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Modulo VII - Domissanitários

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Curso de Toxicologia 
ANVISA - RENACIAT - OPAS – NUTES/UFRJ - ABRACIT 
 1
MÓDULO VII 
Intoxicação por Produtos de Uso Doméstico 
 
Autora 
Cecília Maria de Souza Lagares Dabien Haddad (CCI - Campinas) 
Tutor 
Afrânio Gomes Pinto Júnior (GGTOX - Anvisa) 
 
 
Definições 
São substâncias ou preparações destinadas à higienização, desinfecção ou 
desinfestação domiciliar, em ambientes coletivos e/ou públicos, em lugares de uso 
comum e no tratamento de água, compreendendo: 
 
1. Detergentes e seus congêneres - são as substâncias que apresentam como finalidade 
a limpeza e conservação de superfícies inanimadas, como por exemplo, detergentes, 
alvejantes; amaciante de tecidos; antiferruginosos, ceras, desincrustantes ácidos e 
alcalinos, limpa móveis, plásticos, pneus, vidros; polidores de sapato, superfícies 
metálicas, removedores, sabões, saponáceos e outros. 
 
2. Alvejantes – correspondem a qualquer substância com ação química, oxidante ou 
redutora, que exerce ação branqueadora. 
3. Desinfetantes - são formulações que têm na sua composição substâncias 
microbicidas e apresentam efeito letal para microrganismos não esporulados. Eles 
podem ser de uso geral, para indústrias alimentícias, para piscinas, para lactários, 
hospitalares para superfícies fixas e hospitalares para artigos semi-críticos. 
 
4. Desodorizantes - são formulações que têm na sua composição substâncias 
microbioestáticas, capazes de controlar os odores desagradáveis advindos do 
metabolismo microrgânico. Não apresentam efeito letal sobre microrganismos, mas 
inibem o seu crescimento e multiplicação. São eles: desodorizantes ambientais, 
produtos para aparelhos sanitários e outros. 
5. Esterilizantes - são formulações que têm na sua composição substâncias microbicidas
e apresentam efeito letal para microrganismos esporulados e não esporulados. 
 
6. Algicidas para piscinas - são substâncias ou produtos destinados a matar algas. 
 
7. Fungicidas para piscinas - são substâncias ou produtos destinados a matar todas as 
formas de fungos. 
8. Desinfetantes de água para o consumo humano - são substâncias ou produtos 
destinados à desinfecção de água para beber. 
9. Água sanitária - soluções aquosas à base de hipoclorito de sódio ou cálcio, com teor 
de cloro ativo entre 2,0 a 2,5% p/p, durante o prazo de validade (máximo de 6 meses). 
Produto poderá conter apenas hidróxido de sódio ou cálcio, cloreto de sódio ou cálcio e
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carbonato de sódio ou cálcio como estabilizante. Pode ter ação como alvejante e de 
desinfetante de uso geral. 
10. Produtos biológicos – produtos à base de microrganismos viáveis para o tratamento 
de sistemas sépticos, tubulações sanitárias de águas servidas, e para outros locais, com 
a finalidade de degradar matéria orgânica e reduzir os odores. 
 
11. Inseticidas – são produtos desinfestantes destinados à aplicação em domicílios e 
suas áreas comuns, no interior de instalações, edifícios públicos ou coletivos e 
ambientes afins para controle de insetos e outros animais incômodos e nocivos à 
saúde. 
 
12. Raticidas - são produtos desinfestantes destinados à aplicação em domicílios e suas 
áreas comuns, no interior de instalações, edifícios públicos ou coletivos e ambientes 
afins para controle de roedores. 
13. Produtos para jardinagem amadora – são produtos destinados à aplicação em 
jardins ou plantas ornamentais, cultivadas sem fins lucrativos, para o controle de 
pragas e doenças e bem como aqueles destinados a revitalização e ao embelezamento 
das plantas. 
 
14. Repelentes – são produtos com ação repelente para insetos, para aplicação em 
superfícies inanimadas e para volatilização em ambientes com liberação lenta e 
contínua do (s) ingrediente (s) ativo (s) por aquecimento elétrico ou outra forma de 
energia ou espontaneamente. 
 
Peculiaridades dos domissanitários 
• 60 a 90% do tempo das pessoas são passados em ambientes fechados. 
• Exposição cotidiana. 
• Diversidade de finalidades. 
• Mesma marca comercial com diferentes formulações e concentrações. 
• Composição similar em produtos com aplicações diferentes. 
• Exposição concomitante. 
• Regionalidade de hábitos e de marcas. 
• Associação e uso inadequado de produtos. 
 
Conduta em caso de acidente 
Sempre trate primeiro da(s) pessoa(s) acidentada(s). 
Siga as orientações de socorro que estão no rótulo do produto. 
Medidas gerais de primeiros-socorros, de acordo com a situação: 
• Se a pessoa bebeu ou comeu o produto: não provoque vômito, procure 
imediatamente o serviço de saúde mais próximo. Nunca dê nada para a pessoa beber 
ou comer, se ela estiver inconsciente. 
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• Se o produto entrou em contato com os olhos (caiu ou respingou): lave-os 
imediatamente com muita água limpa, mantendo os olhos bem abertos. Em caso de 
dor, irritação, ardência ou lacrimejamento, procure imediatamente ajuda médica. 
• Se o produto entrou em contato com a pele (caiu ou respingou): lave imediatamente 
a parte do corpo atingida, com muita água limpa.Tire as roupas contaminadas pelo 
produto. Em caso de irritação, dor ou queimadura procure ajuda médica. 
• Se a pessoa inalou (cheirou) em excesso o produto: leve-a para um local aberto. Se 
houver sinais de intoxicação (mal-estar, tontura, dificuldades para respirar, tosse), 
procure ajuda médica. 
Atenção: Sempre que possível, deve-se levar o rótulo do produto ao médico, porque 
isto orienta e melhora o atendimento ao paciente. 
 
 
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Considerações gerais 
Cáustico é um termo genérico para qualquer substância corrosiva. Classicamente, um 
cáustico era uma substância alcalina; contudo, este termo refere-se agora tanto a 
produtos ácidos quanto alcalinos. De modo similar, alguns agentes não considerados 
tradicionalmente alcalinos ou ácidos são classificados agora como cáusticos. Os 
exemplos incluem detergentes e hidrocarbonetos, que podem causar queimaduras 
graves após exposição a membranas mucosas. 
Álcalis(cáusticos): hidróxido de cálcio, carboneto de cálcio, óxido de cálcio, soda 
cáustica, potassa cáustica, dietilenotriamina, isopropilamina, isopropilaminetanol, cal, 
carbonato de potássio, hidróxido de potássio, óxido de potássio, carbonato de sódio, 
hidróxido de sódio, metassilicato de sódio, óxido de sódio, silicato de sódio, 
tripolifosfato de sódio, fosfato trissódico. 
Ácidos(corrosivos): ácido acético, cloreto de cobre, sulfato de cobre, cloreto férrico, 
ácido clorídrico, ácido fluorídrico, ácido nítrico, ácido oxálico, ácido fosfórico, cloreto 
de zinco, sulfato de zinco. 
Hidrocarbonetos que causam queimaduras químicas: 
dicloreto de etileno, etilenoglicol monobutil éter, etilenoglicol monobutil éter acetato, 
formaldeído, gasolina, álcool isopropílico, naftaleno, percloroetileno, fenol, óleo de 
pinho, terpenos, terebentina, xileno. 
Água sanitária, cloradores de piscinas e de água de consumo 
Soluções de Milton e de Dakin 
Associações com risco potencializado: 
HIPOCLORITO COM AMÔNIA: produzem fumos de cloramina e dicloramina, que em 
contato com mucosas formam ácido hidrocloroso e oxigênio nascente, que são potentes
agentes oxidantes e causam lesão celular. 
HIPOCLORITO COM SOLUÇÕES ÁCIDAS: liberam cloro gasoso e ácido hipocloroso 
que são absorvidos pelas mucosas, determinando dano local e sistêmico 
Toxicocinética 
Os agentes cáusticos produzem lesão tecidual alterando a estrutura da derme ou 
membrana mucosa, o que afeta o estado ionizado e rompe as ligações covalentes. 
A lesão tecidual por necrose liquefativa (saponificaçãode gorduras e solubilização das 
proteínas) é patognomônica da exposição aos álcalis. A morte celular pode sobrevir 
pela emulsificação e ruptura das membranas celulares. Ocorre trombose dos vasos 
venosos e arteriais. Uma lesão grave com risco de morte pode ocorrer em menos de 
um minuto, dependendo da potência da exposição cáustica. Historicamente, o 
estômago é envolvido em apenas 20% dos casos após ingestões intencionais de 
substâncias alcalinas. Isso porque num passado não muito remoto esses produtos eram 
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de apresentação sólida ou em escamas e por serem muito viscosos, lesavam 
primordialmente a orofaringe e o esôfago. 
As exposições a ácidos causam lesão tecidual por necrose de coagulação 
(ressecamento ou desnaturação das proteínas do tecido superficial), com formação 
eventual de escaras e coágulos. Esse efeito parece limitar a extensão das lesões. O 
epitélio escamoso da orofaringe e esôfago é um pouco mais resistente à lesão por 
ácidos, muito provavelmente pelo refluxo que fisiologicamente ocorre diariamente. O 
estômago é muito mais freqüentemente envolvido nas ingestões intencionais de líquidos 
ácidos. 
Os hidrocarbonetos cáusticos são menos propensos a causar lesão significativa à 
bucofaringe, esôfago ou estômago. Contudo essas substâncias químicas causam 
irritação e queimaduras químicas da pele após exposição prolongada, pois penetram 
na derme e causam necrose adiposa. O extrato córneo externo funciona como barreira 
contra alguns agentes químicos, enquanto outros agentes, como os hidrocarbonetos, 
penetram facilmente na pele. 
A lesão tecidual é determinada pela potência e concentração do agente, modo de 
contato, quantidade do agente, duração do contato, mecanismo de ação, extensão da 
penetração, estado de enchimento prévio do estômago e intuito da ingestão. 
Evolução das Esofagites Cáusticas 
Primeiros 3 a 4 dias - INFLAMAÇÃO AGUDA: edema, eritema, congestão vascular, 
trombose, infiltração bacteriana, dano celular por desidratação, saponificação das 
gorduras, rápido processo necrótico. Nesta fase aparecem as complicações agudas. A 
ausência destas não elimina risco de seqüelas crônicas, que podem surgir em semanas. 
4 a 21 dias - FASE DE GRANULAÇÃO LATENTE: começa a fibroplasia; após 
descamação da mucosa forma-se tecido de granulação com síntese inicial de 
colágeno.Nesta fase a parede esofagiana encontra-se mais tênue e friável, com maior 
risco de perfuração entre 5º e 15º dia. 
A partir da terceira semana e podendo prolongar-se por anos - FASE DE 
CICATRIZAÇÃO CRÔNICA: a cicatriz substitui a lesão inicial, em até 2 a 3 semanas. 
Pode haver estenoses cicatriciais sintomáticas do esôfago, com disfagia progressiva, 
esôfago de Barrett, tração do estômago para o tórax e, tardiamente, adenocarcinoma. 
Manifestações clínicas 
Após uma exposição acidental da pele ou membranas mucosas a uma pequena 
quantidade de cáustico, alguns pacientes queixam-se de ardência grave e irritação. 
A exposição da membrana mucosa resulta em lacrimejamento ou sialorréia, 
consistentes com a resposta inflamatória. Da mesma forma, pode haver queixas de 
dificuldade de respirar ou deglutir, dependendo da quantidade e da viscosidade da 
substância deglutida. Contudo, usualmente, os volumes são pequenos e 
freqüentemente não causam problemas significativos. A exposição acidental dos olhos 
aos cáusticos pode causar dor intensa e cegueira se não tratada imediatamente. O 
caso especial da exposição da pele ao ácido fluorídrico causa dor 
intensa,frequentemente várias horas após a exposição. O desconforto é adiado, pois o 
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ácido fluorídrico é capaz de penetrar na pele antes da dissociação do íon fluoreto do 
hidrogênio. Isso contrasta com a dor mais imediata causada por outros agentes 
cáusticos com dissociação mais rápida, como o hidróxido de potássio ou o ácido 
clorídrico. 
A exposição intencional a cáusticos quase sempre envolve a ingestão de álcalis ou 
ácidos fortes. Esses pacientes tipicamente apresentam-se vários minutos ou horas após 
a ingestão, quando a dor e edema bucofaríngeos e esofágicos tornam-se intensos. Eles 
têm, freqüentemente, disfonia e sentam-se na posição clássica de sniffing (aspirando o 
ar com força), devido ao comprometimento das vias aéreas. Os pacientes queixam-se 
de dor intensa na garganta, dor retroesternal, epigástrica. 
Inalação: intensa irritação respiratória, tosse, dispnéia, espasmo de glote, aumento de 
secreções, edema, broncoespasmo e cianose. Descamação do epitélio nasal, risco de 
infecções, facilitação das complicações pulmonares. Manifestações sistêmicas: cefaléia, 
tontura, fraqueza, hipotensão e taquicardia. 
Ocular: dor intensa, fotofobia, lesão de córnea, conjuntivite, lacrimejamento e edema 
palpebral. 
Cutânea: queimadura grave e dolorosa, com necrose tecidual. 
Digestiva: dor na cavidade oral e retroesternal, sialorréia, vômito, desidratação, 
hipotensão e lesões esofágicas. Tardiamente, pode ocorrer estenose cicatricial do 
esôfago. A suspeita de perfuração se faz diante de peritonite, febre, dor torácica intensa
(alargamento do mediastino, enfisema subcutâneo, pneumomediastino, ou 
pneumoperitônio). 
Tratamento 
As exposições da pele ou dos olhos devem ser tratadas imediatamente com irrigação 
com água. Se grandes quantidades de álcali sólido, como a cal, permanecerem na 
pele, devem ser escovadas, antes da irrigação com água, pois uma queimadura 
térmica significativa pode ser produzida pelo contato do álcali sólido com a água. 
Como os álcalis penetram na pele e olhos por um período prolongado, a irrigação 
deve continuar por pelo menos 15 minutos após a remoção inicial. A irrigação dos 
olhos deve ser mantida por ainda mais tempo se as lágrimas mostrarem um pH 
alcalino persistente. Após exposição a ácidos, a irrigação prolongada com água 
também é recomendada. 
A ingestão de cáusticos é uma exposição com risco de morte, portanto deve ser 
abordada sistematicamente e o quanto antes: 
a) imediatamente -: deve-se remover qualquer resíduo sólido e enxaguar 
exaustivamente a cavidade oral; se o paciente estiver com dados vitais estáveis e puder 
engolir, administrar pequenas quantidades de água ou leite (30ml para crianças, 
150ml para adultos). Não provocar vômitos, não fazer lavagem gástrica, não 
administrar carvão ativado. Fazer uma anamnese cuidadosa, tentando identificar o tipo 
de substância, o vasilhame, a quantidade ingerida, a presença de vômitos e 
hematêmese, a presença de dor e sua localização, e a presença de disfonia, dispnéia 
ou estridor. 
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b) na admissão hospitalar - é necessário estabilizar vias aéreas e funções vitais; 
remover fragmentos que ainda possam estar na boca, e enxaguá-la; irrigar os olhos e 
a pele copiosamente; estabelecer acesso venoso; examinar a orofaringe e descrever os 
achados; estabelecer um jejum até que se complete propedêutica. Praticar uma 
avaliação laboratorial, com gasometria,hemograma, ionograma, glicemia, uréia, 
creatinina, etc. Em caso de hematêmese ou evidência de perfuração, reservar sangue 
após prova cruzada, praticar radiografia de tórax e abdome e endoscopia digestiva, 
assim como exames contrastados, tomografia ou ressonância em casos especiais e 
pacientes estáveis. 
A endoscopia digestiva alta deve ser realizada dentro das primeiras 48 h, o quanto 
antes, mas depois da estabilização clínica do paciente. Geralmente, ela é realizada 
entre 6 a 24h. 
A endoscopia está indicada em todos pacientes sintomáticos, na presença de 
queimaduras orais, em todos os pacientes com estridor (após estabilizar vias aéreas), 
em caso de vômitos e/ou salivação, nos casos de ingesta intencional, nos paciente 
psiquiátricos, pediátricos ou que apresentarem uma história incerta. 
São contra indicações à realização da endoscopia digestiva: instabilidade 
hemodinâmica (choque), insuficiência respiratória, mediastinite, evidências de 
perfuração, queimaduras graves com franca necrose e edema obstruindo a luz 
esofágica, ausência de proteção prévia ou obstrução de vias aéreas superiores, no 
perído que vai das 48 h e até o 15° dia após a ingestão (fase de descolamento da 
escara). 
Se não houver evidência de edema, eritema ou queimaduras no exame bucofaríngeo 
extenso, e se não houver sintomas 4h após a exposição, é improvável que tenha havido 
uma exposição significativa. Os outros sintomas a considerar são as alterações de 
fonação, incapacidade de tolerar a deglutição e dor retroesternal intensa. Nesses casos,
faz-se necessária a endoscopia digestiva e, se ela mostrar apenas evidências de 
queimadura de primeiro grau (segundo Zargar), no esôfago e/ou estômago, um 
manejo ambulatorial é indicado. 
Os pacientes com ingestões cáusticas que não apresentam mais sintomas, após 
avaliação no departamento de emergência e progressão da dieta, podem receber alta 
com segurança. Isto se verifica na maioria dos casos. Outros, no entanto, já chegam 
com comprometimento de vias aéreas e risco de morte devido ao edema maciço das 
vias aéreas superiores (mais comum em ingestão de álcalis). 
Os pacientes com evidências significativas de queimaduras cáusticas da pele e das 
membranas mucosas podem apresentar um seqüestro de grandes quantidades de 
líquido no espaço extracelular e tornarem-se significativamente hipotensos e 
desidratados. Assim, todos os pacientes devem receber quantidades apropriadas de 
líquido por via intravenosa. As causas tardias de morte após ingestão de cáusticos 
incluem a perfuração do esôfago, que resulta em mediastinite ou sangramento 
gastrintestinal significativo por necrose tecidual. O acompanhamento por uma equipe 
cirúrgica é necessário nesses casos. Se houver evidência de perfuração ou se a 
gasometria arterial mostrar um pH menor ou igual a 7,2, haverá necessidade de 
intervenção cirúrgica de emergência. 
O uso de bloqueadores H2, inibidores de bombas de prótons também proporcionam 
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alívio dos sintomas do paciente. Já o uso dos corticóides com intuito de minimizar as 
complicações relacionadas à cicatrização exacerbada, mostrou aumento das 
complicações relacionadas com a diminuição da imunidade e seu emprego rotineiro 
não se justifica.O uso indistinto de antibióticos de largo espectro também não é 
advogado, sendo recomendados apenas nos casos de infecção comprovada. 
Ácidos de comportamento atípico 
Ácido oxálico: limpador de metais, removedor de ferrugem e tintas. 
• além das lesões típicas de contato, ele provoca uma hipocalcemia por reação 
com o cálcio iônico e formação de cristais insolúveis de oxalato de cálcio em pH 
normal. 
• A ingestão de 5g do produto concentrado pode matar um adulto. Os 
domissanitários têm concentrações médias de 10%. 
Na exposição aguda, notam-se uma incoordenação muscular, tetania, convulsões, 
coma, arritmias cardíacas, choque e insuficiência renal duradoura. 
Na exposição crônica, vêm-se uma arterite periférica, lesões inflamatórias crônicas do 
trato respiratório e urolitíase 
Ácido fluorídrico: polidores de metais e vidros. 
Altamente citotóxico, o ácido fluorídrico provoca necrose de liquefação. O fluoreto 
precipita-se rapidamente com o cálcio, acarretando desmineralização óssea local e 
hipocalcemia sistêmica. A exposição de 2,5% de superfície corporal ou uma ingestão de
1,5g do produto concentrado causam morte em adultos. Os produtos domissanitários 
têm 5 a 8% de ácido fluorídrico. 
Nas exposição aguda, encontram-se lesões semelhantes àquelas causadas por bases 
fortes (necrose de liquefação), associadas a uma hipocalcemia, hipomagnesemia, 
hipercalemia, acidose metabólica, arritmias e morte. 
Na exposição crônica, há aumento da densidade óssea por deposição de fluor 
(fluorose), anemia e leucopenia . 
Tratamento 
Além das medidas próprias para cada forma de intoxicação por ácidos, deve-se fazer: 
• em caso de ingestão, uma lavagem gástrica cuidadosa, com solução de cloreto, 
carbonato ou gluconato de cálcio. 
• em caso de inalação, uma nebulização com gluconato de cálcio a 2,5%. 
• no contato dérmico, aplicação de gel de gluconato de cálcio a 20%. 
• administrar cloreto ou gluconato de cálcio endovenoso, lentamente, para corrigir a 
hipocalcemia. 
• monitorar as arritmias. 
• tratar as convulsões com diazepínicos. 
• manter o fluxo urinário alto. 
 
 
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Considerações gerais 
Sabões são produzidos por ação de álcalis sobre gorduras e óleos naturais. 
Apresentados sob as formas: líquida, flocos, granulada, pedra ou sabonete (adicionado 
perfume e corantes). 
Detergentes são produtos de limpeza com efeitos mais intensos que os sabões com 
ação surfactante1 (diminuir a tensão superficial da água). Dissolvem as gorduras, sendo 
destinado à limpeza de todos os utensílios domésticos. Os surfactantes são, em geral, 
compostos orgânicos, classificados como não iônicos, aniônicos, catiônicos e anfóteros. 
Surfactantes não-iônicos 
São utilizados como cosméticos, medicamentos e produtos de limpeza e se 
caracterizam por sua baixa toxicidade, ainda que sejam levemente irritante para a pele 
e os olhos. Se ingeridos, eles podem causar distúrbios gastrintestinais pouco intensos. 
Surfactantes aniônicos 
Eles correspondem aos detergentes, sabonetes, sabões domésticos, xampus, pasta 
dental, produtos para limpeza de pele. Se caracterizam por uma toxicidade moderada, 
causando irritação de pele. Os surfactantes aniônicos agem sobre as bactérias Gram+2. 
São compostos de cadeia linear (biodegradáveis) mais freqüentemente utilizados são os 
ALQUIL SULFATOS e COMPOSTOS SULFONATOS: Lauril sulfato de sódio, 
alquilbenzeno sulfonato de sódio, dodecil benzeno sulfonato de sódio, estearato de 
sódio, oleato de sódio. 
Surfactantes catiônicos 
Usos: desinfetantes em produtos de limpeza de uso industrial ou domiciliar, amaciantes 
de roupas, lava-louças, condicionadores de cabelos, shampoos anti-caspa, germicidas 
e medicamentos. 
Características: Alta toxicidade, causam irritação do TGI, afetam Gram(+) e (-),fungos e
vírus. Detergentes tensoativos catiônicos derivados do petróleo, derivados quaternários 
do amônio e outras matérias orgânicas. Alguns ingredientes mais usados:Cloreto de 
benzalcônio, cloreto de benzetônio, cloreto de cetilpiridinio , cetrimida, cloreto de 
dequalínio. 
Quadro clínico 
Surfactantes não-iônicos: náuseas , vômitos e diarréia. 
Surfactantes Aniônicos: náuseas , vômitos, diarréia e distensão abdominal. 
Surfactantes Catiônicos: dor abdominal, paralisia dos músculos respiratórios, 
hipotensão, agitação, convulsão, coma e morte. 
Tratamento 
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Surfactantes não-iônicos: diluição, protetores de mucosa, olhos: lavagem abundante. 
Surfactantes Aniônicos: diluição, protetores de mucosa, olhos: lavagem abundante. 
Surfactantes Catiônicos: diluição, lavagem gástrica, demulcentes, assistência 
respiratória, controle das convulsões. 
Derivados fenólicos 
Usos: empregados como anti-sépticos, desinfetantes, germicidas, bactericidas, 
inseticidas. Creolina: fenol, cresol, hidrocarbonetos, sabões .Lisol: mistura de 50% de 
cresóis e sabão de potassa emulsionado em óleo de linhaça. 
 
Mecanismo tóxico: são tóxicos protoplasmáticos, combinando-se com as proteínas 
teciduais, destruindo a arquitetura tissular. 
Quadro clínico local 
• Lesões irritativas da pele, zonas anestésias por destruição das terminações nervosas. 
• Após ingestão, surgem lesões cáusticas da boca, faringe, esôfago, estômago, 
dolorosas ou não, náuseas, vômitos, hematêmese e diarréia. 
• Os dinitroderivados absorvidos por via cutânea, digestiva ou por inalação, 
determinam aumento do calor corporal, por ação direta sobre o metabolismo celular. 
• Contato prolongado com a pele pode produzir necrose extensa e graves 
manifestações sistêmicas. 
Quadro clínico sistêmico 
• Após absorção ocorrem tremores, paralisias, cefaléia, desorientação, convulsões e 
coma. 
• Hemorragia digestiva com hipotensão e choque. 
• Insuficiência renal e hepática, icterícia. 
• Estimulação do centro respiratório, podendo ser causa de alcalose respiratória, 
seguida logo por acidose. 
• Pode ser observada metemoglobinemia. 
Tratamento 
• Eméticos e medidas provocadoras de vômitos somente se a solução ingerida for 
diluída . 
• Carvão ativado. 
• Lavagem gástrica com solução de bicarbonato de sódio a 5%. 
• Administração de demulcentes 
• Administrar óleo de rícino, que tem a propriedade de dissolver os fenóis e retardar 
sua absorção. 
• Tratamento da hipertermia, com bolsas de gelo e compressas frias. 
• Correção dos distúrbios hidro-eletrolíticos. 
• Assistência às condições respiratórias. 
• Tratamento das convulsões com diazepam e, em casos resistentes, com barbitúricos. 
• Nas contaminações de pele, deve ser feita lavagem abundante com água e aplicação 
de óleo de rícino. 
• Monitorar e tratar instabilidade circulatória. 
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Formol formaldeído 
• pH 2,8 – 4. 
• Utilizado em germicidas (37%) e alisantes de cabelo. 
• Irritante potente, pode provocar queimaduras de pele, mucosa e couro cabeludo, 
estruturas oculares e das vias aéreas, sobretudo por exposição prolongada a produtos 
artesanais, em ambientes fechados com alta concentração de vapores e aplicação 
sobre áreas previamente lesionadas. 
• Hipersensibilizante. 
• Potencial cancerígeno respiratório em exposições “profissionais”. 
 
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Considerações gerais 
 
Considerações gerais sobre o óleo de pinho 
 
O óleo de pinho, utilizado 
como desinfetante e 
odorizante de ambiente, 
constitui uma mistura de 
álcoois terpênicos3, presentes 
nas formulações comerciais 
em concentrações entre 3 a 
20%. 
 
Ele é freqüentemente associado a outros álcoois, a detergentes e, até a presente 
data, ao formaldeído, ainda que esta última associação deva ser proibida em breve. 
Causam uma irritação severa de mucosas e são facilmente absorvidos pelas vias 
respiratórias e digestivas. 
 
Manifestações clínicas 
Os principais sintomas provocados são: 
• digestivos: irritação mucosa, dor retroesternal, epigastralgia, náusea, vômitos, cólica 
e diarréia. Uma gastrite hemorrágica pode ocorrer; 
• respiratórios: em caso de aspiração, sobrevêm tosse imediata, sufocação, sibilâncias 
e dispnéia. Uma pneumonite química também pode aparecer. Em caso de inalação, só 
uma irritação mucosa, acompanhada de coriza e tosse, é encontrada. 
• O contato com a pele gera uma irritação cutâneo-mucosa. 
As complicações mais freqüentes são de tipo neurológico, com sonolência, fraqueza, 
hipotermia, agitação, excitabilidade, delírio, cefaléia e ataxia. Pode-se ainda encontrar 
uma insuficiência renal. 
Tratamento 
Nas manifestações digestivas de intoxicação por pequenas quantidades, pratica-se uma 
diluição com água e aportam-se demulcentes. Para quantidades maiores, não induzir 
vômitos e fazer lavagem gástrica com entubação traqueal prévia. Não oferecer 
alimentos ou bebidas oleosos. 
Os sintomas respiratórios requerem bronco-aspiração, broncodilatadores por 
nebulização e aminofilina endovenosa. Um tratamento específico para é necessário 
para a pneumonite química. Se houve inalação, a nebulização e o uso de 
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descongestionantes sistêmicos são preconizados. 
As reações cutâneo-mucosas devem ser tratadas por irrigação com água corrente. 
 
 
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Considerações gerais 
 
Os repelentes de insetos podem ser utilizados, tanto no controle do ambiente geral, 
como por aplicação direta sobre a pele. No primeiro grupo, tem-se a citronela 
(Cympobogon sp.), a andiroba (Carapa guianensis), o paradiclorobenzeno, a naftalina 
(naftaleno) e os inseticidas a base de piretróides e organofosforados. No segundo, está 
o dietiltoluamida ou DEET, vendido sob as marcas comerciais de Autan®, Off ®, 
Exposis®, Repelex®, em diferentes concentrações (5-30 %). 
1. Paradiclorobenzeno 
O paradiclorobenzeno ou p-DCB ou PDB, é um produto branco, 
que foi comercializado no intuito de substituir o naftaleno no 
controle das traças domésticas. Como o seu predecessor, ele 
tem a capacidade de sublimar, passando da forma sólida para 
o estado de vapor. Assim, sua absorção se dá, tanto por via 
oral, como inalatória, potencializada pela presença de lipídios nas secreções 
sudoríparas e sebáceas, e na constituição das membranas celulares. 
A intoxicação aguda se manifesta por uma irritação da pele e das mucosas. Em caso de 
ingestão aparecem sintomas gastrintestinais do tipo de náuseas, vômitos e diarréia e, 
em alguns casos, anemia hemolítica, icterícia e metemoglobinemia. Seus vapores 
causam irritação ocular, com dor, edema peripalpebral e cefaléias. No contato com a 
pele, provoca irritação cutânea. 
O tratamento varia com a porta de entrada: 
• Ingesta 
A indução de vômito só será feita se imediatamente após a ingestão do produto e a 
lavagem gástrica é indicada nos casos de quantidades elevadas. A descontaminação 
com carvão ativado é recomendada na eliminação de pequenas quantidades ou 
quando o produto já ultrapassou o estágio estomacal. Fica totalmente contra-indicado 
o aporte de alimentos gordurosos, leite ou óleos, pelo menos 2 h após ingesta, devido 
à sua capacidade de aumentar a absorção. 
• Se o produto for inalado, deve-se remover o paciente da área de exposição e 
fornecer assistência respiratória. 
• No contato com a pele, as áreas de exposição devem ser bem e amplamente 
lavadas. 
• Em todos os casos,é indicada a instauração de medidas sintomáticas e de 
manutenção das funções vitais. 
 
 
 
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2. Naftalina ou naftaleno 
 
Tradicionalmente utilizada no combate às 
traças, a naftalina tem uma lenta 
passagem da forma sólida para a de 
vapor e de odor característico dos 
derivados benzênicos, ela é rapidamente 
absorvida pela via inalatória, oral e 
dérmica, potencializada pelos solventes 
orgânicos e os lipídios. 
 
Clinicamente, ela causa hemólise em portadores de deficiência de G-6-PD4 e em 
neonatos, devido à carência da produção de glutationa. Provavelmente, é a formação 
de seu metabólito epóxido que é 
responsável pela hemólise. 
O quadro começa 1 a 3 dias após a 
ingesta, e mostra palidez, fraqueza, 
anemia, metemoglobinemia, febre, 
leucocitose, hemoglobinúria, hematúria. 
Os exames de laboratório revelam uma 
redução da hemoglobina e do 
hematócrito, aumento do número de 
reticulócitos, presença de corpúsculos de 
Heinz (inclusões citoplasmáticas 
formadas de precipitados de 
metemoglobina oxidada, nos eritrócitos) 
e aumento da bilirrubina sérica. 
Outros efeitos provocados pela intoxicação aguda por naftalina: 
• Distúrbios gastrintestinais, tais como náusea, vômitos, dores abdominais e diarréia. 
• Efeitos hepáticos: icterícia, hepatomegalia e elevação das transaminases. 
• Insuficiência renal secundária à necrose tubular gerada pela hemoglobina 
precipitada, com elevação da uréia e creatinina séricas hematúria e hematúria. 
• Sintomas neurológicos, mostrando confusão mental, vertigem, letargia, fasciculação 
muscular, redução da sensibilidade à dor, edema cerebral, convulsões e coma. 
• Sintomas oculares, tais como restrição do campo visual, atrofia do nervo ótico e 
catarata bilateral por oxidação dos grupamentos tiol (–SH) das proteínas constitutivas 
do cristalino. 
Nos casos de suicídio por ingestão de naftalina foram relatados casos de morte. A dose 
letal estimada para o produto é de 5 a15 g para adultos e 2 a 3 g para crianças. 
A Agência Internacional para Pesquisa de Câncer/IARC classifica o naftaleno como 
possível cancerígeno para humanos - Grupo 2B. 
O tratamento das intoxicações por naftalina compreende: 
• êmese, mas somente se praticada imediatamente após a deglutição, e se não houver 
cânfora na composição do produto, o que é difícil de verificar; 
• esvaziamento gástrico até 2 horas após a ingestão; 
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• lavagem gástrica com água morna; 
• carvão ativado, associado a um catártico salino; 
• assistência respiratória, hidratação, e alcalinização urinária, para acelerar a 
eliminação urinária; 
• eventualmente, hemotransfusão para reduzir a hemoglobina circulante. 
• Diazepan, em caso de convulsões. 
Atenção: o uso de azul de metileno para o tratamento da metemoglobinemia é contra-
indicada em pacientes com deficiência em G6PD. 
3. Inseticidas de Uso Doméstico 
Em 90 % dos ambientes habitados existe algum tipo de inseticida em suspensão e, 
frequentemente, mais de um. A concentração de resíduos de venenos é maior no ar de 
ambientes domésticos do que em áreas livres. No entanto, esses venenos podem 
provocar agravos à saúde, tanto por via inalatória, como cutânea e digestiva. Eles são 
praticamente os mesmos produtos usados na agricultura e na pecuária e representados 
por piretrinas, piretróides, organofosforados, carbamatos e outros. 
a) Piretrinas e piretróides 
As piretrinas são inseticidas derivados do crisântemo dos quais os mais conhecidos e 
utilizados são, sobretudo, a piretrina-I e a piretrina-II. 
Os piretróides são ésteres sintéticos das piretrinas e abarcam a aletrina, bifentrina, 
bioresmetrina, ciflutrina, cialotrina, cipermetrina, deltametrina, fenvalerato, flucitrinato, 
flumetrina, fluvalinato, fenpropatrina, permetrina, fenotrina, resmetrina, teflutrina, 
tetrametrina e tralometrina. 
O mecanismo de ação tóxica das piretrinas e dos piretróides é complexo e se complica 
ainda mais nas formulações que o associam ao butóxido de piperonila ou a um 
organofosforado ou aos dois compostos, que têm a capacidade de inibir seu 
metabolismo e manter sua concentração alta e prolongar sua meia-vida. O butóxido de 
piperonila é uma amida lipofílica insaturada (5-(2-propenyl)-1,3-benzodioxole) com 
potente ação inibidora sobre o complexo enzimático do citocromo P4505, que intervém 
na degradação dos piretróides. 
O principal efeito das piretrinas e dos piretróides se exerce nos canais de sódio e de 
cloro do sistema nervoso, e se traduz por uma hiperexcitação dos axônios. Eles 
modificam as características de abertura dos canais de sódio, mantendo-os abertos por 
mais tempo, e reduzem o limite do potencial de ação de membrana. Isto leva a 
estímulos ineficazes repetidos das células nervosas e gera o fenômeno de parestesia. 
Mesmo em pequenas quantidades, eles agem sobre a função sensorial dos neurônios. 
Alguns piretróides diminuem o fluxo de cloro nos canais específicos e, provavelmente 
nos receptores GABA6, e devem ser responsáveis pelas fasciculações que subrevêm nas 
intoxicações severas. 
A revisão bibliográfica de estudos recentes mostra outros efeitos adicionais, tais como a 
neurotoxicidade na fase de desenvolvimento do organismo, a morte de células nervosas 
e as anomalias mediadas pelos metabólitos dos piretróides. Discutem-se ainda outros 
efeitos carcinogênicos, mutagênicos e teratogênicos. 
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Manifestações clínicas 
Piretrinas e piretróides são produtos irritantes para a pele e as mucosas e suscetíveis de 
gerar um fenômeno de sensibilização, ainda mais graves nos sujeitos apresentando um 
terreno atópico. 
Na pele, eles provocam eritema, edema, queimação, parestesias e sensação de 
fisgadas. São irritantes locais para os olhos, podendo causar conjuntivite e lesões de 
córnea. 
Após inalação, nota-se irritação de vias aéreas, com rinite, laringo-faringite, asma e 
outras reações de hipersensibilidade. A aspiração pulmonar provocada pelo vômito 
pós-ingestão causa pneumonite química, principalmente se o produto estiver associado 
a um solvente derivado de petróleo, o que não é raro. 
As manifestações alérgicas são geralmente leves e resultam da inalação. Em indivíduos 
sensíveis, sobrevêm dermatite, cefaléia, rinite, asma e pneumonite, podendo 
desenvolver-se uma reação anafilática com broncoespasmo grave, edema de 
orofaringe, hipotensão e choque. 
A ingestão de solução concentrada pode causar efeitos no sistema nervoso central e 
produzir agitação, incoordenação motora, ataxia, tremores, hiperexcitabilidade, 
prostração, paralisias, convulsões, coma e parada respiratória. 
Os produtos associados ao butóxido de piperonila também pode provocar 
epigastralgias, náuseas, vômitos e diarréia. 
Tratamento 
• Descontaminação rigorosa e precoce da pele, anti-histamíncos e corticóide tópico. 
• Descontaminação rigorosa e precoce dos olhos, aplicação de colírio 
descongestionante e, se necessário, corticóide. A avaliação oftálmica é imprescindível. 
• Em caso de inalação é necessário remover o paciente para um local bem ventilado, 
avaliar a necessidade de oxigênio e assistência respiratória, administrar corticóide em 
caso de edema importante, e fornecerbroncodilatadores e anti-histamínicos. 
• O contato oral, sem deglutição requer uma lavagem da boca com água corrente, 
mas, se houver deglutição, é preciso fazer uma adsorção com carvão ativado. Os 
bloqueadores H2 reduzem a incidência de complicações esofágicas, como estenose e 
síndrome de Barrett e ajudam a diminuir a dor provocada pelas lesões gástricas. 
 
b) organofosforados de uso doméstico (eles são amplamente discutidos no Módulo 
sobre Intoxicação por Agrotóxicos) 
Mecanismo de Ação 
Os inseticidas organofosforados inibem permanentemente a enzima acetilcolinesterase 
através de sua fosforilação, causando acúmulo de acetilcolina e conseqüente 
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superestimulação das terminações nervosas. Isto torna inadequada a transmissão de 
seus estímulos às células musculares, glandulares, ganglionares e do sistema nervoso 
central. 
Vias de Absorção 
Pelo fato de serem lipossolúveis os organofosforados podem ser absorvidos pelas vias 
digestiva, inalatória, dérmica e/ou mucosa. 
Diagnóstico 
Ele é essencialmente clínico-epidemiológico e, secundariamente, laboratorial, pela 
avaliação da redução do nível de esterases sangüíneas, ou da colinesterase 
eritrocitária. 
Manifestações clínicas 
Efeitos muscarínicos: vômito, cólicas e diarréia, broncoespasmo, miose puntiforme e 
paralítica, bradicardia, hipersecreção (sialorréia, lacrimejamento, broncorréia e 
hipersudorese), cefaléia, incontinência urinária, visão borrada. 
Efeitos nicotínicos: midríase, mialgia, hipertensão arterial, fasciculações musculares, 
tremores e fraqueza muscular; pode haver paralisia respiratória. 
Efeitos no sistema nervoso central: ansiedade, agitação, confusão mental, ataxia, 
depressão de centros cardio-respiratórios, convulsões e coma. 
Complicações 
- Síndrome intermediária: aparece 24-96 h após a exposição e resolução da crise 
aguda, com paresia dos músculos respiratórios e debilidade muscular, principalmente 
na face, pescoço e porções proximais dos membros. Também pode haver 
comprometimento de pares cranianos e diminuição de reflexos tendinosos, podendo 
prolongar-se por meses após a exposição. 
- Neuropatia retardada induzida por organofosforados: aparece 1 a 3 semanas após a 
exposição, desencadeada pelos danos nos axônios periféricos e centrais e caracterizada 
por paresias ou paralisias de extremidades, sobretudo inferiores progressivas e 
irreversíveis, que podem também desencadear um déficit residual de natureza neuro-
psiquiátrica, com comprometimento da memória, concentração e iniciativa. 
Tratamento geral 
Descontaminação de pele e mucosas, ocular e digestiva (lavagem gástrica e carvão 
ativado). 
Medidas de manutenção de vida e emergência: 
- Assistência respiratória. 
- Aspiração de secreções. 
- Monitoramento de arritmias e instabilidade tensional. 
Tratamento específico 
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Atropina - agente antimuscarínico – usada na dose de ataque de 2,0 – 5,0 mg/kg em 
adultos, e 0,05 mg/kg em crianças, por via endovenosa. Repetir, se preciso, a cada 10-
30 minutos. Em intoxicações graves, a atropinização pode ser necessária por dias, em 
infusão contínua (0,02-0.08 mg/kg/h). O parâmetro para a manutenção ou suspensão 
do tratamento é clínico, e se baseia na reversão da ausculta pulmonar indicativa de 
broncorréia e na constatação do desaparecimento da fase hipersecretora, ou sintomas 
de intoxicação atropínica (hiperemia de pele, boca seca, pupilas dilatadas e 
taquicardia). 
Pralidoxima – antídoto específico – age em todos sítios afetados (muscarínicos, 
nicotínicos e provavelmente no sistema nervoso central). Dose de ataque: 1-2 g em 
adultos (crianças 20 a 50 mg/kg), por via endovenosa, em doses não maiores que 0,2 
g/min, diluídos em soro fisiológico, podendo ser repetida a partir de 2 horas após a 
primeira administração, não ultrapassando a dose máxima de 12 g em 24 h (adultos). 
Deve ser iniciada nas primeiras 24 h para ser mais efetiva, mas pode ser realizada 
mais tarde, em especial para compostos lipossolúveis. 
4. Inseticidas cosméticos - meta-N,N-dietiltoluamida ou DEET 
Este produto é utilizado como repelente e aplicado diretamente sobre a pele. No 
entanto, ele é absorvidos pela via cutânea, além das vias respiratória e digestiva. 
Os produtos comerciais a base de DEET contêm 
concentrações variáveis do princípio ativo e podem 
causar uma irritação leve da face, com uma 
descamação em torno do nariz. Pode-se também 
notar um eritema e vesículas sobre os braços de 
pessoas mais sensíveis. Esses sintomas 
desaparecem com a supressão do uso do 
repelente. A vaporização acidental sobre os olhos 
pode causar anomalias da córnea. Uma 
sensibilização cutânea também foi assinalada pelos 
serviços de saúde. 
Efeitos agudos sistêmicos podem aparecer após ingestão ou contato cutâneo, se 
traduzindo por náuseas, vômitos, cefaléias, letargia, fraqueza muscular, irritabilidade, 
e, nos caso mais graves, provocar ataxia, tremores, convulsões, desorientação, 
confusão, encefalopatia tóxica e morte. Os raros casos de intoxicação atingem 
principalmente crianças de até 8 anos de idade. Casos de toxicidade cardiovascular, 
som hipertensão arterial foram descritos. 
O tratamento se faz pela supressão da exposição, com deslocamento para área bem 
ventilada do paciente que sofreu intoxicação por inalação. A descontaminação cutânea 
se faz por lavagem extensa e prolongada, com água corrente e sabão neutro. A 
lavagem ocular deve ser realizada durante pelo menos 15 min, com soro fisiológico ou 
água corrente, e ser seguida de exame oftalmológico especializado. Em caso de 
ingestão de grandes quantidades, aportar carvão ativado. 
Os sintomas sistêmicos justificam um tratamento sintomático e a observação do 
paciente até o desaparecimento das anomalias. 
 
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Considerações gerais 
Os polidores de metais são utilizados nos processos de abrilhantamento de utensílios 
em alumínio, aço inoxidável, prata, ouro, cobre, estanho, etc., de modo a remover 
sujeira, gordura, manchas ou o óxido metálico que é produzido pelo contato com o ar 
e a umidade do ambiente. Muitos outros objetos também podem ser limpos com esses 
produtos, como jóias e bijuterias, placas e letras metálicas de residências e outros 
prédios, grades de elevadores, corrimãos de escadas, instrumentos de música, carros, 
bicicletas, motocicletas, etc. 
Sua composição compreende ácido oxálico, óleo de pinho, descrito no capítulo sobre 
desodorizantes, hidrocarbonetos e amônia. 
Manifestações clínicas 
Em geral, esses produtos são irritantes para a pele e as mucosas. 
Em caso de ingestão, eles produzem distúrbios gastrintestinais e depressão do sistema 
nervoso central. 
Se seus vapores forem inalados, pode-se notar uma insuficiência respiratória e, até 
mesmo, uma pneumonite química. 
Tratamento 
O tratamento é sintomático e de manutenção das funções vitais, usando-se protetores 
de mucosa, antiácidos e outros produtos, em função do quadro clínico do paciente. 
No caso de intoxicação pelo ácido oxálico, atentar para a hipocalcemia que este 
produto pode causar por quelação do cálcio circulante. Aportar gluconato de cálcio e 
controlar o ionograma sangüíneo. 
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Considerações gerais 
Freqüentemente as crianças engolem pilhas em forma de pastilhas que se alojam no 
tubo gastrintestinal. Tais pilhas têm de 8 a 25mm de diâmetro, e as de tamanhos 
maiores são mais propensas a aderir à mucosa do esôfago. Elas também podem ser 
aspiradas, causando a obstrução da via respiratória. 
As pilhas são compostas de uma solução eletrolítica a base de hidróxido de sódio ou de
potássio, associada a óxidos metálicos de mercúrio, prata, zinco, cádmio, lítio, etc., 
mas sua composição exata é desconhecida, gerando os riscos suplementares. As 
pastilhas contendo lítio apresentam uma incidência maior complicações. 
Manifestações clínicas 
A maioria dos casos cursa sem sintomatologia. Usualmente as pilhas levam de 8 horas 
até 7 dias para serem eliminadas. Sua aderência à mucosa do esôfago pode causar 
disfagia, vômitos, dispnéia e febre. O rompimento do invólucro leva à ulceração, 
perfuração e absorção do metal, com associação de sintomas de intoxicação pelo 
metal. Sinais de irritação peritoneal sugerem a formação de necrose ou uma 
perfuração. Elas podem ainda serem encontradas no canal auditivo e na cavidade 
nasal. 
Diagnóstico 
Como os pais poderem ignorar que a criança deglutiu a pilha, toda criança com 
disfagia e vômitos deve ser questionada, e uma avaliação radiológica do corpo será 
praticada para evidenciar este tipo de acidente. Se a ingestão for assinalada e as vias 
aéreas não estiverem comprometidas, as radiografias do tórax e do abdome permitirão 
determinar sua localização. 
No caso de suspeita de obstrução ou perfuração, uma avaliação laboratorial deve ser 
feita, como em um preparo para laparotomia, incluindo a dosagem do metal da pilha 
em questão. 
Tratamento 
Conduta imediata 
Não há indicação para que se provoquem vômitos, nem lavagem gástrica, nem carvão 
ativado. 
A exploração radiológica é de praxe: se a pilha passar do esôfago, o prognóstico é 
favorável; se estiver alojada no esôfago ou nos brônquios, a remoção endoscópica ou 
broncoscópica é urgente devido ao risco de lesão local e perfuração; e, se estiver livre 
no estômago, deve-se acompanhar o trânsito através de radiografias praticadas a cada 
24 h. 
Em caso de sinais de rompimento a remoção será cirúrgica, e se acompanhará o 
paciente em busca de efeitos tardios ligados à intoxicação pelo metal. 
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Considerações gerais 
Os hidrocarbonetos são derivados da destilação do petróleo. Desses, os produtos 
líquidos são usados principalmente como combustíveis e solventes e classificados em: 
Os compostos alifáticos, cuja fórmula compreende cadeias abertas, agrupam diversos 
produtos como destilados minerais, gasolina, lubrificantes, óleos minerais, metano e 
etano, ditos gases naturais, propano ou gás propano, butano ou gás butano e hexano 
(usado na composição de solventes). 
HEXANO 
Imagem 
tridimensional 
e 
Fórmula plana 
Compostos halogenados7, cuja fórmula comporta elementos químicos do grupo 17, da 
tabela periódica dos elementos e que são o flúor, cloro, bromo, iodo e astato ou 
astatínio, formando compostos como o cloreto de metileno, clorofórmio (usado em 
solventes), tetracloreto de carbono (usado em solventes), tetracloroetileno e tricloroetano
(usado em removedores de manchas e corretivos líquidos), tricloroetileno (usado em 
líquidos corretivos), dicloroetano (usado em solventes), diclorometano (usado em 
solventes), percloroetileno (usado em agentes de limpeza a seco), fluorcarbonetos 
(usados como propelentes em aerossóis, refrigerantes). 
 
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CLOROFÓRMIO 
Imagem tridimensional 
e 
Fórmula plana 
Compostos aromáticos, cuja fórmula compreende cadeias cíclicas, tais como benzeno e 
tolueno (usado em solventes), xileno, nafta. 
Nota: o querosene tem menos de 22% de hidrocarbonetos aromáticos. A nafta leve é 
uma mistura de hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos com cinco a seis átomos de 
carbono por molécula. A nafta pesada é também uma mistura dos dois tipos de 
hidrocarbonetos, mas as moléculas que a compõem têm de sete a nove átomos de 
carbono. 
 
 
TOLUENO 
Imagem tridimensional 
e 
Fórmula plana 
Cetonas, constituídas de uma cadeia formada por átomos de carbono e hidrogênio, 
associados a um radical =O, sua forma mais simples é representada pela acetona 
(utilizada como removedor de esmalte). 
 
 
ACETONA 
Imagem tridimensional 
e 
Fórmula plana 
 
Derivados nitrogenados, formados por um anel benzênico, ao qual se associa um 
radical nitrogenado –NH2 anilinas (utilizados como solventes e tintas), eles são 
representados pela anilina que entra na constituição de vários tipos de corantes de 
tintas, vernizes, lacas, resinas, perfumes, químicos fotográficos e plásticos. 
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ANILINA 
Imagem tridimensional 
e 
Fórmula plana 
 
 
 
Toxicocinética 
Todos os derivados de petróleo são lipofílicos. Os de cadeias mais curtas são voláteis e 
facilmente absorvidos pela pele, mas, sobretudo pela via respiratória, alcançando 
elevadas concentrações plasmáticas e chegando rapidamente ao cérebro e tecidos 
adiposos. A mucosa respiratória absorve 140 vezes mais que a digestiva. 
O volume de distribuição é elevado. Os hidrocarbonetos aromáticos e alguns 
halogenados são metabolizados no fígado por oxidação e posteriormente conjugados 
com a glicina. Alguns hidrocarbonetos alifáticos e halogenados, assim como as 
cetonas, são eliminados pela via respiratória, enquanto que os derivados conjugados 
são eliminados pela urina. 
Toxicodinâmica 
Os derivados de petróleo de baixa viscosidade, tais como gasolina, diesel, querosene, 
tiner, fenol, tetracloreto de carbono, acetona, terebintina, benzeno, tolueno têm uma 
ação diretamente associada com a sua viscosidade e tensão superficial. Eles têm 
grande poder de penetração no organismo, inclusive por via inalatória, e, devido à sua 
ampla distribuição, causam efeitos sistêmicos 
 
Em troca, os de alta viscosidade (óleos e graxas, por exemplo) agem localmente, devido
a sua dificuldade de penetração por todas as vias. 
 
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Manifestações clínicas 
Alguns hidrocarbonetos são capazes de provocar queimaduras químicas, como é o 
caso do álcool isopropílico, cresol, fenol, formaldeído, gasolina, metilclorofórmio, 
naftaleno, óleo de pinho, percloroetileno e xileno. 
No contato com a pele, causam lesões tipo dermatite eczematóide. 
A exposição parenteral provoca alterações do tecido adiposo, conjuntivo e muscular, 
que se traduzem por celulite, abscesso e fasceíte. 
A ingestão e a aspiração suscitam queimaduras diretas das mucosas da orofaringe e 
das vias respiratórias, gerando tosse, dispnéia, cianose, edema e hemorragia mucosa e 
alveolar, insuficiência respiratória, edema agudo do pulmão, náusea, vômitos e 
epigastralgias. Os sintomas reveladores das lesões neurológicas são fraqueza, cefaléia, 
visão borrada, confusão mental, alucinações, incoordenação, convulsão, coma, 
taquicardia, instabilidade da pressão arterial, parada cardiorrespiratória, arritmias, 
espasmo coronariano e morte súbita. 
Convulsões, arritmias, cianose, dano hepático, falência renal e rabdomiólise são sinais 
indicativos de gravidade por depressão profunda do sistema nervoso central. A 
presença na urina ou sangue de quantidades apreciáveisde alguns destes tóxicos pode 
confirmar o diagnóstico. 
Tratamento 
Medidas iniciais: 
• Suporte básico das funções vitais. 
• Descontaminação externa ampla e assistência respiratória. 
• Radiografia de tórax mostra imagens entre 2 e 18 h da exposição aos produtos. 
Em caso de ingesta de pequenas quantidades (5 a 10mL): 
• Avaliar função pulmonar (gasometria, espirometria e controle radiológico até o 5º 
dia). 
Em caso de ingesta maciça (maior que 30 mL) ou quando a ingesta associa outras 
substâncias mais tóxicas (p.ex. agrotóxicos), deve-se praticar: 
• lavagem gástrica cuidadosa, com intubação endotraqueal prévia, e no máximo até 2 
horas da ingestão de grandes volumes; 
• manutenção do equilíbrio ácido-básico e hidroeletrolítico; 
• nos casos graves: avaliar função renal e hepática;. 
• atenção especial para pneumonite química; 
• demais medidas sintomáticas e de manutenção. 
Tratamento sintomático: 
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• Broncoespasmo: usar broncodilatadores. 
• Adrenalina e isoproterenol: podem provocar arritmia ventricular por sensibilização do 
miocárdio às catecolaminas (utilizar somente na eventual ressuscitação cardíaca). Nas 
arritmias, usar adenosina, lidocaína ou betabloqueadores, segundo o tipo de 
transtorno. 
• Agitação ou delírio: os sedativos de preferência são benzodiazepínicos, podendo ser 
administrados tanto por via endovenosa, como por via oral. 
• Nas metemoglobinemias provocada pelas anilinas superiores a 20% ou em caso de 
hipóxia: aportar oxigênio e azul de metileno. 
A administração de carvão ativado não é útil, por causa da fraca adsorção desses 
produtos. 
Está formalmente CONTRA-INDICADA a indução de vômitos, devido ao risco de 
inalação, e o aporte de alimentos ou laxantes oleosos, que aumentam a absorção. 
 
 
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Considerações gerais 
Tintas são produtos usados para o revestimento de materiais, visando sua proteção e 
embelezamento. Correspondem a uma suspensão de pigmentos em veículo fluido. 
Pigmentos são pequenas partículas cristalinas que devem ser insolúveis nos demais 
componentes da tinta e têm por finalidade principal dar cor e opacidade à película de 
revestimento. 
Vernizes são soluções de gomas ou resinas, naturais ou sintéticas, que são convertidas 
em uma película transparente ou translúcida após a aplicação em camadas finas. 
Lacas são produtos compostos essencialmente de um veículo volátil, uma resina 
sintética e um plastificante que têm a mesma finalidade que os vernizes. 
Esmaltes são produtos obtidos pela adição de pigmentos aos vernizes ou lacas, 
resultando em uma verdadeira tinta caracterizada pela capacidade de formar uma 
película excepcionalmente lisa. 
Tipos de tintas 
a) Tintas a óleo – são constituídas por uma mistura de veículos, solventes, secantes e 
pigmentos. 
• Os veículos são óleos que, quando expostos ao ar, são oxidados, passando da fase 
líquida para a sólida. Ex. óleo de linhaça, óleo de oiticica, óleo de tungue, óleo de 
perila, óleo de mamona e óleo de soja. 
• Os solventes reduzem a viscosidade do veículo, facilitando a aplicação da tinta. Ex. 
aguarrás, derivados do petróleo, do alcatrão, tiner e terebentina. 
• Os secantes são catalisadores que aceleram a absorção química do oxigênio 
necessária à passagem da forma líquida à sólida, garantindo uma melhor qualidade 
da película formada (processo de secagem). Em geral, são constituídos de compostos 
metálicos de zinco, cobalto, manganês, ferro, vanádio e chumbo. 
b) Tintas plásticas 
As mais usadas são do tipo emulsionável (resina não solúvel associada a um solvente). 
Ex. látex de acetato de polivinila, fenólicas, maléicas, uréicas, de melanina, de 
pentaeritriol, etc. 
c) Tintas para caiação 
Muito conhecidas e econômicas. Seu componente principal é a cal extinta – Ca(OH)2 . 
d) Tintas luminescentes, fluorescentes e fosforescentes 
Principais pigmentos usados: sulfato de zinco (fluorescentes), misturas de sulfeto de 
zinco e de cálcio ou sulfetos de cálcio e de estrôncio(fosforescentes). 
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Tipos de vernizes e lacas 
Elas podem ser feitas a base de óleo e de solventes, e, os solventes mais utilizados são 
ésteres, cetonas, álcoois, etc. 
Tipos de pigmentos 
O número e a variedade de pigmentos atualmente são muito grandes. Possuem 
finalidades diversas, desde ingredientes de tintas até aditivos alimentares. 
A partir do século XIX, os corantes naturais foram progressivamente substituídos pelos 
corantes sintéticos azóicos, derivados da anilina, cujo potencial cancerígeno é bem 
conhecido. 
Atualmente, encontram-se no comércio: 
- produtos biológicos como o índigo, extraído de uma planta (Indigofera tinctoria e 
Indigofera suffruticosa), e o carmim de cochonilha usado em alimentos, extraído de um 
inseto (Dactylopius coccus); 
- pigmentos de origem metálica, derivados de arsênio (verde Paris), de alumínio 
(silicatos azuis), de carbono (preto), de cádmio (vermelho, verde, laranja e amarelo), de 
ferro (vermelho, preto, óxidos de ferro ocres e ferrocianeto azul escuro), de cromo 
(verde e amarelo), de cobalto (azul e violeta), de chumbo (branco, amarelo e 
vermelho), de cobre (verde, azul e púrpura), de mercúrio (vermelho), de titânio (branco, 
bege, amarelo e preto) e de zinco (branco); 
- derivados orgânicos sintéticos, tais como as ftalocianinas (verdes) ou as ftalocianinas 
cloradas (azuis) e a quidacridona (violeta). 
Riscos toxicológicos 
As tintas e vernizes correlatos dificilmente representam riscos quando usados em 
ambientes domiciliares, mas podem ser tóxicas quando ingeridas. 
Manifestações clínicas 
• os óleos secantes das tintas a óleo exposição, geralmente não determinam problemas
de importância em caso de exposição cutânea; 
• a cal viva reage com a água liberando calor (reação exotérmica) e se essa reação 
ocorre sobre a pele ou mucosas, produz lesões cáusticas e queimaduras. As soluções 
aquosas de cal extinta são pouco corrosivas; 
• os solventes podem ser responsáveis por lesões irritativas de pele ou de mucosas, 
particularmente ocular, mas, em caso de uso em pintura artística, a possibilidade de 
causar uma hepatite tóxica não deve ser descartada; 
• as tintas de carimbo têm teor elevado de pigmentos derivados de anilina. Na maioria 
dos casos, o quadro tóxico, é caracterizado pelo aparecimento de uma 
metemoglobinemia e os distúrbios são preponderantemente neurológicos. 
 
 
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Tratamento 
O tratamento é sintomático e, nos casos graves, de manutenção das funções vitais. A 
metemoglobinemia deve ser tratada com azul de metileno. 
 
 
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Considerações gerais 
Adesivo é um termo genérico que denomina uma categoria de produtos cuja finalidade 
é prender, ligar, ou ajuntar dois objetos e que pode referir-se a cola, pasta, mucilagem 
ou cimento. 
Colas a base de cianoacrilato 
As colas a base de cianoacrilato são adesivos instantâneos de baixa toxicidade. 
Produzem transtornos decorrentes de sua secagem extremamente rápida, 
principalmente quando entram em contato com a pele úmida dos dedos, pálpebras e 
lábios, ou com mucosas. 
Manifestações clínicas 
Sua sintomatologia está relacionada com a irritação mecânica, e não produzem quadro
tóxico. 
Tratamento 
O elemento maisimportante do tratamento é o de evitar toda tentativa brusca de 
separação das superfícies aderidas. Não há necessidade de intervenção cirúrgica para 
separá-las. A aplicação de água morna com sabão e a tração delicada das superfícies 
são suficientes, mesmo que este procedimento possa levar algum tempo. O uso de óleo 
mineral, óleo vegetal ou vaselina ajuda a remover os fragmentos de cola aderidos. 
Não usar água muito quente, nem acetona ou álcool, principalmente na região 
próxima aos olhos. No caso de oclusão das pálpebras pela cola, deve-se aplicar 
compressas mornas, seguida de oclusão das pálpebras com pomada oftálmica, até 
abertura das mesmas, o que ocorre espontaneamente em até 4 dias. Nesse período, o 
acompanhamento pelo oftalmologista é necessário. Nos lábios, aplica-se água morna 
em abundância, solicitando-se que o próprio paciente faça pressão da saliva para fora 
da boca. 
Cola de sapateiro 
A cola de sapateiro é usada como adesivo para couros, mas pode ser também usada 
como droga de abuso. Sua composição inclui hidrocarbonetos aromáticos, tolueno 
e/ou xileno, empregados como solventes. 
Mecanismo de ação 
Estes solventes são lipossolúveis e atravessam a membrana hemato-encefálica levando 
a alterações do estado de consciência desde a leve tontura até a potente depressão do 
sistema nervoso central. Algumas dessas substâncias, como o tolueno, produzem um 
sentimento de gratificação por ação sobre o sistema nervoso, levando à auto-
administração e à dependência. 
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Cinética 
Muito bem absorvidos por via oral e respiratória, os solventes aromáticos atingem 
rapidamente o cérebro e demais órgãos, após administração. Devido à sua alta 
solubilidade, armazenam-se no tecido adiposo, bem como no tecido cerebral. O 
metabolismo hepático os transforma em ácido benzóico (80%da dose de tolueno 
absorvida). A meia vida é de 12 h, com eliminação na forma inalterada pelos pulmões, 
e mais lentamente pela urina, sob a forma de ácido hipúrico. 
Para o tolueno, há risco imediato de morte em concentração no ar de 2000 ppm. 
Manifestações clínicas 
 
A tolerância ao solvente é rápida, sendo necessário aumentar a dose para conseguir 
um mesmo efeito anterior. A euforia (“high”) usual começa em alguns minutos e dura 
de 15 a 45 min, período no qual o indivíduo sente vertigem e tontura. A maioria dos 
usuários descreve um decréscimo das inibições, uma sensação de “estar flutuando”, 
percepções errôneas ou ilusões, obnubilação, sonolência e, ocasionalmente, amnésia 
durante o pico da inalação. 
Nos casos de intoxicação aguda, o paciente pode apresentar hiperemia ocular, 
fotofobia, diplopia, zumbidos, irritação da mucosa nasal, tosse, edema pulmonar, risco 
de pneumonia química, náusea, vômitos, diarréia, arritmias, lentificação das ondas 
registradas na eletroencefalografia, reações de pânico, depressão respiratória, 
complicações neurológicas, com distúrbios de memória, cefaléia e coma, hepatite com 
possível insuficiência hepática, insuficiência renal, fraqueza dos músculos esqueléticos 
por destruição muscular e morte. 
Tratamento 
Não há antídoto específico. Os distúrbios são transitórios e desaparecem com as 
medidas de suporte dos parâmetros vitais, e sobretudo do controle da função 
respiratória e das arritmias. Raramente as análises laboratoriais são úteis para 
estabelecer o diagnóstico, sendo, no entanto, de grande valia para o acompanhamento 
das complicações: eletroencefalografia, eletrocardiografia, gasometria, hemograma, 
provas de função renal e hepática, radiologia pulmonar. 
 
Resinas Epóxi 
Trata-se de um sistema composto por uma resina e um agente de cura (endurecedor ou 
acelerador). 
Toxicidade 
Ela é atribuída aos agentes de cura (aminas inorgânicas), que são irritantes e 
sensibilizantes da pele e mucosas. A absorção é cutânea e pelas e mucosas, com efeitos
hépatotóxicos e neurotóxicos. 
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Uma vez a resina curada, solidificada, ela deixa de ser tóxica. 
Quadro Clínico 
Os vapores de aminas podem provocar conjuntivite, rinite, faringite, tosse, asma, dor 
torácica, náusea, vômito e cefaléia, complicando-se com edema e infecção pulmonar. 
A dermatite do dorso das mãos, regiões interdigitais e punhos pode variar do eritema 
até uma importante erupção bolhosa. Quando ocorre sensibilização, a erupção é 
vesicular e pruriginosa, podendo se alastrar para outras áreas que tenham contato com 
resina. Eles também podem causar anomalias hepáticas. 
 
 
 
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Considerações gerais 
Saneantes ou Domissaniários – Substâncias ou preparações destinadas à higienização, 
desinfecção ou desinfestação domiciliar, em ambientes coletivos e/ou públicos, em 
lugares de uso comum e no tratamento de água, compreendendo: 
 
Detergentes e seus congêneres - são as substâncias que apresentam como finalidade a 
limpeza e conservação de superfícies inanimadas, como por exemplo: Detergentes; 
Alvejantes; Amaciante de Tecidos; Antiferruginosos; Ceras; Desincrustantes Ácidos e 
Alcalinos; Limpa Móveis, Plásticos, Pneus, Vidros; Polidores de Sapato, Superfícies 
Metálicas; Removedores; Sabões; Saponáceos e outros. 
 
Alvejantes - qualquer substância com ação química, oxidante ou redutora, que exerce 
ação branqueadora. 
Desinfetantes - são formulações que têm na sua composição substâncias microbicidas e 
apresentam efeito letal para microrganismos não esporulados. São eles: De uso geral, 
Para Indústrias Alimentícias, Para Piscinas, Para Lactários, Hospitalares para superfícies 
fixas e Hospitalares para artigos semi-críticos. 
 
Desodorizantes - são formulações que têm na sua composição substâncias 
microbioestáticas, capazes de controlar os odores desagradáveis advindos do 
metabolismo microrgânico. Não apresentam efeito letal sobre microrganismos, mas 
inibem o seu crescimento e multiplicação. São eles: Desodorizante Ambiental, Para 
aparelhos sanitários e outros. 
Esterilizantes - são formulações que têm na sua composição substâncias microbicidas e 
apresentam efeito letal para microrganismos esporulados e não esporulados. 
 
Algicidas para piscinas - são substâncias ou produtos destinados a matar algas. 
 
Fungicidas para piscinas - são substâncias ou produtos destinados a matar todas as 
formas de fungos. 
Desinfetante de água para o consumo humano - são substâncias ou produtos 
destinados à desinfecção de água para beber. 
Água sanitária - soluções aquosas à base de hipoclorito de sódio ou cálcio, com teor de
cloro ativo entre 2,0 a 2,5% p/p, durante o prazo de validade (máximo de 6 meses). 
Produto poderá conter apenas hidróxido de sódio ou cálcio, cloreto de sódio ou cálcio e
carbonato de sódio ou cálcio como estabilizante. Pode ter ação como alvejante e de 
desinfetante de uso geral. 
Produtos biológicos – produtos à base de microrganismos viáveis para o tratamento de 
sistemas sépticos, tubulações sanitárias de águas servidas, e para outros locais, com a 
finalidade de degradar matéria orgânica e reduzir os odores. 
 
Inseticidas – são produtos desinfestantes destinados à aplicação em domicílios e suas 
áreas comuns, no interior de instalações, edifícios públicos ou coletivos e ambientes 
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afins para controle de insetos e outros animais incômodos e nocivos à saúde. 
 
Raticidas - são produtos desinfestantes destinados à aplicação em domicílios e suas 
áreas comuns, no interior de instalações, edifícios públicos ou coletivos e ambientes 
afins para controle de roedores. 
Jardinagem amadora – são produtosdestinados à aplicação em jardins ou plantas 
ornamentais, cultivadas sem fins lucrativos, para o controle de pragas e doenças e bem 
como aqueles destinados a revitalização e ao embelezamento das plantas. 
 
Repelentes – são produtos com ação repelente para insetos, para aplicação em 
superfícies inanimadas e para volatilização em ambientes com liberação lenta e 
contínua do (s) ingrediente (s) ativo (s) por aquecimento elétrico ou outra forma de 
energia ou espontaneamente. 
Peculiaridade dos domissanitários 
• 60 a 90% do tempo das pessoas é passado em ambientes fechados. 
• Exposição cotidiana. 
• Diversidade de finalidades. 
• Mesma marca comercial com diferentes formulações e concentrações. 
• Composição similar em produtos com aplicações diferentes. 
• Exposição concomitante. 
• Regionalidade de hábitos e de marcas. 
• Associação e uso inadequado de produtos. 
Em caso de acidente 
Sempre trate primeiro da(s) pessoa(s) acidentada(s); 
Siga as orientações de socorro que estão no rótulo do produto; 
Adote as seguintes medidas gerais de primeiros-socorros de acordo com 
a situação: 
Se a pessoa bebeu ou comeu o produto: não provoque vômito, procure imediatamente 
o serviço de saúde mais próximo. Nunca dê nada para a pessoa beber ou comer, se 
ela estiver inconsciente. 
Se o produto entrou em contato com os olhos (caiu ou respingou): lave-os 
imediatamente com muita água limpa, mantendo os olhos bem abertos. Em caso de 
dor, irritação, ardência ou lacrimejamento, procure imediatamente ajuda médica. 
Se o produto entrou em contato com a pele (caiu ou respingou): lave 
imediatamente a parte do corpo atingida, com muita água limpa.Tire as roupas 
contaminadas pelo produto. Em caso de irritação, dor ou queimadura procure ajuda 
médica. 
Se a pessoa inalou (cheirou) em excesso o produto: leve-a para um local aberto. Se 
houver sinais de intoxicação (mal-estar, tontura, dificuldades para respirar, tosse), 
procure ajuda médica. 
Atenção: Sempre que possível, é importante levar o rótulo do produto ao médico, 
porque isto orienta e melhora o atendimento ao paciente. 
 
 
 
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Todo produto tem que ter rótulo, logo, só utilize produtos que tenham inscrito no rótulo, 
de forma clara, sua finalidade de uso. Essa indicação deve estar na parte da frente da 
embalagem, junto ao nome do produto. Por exemplo: sabão em pó, desinfetante, 
amaciante, detergente, inseticida. 
Além disso, todos os rótulos devem conter: 
• o nome do fabricante ou importador, com endereço completo, telefone, assim como 
o nome do técnico responsável pelo produto; 
• a frase “Produto notificado (ou registrado) na Anvisa/MS” ou número do registro no 
Ministério da Saúde; 
• a frase “Antes de usar leia as instruções do rótulo”, para que você saiba como usá-lo; 
• informações sobre os perigos e primeiros socorros; 
• o número de telefone do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC); 
• caso esteja escrito no rótulo “PROIBIDA A VENDA DIRETA AO PÚBLICO” ou “USO 
PROFISSIONAL”, este produto somente poderá ser utilizado por profissional habilitado. 
Na bula, devem constar os seguintes dizeres, no quadro de Informações Médicas sobre 
o produto: “Ligue para o Disque-Intoxicação: 0800-722-6001 para notificar o caso e 
obter informações especializadas sobre o diagnóstico e tratamento - Rede Nacional de 
Centros de Informação e Assistência Toxicológica/RENACIAT – ANVISA/MS 
Notifique ao sistema de informação de agravos de notificação (SINAN / MS)” 
O rótulo não pode estar rasgado, descolado da embalagem, manchado ou com letras 
de tamanho pouco legível. 
Não compre nem use: 
• produtos saneantes vendidos por ambulantes em carros, peruas ou caminhões, etc. 
ou produtos saneantes vendidos em garrafas de refrigerantes e outras bebidas, pois há 
risco de serem produtos de fabricação e/ou comercialização ilegal, geralmente de 
toxicidade maior; 
• produtos que não tenham data de fabricação, prazo de validade e número de lote; 
• produtos cujas embalagens pareçam ter sido abertas ou estejam amassadas, 
enferrujadas, estufadas, rasgadas ou furadas; 
• produtos embalados em grandes volumes (barris, bombonas ou tonéis) e que são 
transvazados para outra embalagem no momento da compra. 
Precauções de armazenamento: 
• Guarde produtos saneantes bem longe de bebidas, alimentos, medicamentos e 
cosméticos. 
• Mantenha produtos saneantes fora do alcance de crianças e animais, pois podem 
atrair a atenção principalmente de crianças pequenas, entre 1 e 5 anos de idade, e 
causar acidentes graves. 
• Mantenha os produtos saneantes protegidos do sol, chuva e umidade. 
• Mantenha os produtos saneantes longe do calor e do fogo, pois alguns produtos são 
inflamáveis. 
• Somente misture um produto saneante com outro produto qualquer se esta indicação 
constar no rótulo, pois a mistura indevida pode causar reações explosivas ou vapores 
Curso de Toxicologia 
ANVISA - RENACIAT - OPAS – NUTES/UFRJ - ABRACIT 
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tóxicos. 
• Inutilize as embalagens vazias dos produtos saneantes, pois elas sempre guardam 
resíduos (restos) do produto. Fure o fundo e jogue fora as embalagens vazias, de 
preferência em sistema de coleta seletiva (separadas de outros lixos). 
• Não perfure nem jogue no fogo embalagens de aerossóis e nunca vire o jato de um 
aerossol ou spray em direção ao rosto. 
• Utensílios domésticos (copos, xícaras, colheres) só podem ser utilizados como medida 
para produtos saneantes se forem reservados apenas para esse fim. 
Denuncie produtos clandestinos! 
É muito importante a ajuda da comunidade em reconhecer os produtos clandestinos. 
Avise à Vigilância Sanitária de sua cidade ou Estado e notifique à ANVISA, via sistema 
de Notificações em Vigilância Sanitária/NOTIVISA 
[link com http://www.anvisa.gov.br/hotsite/notivisa/cadastro.htm], todo produto 
identificado nessas condições, assim como os agravos à saúde ocorridos. 
 
 
 
1 Adaptação ao português de uma palavra composta pela contração da expressão inglesa “surface active 
agent”, que significa “agente de tensão superficial”. A tensão superficial corresponde à força que existe na 
superfície de líquidos em repouso. Ela é criada pela forte atração das moléculas externas por aquelas do 
interior do líquido e pode ser definida como a força por unidade de comprimento que duas camadas 
superficiais exercem uma sobre a outra 
2 A coloração de Gram é um procedimento de identificação da espessura das paredes bacterianas. Após 
ação de um corante violeta e fixação deste pelo iodo, as bactérias são descoradas e coradas com um 
pigmento vermelho. As bactérias que têm uma parede mais espessa guardam a coloração pelo corante 
violeta e apresentam uma coloração final azul ou violeta - elas são ditas Gram+; enquanto que as que têm 
uma parede mais fina perdem a coloração violeta e se coram pela safranina, em vermelho, recebendo o 
nome de Gram-. 
Exemplos de bactérias Gram-positivas (Gram+): várias espécies de estreptococos, estafilococos e 
enterococos.. 
Exemplos de bactérias Gram-negativas (Gram-): vibrião colérico, colibacilo e salmonelas. 
3 Os terpenos correspondem a uma grande variedade de hidrocarbonetos insaturados, encontrados em 
resinas e óleos de plantas (coníferas) e algumas borboletas. Resultam da associação de moléculas de 
isoprene de 10 (monoterpenos), 15 (sesquiterpenos), 20 (diterpenos), e, eventualmente, 25 (sesterterpenos), 
30 (triterpenos) ou mais átomos de carbono. Sua modificação química por oxidação ou rearranjo da 
cadeia de carbono resulta na formação de terpenóides. 
A expressão “terpenos” é muitas vezes utilizada para designar os produtos originais e seus derivados. Eles 
são usados como produtos aromáticos em desinfetantes, desodorizantes e aditivos alimentares 
4 A glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) é uma enzima da via metabólica das pentoses que transforma 
o NADP em NADPH. O NADPH é coenzima da glutationa-redutase, que transforma a glutationa

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