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4 Transtornos Alimentares

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LARISSA MENEZES – SAÚDE MENTAL II 
 
TRANSTORNOS ALIMENTARES 
 
QUAIS SÃO? 
 Anorexia 
 Bulimia 
 Compulsão alimentar: grande ingesta de 
comida em um curto período de tempo, são 
episódios compulsivos 
 Transtorno restritivo/evitativo (TARE): muito 
comum em crianças, rejeição a determinados 
gostos e texturas. A restrição alimentar é 
tamanha que compromete o dia a dia dessa 
criança 
 Ortorexia: constructo mais recente, envolve 
obsessão/preocupação excessiva ao tipo de 
alimento que está ingerindo, preferem 
alimentos limpos (sem embutidos ou 
industrializados), a quantidade que ingere, 
quais tipos de nutrientes ingere. Compromete 
as relações sociais da pessoa, evita ir para 
lugares porque não sabe o que vai ter para 
comer. Pode vir associada a ideia da 
composição corporal melhor, mas o foco é a 
comida sem aditivos 
 Dependência alimentar: é uma dependência 
pela ingesta de alimentos hipercalóricos, que 
tragam muita satisfação dentro do seu dia a 
dia; um pouco associada a recompensa, que só 
consegue se satisfazer ao ingerir alimentações 
hipercalóricas ou alimentos com 
hiperpalabilidade 
 Pica: atração, tendência, retardo mental, 
psicose a alimentos sem nutrientes; é uma 
perversão do apetite 
 
COMPORTAMENTO ALIMENTAR DISFUNCIONAL 
 Restrição ou exagero ou compulsão ou 
compulsão seguida de métodos purgativos 
 Está relacionada com a sociedade que 
vivemos, ao mesmo tempo que temos uma 
oferta absurda de alimentos hipercalóricos ou 
hiper palatáveis, temos também uma 
sociedade que faz uma cobrança por uma 
estética inalcançável 
 Transtornos alimentares se caracterizam por: 
o Comportamento alimentar disfuncional 
o Preocupações envolvendo medo de 
engordar e/ou distorção da imagem 
corporal 
o Preocupação extrema com 
comida/alimentação 
 
ANOREXIA NERVOSA 
 Síndrome caracterizada por 2 
critérios/componentes essenciais: 
o Inanição autoinduzida: componente 
comportamental 
o Busca por magreza/medo mórbido de 
engordar: comportamento 
psicopatológico 
o Sinais e sintomas resultantes da inanição: 
sintomatologia fisiológica 
 Geralmente início de dieta é o fator 
precipitante 
 O insight é muito prejudicado na anorexia! 
 O transtorno dimórfico é o corpo no geral, 
como cabelo ou boca e etc, na anorexia é 
relacionada ao peso e ao comportamento de 
inanição. Mas podem estar associados 
DSM 5 
➢ Restrição da ingesta calórica em relação as 
necessidades levando a um peso corporal 
significativamente baixo (IMC<18) 
➢ Medo intenso de ganhar peso ou engordar 
ou comportamento persistente que 
interfere no ganho de peso, mesmo 
estando com peso muito baixo 
➢ Distorção da imagem corporal: 
perturbação na percepção do próprio 
peso ou da forma corporal. Influencia na 
autoavaliação ou ausência persistente de 
reconhecimento da gravidade do baixo 
peso corporal atual. Não chega a ser uma 
alucinação, mas é uma percepção corporal 
alterada 
ETIOLOGIA/EPIDEMIOLOGIA 
➢ 0,5-1% das meninas adolescentes 
➢ Início entre 14-18 anos 
➢ Fatores biológicos: disfunção 
neuroendócrina, disfunção de 
neurotransmissores (principalmente 
LARISSA MENEZES – SAÚDE MENTAL II 
 
serotonérgicos) , aumento de opioides 
endógenos (relacionados a inanição) 
➢ Fatores sociais: profissões, atividades e 
hobbys que requerem magreza (ballet, 
atletas, modelos, nutricionistas), ideal 
cultural de magreza, relações simbiótica 
com genitores 
➢ Fatores psíquicos: personalidade mais 
rígida/obsessiva, perfeccionismo (mais 
comum na anorexia restritiva), dificuldade 
de expressar emoções, baixa autoestima, 
eventos gatilhos (estressores) 
• Estressores: traumas (abuso físico, 
sexual, bullying), participação em 
escolas de ballet, esportes, 
participação em concursos de beleza, 
inicio de dieta 
SUBTIPOS 
➢ Restritivo: dieta, jejum, exercício 
excessivo; só restringe a ingesta 
➢ Compulsão alimentar purgativa: se parece 
com o paciente que tem bulimia; além de 
não comer, a paciente vomita ou faz uso de 
laxantes (faz purgações) 
 
➢ Em remissão: 
• Parcial: critério A não preenchido 
• Completa: 
OBS: A internação não segue o IMC e sim o estado 
nutricional, entre outros fatores 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
➢ Sintomas depressivos e ansiosos 
➢ Comportamento obsessivo-compulsivo 
relacionado a comida: sabem tudo da 
comida, sabem as calorias de cada 
alimento, sabe tudo que tem no alimento 
➢ Angustia de se alimentar publicamente 
➢ Tentam se livrar da comida (escondem) 
➢ Passam grande parte do tempo 
reorganizando o prato 
CONSEQUÊNCIAS CLÍNICAS 
➢ Pele seca, lanugo, cabelos quebradiços 
➢ Amenorreia 
➢ Atrofia muscular 
➢ Hipotensão, hipotermia, bradicardia 
➢ Perda de densidade óssea 
➢ Redução do peristaltismo 
➢ Desidratação 
➢ Anemia 
➢ Leucopenia 
➢ Hipoglicemia crônica 
➢ Hipercolesterolemia compensatória 
➢ Alterações hormonais 
CURSO E PROGNÓSTICO 
 
➢ ¼ tem recuperação completa 
➢ ½ melhora marcante 
➢ Tratamento precoce 
➢ Boas relações familiares 
➢ Mortalidade 5-18% 
➢ Mau prognostico: hospitalização, conflito 
familiar, neuroticismo, métodos 
purgativos 
AVALIAÇÃO CLÍNICA 
➢ Exame físico 
➢ Sinais vitais 
➢ Pesagem/IMC 
➢ Solicitar: 
• ECG 
• Hemograma 
• Glicemia de jejum 
• Lipidograma 
• Eletrólitos 
• AST/ALT 
➢ Dosagens hormonais: 
• Tireoide 
• Prolactina 
• Hormônios sexuais 
➢ Vitaminas: 
• 25 OH-Vitamina D3 
• Vitamina B12 
➢ Ácido fólico 
LARISSA MENEZES – SAÚDE MENTAL II 
 
TRATAMENTO 
➢ Acompanhamento multidisciplinar 
• Psicologia 
• Psiquiatria 
• Nutrologia/endócrino 
• Nutrição 
➢ Psicoterápico: 
• TCC: terapia cognitivo comportamental 
• Diário alimentar: o que ela comeu, o 
que ela sentiu quando comeu aquilo 
 
• Terapia de esquema 
• Terapia de apoio familiar 
➢ Cuidados gerais: 
• Acompanhamento clinico 
• Correção das alterações 
• Acompanhamento nutricional 
• Recuperação nutricional 
➢ Medicamentoso: 
• Antidepressivos: ISRS → fluoxetina, 
sertralina 
• Antipsicóticos: olanzapina, risperidona 
• Orexígenos: ciproeptadina (ajudam a 
abrir o apetite também) 
• Outros: ansiolíticos, como alguns 
benzodiazepínicos 
• Sintomáticos e das comorbidades 
➢ Hospitalização: quando necessário 
 
BULIMIA NERVOSA 
 Caracterizada por episódios de compulsão 
alimentar combinados com purgações 
 Existe grande preocupação com peso e medo 
intenso de engordar 
 O controle alimentar, associado a restrições, 
se mantém até o paciente sentir grande 
vontade de comer algo proscrito levando ao 
descontrole alimentar 
 A busca pela magreza excessiva não é tão vista, 
é mais o medo de engordar 
 Não consegue ter o controle da ingesta que o 
paciente anoréxico consegue ter 
 Compensa a descompensação alimentar com 
as purgações pelo medo de engordar 
DSM 5 
➢ Episódios recorrentes de compulsão 
alimentar: 
• Ingestão em um período de tempo de 
uma quantidade alimento 
definitivamente maior que o “normal” 
• Sensação de falta de controle sobre a 
ingestão nesse período 
➢ Comportamentos compensatórios 
inapropriados recorrentes para impedir o 
ganho de peso (vômitos, laxantes, 
diuréticos, exercícios em excesso) 
➢ Compulsão alimentar ou comportamentos 
compensatórios pelo menos 1 vez por 
semana durante 3 meses 
➢ A autoavaliação é indevidamente 
influenciada pela forma e pelo peso 
corporais 
➢ Não ocorre exclusivamente no curso da 
anorexia nervosa 
ATOS COMPENSATÓRIOS 
➢ Não se restringem a vômitos 
➢ Métodos purgativos: é colocar para fora de 
alguma forma; Vômitos, laxantes, 
diuréticos 
➢ Atos compensatórios são diversos, como 
exercícios físicos extenuantes, aeróbios, 
jejum prolongado após descompensar 
➢ É o comer disfuncional com uma 
compensação 
➢ Precisa se tornar patológico para ser uma 
doença 
ETIOLOGIA/EPIDEMIOLOGIA 
➢ 1-4% em mulheres jovens 
➢ Inicio no fim da adolescência e início da 
idade adulta➢ Fatores biológicos: disfunção de 
neurotransmissores (serotonina, 
noradrenalina) 
➢ 20% das estudantes universitárias já 
apresentaram comportamento bulímico 
➢ Fatores sociais: comum historia de 
obesidade na infância (bullying), conflitos 
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familiares, pais com transtorno de humor. 
Comentários negativos dos pais a respeito 
do peso dos filhos 
➢ Fatores psíquicos: personalidade mais 
impulsiva, autodestrutiva, baixa 
autoestima, correlação com dependência 
de SPAs, instabilidade emocional, eventos 
gatilhos (estressores) 
GRAVIDADE 
➢ Leve: 1 a 3 episódios de comportamentos 
compensatórios inapropriados por semana 
➢ Moderada: 4 a 7 episódios por semana 
➢ Grave: 8 a 13 episódios por semana 
➢ Extrema: 14 ou mais episódios por semana 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
➢ Vergonha/escondem os sintomas 
➢ Alimento comido as pressas e escondido, 
seguido de culpa e angustia 
➢ Entre os episódios, reinicio de dieta, 
restrição do consumo calórico, jejuns e 
tentativa de reestabelecer o controle 
➢ IMC (≥18,5 kg/m²)normal ou sobrepeso 
➢ Pode haver uma migração para anorexia 
CONSEQUÊNCIAS CLÍNICAS 
➢ Irregularidade menstrual ou amenorreia 
➢ Danos no esmalte dentário, hipertrofia de 
parótidas 
➢ Distúrbios hidroeletrolíticos (hipocalemia), 
desidratação 
➢ Dependência de laxantes 
➢ Comprometimento sistêmico: 
• TGI: constipação, dismotilidade, 
erosões e lacerações esofágicas 
• Cardiovascular: arritmias 
CURSO E PROGNÓSTICO 
➢ Curso crônico ou intermitente 
➢ Tende a persistir por muitos anos 
➢ 50% tem recuperação favorável 
➢ Um subgrupo pode manter só a compulsão 
➢ 10 a 45% evoluem para anorexia nervosa 
➢ Alta taxa de tentativas de suicídio 
➢ Taxa de mortalidade: 2% 
➢ Comorbidades com transtorno de humor e 
ansiosos, de personalidade borderline e 
transtorno do impulso 
TRATAMENTO 
➢ Acompanhamento multidisciplinar 
➢ Psicoterápico: 
• TCC 
• Terapia de esquema 
• Terapia de apoio 
• Diário alimentar 
• Mindful eating: atenção plena na hora 
da alimentação, comer mais devagar, 
diminuir os estímulos internos na hora 
da alimentação, mastigar mais (25x), 
comer com a mão não dominante, 
focar na comida, degustar, sentir o 
sabor das coisas sem precisar comer 
tanto daquilo para sentir o sabor 
 
• Terapia de grupo 
➢ Acompanhamento nutricional: 
• Nutrição comportamental 
• Diário alimentar 
➢ Cuidados gerais: 
• Acompanhamento clinico e nutricional 
• Correção das alterações e deficiências 
vitaminas 
• Avaliação doo TGI 
➢ Medicamentoso: 
• Antidepressivos: ISRS, como fluoxetina 
é a 1ª escolha, sertralina, citalopram 
• Evitar bupropriona (limiar convulsivo) e 
IMAO 
• Anticonvulsivantes (topiramato) 
• Outros: ansiolíticos, sintomáticos, de 
comorbidades 
➢ Hospitalização: caso necessário 
 
TRANSTORNO DE COMPULSÃO ALIMENTAR (TCA) 
LARISSA MENEZES – SAÚDE MENTAL II 
 
 O foco central não é o medo de engordar, 
como na bulimia 
EPIDEMIOLOGIA E CURSO 
➢ É o TA mais comum 
➢ Aparece em 25% dos pacientes que 
procura, atenção medica por obesidade 
➢ 50-75% de pacientes com obesidade grave 
➢ Mulheres: 4% 
➢ Homens: 2% 
➢ Personalidade mais impulsiva 
➢ Pode piorar em períodos de estresse e 
ansiedade 
➢ Obesidade grave 
➢ Síndrome metabólica 
DSM 5 
➢ Episódios recorrentes de compulsão 
alimentar: 
• Ingestão em um período de tempo de 
uma quantidade de alimento 
definitivamente maior que o “normal) 
• Sensação de falta de controle sobre a 
ingestão nesse período 
➢ Os episódios estão associados a 3 ou mais: 
• Comer mais rapidamente do que o 
normal 
• Comer até se sentir 
desconfortavelmente cheio 
• Comer grandes quantidades na 
ausência de fome 
• Comer sozinho por vergonha 
• Sentir-se desgostoso, culpado, com 
vergonha em seguida 
➢ Sofrimento marcante em virtude da CA 
➢ Episódios devem acontecer 1 vez por 
semana durante 3 meses 
➢ A CA não está associada a comportamento 
compensatório 
TRATAMENTO 
➢ Psicoterápico: 
• TCC 
• Terapia de grupo 
• Terapia de apoio 
• Mindful eating 
➢ Acompanhamento e orientações 
nutricionais 
➢ Atividade física 
➢ Medicamentoso: 
• Antidepressivos: ISRS como 
fluoxetina, sertralina, citalopram 
• Anticonvulsivantes: topiramato 
• Outros: lisdexanfetamina (aprovação 
recente, porem precisa de cuidado no 
uso por ser anfetamina. É proscrita 
para bulimia porque o paciente pode 
usar como droga de abuso)

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