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1 SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL, CÂMBIO E FINANÇAS UNIDADE III PROF. ENZO FIORELLI VASQUES 2 SUMÁRIO I. FINANÇAS INTERNACIONAIS E TAXAS DE JUROS ................................................................. 4 1.1 London Interbank Offered Rate (Libor) ............................................................................. 4 1.2 Prescribed Right to Income and Maximum Equity (Prime) ............................................... 4 1.3 Euro Interbank Offered Rate (Euribor) ............................................................................. 5 1.4 Características das taxas internacionais de juros ............................................................. 5 II. SPREAD BANCÁRIO .......................................................................................................... 6 III. RATING ........................................................................................................................ 7 IV. INVESTMENT GRADE ...................................................................................................... 8 V. MODALIDADES DE PAGAMENTO DAS OPERAÇÕES DE EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO ............. 9 5.1 Pagamento antecipado (Advanced payment) .............................................................. 9 5.2 Remessa sem saque (Clean collection) ..................................................................... 10 5.3 Cobrança documentária (Sight draft) ......................................................................... 10 5.4 Carta de crédito (letter of credit) – Crédito documentário ............................................... 11 VI. MODALIDADES DE FINANCIAMENTO DAS OPERAÇÕES DE EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO... 11 6.1 Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC) ........................................................... 12 6.2 Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE) ........................................................... 12 6.3 Operacionalização do ACC e do ACE ............................................................................ 12 6.4 Características do ACC e do ACE ................................................................................. 13 6.5 Export notes ................................................................................................................... 13 6.6 Export-import bank (Eximbank) ...................................................................................... 14 6.7 Financiamento de importação (Finimp) .......................................................................... 14 3 6.8 Câmbio travado ............................................................................................................. 15 6.9 Programa de financiamento à exportação (Proex) ......................................................... 16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................. 17 4 4 I. FINANÇAS INTERNACIONAIS E TAXAS DE JUROS Taxa juros refere-se à retribuição ou remuneração ao capital emprestado ou transferido por um doador a um tomador. É o preço pelo qual a parte que está cotando está preparada para vender ou emprestar moeda. É o mesmo preço pelo qual a parte, para quem a taxa é cotada, comprará ou tomará emprestado, caso deseje negociar com a parte que está cotando. A taxa de juros internacionais sinaliza o custo do dinheiro no mercado externo. Na captação de um financiamento à exportação, o custo do dinheiro depende da taxa primária adicionada do spread de crédito e do risco-país. Também influenciam na composição das taxas internacionais o prazo do financiamento, o risco, o porte da empresa e a lei de oferta e procura da moeda negociada. Seguem as taxas de juros internacionais mais utilizadas: 1.1 London Interbank Offered Rate (Libor) Libor é a taxa de juros para clientes preferenciais no mercado do eurodólar, tanto para depósitos como para empréstimos. Sua cotação, apurada diariamente, é divulgada através dos meios de comunicação dos diversos países. A cidade de Londres é considerada o centro mundial do euromarket em termos de volume e a Libor, praticada no mercado interbancário da capital inglesa, é a taxa de juros mais baixa paga em depósitos entre bancos no mercado do eurodólar. Libor é a taxa em depósitos “dollar-denominated”, assim como os eurodólares1, negociados entre bancos em Londres. É também a taxa base utilizada pelas instituições financeiras para determinar o valor da taxa local de empréstimos. A taxa Libor citada no Wall Street Journal e em outros periódicos ao redor do mundo é uma média de cotações das taxas praticadas pelos cinco bancos principais: Bank of America, Barclays Bank, Bank of Tokyo, Deutsche Bank e Swiss Bank. 1.2 Prescribed Right to Income and Maximum Equity (Prime) Prime é a taxa básica de juro da economia americana, também chamada de “taxa primária”. É a taxa de juros para empréstimos a clientes preferenciais no mercado norte-americano, a partir de fundos obtidos nos Estados Unidos. A Prime Rate é concedida pelos bancos aos seus clientes de primeira linha. Indica, nos Estados Unidos, a taxa preferencial de juros, mais baixa que 1 Eurodólar: dólar depositado em banco num país onde a moeda corrente não seja o dólar. 5 5 a vigente no mercado e cobrada de tomadores de empréstimos privilegiados. É paga a quem aplica em títulos de primeira linha, com risco praticamente igual a zero. Por exemplo: os títulos emitidos pelo Tesouro dos Estados Unidos, por se tratar de títulos muito seguros, com rendimento muito baixo. A taxa Prime é usada como referência para o cálculo de risco de outras aplicações menos conservadoras, servindo de base a todo o sistema norte- americano de juros, com reflexos no mercado financeiro mundial. É sempre superior à Libor para um mesmo prazo. 1.3 Euro Interbank Offered Rate (Euribor) Após a introdução do euro como moeda escritural única dentro da União Europeia, a partir de 1º de janeiro de 1999, os bancos europeus consideraram que, com a introdução de uma única moeda corrente, em 1999, seria necessário estabelecer uma taxa interbancária nova, para referência dentro da União Europeia. Em virtude da implantação do Euro e suas consequentes transações, tornou-se necessário desenvolver sistemática operacional destinada a acompanhar, medir e divulgar os negócios com a nova moeda, o que se fez utilizando estrutura semelhante à da Libor. Assim, todos os requisitos e sistemáticas da Libor foram aplicados à Euribor e publicados pela primeira vez em 30/12/98. É o indexador mais transparente e que melhor reflete as tendências daquele mercado. A administração da Euribor é patrocinada pela Federação Europeia de Operações Bancárias – que representa os interesses de bancos nos estados- membro da União Europeia (UE) e na Islândia, Noruega e Suíça – e pela Associação dos Mercados Financeiros da Europa. A Euribor é calculada diariamente, a partir das taxas de juros praticadas pelos bancos para empréstimos entre si (operações cruzadas dos principais bancos atuantes na UE), e divulgada por um fornecedor de informações financeiras (SWIFT), eletronicamente. É disponibilizada pela European Banking Federation (EBF), às 11h00 a.m. (hora de Bruxelas), todos os dias úteis. É também a taxa de referência utilizada no cálculo da taxa de juros dos empréstimos de habitação. 1.4 Características das taxas internacionais de juros I. Finalidade Libor Compra e venda de moeda no mercado interbancário de Londres. Prime Rate Tomadores principais no mercado financeiro norte-americano. 6 6 Euribor Taxa referencial dos empréstimos em euros. II. Moedas Libor Moedas conversíveis. Prime Rate Dólar americano. Euribor Euro. III. Formação Libor Livremente negociada.Prime Rate Administrada. Euribor Livremente negociada. IV. Períodos de referência Libor Diário. Prime Rate Mensal. Euribor Diário. V. Períodos de apuração Libor Escalonados Prime Rate Diário. Euribor Diário. VI. Apresentação Libor Anualizada. Prime Rate Anualizada. Euribor Anualizada. II. SPREAD BANCÁRIO Conforme apresentado na unidade II, spread é a diferença entre a taxa de compra e a taxa de venda em uma cotação de taxa de câmbio ou em uma taxa de juros, e significa um acréscimo sobre o valor negociado pelo tomador. Corresponde também à taxa de risco adicionada pelas instituições financeiras internacionais às taxas fixadas para empréstimos, variáveis de acordo com o risco representado pelo tomador da operação. O risco no mercado financeiro pode ser de caráter comercial (commercial risk), político (country risk) ou ambos. É analisado em relação ao tomador, variando, portanto, de país para país. Vejamos: a) Commercial risk Também conhecido como “risco de crédito”, corresponde à probabilidade de o tomador não ser capaz de pagar o principal e/ou os juros na data contratada. Em algumas situações especiais, devido à magnitude dos valores e conceito das partes envolvidas, não há o “risco de crédito”, 7 7 mas pode ocorrer o “risco de liquidez”, quando se torna impossível ao devedor cumprir as obrigações contratadas sem atraso. b) Country risk Também conhecido como “risco de soberania”, corresponde ao risco de o país, onde o devedor está estabelecido, interferir no pagamento do débito, o que independe do fato de o tomador ser economicamente capaz de pagar o empréstimo em moeda local. Nessa hipótese, é o governo do país que não permite o pagamento a um banco estrangeiro, devido à falta de divisas (reservas internacionais), ou por razões políticas. Sendo soberano, o governo do país devedor pode recusar o crédito, reclamando contra o credor em seu próprio território, restando ao credor, como alternativa, tornar público o ocorrido e suspender os negócios com o país inadimplente. III. RATING Rating é um indicador conceitual de performance relacionado à capacidade de um país em conduzir sua política econômica de modo a oferecer uma perspectiva de ganho ao investidor. Enquanto o risco-país é um indicador numérico quantitativo em relação aos papéis emitidos por um país, o rating é um indicador conceitual da performance de risco de um país ou de uma empresa. Entre as principais agências internacionais de classificação de risco estão: Standard & Poor’s; Moody’s; e Fitch (surgida da fusão da Fitch IBCA com a DCR). Para estabelecer um “rating”, as agências de classificação de risco levam em consideração todos os fatores que possam afetar a qualidade de crédito das obrigações emitidas por uma empresa ou por um país. No caso de empresas, as principais variáveis analisadas são: Nível de endividamento. Flexibilidade de re-financiamento (ou de aumentar endividamento). Liquidez. Participação de mercado. Desempenho relativo a outras empresas do setor. Capacidade administrativa. Situação macroeconômica. 8 8 Leis e regulamentação de mercado. O “rating” de países também é função da condução da política fiscal e monetária, do endividamento interno e externo, da vulnerabilidade com relação ao mercado internacional, assim como o ambiente legal e regulamentar no país. O “rating soberano” não foi criado para comparar países, mas sim para classificar a capacidade relativa do país em pagar suas obrigações financeiras (qualidade de crédito relativa). Em geral, esse “rating” estabelece um teto para “rating” das obrigações das empresas de cada país. Fonte: SR Rating, 2013. IV. INVESTMENT GRADE É o mais alto nível de classificação de risco de dívida que um país pode receber e, quando atingido, deve impulsionar ainda mais o fluxo de capitais em direção aos mercados financeiros do país. As empresas de rating atribuem notas a cada um dos fatores considerados na avaliação de uma empresa ou de um país. Por exemplo, a lista da Standard & Poor’s analisa os seguintes elementos: 9 9 Risco político. Renda e estrutura econômica. Perspectiva de crescimento econômico. Flexibilidade fiscal. Carga da dívida do governo – geral. Passivos contingentes e no exterior. Estabilidade monetária. Liquidez externa. Carga do endividamento externo do setor público. Carga do endividamento externo do setor privado. Um país considerado como “bom pagador” pela agência é classificado na categoria “grau de investimento”. Se for visto apenas como pagador de risco razoável, fica na categoria “grau especulativo”. Esta última também inclui nações que declararam moratória de suas dívidas. V. MODALIDADES DE PAGAMENTO DAS OPERAÇÕES DE EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO 5.1 Pagamento antecipado (Advanced payment) O importador remete, previamente, o valor da transação. Somente depois de ter recebido o dinheiro, o exportador providencia o embarque da mercadoria e envia ao importador a respectiva documentação. Portanto: primeiro paga, depois recebe a mercadoria. Esta modalidade de pagamento coloca o importador na dependência do exportador, implicando, assim, riscos para o comprador (importador), porque o exportador poderia receber o pagamento e não enviar a mercadoria. A remessa antecipada é empregada, principalmente, nos casos de necessidade de o importador fornecer ao exportador os recursos necessários para o atendimento do pedido de compra. Ocorre, por exemplo, na aquisição de máquinas e equipamentos construídos especialmente para o comprador. Na hipótese acima, é firmado entre comprador e vendedor um contrato, garantindo ao primeiro as ações judiciais necessárias, caso o segundo não lhe envie o equipamento encomendado, ou o entregue em condições não satisfatórias. A remessa antecipada é usual na compra de mercadorias de pequeno valor, como um livro, por exemplo. É muito utilizada quando de operações entre 10 10 filial e matriz. Por exemplo, a Ford da Inglaterra compraria peças da Ford americana. 5.2 Remessa sem saque (Clean collection) São documentos básicos na importação: fatura, conhecimento de embarque e saque (equivalente à duplicata, no mercado interno). Na remessa sem saque o exportador envia diretamente ao importador (sem usar a via bancária) a fatura e o conhecimento de embarque. Não é emitido um saque, o que significa não haver prazo para pagamento. Recebidos os documentos, o importador promove o desembaraço da mercadoria na alfândega e, posteriormente, providencia a remessa da quantia respectiva para o exterior. O exportador deve confiar na idoneidade do importador, porque fica sem nenhuma garantia, razão pela qual essa modalidade é mais comum nas operações realizadas entre matrizes e filiais. Havendo confiança entre comprador e vendedor, essa forma de pagamento apresenta a vantagem de ser mais rápida, quanto à chegada da documentação nas mãos do importador, porque vai diretamente de um a outro sem trânsito bancário. Esta modalidade é importante, por exemplo, para operações envolvendo mercadorias perecíveis, que poderiam estragar nos armazéns da alfândega, à espera da documentação. Se o B/L2 (bill of landing, isto é, conhecimento de embarque) e demais documentos fossem enviados via banco, só chegariam às mãos do importador depois de encerrado todo o trâmite burocrático. Outra vantagem da remessa sem saque é que as despesas bancárias (só devidas na ocasião da emissão da ordem de pagamento) são inferiores às da cobrança e da carta de crédito. 5.3 Cobrança documentária (Sight draft) Na cobrança documentária, o exportador embarca a mercadoria e, após, dispõe dos seguintes documentos: fatura, B/L e saque3. Os documentos são entregues pelo exportador a um banco – o “banco do exportador” – estabelecido em sua praça, paracobrança. O banco do exportador remete os documentos em cobrança para um correspondente seu, situado na praça do importador – o “banco do importador”. Este último registra os documentos e avisa o importador para retirá-los mediante pagamento (cobrança à vista) ou aceite do saque (cobrança a prazo). 2 Conhecimento de embarque, “bill of lading” (B/L). 3 Vale ressaltar que não existe a duplicata no comércio internacional. No lugar dela, há o saque, que é uma letra de câmbio. 11 11 De posse do B/L e da fatura, o importador vai à alfândega e retira a mercadoria. Após o pagamento4, o banco do importador fecha o câmbio e emite uma ordem de pagamento para o banco do exportador, que recebe a ordem de pagamento, pagando-a ao exportador. 5.4 Carta de crédito (letter of credit) – Crédito documentário A carta de crédito é a modalidade de pagamento que oferece maior respaldo ao exportador, pois envolve operação garantida por um ou mais bancos que se responsabilizam pelo pagamento, caso sejam atendidas todas as exigências estipuladas no documento. Dessa forma, ao aceitar uma carta de crédito, o banco não está se comprometendo a receber diretamente do importador, mas sim do banco que a emitiu. Por isso, a transação é garantida. Se o importador não pagar, o problema passa a ser do banco que emitiu a carta de crédito. Para se abrir uma carta de crédito, é necessário que compradores e vendedores definam as condições de compra e venda da mercadoria, o que se faz por meio de contatos preliminares. Após isso, o exportador remete fatura pro forma ao importador, que solicita a abertura de uma carta de crédito a favor do exportador a um banco de sua praça5. Esse banco exige o depósito em dinheiro (carta de crédito não financiada) ou apenas garantias (carta de crédito financiada). O banco instituidor (da praça do importador) comunica ao banco “avisador”6 sobre a existência de uma carta de crédito e suas condições, que podem ser as mais variadas possíveis. O banco avisador, por sua vez, comunica ao exportador a existência da carta de crédito e suas condições. Na operação de negociação da carta de crédito, o exportador despacha a mercadoria e obtém o conhecimento de embarque. Dispondo de todos os documentos necessários (fatura, B/L e outros documentos exigidos pela carta de crédito), o exportador os entrega a um banco, que lhe paga o valor da exportação. O banco que faz o pagamento é denominado “banco negociador”, o qual pode ser o banco avisador7 ou outro qualquer, de escolha do exportador. A confirmação da carta de crédito é feita perante o exportador, em operações amparadas por carta de crédito emitida por bancos estrangeiros, de que os pagamentos devidos pela entrega da mercadoria serão efetuados, mesmo que o banco no exterior e o importador não honrem este pagamento. VI. MODALIDADES DE FINANCIAMENTO DAS OPERAÇÕES DE EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO 4 Nas cobranças à vista: contra-entrega dos documentos; nas cobranças a prazo: no vencimento do saque. 5 Chama-se “banco instituidor” ou “banco emitente”. 6 Banco avisador: banco da praça do exportador. Nem sempre é o banco negociador. 12 12 6.1 Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC) ACC é a operação de crédito em que o banco comprador da moeda estrangeira, vendida pelo exportador, adianta, total ou parcialmente, o valor em moeda nacional (R$) ao exportador, quando da celebração do contrato de câmbio de exportação (contrato de câmbio tipo 1), anteriormente ao embarque das mercadorias para o exterior. Nessa modalidade de financiamento, tanto o embarque das mercadorias quanto a realização do pagamento por parte do importador são eventos futuros e incertos. Este tipo de financiamento proporciona apoio financeiro ao exportador, para a produção das mercadorias a serem embarcadas para o exterior, financiamento este que pode ser obtido junto a qualquer banco autorizado pelo Banco Central do Brasil a operar em câmbio. 6.2 Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE) ACE é a operação de crédito em que o banco comprador da moeda estrangeira, vendida pelo exportador, adianta, total ou parcialmente, o valor em moeda nacional (R$) ao exportador, quando da celebração do contrato de câmbio de exportação (contrato de câmbio tipo 1), posteriormente ao envio das mercadorias para o exterior e contra-entrega de documentos comprobatórios do embarque. Dentre tais documentos, são citados: Conhecimento de transporte internacional; Registro de Exportação (RE), devidamente averbado pela Receita Federal do Brasil (RFB); Fatura comercial; Saque de exportação (título de crédito), emitido contra o importador; e Outros documentos necessários para embarques de mercadorias específicas ou para determinada região do planeta, tais como certificado de origem, certificado de inspeção, apólice de seguro etc. Já nessa modalidade de financiamento, somente o pagamento por parte do importador é um evento futuro e incerto, tendo em vista que as mercadorias já foram produzidas e embarcadas. Este tipo de financiamento representa uma antecipação financeira ao exportador, amparada em uma exportação já realizada, similar a uma operação de desconto de duplicatas, realizada no mercado doméstico. 6.3 Operacionalização do ACC e do ACE As operações de ACC/ACE têm como objetivo principal permitir ao exportador ter acesso a recursos para financiar a produção/comercialização de mercadorias destinadas ao mercado externo. Esses recursos são utilizados, primordialmente, para aquisição de matérias-primas, aquisição de bens de capital, contratação de mão de obra, entre outras. 13 13 Este tipo de financiamento obedece aos seguintes prazos: ACC – a antecipação máxima admitida, com relação à data de embarque das mercadorias para o exterior, é de 360 dias. ACE – até 390 dias após a data de embarque das mercadorias ou da prestação de serviços, considerando o último dia útil do décimo segundo mês subsequente. 6.4 Características do ACC e do ACE O ACC e a ACE têm seus custos, também conhecidos como deságios, definidos, na maioria das operações, a partir das taxas de juros Libor praticadas no mercado financeiro internacional. Os recursos utilizados pelos bancos para financiar as operações de ACC e ACE são captados no exterior através de linhas de crédito com bancos internacionais. Denomina-se Pre Export Finance (PEF) e Bankers Acceptance o funding para as operações de ACC e ACE. Suas principais características são: Baixo custo. Não incidência de IR sobre a remessa de juros. Não incidência de IOF. 6.5 Export notes Trata-se da venda, pelos exportadores, dos direitos sobre a moeda estrangeira oriunda de exportação futura de produtos e serviços. Essa operação pode ser entendida como contrato usado por exportadores para financiar suas vendas no exterior. Nestes contratos o exportador cede aos investidores os direitos de venda decorrentes dos contratos de exportação e, em troca, recebe moeda local. É um produto financeiro que permite às empresas posicionarem-se em face de diferentes expectativas de mercado, protegendo ou garantindo resultados na arbitragem de indexadores financeiros. São vantagens da export notes para exportadores e investidores: Opção de linha de financiamento das vendas externas em até 180 meses. Prazo de financiamento em geral maior que o das operações de ACC8. 8 Embora sejam permitidos pela legislação, os bancos não gostam de fazer ACCs de longo prazo. 14 14 Possibilidade de o investidor fazer um hedge (proteção) de moeda estrangeira, evitando oscilações cambiais desfavoráveis. Por outro lado, a desvantagem desta modalidade de financiamento está no fato de as “Export notes” demandarem contratos de venda jáformalizados no exterior, enquanto que o ACC não necessita de exportações identificadas para ser realizado. 6.6 Export-import bank (Eximbank) O Eximbank é uma instituição financeira do governo dos Estados Unidos, dirigida por uma diretoria composta por presidente e diretores, nomeados pelo Presidente e aprovados pelo Senado daquele país. Trata-se da principal agência financeira operando na área internacional, com a finalidade de ajudar a promover a exportação de produtos ou serviços dos Estados Unidos. Além de seus recursos, pode levantar recursos junto ao Tesouro Americano e organismos financeiros privados. O Eximbank concede empréstimos nas seguintes modalidades: Empréstimos diretos a importadores estrangeiros para pagamento de mercadorias ou serviços aos exportadores norte-americanos. Desconto de títulos de financiamentos concedidos por instituições financeiras privadas, desde que relacionados com a exportação de produtos americanos. Concessão de garantia em caso de empréstimo a um importador estrangeiro, comprador de produtos norte-americanos. Financiamento consorciado, em que o Eximbank coloca à disposição de uma instituição financeira estrangeira uma linha de crédito para ser usada no pagamento de exportações norte-americanas. Seguro de crédito de exportação, compreendendo riscos de créditos e riscos políticos. 6.7 Financiamento de importação (Finimp) O Finimp é um conjunto de linhas de crédito especiais para a importação de bens de capital, máquinas, equipamentos e serviços. É uma linha especial para empresas que visam a inovação, renovação ou modernização de seu negócio através de produtos e máquinas importadas, preparando-se assim para as tendentes exigências de mercado. O exportador recebe o valor à vista no exterior em moeda corrente estrangeira e todo o valor é financiado pelo seu banco brasileiro. É uma captação no exterior com repasse ao importador, beneficiando o seu fluxo de caixa. Pode ser operado em duas modalidades: 15 15 Finimp direto – concedido por um banco no exterior, diretamente ao importador brasileiro. Operação isenta de IOF Crédito sobre o principal, porém com incidência de IOF Câmbio sobre a remessa das taxas de juros ao exterior. Finimp repasse – concedido por um banco brasileiro a um importador brasileiro, lastreado em linha de crédito obtida de banco no exterior. Operação financeira sujeita a incidência de IOF Crédito sobre o principal no repasse dos recursos. Vantagens Taxas fixas ao longo de todo o financiamento. Flexibilidade no prazo para efeito de fluxo de caixa. Taxas de juros compatíveis às praticadas no mercado internacional. Linhas de crédito com prazos que podem chegar a 10 anos. Financiamento de até 100% de todos os valores envolvidos na importação. Acesso à tecnologia estrangeira ainda não presente no Brasil. Maior prazo para o pagamento da dívida. Taxas de juros mais competitivas em relação ao mercado doméstico. 6.8 Câmbio travado Também conhecido como “trava de câmbio”, este produto financeiro permite às empresas exportadoras que desejam vender moeda estrangeira a termo, proveniente de suas exportações, e que não tenham necessidade de caixa, posicionarem-se em face das diferentes expectativas de mercado. Por sua vez, a instituição operadora do câmbio se utiliza de suas linhas externas de pré-financiamento a exportação vendendo as divisas no mercado de câmbio pronto para gerar reais, constituindo, portanto, fonte alternativa de captação de recursos. Os reais não são creditados para o exportador, sendo, por isso, aplicados pelo banco no CDI. Em função disto, normalmente paga-se um prêmio ao exportador, equivalente à remuneração do CDI, deduzido do custo da linha de crédito tomada no exterior. O prêmio na operação para o exportador, quando houver, dependerá do momento de mercado. Empresas com restrição de embarque no Banco Central são as que mais procuram os bancos para a contratação de câmbio travado. 16 16 6.9 Programa de financiamento à exportação (Proex) O Proex é um programa do Governo Federal de apoio às exportações brasileiras de bens e serviços, viabilizando financiamento em condições equivalentes às praticadas no mercado internacional. Oferece duas modalidades de apoio à exportação: Proex Financiamento Realiza-se o financiamento direto ao exportador brasileiro ou ao importador com recursos do Tesouro Nacional. Essa modalidade apoia exportações brasileiras de empresas com faturamento bruto anual de até R$600 milhões. Os prazos de financiamento variam de sessenta dias a dez anos de pagamento, definidos de acordo com o conteúdo tecnológico da mercadoria exportada ou a complexidade do serviço prestado. Para os financiamentos com prazo de até dois anos, o percentual financiado pode chegar a 100% do valor da exportação. Nas operações com prazo superior, a parcela financiada fica limitada a 85% do valor das exportações. Proex Equalização O Proex Equalização consiste na exportação financiada pelas instituições financeiras no país e no exterior. Nesta operação, o Proex assume parte dos encargos financeiros, tornando-os equivalentes àqueles praticados no mercado internacional. Esta modalidade pode ser contratada por empresas brasileiras de qualquer porte. A equalização pode ser concedida nos financiamentos ao importador – para pagamento à vista ao exportador brasileiro – e nos refinanciamentos ao exportador. Os prazos de equalização variam de sessenta dias a quinze anos, definidos de acordo com o valor agregado da mercadoria ou a complexidade dos serviços prestados. O percentual equalizável pode chegar a até 100% do valor da exportação. 17 17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, P. R. Os primeiros anos do século XXI: o Brasil e as relações internacionais contemporâneas. São Paulo: Paz e Terra, 2002. BIZELLI, J. S. Noções básicas de importação. 9. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2002. BRASIL. Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009. Regulamenta a administração das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos CASTRO, J. A. Exportação: aspectos práticos e operacionais. 4. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2001. ESCALA DE NOTAS GLOBAL – SR Rating. [s.l.]: [s.d.]. Disponível em: <http://www.srrating.com.br/pt/globalscale>. Acesso em: 20 de março 2013. GARCIA, L. M. Exportar: rotinas e procedimentos, incentivos e formação de preços. 7. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2001. KRUGGMAN, P. R.; OBSSTFELD, M. Economia internacional: teoria e política. 6. ed. São Paulo: Pearson, 2005. LOPES, A. B. Finanças internacionais: uma introdução. São Paulo: Atlas, 2003. MAIA, J. M. Economia internacional e comércio exterior. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2000. MORINI, C.; SIMÕES, R. C. F.; DAINEZ, V. I. (Orgs.). Manual de comércio exterior. Campinas: Alínea. 2006. RATTI, B. Comércio internacional e câmbio. São Paulo: Aduaneiras/Lex Editora, 2006. RESENDE, M. F. C.; AMADO, A. M. Liquidez Internacional e ciclo reflexo: algumas observações para a América Latina. Revista de Economia Política, [s.l.], v. 27, n.1, jan./mar. 2007. SEGRE, G. Manual Prático de Comércio Exterior. São Paulo: Atlas, 2006. VAZQUEZ, J. L. Comércio Exterior Brasileiro. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2004. VIEIRA, A. Teoria e prática cambial – Exportação e importação. São Paulo: Aduaneiras/Lex Editora, 2005.
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