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TRANSTORNOS DISSOCIATIVOS E SOMATOFORMES - Ambos são psíquicos e se manifestam no corpo; Transtornos dissociativos ou conversivos - Conflitos e dor emocional se expressam pela dissociação entre consciência, percepção do ambiente, memória, identidade e controle dos movimentos corporais (conversão); - Trauma que o paciente não sabe ultrapassar provoca “desligamento do cérebro”; - Histeria · Termo cunhado por Freud – refere-se à dissociação da consciência e à conversão no corpo; · Caiu em desuso. - Memória, percepções, consciência e identidade · Automática, involuntária e espontânea fisiologicamente; · No transtorno dissociativo essa conexão se rompe, se fragiliza; · “Pessoas com transtornos dissociativos podem esquecer completamente uma série de comportamentos normais que duraram minutos, horas, dias ou semanas. Nos transtornos dissociativos, a interação normal da consciência, memória, percepções, identidade, emoção, representação corporal, controle motor e comportamento é rompida e a continuidade do self é perdida”. - Sintomas: · Amnésia retrógrada. Fuga dissociativa - Consciência, orientação em relação à própria identidade; - Não tem memória histórica que o reconecte ao presente; - Viagem repentina para longe de casa com esquecimento do passado, confusão sobre a identidade. Frequentemente há apropriação de uma nova identidade; - Rara 0,2%; - Mais frequente durante guerras, desastres naturais, crises pessoais graves (conjugais, financeiras, profissionais); - Predisponentes: transtornos de personalidade borderline, histriônico e esquizóide favorecem, abuso de álcool, transtornos de humor, epilepsia e trauma craniano especialmente os de lobo temporal; - Ganho primário ou secundário; - Curso breve, paciente pode voltar à sua identidade através de sessões de hipnose ou com rebaixamento da consciência com medicação (amobarbital sódico, benzo). - Critérios diagnósticos para fuga dissociativa: · Partida inesperada e súbita com deslocamento para nova localização; · Situação desencadeante, temporalmente relacionada; · Incapacidade de recordar o passado; · Criação de uma nova identidade; · Sofrimento, prejuízo social e ocupacional. Amnésia Dissociativa - Só tem a amnésia, não tem fuga e construção de outra identidade; - É o mais frequente dos distúrbios dissociativos; - Acomete mais mulheres jovens; - Mais comum de ser encontrado nas emergências; - Incapacidade de evocar informações pessoais importantes e de natureza traumática ou estressante; - Início é repentino após um trauma; - Predisponentes: depressão e ansiedade; - Ganho primário ou secundário; - Tratamento: · Psicoterapia e hipnose: possibilitar a evocação e incorporação das memórias; · Farmacoterapia: Amytal ou benzodiazepínicos EV + entrevista assistida. Transtorno dissociativo de identidade - Anteriormente chamado de t de personalidade múltipla; - Reação a um evento traumático – abuso físico ou sexual na infância; - Eclosão de 2 ou mais personalidades distintas e desconhecidas e excludentes entre si; - Média de personalidades- 8 para homens e 15 para mulheres; - Mais comum em mulheres; - Mais comuns entre o fim da adolescência e o início da idade adulta; - Ocorre em 5% dos pacientes psiquiátricos; - Movimento de transição de personalidades é um mecanismo disfuncional de defesa do EGO – mecanismo de defesa contra os graves abusos psicológicos; - Curso crônico e grave – até 1/3 comete suicídio; - Resposta ao tratamento é imprevisível e pobre; - Predisponentes: HF do distúrbio, história de abuso grave, falta de apoio emocional e epilepsia; - Tratamento: · Entrevista assistida com rebaixamento do nível de consciência – Benzo ou Amytal – para recuperação de memórias esquecidas; · Hipnose e psicoterapia voltada ao insight para a reconciliação de afetos contrastantes numa personalidade plena que já não corre mais risco de aniquilação do passado. - Tratamento é mais longo do que nos demais transtornos Perda sensorial dissociativa - Perda sensorial que não encontra substrato orgânico e que apresenta desintegração entre o sintoma e a realidade orgânica do paciente; - Há dissociação do afeto; - É a expressão do conflito inconsciente reprimido: · Disfunção motora ou sensorial involuntária, que resulta do conflito emocional – Histeria segundo Freud; - Incidência em 10% dos indivíduos hospitalizados e até 15% dos pacientes psiquiátricos; - De início no começo da vida adulta, tendendo a persistir. 2:1 M:H; - Há comorbidade entre distúrbio conversivo e epilepsia; - Ocorre mais frequentemente em populações menos abastadas. Transtornos Somatoformes - Os conflitos e a dor emocional se expressam através do corpo · Surgimento dos sintomas de uma patologia ou · Com a crença da existência de uma patologia. - Não há dissociação! - 30 a 50% dos atendimentos em atenção primária; - História de muitas queixas físicas com início no fim da adolescência e até os 30 anos que ocorreram durante um período de vários anos e resultam em busca de tratamento ou prejuízo significativo no funcionamento social ou profissional ou em outras importantes de funcionamento; - Subtipos: · Transtorno de Somatização; · Transtorno doloroso; · Hipocondria – medo de ter a doença; · Transtorno dismórfico corporal- uma região do corpo que é disfuncional. Transtorno de Somatização - Sensação ou relato de sintomas físicos sem substrato orgânico que justifique a extensão das queixas; - Causa sofrimento acentuado ou comprometimento funcional, com busca de intervenção médica; -Tendem à cronicidade – se complicam por iatrogenia; - Mais comum em mulheres 5M:1H; - Mais comuns em pessoas com menor nível de instrução; - Início na adolescência ou início da vida adulta - Aspectos psicológicos: repressão da raiva em relação a terceiros, com redirecionamento para si; - Aspectos genéticos: presente em 10-20% das mães e irmãs, concordância de 29% em gêmeos monozigóticos e 10% de dizigóticos; - Critérios diagnósticos: · Longa história de muitas queixas físicas com início entre a adolescência e começo da vida adulta; · Dois sintomas gastrointestinais (exceto dor); · Um sintoma sexual (exceto dor) – ex: redução da libido, disfunção ejaculatória, disfunção menstrual, vômitos durante toda a gravidez; · Um sintoma pseudoneurológico – sintomas conversivos com prejuízo no equilíbrio ou coordenação, paralisia ou fraqueza localizada, dificuldade de deglutição ou nó na garganta, visão dupla, afonia, cegueira, surdez, convulsões. - Diagnóstico diferencial: · Esclerose múltipla, síndrome da fadiga crônica, porfiria, esquizofrenia, ataques de pânico, transtorno conversivo, transtorno doloroso, transtorno factício. - Tratamento: · Evitar medicações desnecessárias, pois há predisposição para dependência; · Se houver depressão secundária, antidepressivos; · Psicoterapia de apoio ou voltada ao insight; · Favorecer vínculo entre profissional e serviço. - Aspectos psicodinâmicos · Indiferença quanto à doença ou déficit evidente está presente em alguns pacientes; · Ganho primário – redução da ansiedade por reprimir um impulso. Ex: paralisia de um braço impede de socar outra pessoa; · Ganho secundário – benefícios da doença. Ex: esquiva do trabalho, ganho de benefício, etc. - Diagnóstico diferencial · Paralisia, ataxia, cegueira, surdez, histeria, esquizofrenia, transtorno de humor, simulação e transtorno fictício com sintomas físicos. - Curso e prognóstico · Tendência à recorrência. - Tratamento · Farmacológico - Benzodiazepínicos para ansiedade; - Antidepressivos serotoninérgicos para ruminação excessiva. · Psicológico - Terapia voltada ao insight – útil para a “educação” do paciente quanto aos seus sintomas; - TCC para relaxamento; - Hipnose e reeducação são úteis em situações não complicadas; - Não acusar o paciente de obter atenção ou não melhorar; - Narcoanálise às vezes melhora os sintomas. Transtorno doloroso - Preocupação com dor na ausência de doença física que justifique sua intensidade; - A dor não segue uma distribuição neuroanatômica; - Estresse e conflitos podem ter íntima relação com o início ou exacerbação da dor.Epidemiologia - Ocorre especialmente entre os 30 e 40 anos; - Mais comum em mulheres; - Evidências de parentes biológicos de primeiro grau com incidência elevada de dor, depressão e alcoolismo. Etiologia - Psicodinâmico: expressão simbólica de conflito psíquico. A dor pode ser um método de castigo ou obtenção de amor. Mecanismos de defesa: deslocamento, substituição e repressão. Diagnóstico - Dor em um ou mais locais como foco predominante; - Dor causa sofrimento clínico significativo ou prejuízo funcional importante; - Fator psicológico com papel no início, gravidade, exacerbação e manutenção da dor; - Dor não explicada por outra doença. Diagnóstico diferencial - Dor por condição clínica, hipocondria, transtorno conversivo. Curso e prognóstico - Curso variável, com tendência à cronicidade; - Pacientes com depressão comórbida apresentam pior prognóstico, assim como indivíduos com ganho secundário. Tratamento - Farmacoterapia; - Terapia psicodinâmica para pacientes motivados; - Terapia cognitiva para atitudes negativas; - Hipnose, acumputura, biofeedback e massoterapia. Transtorno factício -Relação intencional e representação enganosa de sintomas ou autoindução de sinais e sintomas, com o objetivo de assumir papel de enfermo; Epidemiologia - Desconhecida; - Mais comum em homens; - Início na idade adulta; - Sobretudo, simula febre; - Representa 5 a 10% de todas as admissões hospitalares. Etiologia - Pessoas que tiveram doença real no início da vida e sofreram rejeição ou abuso dos pais. Curso e prognóstico - Curso tende à cronicidade; - Início na idade adulta, mas pode ser antes. Tratamento - Fármacos são úteis se depressão ou ansiedade comórbidos; - Tratar abuso de substância se presente.
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