Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
LARISSA MENEZES – SAÚDE MENTAL II TRANSTORNOS ALIMENTARES QUAIS SÃO? Anorexia Bulimia Compulsão alimentar: grande ingesta de comida em um curto período de tempo, são episódios compulsivos Transtorno restritivo/evitativo (TARE): muito comum em crianças, rejeição a determinados gostos e texturas. A restrição alimentar é tamanha que compromete o dia a dia dessa criança Ortorexia: constructo mais recente, envolve obsessão/preocupação excessiva ao tipo de alimento que está ingerindo, preferem alimentos limpos (sem embutidos ou industrializados), a quantidade que ingere, quais tipos de nutrientes ingere. Compromete as relações sociais da pessoa, evita ir para lugares porque não sabe o que vai ter para comer. Pode vir associada a ideia da composição corporal melhor, mas o foco é a comida sem aditivos Dependência alimentar: é uma dependência pela ingesta de alimentos hipercalóricos, que tragam muita satisfação dentro do seu dia a dia; um pouco associada a recompensa, que só consegue se satisfazer ao ingerir alimentações hipercalóricas ou alimentos com hiperpalabilidade Pica: atração, tendência, retardo mental, psicose a alimentos sem nutrientes; é uma perversão do apetite COMPORTAMENTO ALIMENTAR DISFUNCIONAL Restrição ou exagero ou compulsão ou compulsão seguida de métodos purgativos Está relacionada com a sociedade que vivemos, ao mesmo tempo que temos uma oferta absurda de alimentos hipercalóricos ou hiper palatáveis, temos também uma sociedade que faz uma cobrança por uma estética inalcançável Transtornos alimentares se caracterizam por: o Comportamento alimentar disfuncional o Preocupações envolvendo medo de engordar e/ou distorção da imagem corporal o Preocupação extrema com comida/alimentação ANOREXIA NERVOSA Síndrome caracterizada por 2 critérios/componentes essenciais: o Inanição autoinduzida: componente comportamental o Busca por magreza/medo mórbido de engordar: comportamento psicopatológico o Sinais e sintomas resultantes da inanição: sintomatologia fisiológica Geralmente início de dieta é o fator precipitante O insight é muito prejudicado na anorexia! O transtorno dimórfico é o corpo no geral, como cabelo ou boca e etc, na anorexia é relacionada ao peso e ao comportamento de inanição. Mas podem estar associados DSM 5 ➢ Restrição da ingesta calórica em relação as necessidades levando a um peso corporal significativamente baixo (IMC<18) ➢ Medo intenso de ganhar peso ou engordar ou comportamento persistente que interfere no ganho de peso, mesmo estando com peso muito baixo ➢ Distorção da imagem corporal: perturbação na percepção do próprio peso ou da forma corporal. Influencia na autoavaliação ou ausência persistente de reconhecimento da gravidade do baixo peso corporal atual. Não chega a ser uma alucinação, mas é uma percepção corporal alterada ETIOLOGIA/EPIDEMIOLOGIA ➢ 0,5-1% das meninas adolescentes ➢ Início entre 14-18 anos ➢ Fatores biológicos: disfunção neuroendócrina, disfunção de neurotransmissores (principalmente LARISSA MENEZES – SAÚDE MENTAL II serotonérgicos) , aumento de opioides endógenos (relacionados a inanição) ➢ Fatores sociais: profissões, atividades e hobbys que requerem magreza (ballet, atletas, modelos, nutricionistas), ideal cultural de magreza, relações simbiótica com genitores ➢ Fatores psíquicos: personalidade mais rígida/obsessiva, perfeccionismo (mais comum na anorexia restritiva), dificuldade de expressar emoções, baixa autoestima, eventos gatilhos (estressores) • Estressores: traumas (abuso físico, sexual, bullying), participação em escolas de ballet, esportes, participação em concursos de beleza, inicio de dieta SUBTIPOS ➢ Restritivo: dieta, jejum, exercício excessivo; só restringe a ingesta ➢ Compulsão alimentar purgativa: se parece com o paciente que tem bulimia; além de não comer, a paciente vomita ou faz uso de laxantes (faz purgações) ➢ Em remissão: • Parcial: critério A não preenchido • Completa: OBS: A internação não segue o IMC e sim o estado nutricional, entre outros fatores CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS ➢ Sintomas depressivos e ansiosos ➢ Comportamento obsessivo-compulsivo relacionado a comida: sabem tudo da comida, sabem as calorias de cada alimento, sabe tudo que tem no alimento ➢ Angustia de se alimentar publicamente ➢ Tentam se livrar da comida (escondem) ➢ Passam grande parte do tempo reorganizando o prato CONSEQUÊNCIAS CLÍNICAS ➢ Pele seca, lanugo, cabelos quebradiços ➢ Amenorreia ➢ Atrofia muscular ➢ Hipotensão, hipotermia, bradicardia ➢ Perda de densidade óssea ➢ Redução do peristaltismo ➢ Desidratação ➢ Anemia ➢ Leucopenia ➢ Hipoglicemia crônica ➢ Hipercolesterolemia compensatória ➢ Alterações hormonais CURSO E PROGNÓSTICO ➢ ¼ tem recuperação completa ➢ ½ melhora marcante ➢ Tratamento precoce ➢ Boas relações familiares ➢ Mortalidade 5-18% ➢ Mau prognostico: hospitalização, conflito familiar, neuroticismo, métodos purgativos AVALIAÇÃO CLÍNICA ➢ Exame físico ➢ Sinais vitais ➢ Pesagem/IMC ➢ Solicitar: • ECG • Hemograma • Glicemia de jejum • Lipidograma • Eletrólitos • AST/ALT ➢ Dosagens hormonais: • Tireoide • Prolactina • Hormônios sexuais ➢ Vitaminas: • 25 OH-Vitamina D3 • Vitamina B12 ➢ Ácido fólico LARISSA MENEZES – SAÚDE MENTAL II TRATAMENTO ➢ Acompanhamento multidisciplinar • Psicologia • Psiquiatria • Nutrologia/endócrino • Nutrição ➢ Psicoterápico: • TCC: terapia cognitivo comportamental • Diário alimentar: o que ela comeu, o que ela sentiu quando comeu aquilo • Terapia de esquema • Terapia de apoio familiar ➢ Cuidados gerais: • Acompanhamento clinico • Correção das alterações • Acompanhamento nutricional • Recuperação nutricional ➢ Medicamentoso: • Antidepressivos: ISRS → fluoxetina, sertralina • Antipsicóticos: olanzapina, risperidona • Orexígenos: ciproeptadina (ajudam a abrir o apetite também) • Outros: ansiolíticos, como alguns benzodiazepínicos • Sintomáticos e das comorbidades ➢ Hospitalização: quando necessário BULIMIA NERVOSA Caracterizada por episódios de compulsão alimentar combinados com purgações Existe grande preocupação com peso e medo intenso de engordar O controle alimentar, associado a restrições, se mantém até o paciente sentir grande vontade de comer algo proscrito levando ao descontrole alimentar A busca pela magreza excessiva não é tão vista, é mais o medo de engordar Não consegue ter o controle da ingesta que o paciente anoréxico consegue ter Compensa a descompensação alimentar com as purgações pelo medo de engordar DSM 5 ➢ Episódios recorrentes de compulsão alimentar: • Ingestão em um período de tempo de uma quantidade alimento definitivamente maior que o “normal” • Sensação de falta de controle sobre a ingestão nesse período ➢ Comportamentos compensatórios inapropriados recorrentes para impedir o ganho de peso (vômitos, laxantes, diuréticos, exercícios em excesso) ➢ Compulsão alimentar ou comportamentos compensatórios pelo menos 1 vez por semana durante 3 meses ➢ A autoavaliação é indevidamente influenciada pela forma e pelo peso corporais ➢ Não ocorre exclusivamente no curso da anorexia nervosa ATOS COMPENSATÓRIOS ➢ Não se restringem a vômitos ➢ Métodos purgativos: é colocar para fora de alguma forma; Vômitos, laxantes, diuréticos ➢ Atos compensatórios são diversos, como exercícios físicos extenuantes, aeróbios, jejum prolongado após descompensar ➢ É o comer disfuncional com uma compensação ➢ Precisa se tornar patológico para ser uma doença ETIOLOGIA/EPIDEMIOLOGIA ➢ 1-4% em mulheres jovens ➢ Inicio no fim da adolescência e início da idade adulta➢ Fatores biológicos: disfunção de neurotransmissores (serotonina, noradrenalina) ➢ 20% das estudantes universitárias já apresentaram comportamento bulímico ➢ Fatores sociais: comum historia de obesidade na infância (bullying), conflitos LARISSA MENEZES – SAÚDE MENTAL II familiares, pais com transtorno de humor. Comentários negativos dos pais a respeito do peso dos filhos ➢ Fatores psíquicos: personalidade mais impulsiva, autodestrutiva, baixa autoestima, correlação com dependência de SPAs, instabilidade emocional, eventos gatilhos (estressores) GRAVIDADE ➢ Leve: 1 a 3 episódios de comportamentos compensatórios inapropriados por semana ➢ Moderada: 4 a 7 episódios por semana ➢ Grave: 8 a 13 episódios por semana ➢ Extrema: 14 ou mais episódios por semana CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS ➢ Vergonha/escondem os sintomas ➢ Alimento comido as pressas e escondido, seguido de culpa e angustia ➢ Entre os episódios, reinicio de dieta, restrição do consumo calórico, jejuns e tentativa de reestabelecer o controle ➢ IMC (≥18,5 kg/m²)normal ou sobrepeso ➢ Pode haver uma migração para anorexia CONSEQUÊNCIAS CLÍNICAS ➢ Irregularidade menstrual ou amenorreia ➢ Danos no esmalte dentário, hipertrofia de parótidas ➢ Distúrbios hidroeletrolíticos (hipocalemia), desidratação ➢ Dependência de laxantes ➢ Comprometimento sistêmico: • TGI: constipação, dismotilidade, erosões e lacerações esofágicas • Cardiovascular: arritmias CURSO E PROGNÓSTICO ➢ Curso crônico ou intermitente ➢ Tende a persistir por muitos anos ➢ 50% tem recuperação favorável ➢ Um subgrupo pode manter só a compulsão ➢ 10 a 45% evoluem para anorexia nervosa ➢ Alta taxa de tentativas de suicídio ➢ Taxa de mortalidade: 2% ➢ Comorbidades com transtorno de humor e ansiosos, de personalidade borderline e transtorno do impulso TRATAMENTO ➢ Acompanhamento multidisciplinar ➢ Psicoterápico: • TCC • Terapia de esquema • Terapia de apoio • Diário alimentar • Mindful eating: atenção plena na hora da alimentação, comer mais devagar, diminuir os estímulos internos na hora da alimentação, mastigar mais (25x), comer com a mão não dominante, focar na comida, degustar, sentir o sabor das coisas sem precisar comer tanto daquilo para sentir o sabor • Terapia de grupo ➢ Acompanhamento nutricional: • Nutrição comportamental • Diário alimentar ➢ Cuidados gerais: • Acompanhamento clinico e nutricional • Correção das alterações e deficiências vitaminas • Avaliação doo TGI ➢ Medicamentoso: • Antidepressivos: ISRS, como fluoxetina é a 1ª escolha, sertralina, citalopram • Evitar bupropriona (limiar convulsivo) e IMAO • Anticonvulsivantes (topiramato) • Outros: ansiolíticos, sintomáticos, de comorbidades ➢ Hospitalização: caso necessário TRANSTORNO DE COMPULSÃO ALIMENTAR (TCA) LARISSA MENEZES – SAÚDE MENTAL II O foco central não é o medo de engordar, como na bulimia EPIDEMIOLOGIA E CURSO ➢ É o TA mais comum ➢ Aparece em 25% dos pacientes que procura, atenção medica por obesidade ➢ 50-75% de pacientes com obesidade grave ➢ Mulheres: 4% ➢ Homens: 2% ➢ Personalidade mais impulsiva ➢ Pode piorar em períodos de estresse e ansiedade ➢ Obesidade grave ➢ Síndrome metabólica DSM 5 ➢ Episódios recorrentes de compulsão alimentar: • Ingestão em um período de tempo de uma quantidade de alimento definitivamente maior que o “normal) • Sensação de falta de controle sobre a ingestão nesse período ➢ Os episódios estão associados a 3 ou mais: • Comer mais rapidamente do que o normal • Comer até se sentir desconfortavelmente cheio • Comer grandes quantidades na ausência de fome • Comer sozinho por vergonha • Sentir-se desgostoso, culpado, com vergonha em seguida ➢ Sofrimento marcante em virtude da CA ➢ Episódios devem acontecer 1 vez por semana durante 3 meses ➢ A CA não está associada a comportamento compensatório TRATAMENTO ➢ Psicoterápico: • TCC • Terapia de grupo • Terapia de apoio • Mindful eating ➢ Acompanhamento e orientações nutricionais ➢ Atividade física ➢ Medicamentoso: • Antidepressivos: ISRS como fluoxetina, sertralina, citalopram • Anticonvulsivantes: topiramato • Outros: lisdexanfetamina (aprovação recente, porem precisa de cuidado no uso por ser anfetamina. É proscrita para bulimia porque o paciente pode usar como droga de abuso)
Compartilhar