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Refração e reflexão da luz Introdução Neste relatório, analisaremos os principais fenômenos e propriedades quantitativas e qualitativas relacionados a propagação da luz. Nesse sentido, entender o funcionamento e modo de ação das leis físicas que regem o experimento, nos tornará, então, familiarizados e preparados para analisar e compreender o fenômeno in natura, fora do laboratório, como por exemplo, a formação de arco-íris (dispersão da luz) e o brilho fascinante dos espelhos d’água produzidos por uma refração especial. Nosso embasamento teórico é permitido graças à lei de Snell-Descartes, elucidada pela relação (1), que, de forma geral, rege o fenômeno da refração, que nada mais é que a passagem da luz de um meio para outro com diferentes características (diferentes velocidades de propagação da luz). Essa característica intrínseca é denominada índice de refração do meio – número adimensional obtido a partir da razão entre a velocidade da luz no vácuo, e a velocidade da luz no meio (𝑛). A lei de Snell relaciona matematicamente o fenômeno físico da seguinte maneira: um feixe luminoso proveniente de um meio de índice de refração 𝑛1 incide sobre a interface entre dois meios distintos, formando um ângulo 𝜃1 com a normal a superfície. Esse raio se propaga para o meio seguinte, com índice 𝑛2 e deslocado em um ângulo de 𝜃2 em relação a normal do meio. 𝑛1 sin 𝜃1 = 𝑛2 sin 𝜃2 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 (1) Objetivos Com o auxílio dos materiais, ferramentas, e conhecimento disponibilizado pelo laboratório de física experimental da UFMG, realizaremos um experimento em três etapas, e em cada um, devemos obter uma informação valiosa acerca de uma propriedade ou fenômeno relacionado a propagação da luz. Materiais 01 𝐿𝑎𝑠𝑒𝑟 𝐻𝑒 − 𝑁𝑒; 01 𝐹𝑜𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑙𝑢𝑧 𝐵𝑟𝑎𝑛𝑐𝑎; 01 𝐹𝑒𝑛𝑑𝑎; 01 𝑃𝑟𝑖𝑠𝑚𝑎 𝑠𝑒𝑚𝑖𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑟 𝑐𝑜𝑚 𝑏𝑎𝑠𝑒; 01 𝑃𝑟𝑖𝑠𝑚𝑎 𝑡𝑟𝑖𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟 (𝑐𝑜𝑚 𝑖𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑓𝑟𝑎çã𝑜 𝑛 𝑑𝑒 𝑎𝑝𝑟𝑜𝑥𝑖𝑚𝑎𝑑𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 1,4); 02 𝐴𝑛𝑡𝑒𝑝𝑎𝑟𝑜𝑠; 𝑇𝑟𝑖𝑙ℎ𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑚𝑜𝑛𝑡𝑎𝑔𝑒𝑚. Métodos Imagem 01 Para a montagem da primeira parte do experimento, incidiremos o feixe de luz produzida pelo laser sob o prisma semicircular, de forma a causar a refração da luz, e assim encontrarmos e verificarmos o valor do índice de refração nesse meio, de acordo com a imagem (1). A partir da rotação do prisma em torno do seu eixo central, mediremos os ângulos de incidência (θ1) e refração (θ2). A partir da coleta de alguns desses pares de ângulos, seremos capazes de, com a ajuda de um software de dados, encontrar o valor do índice de refração no meio. Rearrumando a relação (1), e considerando 𝑛𝑎𝑟 ≈ 𝑛𝑣á𝑐𝑢𝑜 = 1, temos: sin 𝜃1 ∙ 1 𝑛2 = sin 𝜃2 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 (2) De acordo com a relação descrita por (2), espera-se que o ângulo de refração seja sempre inferior ao ângulo de incidência, uma vez a função seno é uma função estritamente crescente no intervalo entre (0, 𝜋 2 ), e que 1 𝑛2 ≤ 1 para todo meio. Isso é explicado uma vez que o índice de refração é uma razão entre a velocidade da luz no meio, e a velocidade da luz no vácuo (velocidade máxima), por isso é uma unidade adimensional. Essa relação, expressa a dependência do ângulo de refração em relação ao ângulo de incidência e o meio no qual a onda se propagará. Assim, podemos modelar a relação (2) como uma função do primeiro grau, linear. Fazendo sin 𝜃1 = 𝑥 e sin 𝜃2 = 𝑦, tem-se: 𝑥 ∙ 1 𝑛2 = 𝑦 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 (3) A partir dos dados coletados (representado na tabela 1), e modelando de acordo com a relação (3), obtemos através do uso do software SciDAVis, a imagem (1) a seguir: 𝜃1(𝑒𝑚 𝑔𝑟𝑎𝑢𝑠) 𝜃2(𝑒𝑚 𝑔𝑟𝑎𝑢𝑠) 10,0 8 20,0 18 30,0 24 40,0 30 50,0 35 60,0 42 70,0 47 Tabela 01 Imagem 02 É importante salientar que somente ocorre refração na interface entre o ar e a face plana do prisma nesse experimento. Á isso deve-se o fato de que, ao emitirmos um feixe de luz sobre o centro do prisma, interno a ele, o feixe independente da direção que tome (direção entende-se como diferentes angulações em relação á normal) sobrepõe-se ao raio do prisma. Dessa forma, ao incidir sobre a interface prisma-ar novamente, sempre terá ângulo nulo em relação a normal dessa superfície (lembre-se que em um círculo, o raio é sempre ortogonal á circunferência). Com os dados obtidos do gráfico (imagem 2), já somos capazes de encontrar o valor do índice de refração no prisma. Assim, daremos início a montagem do experimento seguinte, responsável por determinar o índice de refração do mesmo prisma, a partir de uma maneira ligeiramente diferente. Utilizando a relação (1), vemos que o ângulo de refração aumenta continuamente até o valor limite de 𝜋 2 (sin 𝜋 2 = 1), onde ocorre reflexão interna total. Assim, supondo 𝑛1 > 𝑛2: 𝑛1 sin 𝜃1 = 𝑛2 . : 𝜃1 = arcsin 𝑛2 𝑛1 𝑟𝑒𝑙𝑎ç𝑎𝑜 (4) A partir da relação (4), podemos obter o índice de refração do prisma, conhecendo o ângulo (chamado ângulo crítico) e o índice 𝑛1 de refração do meio (ar). Vemos também a partir de (4), que só ocorre a reflexão quando a luz se propaga de um meio mais refringente (maior índice de refração) para um menos refringente. Isso é matematicamente provado uma vez que o domínio da função arcsin 𝑥 (𝑐𝑜𝑚 𝑥 = 𝑛2 𝑛1 ) está contido no intervalo 𝑥 ∈ [−1, 1], sendo assim, 𝑛2 < 𝑛1. Ajustando-se o prisma de modo que o feixe do laser incida sobre sua superfície curva, de forma que o raio saia perpendicularmente pelo centro da sua superfície plana, encontra-se o valor do ângulo crítico efetuando-se a rotação do prisma até que o feixe refratado desapareça por completo. Dessa forma, verifica-se experimentalmente que para o prisma em questão, não há mais raio luminoso refratado para um ângulo de incidência de aproximadamente 𝜃 = (45 ± 2)°. Novamente, com tais informações, já somos capazes de encontrar o índice de refração do prisma, portanto daremos prosseguimento com o restante do experimento. Para a última etapa do experimento, responsável pela observação da dispersão da luz branca, e verificação de que esta é composta por todo o espectro visível de cores, é realizada a seguinte montagem (imagem 3): Imagem 03 Posicione o prisma triangular de modo que o feixe de luz incida perpendicularmente sobre uma de suas superfícies (e, portanto, não haja alteração na sua trajetória, o que implica 𝜃2 = 45 °) e ainda que seu maior lado esteja a um ângulo de 45° (aproximadamente o ângulo crítico) com o feixe incidente, isso porque o índice de refração desse prisma é de 1,4. Gire o suporte do prisma levemente até que todas as faixas de cores apareçam no anteparo. Nessa situação a decomposição da luz branca será máxima já que os ângulos de saída estarão próximos de 90°. Incidindo então os feixes provenientes do prisma sob um anteparo graduado, podemos facilmente obter o ângulo de saída dos feixes luminosos, como demonstrado na tabela 2 a seguir: 𝐶𝑜𝑙𝑜𝑟𝑎çã𝑜 Â𝑛𝑔𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑒 𝑠𝑎í𝑑𝑎 (°) 𝑉𝑒𝑟𝑚𝑒𝑙ℎ𝑜 84,5 𝐴𝑚𝑎𝑟𝑒𝑙𝑜 85 𝑉𝑒𝑟𝑑𝑒 85,5 𝐴𝑧𝑢𝑙 86,5 𝑉𝑖𝑜𝑙𝑒𝑡𝑎 87,5 Tabela 02 Resultados Tendo desenvolvido todo o arcabouço fundamental às três coletas de dados de cada etapa do experimento e realizado as medições necessárias, podemos dar prosseguimento aos objetivos do procedimento. Assim, para determinarmos o valor do índice de refração através do método gráfico (imagem 02), utilizaremos informações fornecidas pelo software de regressão linear: 1 𝑛2 = 𝐴 (𝑠𝑙𝑜𝑝𝑒) . : 𝑛2 = 1,35 Como essa medida foi obtida a partir de outras grandezas, a incerteza e o erro das mesmas é propagado sobre nosso valor desejado. Assim, calculamos a incertezapadrão combinada de 𝑛2 através da relação (4): 𝑢𝑐 2(𝑦) = ∑ ( 𝜕𝑓 𝜕𝑥𝑖 ) 2 ∙ 𝑢2(𝑥𝑖) 𝑛 𝑖=1 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 (4) Assim: Δ𝑛2 2 = (− 1 𝐴2 ) 2 ∙ Δ𝐴2 . : Δ𝑛2 = 0,05 Podemos também, encontrar o valor do índice de refração através do ângulo-limite (segunda montagem do experimento). Logo (utilizamos ao longo de todo o relatório os índices “1” para incidente e “2” para refratado, no entanto, nesse caso em específico, o raio incidente é proveniente do prisma, não do ar como de costume, dessa forma utilizamos o índice “2” para realçar que o raio provém do prisma), sabendo que 𝜃𝑐 = (45 ± 2)°, temos: 𝑛2 sin 𝜃𝑐 = 1 . : 𝑛2 = 1,41 Já em relação à terceira e última montagem do equipamento nesse experimento, encontramos índices de refração levemente diferentes para cada faixa de cor, uma vez que são observadas diferentes deflexões do raio luminoso. 𝐶𝑜𝑙𝑜𝑟𝑎çã𝑜 ( 𝑒 𝜆) Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑓𝑟𝑎çã𝑜 𝑉𝑒𝑟𝑚𝑒𝑙ℎ𝑜 (685 𝑛𝑚) 1,4078 𝐴𝑚𝑎𝑟𝑒𝑙𝑜 (580 𝑛𝑚) 1,4089 𝑉𝑒𝑟𝑑𝑒 (532 𝑛𝑚) 1,4099 𝐴𝑧𝑢𝑙 (462 𝑛𝑚) 1,4116 𝑉𝑖𝑜𝑙𝑒𝑡𝑎 (415 𝑛𝑚) 1,4129 Tabela 03 Buscando um aprofundamento teórico maior, encontra-se uma fórmula empírica desenvolvida pelo matemático francês Augustin- Louis Cauchy, dada por: 𝑛 = 𝑎 + 𝑏 𝜆2 𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 (5) Tal relação confirma nossa observação: faixas de cores de maior comprimento de onda, possuem menores índices de refração. O fenômeno da dispersão da luz branca ocorre justamente porque diferentes comprimentos de ondas possuem diferentes velocidades de propagação no meio, dessa forma, diferentes angulações e, portanto, ocorre a separação das cores. Conclusão Todo conhecimento científico desenvolvido até então nos auxiliou à alcançar nosso objetivo. A partir da primeira montagem do experimento, fomos capazes de encontrar com sua respectiva incerteza, o valor do índice de refração do meio (prisma), dado por: 𝑛𝑝𝑟𝑖𝑠𝑚𝑎 𝑠𝑒𝑚𝑖𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑙𝑎𝑟 = (1,35 ± 0,05) Tal valor, é satisfatoriamente compatível com o valor encontrado na segunda montagem (𝑛 = 1,41), dessa forma, conclui-se que o experimento se aproximou em grande quantidade do resultado esperado, levando em consideração pequenos erros de imprecisão, calibração e imperfeições dos materiais. Uma terceira e última abordagem, partindo de um viés distinto (dispersão da luz), nos permitiu analisar qualitativamente detalhes minuciosos acerca da velocidade dos diferentes comprimentos de onda no meio, que não eram elucidados anteriormente, uma vez que era utilizado um laser vermelho, sem uma larga banda de comprimentos de onda.
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