos de tirosina fosforilados atuam, então, como pontos de ancoragem de alta afinidade para outras proteínas intracelulares. O resultado é ativar ou inibir, via fosforilação, diversos fatores de transcrição que migram para o núcleo e suprimem ou induzem a expressão de determinados genes. 4. Receptores nucleares Exemplos: receptores para hormônios esteroides, tais como estrógenos, glicocorticoides e tireoidiano T3 e as vitaminas lipossolúveis D e A (ácido retinóico). Podem reagir com o DNA, sendo considerados como fatores de transcrição ativados por ligantes modificando a transcrição do gene. Não estão localizados na membrana da célula, mas em outros compartimentos. Podem reconhecer várias substâncias (a maioria composta por moléculas hidrofóbicas), que podem exibir atividade total ou parcial como agonistas, antagonistas ou agonistas inversos. Estão envolvidos predominantemente na sinalização endócrina. São vínculos cruciais entre nossos status dietético e metabólico e a expressão de genes que regulam o metabolismo e a disposição de lipídios. NR também regulam a expressão de muitas enzimas do metabolismo de fármacos e transportadores. Estrutura molecular São proteínas monoméricas com 4 módulos. O domínio N-terminal abriga o ponto de função de ativação 1 (AF1), que se liga, de maneira ligante-independente, a outros fatores de transcrição específicos da célula e modifica a ligação ou a capacidade regulatória do próprio receptor. Na presença do ligante, ocorre sinergia com AF2 (importante para a ativação dependente do ligante) para produzir o complexo totalmente ativo. O domínio central do receptor consiste na estrutura responsável pelo reconhecimento do DNA e de sua respectiva ligação, contendo duas alças ricas em cisteína (ou cistina/histidina) e que são mantidas em uma conformação específica por íons zinco. Tem função de reconhecer e se ligar aos elementos responsivos a hormônios (ERH) localizados nos genes, e regula a dimerização do receptor. A região de dobradiça altamente flexível da molécula é que lhe permite a dimerização com outros NR e regula o tráfico intracelular do receptor. Já o domínio C- terminal contém o módulo de ligação ao ligante e é específico para cada receptor. O receptor nuclear se liga a pequenas sequências de DNA, chamadas de HRE, presentes aos pares. Cada receptor tem sua preferência de sequência consensual e o espaçamento de nucleotídeos entre eles. No núcleo, os domínios AF1 e AF2 do receptor ligado ao ligante recrutam grandes complexos de outras proteínas, incluindo coativadores ou correpressores para modificar a expressão genética. Alguns desses coativadores são enzimas envolvidas na disrupção de cromatina, tal como a histona acetilase/deacetilase, que, juntamente com outras enzimas, regulam o desenrolamento do DNA para facilitar o acesso das enzimas polimerase e, consequentemente, a transcrição dos genes. Já os correpressores englobam a histona deacetilase e outros fatores que provocam a condensação da cromatina, evitando a ativação adicional da transcrição. Alguns antagonistas competitivos impedem a ocupação do local de ligação pelo ligante endógeno ou pelos agonistas inversos (ou antagonistas), bloqueado a ligação de fatores coativadores, reduzindo assim a atividade constitutiva desses receptores. Classificacao Classe I: receptores esteroides endócrinos, incluindo os receptores GR e mineralocorticoides (MR), bem como os receptores de estrogênio, de progesterona e de androgênio (ER, PR e AR, respectivamente). Sem o seu ligante, se localizam no citoplasma, complexados com proteínas de choque térmico ou outras, e provavelmente ligados de forma inversa ao citoesqueleto ou a outras estruturas intracelulares Classe II: tem como ligantes os lipídeos ou outros metabólitos no interior da célula. Compreende o receptor ativado pelo proliferador do peroxissoma (PPAR), que reconhece os ácidos graxos; o receptor de oxisterol (LXR), que reconhece e atua como sensor do colesterol; o receptor de farnesoide (ácido biliar) (FXR), um receptor xenobiótico (SXR) que reconhece muitos substâncias estranhas, incluindo fármacos terapêuticos; e o CAR, que, não só reconhece o androstano esteroide, como também alguns fármacos como o fenobarbital. Funcionam como heterodímeros em conjunto com RXR, o receptor de retinoide X, formando dois tipos de heterodímeros: um heterodímero não permissivo, que pode ser ativado somente pelo próprio ligante RXR, e o heterodímero permissivo, que pode ser ativado tanto pelo ácido retinoico quanto pelo ligante de seu parceiro. Normalmente estão ligados a proteínas correpressoras. Estas se separam quando o ligante se liga e permite o recrutamento de proteínas coativadoras, o que modifica, assim, a transcrição dos genes. A ocupação do receptor amplifica, em vez de inibir, determinado evento biológico (feedback positivo). Classe III: formam homodímeros se ligando a HRE que não apresentam uma sequência repetida invertida. Classe IV: podem agir como monômeros ou dímeros, mas apenas se ligam a um semiponto do HRE.
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