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Aula 1 - Semiologia do Idoso

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FPM 3 
Aula 1 - Semiologia do Idoso 
 
Envelhecimento Populacional 
 
Uma característica da contemporaneidade é a transição demográfica, resultante da redução da mortalidade, aumento da 
expectativa de vida e diminuição das taxas de natalidade, sendo o envelhecimento populacional um dos grandes desafios 
a ser enfrentado nas próximas décadas. 
Outro fator importante nessa temática é a transição epidemiológica, onde há a diminuição das doenças transmissíveis e 
o aumento de doenças crônicas e incapacidades por causas externas. Ou seja, a população está vivendo mais, porém, 
com maiores riscos de incapacidades e necessidades de cuidado. 
Por exemplo, a expectativa de vida média em 1940 era em torno dos 50 anos, sendo que na atualidade está próximo aos 
80. 
 
Conceitos 
 
Envelhecimento 
O conceito de envelhecimento é: Processo dinâmico e progressivo, no qual há modificações morfológicas, funcionais 
bioquímicas e psicológicas que determinam perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando 
maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que terminam em levá-lo à morte (Papaléo Netto, 2011) 
Fenótipo é resultado de fenômenos intrínsecos ao organismo associados a fatores ambientais, estilo de vida, condições 
nutricionais e ocorrência de doenças 
Inicia-se com a concepção e só termina com a morte 
 
Idoso 
A OMS considera idosos as pessoas a partir de 65 anos para países desenvolvidos e a partir de 60 para países em 
desenvolvimento. Ainda dentro da população idosa, há uma subdivisão em 3 grupos: 
Idosos jovens – 65 a 74 anos 
Idosos velhos – 75 a 84 anos 
Muito idosos – 85 anos ou mais (80 anos ou mais para países em desenvolvimento 
 
 
 
 
 
Senescência X Senilidade 
 
Senescência ou senectude tem relação ao envelhecimento normal e inerente ao ser humano 
Senilidade tem relação ao envelhecimento patológico 
 
Fisiologia do Envelhecimento 
 
Existem algumas mudanças no nosso organismo com o envelhecimento, por exemplo, na composição corporal. A 
porcentagem de gordura no corpo aumenta, enquanto a porcentagem de massa magra diminui. O percentual relativo de 
ossos e água intracelular em um idoso também é menor no idoso, enquanto a água extracelular permanece semelhante. 
Esse dado é importante ao analisarmos a ocorrência de doenças que causam desidratação em idosos. O metabolismo de 
medicações também é afetado por esse dado, uma vez que medicamentos hidrossolúveis podem ter menos efeito em 
idosos. 
 
Modificações Sistêmicas 
 
O tecido subcutâneo diminui nos membros e aumenta no tronco 
Aumento dos diâmetros da caixa torácica e do crânio 
A partir dos 40 anos a estatura corporal diminui cerca de 1 cm por década, isso se dá pelo aumento das curvaturas da 
coluna vertebral e pelo achatamento dos arcos dos pés e dos discos intervertebrais 
A Albumina sérica diminui 
A taxa de metabolismo basal diminui 10 a 20% 
Modificações no sistema de regulação da temperatura corporal – febre geralmente não ocorre, maior risco de hipo ou 
hipertermia 
Imunidade celular↓ – ↑ infecções e neoplasias 
↑Predisposição à formação de autoanticorpos 
 
Pele, subcutâneo e fâneros 
 
Envelhecimento X exposição a raios solares 
Fotoenvelhecimento 
Alterações do colágeno e fibras elásticas – Diminuição da espessura e elasticidade da epiderme e derme 
Diminuição da espessura do tecido subcutâneo 
Aumento da flacidez, formando grandes pregas nos membros 
Diminuição da quantidade e atividades das glândulas sudoríparas e sebáceas – pele mais rugosa e seca 
Diminuição dos melanócitos – manchas hipercrômicas, planas e lisas (face e dorso da mão) – melanose senil 
 
Fâneros 
Homens – Diminuição dos pelos do corpo – exceção de nariz, sobrancelha e orelhas 
Mulheres – ↓Pelos das axilas, pernas e púbis; 🡹 lábio superior e mento 
Canície – medula dos cabelos se enche de ar e o córtex perde o pigmento 
Calvície – ↓quantidade de bulbos capilares 
Unhas crescem mais lentamente e tornam-se espessas e curvas (onicogrifos) 
 
Sistema osteoarticular e muscular 
 
Ossos 
Diminuição da massa óssea – homens a partir de 60 anos, mulheres pós menopausa 
Sinostose dos ossos do crânio 
Desgaste de ossos maxilar e mandíbula 
Caixa torácica perde elasticidade e mobilidade 
Acentuam-se as curvas da coluna vertebral 
 
Músculos 
Sarcopenia – perda de 1 a 2% da massa muscular ao ano a partir de 60 anos – aumenta risco de quedas, declínio 
funcional, redução da mobilidade, incapacidade e dependência 
 
Sistema Nervoso 
 
Perda neuronal – peso e volume do cérebro diminuem, porém, não é normal ocorrer perda de memória ou perda de 
inteligência 
Acúmulo de lipofuscina, substancia beta-amiloide, nas paredes dos vasos e formação de algumas placas senis em 
determinadas regiões, como hipocampo. O acúmulo desses beta-amiloides pode ser relacionado com a doença de 
Alzheimer 
As funções mentais são preservadas até o final da vida. Memória para fatos recentes e capacidade de reter novas 
informações podem diminuir com a idade, mas sem causar perda funcional 
Neurotransmissores diminuem (acetilcolina e dopamina), mas sem causar disfunção 
A velocidade de condução nervosa diminui – diminuição dos reflexos tendinosos profundos, principalmente patelar e 
aquileu 
Sono – redução do tempo total de sono – diminuição da duração e frequência da fase 4 do sono não REM – aumentam 
os despertares noturnos. 
 
Sentidos especiais 
 
Audição 
Pavilhões auriculares aumentam com a idade, principalmente os lóbulos 
Articulações entre martelo, bigorna e estribo calcificam-se 
A audição diminui com a idade, principalmente para sons agudos – presbiacusia – pode ser necessário prótese auditiva 
 
Visão 
Hiperpigmentação e edema de pálpebra inferior 
Ptose palpebral superior por perda muscular 
Opacificação do cristalino – catarata 
Presbiopia – começa com 40 anos, devido ao enfraquecimento da musculatura 
Depósitos de lipofuscina na retina 
Diminuição do humor vítreo 
Degeneração macular senil 
 
Olfato 
Diminuição dos receptores olfatórios 
Diminuição do olfato 
 
Paladar 
Atrofia das papilas gustativas 
Diminuição do paladar, principalmente para alimentos salgados 
 
Sistema Cardiovascular 
 
Artérias tornam-se enrijecidas e tortuosas – aumento do colágeno, diminuição de fibras elásticas e depósitos de cálcio 
Dilatação da porção proximal da aorta 
Miocárdio – depósito de lipofuscina e substância amiloide, acúmulo de gordura, fibrose e calcificação 
Pericárdio e endocárdio – espessamento 
Valvas – degeneração com espessamento, fibrose e calcificação – principalmente aórtica e mitral 
Redução da quantidade de células do nó sinusal e atrioventricular – arritmias (doença do nó sinusial) 
Aumento da PA sistólica – aumento do risco de doença cerebrovascular 
 
Sistema Respiratório 
 
Enrijecimento e calcificação das cartilagens traqueais e brônquios 
Diminuição da elasticidade dos brônquios e pulmões 
Dilatação de alguns alvéolos com formação de cistos por ruptura e septos interalveolares 
Aumento do volume residual 
Capacidade pulmonar total mantida 
Capacidade vital diminui 
Pressão parcial de oxigênio arterial diminui 
Pressão parcial de CO2 mantida 
Mecanismos de limpeza brônquica – velocidades de batimento ciliar, produção de muco e eficácia da tosse – sofrem 
alterações – aumento do risco de infecção 
 
Sistema Digestório 
 
Perda de dentes – má higiene e doença periodontal 
Reabsorção óssea e deslocamento da mandíbula 
Mucosa oral perde a elasticidade e resistência – mais vulnerável a traumas e infecções 
Glossodínia é comum – sem causa aparente 
Diminuição das células secretoras das glândulas digestivas – salivares, mucosa gástrica, pâncreas, bile 
Atrofia da túnica muscular de todo o tubo digestivo – diminuição da motilidade, formação de divertículos 
Parte distal do esôfago – substituição do epitélio escamoso por epitélio colunar 
Atrofia das microvilosidadesintestinais 
Depósitos de lipofuscina e diminuição dos hepatócitos 
 
Sistema urinário 
 
Redução do tamanho e peso dos rins 
A partir da 4ª década de vida, o fluxo plasmático renal e filtração glomerular diminuem 10% por década 
Alterações tubulares renais somadas à diminuição da capacidade de concentração e diluição da urina em condições de 
sobrecarga e restrição hídricas aumentam a chance de hipernatremia, hiponatremia e desidratação e diminuem a 
capacidade de excretar ácidos 
Excreção de potássio diminui – diminuição da secreção de renina e redução da filtração glomerular 
Complacência da bexiga diminui – aumento do volume residual 
Hipertrofia prostática comum 
Sistema Endócrino 
 
Atrofia de tireoide, hipófise, paratireoides e suprarrenais sem diminuição da função 
Tendência à formação de nódulos na tireoide 
Atrofia acentuada do timo 
Involução e calcificação da glândula pineal – diminuição da secreção de melatonina 
Diminuição progressiva da produção de testosterona e interrupção da produção de estrogênio – aumento do FSH/LH 
Resistência à insulina e diminuição da tolerância à glicose – dificultando o diagnóstico de diabetes 
Redução de 50% da secreção do hormônio de crescimento e resposta a estímulos 
Redução do sulfato de desidroepiandrosterona (DHEA) – consequências não compreendidas e não indicado o uso, apenas 
como coadjuvante da insuficiência adrenal clínica e laboratorialmente comprovadas 
 
Sistema genital feminino 
 
Atrofia dos ovários – esterilidade após a menopausa 
Mamas flácidas e pendentes, tecido glandular substituído por tecido fibroso 
Vagina diminui em comprimento e largura, mucosa atrofia e resseca 
Útero perde peso e ligamentos afrouxam-se, favorecendo a ptose 
 
Sistema genital masculino 
 
Diminuição dos testículos, vesículas seminais e dimensões do pênis, que perde sua elasticidade 
Volume prostático aumenta, mas suas glândulas atrofiam 
Capacidade reprodutiva diminui com a idade

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