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Thaís Pires 1 Faringotonsilites e Otite Média Aguda 1) Faringotonsilites Doenças INFLAMATÓRIAS E INFECCIOSAS envolvendo FARINGE, TONSILAS PALATINAS E FARÍNGEAS • Anato-Fisio Anel Linfático de Waldeyer – amígdala lingual + tonsilas palatinas + tonsilas faríngeas + tecido linfático peritubário + tecido linfático para-faríngeo Tonsila Faríngea/Adenóide – massa de tecido linfoide localizada na região póstero-superior da nasofaringe, que está em formação, por estímulos antigênicos, até o 5-6 ANO DE VIDA – possui inervação sensitiva GLOSSOFARÍNGEO e VAGO, justificando a dor referida na garganta em episódios infecciosos. Sua drenagem linfática ocorre para os LINFONODOS CERVICAIS PROFUNDOS SUPERIORES. Quando há hipertrofia da adenoide, pode haver DIFICULDADE RESPIRATÓRIA e ESTASE DE SECREÇÃO, permitindo uma proliferação. Tonsila Palatina/Amígdala – massa de tecido linfoide localizada lateralmente na orofaringe, costumando estar confinada a essa região. É o maior acumulado de tecido linfoide do ANEL DE WALDEYER, podendo invadir a nasofaringe (insuficiência velofaríngea e obstrução nasal) e a hipofaringe (OVA e AOS) A loja amigdaliana é formada por 3 músculos: palatoglosso, palatofaríngeo e constritor superior da faringe – são músculos finos e que possuem proximidade com o NERVO GLOSSOFARÍNGEO, podendo ser facilmente lesado. A inervação da tonsila palatina se dá por ramos do GLOSSOFARÍNGEO, justificado a OTALGIA pós amidalectomia ou durante amigdalites • Imunologia Essas estruturas linfoides tem como principal papel a PROTEÇÃO DO TRATO AERO-DIGESTIVO – As tonsilas palatinas possuem cerca de 10-30 invaginações = CRIPTAS, que, por um sistema de transporte por poros, carrega os antígenos ingeridos até o tecido linfoide subjacente onde entrará em contato com as CÉLULAS APRESENTADORAS DE ANTÍGENOS, que os levarão aos LINF. T e, quando a concentração for grande, até os LINF. B. onde irão se diferenciar em IgA!! Proteção da mucosa! Concentrações antigênicas menores são combatidas por mecanismos de defesa da própria tonsila. A partir da puberdade, há uma ATROFIA da resposta imunológica, que fica ativa até 4-10 anos de idade Quando um indivíduo apresenta infecções recorrentes na tonsila palatina, essa habilidade de transporte dos antígenos para o interior do tecido pode estar prejudicada, reduzindo a produção de anticorpos • Patogênese Está correlacionada a sua localização anatômica e sua função imunológica, sendo, geralmente, a associação INFECÇÃO VIRAL + BACTERIANA a causa de uma INFECÇÃO CRÔNICA. Esse processo prolongado altera o epitélio das criptas, culminando em CRIPTITE CRÔNICA + OBSTRUÇÃO DELAS, permitindo que haja ESTASE DE RESÍDUOS E ANTÍGENOS. • Classificação Clínica ➔ Tonsilas Faríngeas (Adenoide) o Adenoidite Aguda – febre, rinorreia, obstrução nasal e roncos – difícil de diferencias de IVAS e rinossinusite o Adenoidite Aguda Recorrente – 4 ou mais episódios de adenoidite aguda em 6 meses o Adenoidite Crônica – rinorreia constante, halitose, secreção em orofaringe e congestão crônica o Hiperplasia Adenoidiana – Obstrução nasal crônica (roncos + respiração bucal), rinorreia e rinolalia ➔ Tonsilas Palatinas (Amígdalas) o Amigdalite Aguda – febre, odinofagia, disfagia, adenomegalia cervical, hiperemia de amígdalas com possível exsudato Thaís Pires 2 o Amigdalite Aguda Recorrente – 7 episódios em 1 ano; 5 episódios/ano por 2 anos consecutivos; 3 episódios/ano por 3 anos consecutivos o Amigdalite Crônica – odinofagia crônica, halitose, tonsilólitos, edema periamigdaliano e adenopatia cervical amolecida persistente o Hiperplasia Amigdaliana – roncos, AOS, disfagia, rinolalia • Anginas Eritematosas São comuns e correspondem a 90% dos casos, podendo ser tanto VIRAL COMO BACTERIANA! Clinicamente se apresentam por mucosa orofaríngea de coloração ARROXEADA, com amígdalas EDEMACIADAS e HIPERTROFIADAS! Além disso, apesentam EXSUDATO ESBRANQUIÇADO que de desprender facilmente da amígdala. o Virais – são responsáveis por 75% das faringoamigdalites agudas ▪ Agentes Etiológicos – Rinovírus, coronavirus, adenovírus, herpes simples, influenza ▪ Quadro Clínico – sintomas de leve intensidade, como ODINOFAGIA E DISFAGIA – grande parte apresenta também MIALGIA, FEBRE BAIXA, CORIZA e ESPIRROS. No exame, não apresenta EXSUDATO e as principais características que sugerem etiologia viral são: febre moderada, tosse, coriza, obstrução nasal, ausência de adenopatia ▪ Tto – medidas de suporte sintomático o Bacterianas – 20-40% dos casos ▪ Agentes Etiológicos – Streptococcus pyogenes (!!!); Mycoplasma pneumonie, Chlamydia ▪ Faringoamigdalite Estreptocócica – é a causa mais comum de faringoamigdalites e tem grande importância para a saúde pública, uma vez que apresenta complicações importantes: febre reumática e GMNPE • Sintomas – dor faríngea, odinofagia, otalgia reflexa, febre com queda do estado geral • Sintomas que sugerem E. pyogenes – início brusco, febre alta, odinofagia intensa, AUSENCIA DE SINTOMAS NASAIS • Exame Físico – hiperemia, edema e exsudato purulento + adenopatia jugulo-digástrica • Padrão-ouro – realização da CULTURA – demanda tempo • Complicações o Não Supurativas ▪ Escarlatina – aparece pela produção de endotoxinas bacterianas – é marcado por um RASH PAPULAR ERITEMATOSO de caráter áspero + sinal de FILATOV (palidez perioral) + sinal de PASTIA (hiperpigmentação de linhas de flexão) / Tratamento é PENICILINA G EV ▪ Febre Reumática – manifestada 2-3 semanas após o episódio da faringinte estreptocócia / Diagnóstico com 2 MAIORES ou 1 MAIOR + 2 MENORES, ambos associados a evidencias de infecção estreptocócica ▪ Glomerulonefrite – pode ocorrer após 1-2 semanada da infecção faringea ou de pele (piodermite) às cepas nefritogênicas ▪ Síndrome do Choque Tóxico Estreptocócico – ocorre após infecção estreptocócica em qualquer sítio – HIPOTENSÃO + (pelo menos 2) insuficiência renal, coagulopatia, anomarlidades função hepática, SAR do adulto o Supurativas Thaís Pires 3 ▪ Abscesso periamigdaliano; parafaríngeo e infecções do espaço retrofaríngeo • Tto – grande parte dos autores defende o uso de PENICILINA E DERIVADOS para o tto de amigdalites não complicadas o Penicilina G benzatina dose única 600.000 UI (<20kg) até 1.200.000 UI (>20kg) o Amoxicilina VO – 40-50mg/kg/dia por 10 dias → se houver suspeita de produtores de beta- lactamase, associar a CLAVULANATO o Eritromicina, Azitromicina – quando houver ALERGIA OU TOLERÂNCIA A PENICILINA!! • Mononucleose Infecciosa o Agente Etiológico – causada pelo EBV, porém outros agentes podem mimetizar um quadro de mononucleose → CMV, rubivirus, toxoplasma o Quadro Clínico – tríade FEBRE + ANGINA + POLIADENOPATIA / Febre alta, angina eritematosa, eritema- exsudativa, pseudomembranosa, edema de úvula, edema de palato / Hepatoesplenomegalia, linfadenopatia, RASH CUTÂNEO MORBILIFORME QUANDO USO DE PENICILINA o Diagnóstico – quadro clínico + exame laboratoriais (linfocitose) o Tratamento – sintomatológico • Difteria o Agente Etiológico – Corinebacterium diphteriae – bacilo gram positivo anaeróbico produtor de endotoxina o Quadro Clínico – insidioso com PSEUDOMEMBRANAS BRANCO-ACINZENTADAS localizadas sobre as AMÍGDALAS e ÚVULA – aderem a mucosa e resistem ao descolamento – podem se estender por todo o trato aero-digestivo alto, causando uma OVA / Quando atinge a LARINGE, surge VOZ E TOSSE ROUCA / A exotoxina diftérica tem tropismo cardíaco, causando arritmias o Diagnóstico – confirmado pelo bacterioscópico direto e cultura de exsudatos faríngeos ou fragmentos da membrana • Angina Úlcero-Necróticas o Angina de Plaut-Vincente ▪ Agente Etiológico – causada pela simbiose de microorganismos existentes na flora normal da orofaringe, Fusobacterium plautvincenti e Spirochaeta dentuim – má higiene bucal e estado dentário ▪ Quadro Clínico – disfagiaunilateral dolorosa, sem febre e com queda no estado geral – angina úlcero- necrótica unilateral recoberta por pseudomembrana, friável, causa necrose e eliminação de odor fétido ▪ Diagnóstico – baseia-se na UNILATERALIDADE das lesões e na presença de lesões gengivais ▪ Complicações – tromboflebite jugular com risco de embolização séptica ▪ Tto – Penicilina ou Metronidazol, gargarejo com soluções antissépticas o Outras Causas ▪ Cancro Sifilítico – a ulceração é menos profunda e tem consistência lenhosa ▪ CA de amígdala – pcts com história de tabagismo e etilismo em amígdala ulcerada que não melhora após tto clínico • Anginas Vesiculosas – acometimento da faringe e da mucosa oral – vesículas vistas no ínicio da afecção, podendo serem múltiplas e disseminadas – na mucosa, essas vesículas se rompem facilmente e dão origem a úlceras pouco profundas com exsudato esbranquiçado o HSV 1 ▪ Quadro Clínico – inicia com uma gengivoestomatite ou como faringite aguda – manifesta entre 10 meses e 3 anos de idade, pois antes de 10 meses os Ig maternos protegem. Vírus transmitido por perdigotos – linfadenomegalia cervical e submentoniana ▪ Tto – Aciclovir 200mg 5x/dia 7-10 dias o Herpangina Thaís Pires 4 ▪ Agente – Cocksakie A ▪ Quadro – angina eritematosa com vesículas, que, ao romperem, deixam ulcerações esbranquiçadas circundadas por HALO ERITEMATOSO em toda a orofaringe 2) Otite Média Aguda e Recorrente É uma doença inflamatória aguda da orelha média, consistindo na DOR e INFLAMAÇÃO EXSUDATIVA DA MUCOSA – A forma RECORRENTE é aquela em que ocorrem recidivas frequentes, que ocorre em crianças mais PROPENSAS (pelo menos 3 episódios de OMA nos últimos 6 meses) • Epidemiologia – a OM é uma doença muito prevalente com ALTA MORBIDADE e BAIXA MORTALIDADE, sendo 50% dos casos bacterianos e 50% virais e outros – cerca de 70% dos indivíduos terão 1 episódio de OM antes dos 5 anos → dos 70%, 33% terão 3 episódios ou mais antes de completar 3 anos, que evolui com RETENÇÃO DE LÍQUIDO = OTITE MÉDIA COM EFUSÃO o Sexo Masculino o Estação do Ano – como grande parte das OM são precedidas por infecções respiratórias e, no INVERNO, a frequência dessas aumenta consideravelmente o Creches e Berçários – cuidados fora do domicílio até 2 anos o Genética – há maior chance de desenvolver OMA em crianças que possuem irmãos com OMR o Duração do Aleitamento Materno – se menor que 6 meses, risco o Tabagismo Parental o Posição da Alimentação – como já se sabe, a tuba auditiva das crianças apresenta uma angulação com o eixo horizontal de 10°, ao contrário dos adultos que apresentam cerca de 45° - a ingestão de líquidos em certas posições pode permitir o influxo para a orelha média • Fisiopatogenia – envolve dois principais fatores: INFECÇÃO + DISFUNÇÃO DA TUBA AUDITIVA (TA) – a infecção causa a liberação de mediadores inflamatórios (tnf e IL), que culminam em aumento da permeabilidade vascular e formação de EXSUDATO CATARRAL → EFUSÃO DA ORELHA MÉDIA que não é drenada pela TA. Uma das principais fontes para infecção é a TONSILA FARÍNGEA, que pode estar repleta de microorganismos que não são combatidos. Em grande parte das crianças, a OM é uma doença autolimitada, porém, em alguns casos, pode evoluir para MASTOIDITE e para OMR! • Tuba Auditiva – canal estrito de 3,5 cm responsável por conectar a NASOFARINGE (em contato com o ar ambiente) e a ORELHA MÉDIA (isolada), com função de EQUALIZAR AS PRESSÕES durante a deglutição e o bocejo. Além de equalizar, a TA faz a drenagem de possíveis efusões na OM e protege a região da passagem de microorganismos! Todas essas funções são decorrentes da atividade MUSCULAR (tensor e levantador do véu palatino) e CILIAR (epitélio). O acúmulo de efusão na OM causa uma PRESSÃO NEGATIVA na região, culminando em obstrução funcional da tuba! • Microbiologia o Viral – vírus sincicial respiratório, adenovírus, influenza e parainfluenza – metade das crianças tiveram infecção pelo ADENOVÍRUS E SINCICIAL OU CORONAVÍRUS o Bacteriana – Streptococus pneumonie, Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis – o PNEUMOCOCO é responsável por cerca de 50% das otites bacterianas agudas; o H. influenzae é reposnsável por 25% das OMA, sendo o subtipo b o mais relacionado a complicações (meningite, pneumonia); Moraxella é o 3º mais encontrado nas OMA / S. pyogenes é responsável por 2% das infecções o Biofilmes – são cooperativas plurais de microorganismos embebidas em uma MATRIZ EXTRACELULAR com organização de forma a sobreviver no local – algumas bactérias dos biofilmes são refratárias aos MECANISMOS DE DEFESA e à ANTIBIOTICOTERAPIA → explica a cronicidade! • Alergia (?) – alguns autores postulam sobre a correlação OMA, OMR e OME e alergias, alegando que o EDEMA da TA pode dificultar a sua funcionalidade e, consequentemente, facilitar o acúmulo de secreção na OM. Thaís Pires 5 • Imuno – a presença de baixos níveis de IgG2 está correlacionada com OMR • Manifestações Clínicas o OMA – histórico de IVAS + aparecimento súbito de OTALGIA + febre + irritabilidade + dificuldade amamentação / cerca de 60% dos casos de IVAS evolui para OMA o OMR – efeitos adversos na FALA, LINGUAGUEM, provavelmente decorrente da perda auditiva • Diagnóstico e Exames Complementares o Otoscopia – a visualização da membrana timpânica revela HIPEREMIA, OPACIDADE, ABAULAMENTO e POUCA MOBILIDADE na pneumotocopia → importante diferenciar da otalgia da otite externa que não tem histórico de IVAS, não tem febre o Timpanocentese – secreção purulenta o Audiometria – perda auditiva em todas as frequências o Timpanometria/Impedancia MT – avalia a resistência da MT – GRAU A é normal; GRAU B e C associados a disfunção de TA • Tratamento o Clínico OMA – Para crianças maiores que 6 MESES, aplicar o tto 2W (watchful e waiting), já que grande parte das OMA tem resolução espontânea; para MAIORES DE 2 ANOS, tto quando certeza de doença grave (bilateralidade é característico de OMA grave) / Caso haja tto prévio com antibiótico, foi constato que os microorganismos restantes são mais resistentes, sendo um fator a ser observado antes de iniciar tto ▪ 1º - Amoxicilina + Clavulanato – caso não tenha alergia a penicilina / Macrolídeo se alergia - Azi ▪ 2º - Após 72h com amox. e sem resposta – cefuroxima, cefdinir, cefpodoxima ▪ 3º - Fracasso da 2 ou vômitos – ceftriaxone IM ▪ Antitérmicos + Analgésicos ▪ Evitar gotas otológicas – pode causar otomicose o Cirúrgico OMA e OMR ▪ Timpanocentese – determinar o microorganismo ▪ Tubo de Ventilação – indicado para aqueles pcts com perda auditiva por acúmulo de secreção – procedimento hospitalar, anestesia geral – • OME por pelo menos 3 meses com perda auditiva • OMR após tentativa de 3 meses com antimicrobiani • Disfunção da TA e Atelectasia da MT ▪ Adenoidectomia – em casos de OMR e OME • Profilaxia o Imunoprofilaxia – vacina conjugada heptavalente em 2, 4 e 6 meses de idade - pneumococo
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