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COSTA - Os processos de inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais

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SEMINÁRIO INTERDISCIPLINAR VI
Novas tecnologias e educação inclusiva
Prezado Aluno.
O material que apresentamos foi produzido por profes-
sores atuantes no Sistema Universidade Aberta do Brasil 
e cedido por sua respectiva Universidade à Coordena-
ção de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior 
– CAPES, que o disponibilizou para uso das Universida-
des integradas ao sistema.
Coordenação UAB/UESC
O módulo a seguir foi reproduzido para o uso na disci-
plina Seminário Interdisciplinar VI – Novas tecnologias e 
educação inclusiva, referente ao semestre 2013.1
Coordenação de Letras UAB/UESC
EMENTA
As educativas especiais e as novas tecnologias.
Carga horária: 15 horas
DISCIPLINA
SEMINÁRIO INTERDISCIPLINAR VI
Novas tecnologias e educação inclusiva
Profª. Drª. Valdelúcia Alves da Costa
Os processos de inclusão
 dos alunos com necessidades
educativas especais: 
políticas e sistemas
Valdelúcia Alves da Costa
1ª Edição • Rio de Janeiro • Editora UNIRIO • 2007
CONTEUDISTA
Valdelúcia Alves da Costa
PARECERISTA
Edicléa Mascarenhas Fernandes
Valdelúcia Alves da Costa
CONSULTORA Em EAD 
Ana de Lourdes Barbosa de Castro
COORDENADORA PEDAgógICA
Mônica de A. Duarte
COORDENADORA DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO Em 
EDUCAÇÃO ESPECIAL
Maria Angela Monteiro Correa
COORDENADORA DE PROD. DO mATERIAL DIDáTICO 
Denise Sardinha Mendes Soares de Araújo
ESPECIALISTA Em AvALIAÇÃO 
Nilci da Silva Guimarães
REDATORA
Celeste Varella
REvISORA 
Isabel Vitória Pernambuco de Fraga Rodrigues
PROjETO gRáfICO 
Bianca Martins
DIAgRAmAÇÃO
Marcelo Miguez 
Bianca Martins
Mônica Lopes
CAPA
Bianca Martins
Mônica Lopes
ILUSTRAÇõES
Mônica Lopes
BIBLIOTECáRIAS - REvISÃO BIBLIOgRáfICA - 
SISTEmA DE BIBLIOTECAS DA UNIRIO
Isabel Grau 
Márcia Valéria Brito Costa
gIANE mOLIARI AmARAL SERRA
Coordenadora CEAD/UNIRordenadora UAB/UNIRIO
ADILSON fLORENTINO DA SILvA
Coordenador Substituto UAB
WIRLyANE gOmES
Assistente Administrativo CEAD/UINIRIO
ANA DE LOURDES BARBOSA DE CASTRO
Consultora em EAD CEAD/UNIRIO
ANNA m CRISTINA DA ROChA P B.
Secretária Executiva / Projetos UAB
jOÃO LUIZ gUERREIRO mENDES
Responsável pelo Setor Financeiro do Projeto
ROSImERIA BARBOZA DA SILvA
Apoio Técnico aos Projetos UAB
DIOvANA LEmOS ALvES
Bolsista Permanência CEAD/UNIRIO
WILLIAN gONÇALvES SOARES
Colaborador CEAD/UNIRIO
môNICA DE ALmEIDA DUARTE
Responsável pelo Setor Pedagógico CEAD/UNIRIO
DENISE SARDINhA mENDES SOARES DE ARAújO
Responsável pelo Setor de Produção do Material Didático
gILmAR OLIvEIRA DA SILvA
Responsável pelo Setor de Tutoria
LILIAN DE CASTRO DOS SANTOS
Apoio ao Setor de Produção de Material Didático
BIANCA mARTINS
Equipe de Design / Diagramação 
mARCELO mIgUEZ
Equipe de Design / Diagramação
môNICA LOPES NOgUEIRA
Equipe Design / Ilustração
mARIANO gOmES PImENTEL 
Responsável pelo Setor de Mediatização CEAD/UNIRIO
CARLA fABIANA gOUvêA LOPES
Equipe de desenvolvimento da Plataforma de Aprendizagem Virtual
RICARDO RODRIgUES NUNES
Equipe de desenvolvimento da Plataforma de Aprendizagem Virtual
EDNA mARIA gALvÃO DE OLIvEIRA
Responsável pelo setor de articulação UNIRIO e Pólos UAB
Equipe responsável pela 
elaboração do Material Didático
Equipe Técnica CEAD/UNIRIO
PRESIDENTE DA REPúBLICA
Luiz Inácio Lula da Silva
COORDENADOR gERAL DA UAB
Celso José da Costa
COORDENADORA DE 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DA UNIRIO
Giane Moliari Amaral Serra
mINISTRO DA EDUCAÇÃO
Fernando Haddad
SECRETáRIO DE EDUCAÇÃO
A DISTÂNCIA/mEC
Carlos Eduardo Bielschowsky
REITORA DA UNIRIO
Malvina Tania Tuttman
PRó-REITORA DE PóS-gRADUAÇÃO
DA UNIRIO
Maria Tereza Serrano Barbosa
COORDENADORA DO CURSO
DE ESPECIALIZAÇÃO Em EDUCAÇÃO ESPECIAL
Maria Angela Monteiro Corrêa 
ISBN 978-85-61066-01-7
Costa, Valdelúcia Alves da.
C837 Os processos de inclusão dos alunos com necessidades 
 educativas especiais : políticas e sistemas / 
 Valdelúcia Alves da Costa. -Rio de Janeiro: UNIRIO/ CEAD, 2007.
 124p. : il.
 Inclui bibliografia.
 1. Política e educação. 
 2. Educação especial – Aspectos políticos.
 3. Professores de educação especial - Formação. 
 4. Educação inclusiva. I. Universidade Federal do Estado 
 do Rio de Janeiro (2003-). Coordenadoria de Educação a 
 Distância. II. Titulo.
 
 CDD – 370.19349
CEAD - UNIRIO4
OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: 
POLÍTICAS E SISTEmAS
CEAD - UNIRIO 5
Un
id
ad
e I
POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA 
 Legislação, Políticas Públicas em Educação Especial e a inclusão escolar
de alunos com necessidades especiais
UNIDADE III - AS POLÍTICAS DE fORmAÇÃO DOS PROfISSIONAIS 
DA EDUCAÇÃO E A INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES
EDUCATIvAS ESPECIAIS NA CONTEmPORANEIDADE 85
 
 3.1 Formação dos profissionais da educação e a inclusão de alunos
 com necessidades especiais na escola regular 86
 3.2 Organização da escola, os desafios da inclusão escolar, o apoio 
 aos professores e a questão da gestão democrática no processo 
 de inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais 91
 3.3 Políticas Públicas em Educação para Formação de Profissionais 
 da Escola Pública e a Educação Inclusiva 98
gABARITO 108
BIBLIOgRAfIA 116
Sumário
APRESENTAÇÃO DO CURSO 7 
INTRODUÇÃO À DISCIPLINA 9
UNIDADE I - POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL
E A ESCOLA INCLUSIvA 11
 
 1.1 Legislação, Políticas Públicas em Educação Especial e a inclusão 
 escolar de alunos com necessidades especiais 12
 1.2 Políticas Públicas em Educação e a formação dos professores
 para a inclusão de alunos com Necessidades especiais
 na escola pública 24
 1.3 Os desafios e perspectivas na implementação das políticas 
 públicas em educação inclusiva nas escolas públicas regulares 
 em consonância com os documentos oficiais 34
 
UNIDADE II - A fORmAÇÃO DO PRECONCEITO NA CULTURA, 
SUA mANIfESTAÇÃO PELO INDIvÍDUO, SEUS ASPECTOS hISTóRICOS,
CONTEmPORÂNEOS E SEUS ImPACTOS NA ESCOLA E NA EDUCAÇÃO DE 
ALUNOS COm NECESSIDADES ESPECIAIS 49
 
 2.1 Preconceito, cultura, indivíduo, deficiência e segregação 
 na escola pública 50
 2. 2 Preconceito, estereótipos, indivíduo com necessidades especiais, 
 cultura, família e escola 60
 2.3 Relação entre o preconceito e a segregação dos alunos 
 com necessidades especiais, e sua importância na elaboração 
 e implementação de Políticas Públicas em Educação e Formação 
 de Professores para a inclusão escolar na escola regular 73
Apresentação do Curso
Você está iniciando mais uma jornada em seu processo contínuo de qualificação 
profissional. Sua atuação consciente como educador certamente o mobilizou a 
realizar este curso.
Você não deseja acrescentar mais um título ou um diploma em seu já experiente 
currículo. Você quer mais!
Está buscando caminhos que o levem a desvendar um outro mundo, mais justo, 
menos discriminador, mais humano e fraterno.
A Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO se associa a este 
modo de pensar e de estar na vida. Abre seu espaço acadêmico para a formação 
de profissionais que irão multiplicar pensamentos e experiências, num processo 
rizomático que permita a inclusão, em nossas escolas, dos portadores de 
necessidades especiais, de forma efetiva e verdadeira.
Sinto-me privilegiada em poder estar vivendo este momento de concretização 
de alguns sonhos, aqui na UNIRIO. Um deles, o de colocar em prática a proposta 
de um curso de pós-graduação a distância voltado para Educação especial. 
O percurso não foi fácil. Ele representa o esforço e a dedicação de muitos que 
se envolveram nesta árdua, porém gratificante, tarefa de defender a inclusão 
como direito de todos, o respeito às diferenças e de acreditar no potencial do ser 
humano.
Esta é sua Universidade: pública, federal, humanista,com qualidade acadêmica 
e compromisso social!
Seja bem - vindo!
malvina Tania Tuttman
Reitora UNIRIO
Introdução à Disciplina
A disciplina que você ora inicia, como integrante de sua trajetória acadêmica, 
intitulada “Os processos de inclusão dos alunos com necessidades educativas 
especiais: Políticas e Sistemas”, representa uma importante etapa do Curso e 
de sua formação como futuro(a) especialista em Educação Especial. Durante 
sua realização você estudará as políticas públicas em educação especial e de 
formação dos profissionais da escola na perspectiva da educação inclusiva com 
ênfase nas questões emanadas da sociedade contemporânea. Os temas sobre 
deficiência, diferença e segregação na escola pública; indivíduo, cultura, família, 
escola e preconceito serão apresentados e discutidos junto com você, tendo 
como referência os documentos oficiais que dão suporte às atuais políticas 
públicas em educação, formação de professores e gestores para a educação 
especial na escola pública. Minha expectativa maior neste momento é que 
você assuma os desafios de sua futura formação como especialista em cada 
página deste livro. Como também os desafios de pensar na organização da 
escola pública na perspectiva da educação inclusiva, ou seja, a educação dos 
alunos com necessidades educativas especiais na escola pública democrática 
e inclusiva. Lembre-se de que você não está sozinho(a). Em cada página você 
estará junto com os autores(as), com os personagens que emanam de cada 
página. Todos são protagonistas de uma aventura extraordinária – a aventura 
do conhecimento. Então, vamos dar início à leitura reflexiva e formativa 
de nosso livro? Como começar? Quando começar? Para que começar? Bom 
mesmo é começar desde a primeira linha da primeira página, tendo sempre 
a oportunidade de ler, reler, refletir, estudar, ouvir as ‘vozes’ de cada linha, 
de cada página e descobrir seus mistérios, suas fontes inesgotáveis do prazer 
esclarecedor do conhecimento. E ao final pensar e poder dizer: valeu a pena ter 
resistido e chegado até aqui!!
Feliz leitura e estudo!!
Prof.ª Dr.ª Valdelúcia Alves da Costa.
UNIDADE I
Políticas públicas em 
Educação Especial e a 
Escola inclusiva
CEAD - UNIRIO12
OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: 
POLÍTICAS E SISTEmAS
CEAD - UNIRIO 13
Un
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e I
POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA 
 Legislação, Políticas Públicas em Educação Especial e a inclusão escolar
de alunos com necessidades especiais
• organização de escolas inclusivas com o intuito de enfren-
tamento e superação da discriminação quanto à matrícula 
de alunos com necessidades educativas especiais em escolas 
regulares. Em nossa disciplina, a Resolução n.º 2/CNE/
CEB/2001 e seu Parecer n.º 17/CNE/
CEB/2001 serão fundamentais para a com-
preensão da emergência, necessidade e impor-
tância de Políticas Públicas em Educação para 
a formação de professores e inclusão escolar de 
alunos com necessidades especiais.
http://
afiliados.
submarino.
com.br/books_productdetails.asp?
Query=ProductPage&ProdTypeId=
1582844&ST=SF
Os documentos de referência 
encontram-se disponíveis, na 
íntegra, no site do MEC: http://
portal.mec.gov.br/seesp/ na área 
Legislação Específica/Documentos 
Internacionais.
Baudolino 
(Rio de Janeiro: 
Record, 2001). 
É o quarto romance de Umberto 
Eco. A trama se passa na Idade 
Média, entre 1152 e 1604. 
Conta a história de Baudolino, um 
adolescente esperto e mentiroso 
que conquista o afeto do poderoso 
Frederico I, vulgo Barba Ruiva. 
Baudolino, adotado pelo Imperador, 
parte para várias aventuras que 
são narradas ao historiador Niceta 
Coniate, enquanto Constantinopla é 
saqueada pelos cruzados. 
Trata-se de um romance histórico, 
divertido e erudito, no melhor estilo 
das aventuras picarescas. 
1.1 Legislação, Políticas Públicas em 
 Educação Especial e a inclusão escolar 
 de alunos com necessidades especiais
Objetivo especifico: Discutir as Políticas Públicas em Educação 
 Especial advindas da legislação vigente, 
 considerando a organização da escola para 
 a inclusão de alunos com 
 necessidades especiais
Ter sonhos, utopias, fantasias, lembranças, memórias, inventar histórias 
nas quais somos os primeiros a acreditar e narrá-las é uma necessidade 
primária, perfeitamente intrínseca à vida do homem. 
(Umberto Eco, Baudolino)
Introdução
Quero iniciar nossos encontros formativos com uma 
alentadora notícia para você: vivemos um momen-
to cultural favorável à inclusão, conseqüentemente, 
contrário à segregação das minorias historicamente 
excluídas, e por isso cresce a demanda por uma socie-
dade democrática e inclusiva. 
No que se refere à formação de professores e à in-
clusão de alunos com necessidades especiais, os dis-
positivos legais vigentes estabelecem a elaboração e 
implementação de Políticas Públicas em Educação 
que promovam movimentos de democratização e 
inclusão nas escolas públicas brasileiras por inter-
médio de:
• programas de formação de professores e de-
mais profissionais da escola; 
CEAD - UNIRIO14
OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: 
POLÍTICAS E SISTEmAS
CEAD - UNIRIO 15
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POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA 
 Legislação, Políticas Públicas em Educação Especial e a inclusão escolar
de alunos com necessidades especiais
A possibilidade de uma educação democrática e 
emancipadora 
Considerando o estudado até agora, a possibilidade de uma educa-
ção democrática e emancipadora parece ser a alternativa para:
• a superação das diferenças significativas, 
marcadas pelas deficiências sensoriais, físicas e 
mentais, como obstáculo para o acesso e a per-
manência na escola pública regular dos alunos 
com necessidades especiais;
• a possibilidade de se pensar em uma escola 
democrática e uma sociedade justa e humana 
na contemporaneidade.
Portanto, observamos atualmente em relação à edu-
cação dos alunos com necessidades educativas especiais a:
• emergência de uma escola inclusiva e movimentos de com-
bate ao preconceito voltado aos alunos com deficiência. 
Quanto a isso, é importante considerar o que Adorno (2000, 
p.141), em seu livro Educação e Emancipação, considera quan-
to à educação. Para esse autor, a educação é, antes de 
tudo:
•“Esclarecimento e desenvolvimento de uma 
consciência verdadeira”. 
E, ainda mais, para Adorno, a educação: 
• “Seria inclusive da maior importância política”; 
• “Sua idéia, em sendo permitido assim dizer, é 
uma exigência política”; 
Ler na íntegra 
• AINSCOW, 
Mel (2002). 
“Educação para todos: torná-la uma 
realidade”. In: Dimensões formati-
vas. Lisboa: Instituto de Inovação 
Educacional, p.13-31. Disponível 
em: http://www.dgidc.min-edu.pt/
revista/revista5/Mel%20Ainscow.
htm
ADORNO, T. W. 
(2000). Edu-
cação e Eman-
cipação. São Paulo: Paz e Terra. O 
livro Educação e Emancipação reúne 
conferências redigidas pelo próprio 
teórico, além de debates e entre-
vistas com Helmut Becker e Gerd 
Kadelbach, produzidas em parceria 
com a Divisão de Educação e Cultura 
do Estado de Hessen, Alemanha, 
cuja série “Questões educacionais da 
atualidade” foi realizada no período 
de 1959 a 1969. 
Ler mais em: http://www.subma-
rino.com.br/
Desenvolvimento
A importância democrática da escola inclusiva
As necessidades educativas especiais dos alunos não 
deveriam ser um impeditivo para seu ingresso e per-
manência na escola pública, atualmente denomina-
da regular.
Para compreender e possibilitar a superação dos im-
pedimentos ainda alegados pela escola, é necessário 
que ela, dentre outros aspectos, se organize na perspectiva da edu-
cação democrática, ou seja, considerando os princípios do acesso 
e permanência dos alunos assim como a apropriação do conheci-
mento por todos eles. Para tal, a escola demanda: 
• estar equipada com os recursos didático-pedagógicos es-
pecíficos para asdiversas necessidades especiais dos alunos; 
• formar professores para lidar com as diferenças de apren-
dizagem dos alunos com necessidades especiais.
Assim, o esforço para o alcance da educação para todos, segundo 
Ainscow (2002, p.13), é que “(...) em vez de se sublinhar a idéia da 
integração”, se deve considerar que
 “(...) há atualmente movimentos que visam à educação inclusiva, cujo 
objetivo consiste em organizar as escolas, de modo a que respondam às 
necessidades de todas as crianças”.
Logo, a educação para todos, segundo a referida autora, deve su-
perar a:
• idéia de que se devem introduzir apenas medidas adicio-
nais, compensatórias, temporárias, somente para responder 
aos alunos especiais matriculados em salas de aula regulares, 
em um sistema educativo que se mantém inalterado em suas 
linhas gerais.
Políticas Públicas em Educação, de 
acordo com Novo Dicionário Aurélio 
da Língua Portuguesa, 3.ªed., 
Editora Positivo, 2004, p.1592, 
refere-se ao “Conjunto de ações do 
Governo relativas ao estabeleci-
mento de programas de formação 
de professores, organização dos 
sistemas públicos de ensino no País, 
com o propósito de democratização 
a educação e o acesso à escola.” 
CEAD - UNIRIO16
OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: 
POLÍTICAS E SISTEmAS
CEAD - UNIRIO 17
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POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA 
 Legislação, Políticas Públicas em Educação Especial e a inclusão escolar
de alunos com necessidades especiais
Se as reproduções de práticas pedagógicas sem fundamentação teó-
rica pelos professores são reducionistas, é possível afirmar que:
• Essas práticas pedagógicas são antidemocráticas, isto é, 
encontram-se à mercê de modelos educacionais que aprisio-
nam os alunos com deficiência e seus professores em espaços 
segregados, como escolas e classes especiais, por não atende-
rem a diversidade da maneira de aprender dos alunos.
O desvelamento do reducionismo reinante na educação 
segregada
O desvelamento do reducionismo reinante na educação segregada 
dos alunos com necessidades especiais dar-se-á, necessariamente 
pelo:
• Conhecimento que possibilitará sua consciência e seu es-
clarecimento aos professores e demais profissionais da esco-
la onde atuam com esses alunos.
Educação Especial – modelo Integracionista 
Vamos recordar a abordagem do modelo pedagógico até recente-
mente adotado na educação dos alunos com deficiência – Integra-
cionista. 
O que você compreendeu, até então, quanto ao que é integração 
como modelo pedagógico adotado na Educação Especial? 
Lembre-se de que você estudou esse modelo na disciplina “Funda-
mentos da Educação Especial” deste Curso. Assim, reflita sobre o 
sentido de “Integração” considerando o item a seguir:
• O termo integração tende a indicar a eliminação da dife- 
rença daquele que é integrado. Logo, a integração escolar só 
foi e é possível para aqueles que têm sua diferença negada 
(embora não deixe de existir). Ou seja, para os alunos que se 
• “Isso é: uma democracia com o dever de não apenas fun- é: uma democracia com o dever de não apenas fun-
cionar, mas, operar conforme seu conceito demanda pessoas 
emancipadas.” 
• “Uma democracia efetiva só pode ser imaginada como 
uma sociedade de pessoas emancipadas.”
Portanto, considerando que a educação é fundamental para o for-
talecimento da democracia, no que se refere à educação escolar de 
alunos com necessidades especiais, denominada educação especial, 
é importante possibilitar:
• A inclusão desses alunos na escola pública denominada re-
gular e, conseqüentemente, a discussão acerca da dicotomia 
ainda existente quanto às classes regulares e classes especiais. 
• Considerando essa dicotomia é possível afirmar que o co-
nhecimento posto em prática, sobretudo, pelos professores, 
no cotidiano escolar, até então, não se efetivou na democra-
tização da escola pública. 
 Portanto:
• É necessário considerar e questionar na formação e na prá-
tica docente do professor, o que se segue: 
• Os professores vêm elaborando em seu processo forma-
tivo docente conhecimento sobre alunos com necessidades 
especiais? 
• Os professores conseguem pensar considerando os prin-
cípios da educação inclusiva, ou seja, aqueles que se fun-
damentam na concepção de escola democrática e aberta à 
diversidade dos alunos?
• Os professores reproduzem práticas pedagógicas tradicio-
nais, rigidamente pautadas na seqüência dos conteúdos sem 
fundamentação teórica, ou seja, reducionistas? 
CEAD - UNIRIO18
OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: 
POLÍTICAS E SISTEmAS
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POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA 
 Legislação, Políticas Públicas em Educação Especial e a inclusão escolar
de alunos com necessidades especiais
continuidade implicará uma educação não-emancipadora para to-
dos, com ou sem deficiência.
A educação para a adaptação, como foi destacada por Adorno 
(2000), tem a função de preparar os indivíduos para se orientarem 
no mundo.
Ou seja, a questão da adaptação é importante, e a educação 
deve tê-la como meta. mas deve ir para além dela, no sentido 
da emancipação dos alunos e professores.
Vamos refletir mais um tanto sobre a idéia de adaptação no proces-
so de educação dos indivíduos, com ou sem deficiência. 
Estávamos discutindo a educação especial e educação inclusiva. 
Mas eis que entra em cena a idéia de adaptação: o que não deve ser 
surpreendente para você, para mim, para nós, sejamos professores 
ou alunos, pois, pelo fato de que, mesmo a educação denominada 
regular ou comum destinada historicamente aos alunos considera-
dos ‘normais’, torna-se exclusivamente adaptação, ao não atender à 
exigência e à demanda humana de emancipação desses alunos.
Conseqüentemente, a crítica à educação especial é, obrigatoria-
mente, crítica à educação regular e dessa crítica não poderá estar 
desvinculada, se se pretende uma educação democrática.
Observe, então, que a educação para a adaptação, imposta aos alu-
nos com deficiência nas classes especiais e instituições especializa-
das, reproduz o que é praticado com os alunos sem deficiência, e, 
nesse sentido, revela a educação comum ou regular, ou seja, uma 
educação antidemocrática.
Constatamos que, como afirmado por Adorno (2000, pp.169-
170), “(...) não somos educados para a emancipação”, sendo que 
ela é necessária para o enfrentamento e a possível superação da so-
ciedade de classes e de tantos segregados. Considerando isso, po-
demos perguntar:
tornam homogêneos, abrindo mão de sua demanda huma-homogêneos, abrindo mão de sua demanda huma-
na e de sua possibilidade de se diferenciar como indivíduos, 
quando a diferença deveria ser considerada como sendo a 
essência humana.
• Isso implica o entendimento que a educação é possível 
exclusivamente para os indivíduos que se adaptam plena-
mente ao que é previsto e implementado pela considerada 
escola regular. Conseqüentemente, exclui os alunos que não 
se submetem ao currículo escolar. 
Dessa maneira, é possível afirmar que a educação na sociedade 
contemporânea vem se reproduzindo com base em modelos que 
visam predominantemente à adaptação, não se voltando à refle-
xão crítica para a emancipação dos alunos, com ou sem deficiência, 
como também à de seus professores. 
Considerando nossa discussão, é também possível afirmar que 
uma educação para a inclusão e para a emancipação de todos os 
alunos se constitui na contemporaneidade como uma alternativa 
democrática para:
• A superação da diferença significativa, marcada pela de-
ficiência, como obstáculo para o acesso e permanência na 
escola pública dos alunos com necessidades especiais;
• A possibilidade de se pensar uma sociedade justa e huma-
na, contrapondo-se, assim, à prática pedagógica institucio-
nal de controle do destino dos alunos, inclusive os com ne-
cessidades especiais.
Becker, ao criticar a educação para a adaptação, no texto “Educa-
çãoe Emancipação” (Adorno, 2000, p.174)1, refere-se à Caroline 
Kennedy como uma criança cada vez mais adaptada ao imposto 
pela escola tradicional.
Para Becker, “(...) o simples fato de a adaptação ser o êxito princi-
pal da educação infantil deveria ser motivo de reflexão”, pois, sua 
1 ADORNO, T. W. (2000). Educação e Emancipação. São Paulo, Paz e Terra.
CEAD - UNIRIO20
OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: 
POLÍTICAS E SISTEmAS
CEAD - UNIRIO 21
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POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA 
 Legislação, Políticas Públicas em Educação Especial e a inclusão escolar
de alunos com necessidades especiais
• Do círculo da mercadoria, do repetitivo, do reprodutivo, 
da mesmice, da modelagem de pessoas. 
• E, sem dúvida, isso é educativo, é formativo, é possibili-
dade de emancipação, pela educação, para todos os alunos, 
com ou sem necessidades educativas especiais.
Portanto, é urgente pensar nas concepções que os professores e 
alunos têm das categorias que norteiam as práticas pedagógicas da 
educação de alunos com necessidades especiais, a seguir:
• Educação; 
• Escola;
• Ensino e aprendizagem; 
• Conteúdos curriculares; 
• Métodos de ensino; 
• Avaliação da aprendizagem, dentre outras.
Muitos trabalhos têm sido publicados abordando as questões acer-
ca de se repensar e/ou ressignificar essas concepções e práticas pe-
dagógicas. 
Não cabe apenas a proposta face à importância e à demanda por 
educação inclusiva para todos.
O momento, sem dúvida, é de elaborar e se apropriar de conheci-
mento para tornar possível a escolarização dos alunos com neces-
sidades educativas especiais na escola inclusiva. Mas é importante 
destacar: essa reflexão deve ocorrer, igualmente, no bojo do enca-
minhamento dos referidos alunos ao sistema escolar, sem a separa-
ção entre classes regulares e especiais.
• É possível pensarmos em uma educação emancipatória 
para além da adaptação? 
Em sendo isso possível, ou seja, em sendo sim nossa resposta, po-
demos avançar afirmando também que:
É possível apreender as muitas possibilidades de um projeto de 
educação voltado para a:
• Reflexão por parte dos alunos e professores;
• Emancipação, resistência e superação da segregação insti-
tucional; 
• Formação e o esclarecimento dos indivíduos, com ou sem 
deficiência, alunos e professores. 
Afirmo também que isso é possível, considerando, sobretudo, 
a importância da crítica, que deve ser exercitada na escola pelos 
professores em parceria com seus alunos e colegas de trabalho pe-
dagógico e acadêmico.
A função educativa da reflexão 
Dessa maneira, vale destacar que a educação para Adorno (2000, 
p.142)2 evidentemente não deve ser:
[...] a chamada modelagem de pessoas, porque não temos o direito de mo-
delar pessoas com base em seu exterior. Mas, também não é a mera trans-
missão de conhecimentos, cuja característica de coisa morta foi mais do 
que destacada, mas, sim, a produção de uma consciência verdadeira.
Tomando por base essa provocativa afirmação de Adorno, pense e 
discuta o que é, para você, seus alunos e colegas, educação. Sugiro 
que antes de darmos respostas, é importante refletir, pois ao tra-
tarmos da função educativa da reflexão, resgatamos a dimensão da 
educação para além:
2 ADORNO, T. W. (2000). Educação e Emancipação. São Paulo, Paz e Terra.
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OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: 
POLÍTICAS E SISTEmAS
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POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA 
 Legislação, Políticas Públicas em Educação Especial e a inclusão escolar
de alunos com necessidades especiais
CONCLUSÃO
Espero enfaticamente que os temas desenvolvidos e discutidos, as leituras 
críticas até então realizadas tenham contribuído para sua reflexão acerca 
da educação inclusiva que, nessa perspectiva, se contrapõe à educação 
segregada historicamente imposta aos alunos com necessidades especiais.
Exercícios de auto-avaliação
1-Analise de maneira crítico-reflexiva o tema da educação 
para a emancipação e suas possibilidades de se pensar a escola 
inclusiva para alunos com necessidades educativas especiais. 
Recomendações:
• Pense no quanto é importante você escrever o que está 
pensando sobre o estudado até agora, ou seja, sobre o que 
você está entendendo da proposta de análise crítico-reflexiva. 
• Não tenha receio de escrever o que pensa. O que você pensa 
é o mais importante para ser escrito. Daí a importância deste 
Curso para sua formação.
Inclusão escolar e social dos alunos com necessidades 
especiais
Pois bem, vem-se ampliando nos últimos anos a dis-
cussão a respeito de inclusão escolar e social e os ca-
minhos para a escola inclusiva vêm se alargando, o 
que é muito significativo. 
Quanto à não discriminação dos alunos com necessidades educa-
tivas especiais, significa, nesse momento, também o atendimento 
aos seguintes dispositivos legais nacionais e internacionais, dentre 
outros, que preconizam sua matrícula na rede regular de ensino:
• Constituição Federal/1988;
• Declaração de Salamanca e suas Linhas de Ação/1994; 
• Lei n.º 9394/1996 de Diretrizes e Bases da Educação 
Brasileira; 
• Plano Nacional de Educação/CNE/2000; 
• Resolução n.º 2/CNE/CEB/2001, e seu Parecer n.º 17/
CNE/CEB/2001;
• Convenção sobre os Direitos das Pessoas com 
Deficiência/ONU/2006.
Entretanto, podemos verificar que a não discriminação quanto à 
matrícula na escola regular não impede a manifestação do precon-
ceito na sociedade, embora contribua, sobremaneira, para seu en-
frentamento e entendimento ao proporcionar a possibilidade da 
experiência entre diferentes subjetividades no cotidiano da escola 
regular.
http/www.mj.gov.br/mpsicorde/
arquivos/publicacao/714/
Images/714_1.doc
OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: 
POLÍTICAS E SISTEmAS
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POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA 
Políticas Públicas em Educação e a formação dos professores para a inclusão de alunos
com necessidades especiais na escola pública
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Você deve estar ansioso(a) para saber se Umberto Eco também 
propôs as respostas. Mas, tenho algo melhor ainda para dizer-lhe. 
Segundo o referido pensador:
• Devemos ensinar às crianças que todos os seres humanos 
são diferentes uns dos outros. 
• Ao que eu acrescento: saber sobre diferenças humanas não 
deve-ria ser ensinado, mas aprendido desde sempre, desde 
cedo, desde a educação infantil. 
Nesse sentido, atualmente se estabeleceu um singu-
lar abismo na sociedade contemporânea, que se de-
nomina democrática, considerando, pois, que não 
é politicamente correto discriminar os indivíduos 
significativamente diferentes, no caso os alunos com 
necessidades educativas especiais. Daí, o movimento 
de inclusão na escola regular. Mas, isso não significa 
necessariamente que estejamos combatendo o pre-
conceito.
Quando, sob a alegação de falta de condições para o 
atendimento dos alunos com necessidades educati-
vas especiais na escola pública, como professores es-
pecializados e recursos pedagógicos específicos, jus-
tificamos a existência da dicotomia de escola regular 
x escola especial, reforçando o preconceito, embora 
procuremos: 
• não discriminar ao aceitar a matrícula daque-
les alunos que não reúnem condições exigidas 
pela escola para sua inserção, quando a escola é 
que deveria se modificar para acolher e educar 
todos os alunos.
Estude, a seguir, o desenvolvimento dessas idéias.
Umberto 
Eco (Nasceu 
em Alexandria, Itália, em 5 de 
janeiro de 1932). É um escritor, 
filósofo e lingüista italiano. Eco é 
mundialmente reputado por seus 
diversos ensaios universitários 
sobre a semiótica, a estética 
medieval, a comunicação de 
massa, a lingüística e a filosofia. 
É, também, titular da cadeira 
de Semiótica e diretor da Escola 
Superior de Ciências Humanas na 
Universidade de Bolonha, Itália, 
além de colaboradorem diversos 
periódicos acadêmicos, colunista da 
revista semanal italiana L’Espresso e 
professor honoris causa em diversas 
universidades ao redor do mundo. 
Eco é, ainda, notório escritor de 
romances, entre os quais O nome 
da rosa e O pêndulo de Foucault. 
Ler mais sobre esse pensador e sua 
obra em: http://pt.wikipedia.org/
wiki/Umberto_Eco
1.2 Políticas Públicas em Educação e a 
 formação dos professores para a inclusão 
 de alunos com necessidades especiais na 
 escola pública
Objetivo especifico: Discutir a formação dos professores, no
 âmbito das Políticas Públicas em Educação, 
 para a inclusão de alunos com 
 necessidades especiais nas escolas públicas
Não faz sentido. Eu podia ganhar todo esse tempo aprendendo a voar. Há 
tanto que aprender! 
(Richard Bach, Fernão Capelo Gaivota)
A epígrafe foi retirada do livro Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach. 
Rio de Janeiro: Editora Nórdica, 1970, p. 18.
Introdução
Iniciando nossa segunda subunidade, quero dizer-lhe que li, há al-
gum tempo, em um ensaio de Umberto Eco (2001, p. 13), intitu-
lado “Em nome da razão”, suas considerações críticas sobre a crise 
entre as civilizações ocidentais contemporâneas. Eco atribui essa 
crise à intolerância às diferenças culturais, étnicas, intelectuais. 
Nesse ensaio, ele recomenda uma análise crítica do terror e da in-
tolerância às diferenças na contemporaneidade. Para tal, destaca 
que “Um dos valores sobre os quais muito se fala na civilização 
ocidental é a aceitação das diferenças”. 
A partir de tal constatação, Eco elabora duas questões:
• Como se ensina a aceitação das diferenças? 
• Como ensinar às crianças a aceitar aqueles que são dife-
rentes delas? 
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OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: 
POLÍTICAS E SISTEmAS
POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA 
Políticas Públicas em Educação e a formação dos professores para a inclusão de alunos
com necessidades especiais na escola pública
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Portanto, a educação democrática parece constituir-se em alterna-
tiva para a:
• Superação da diferença significativa, como obstáculo para 
o acesso dos alunos com necessidades educativas especiais à 
escola pública e sua permanência nela; 
• Possibilidade de se pensar uma sociedade justa.
Em segundo lugar, é importante destacar as possibilidades da edu-
cação democrática e do acolhimento pela escola das diferenças dos 
alunos. 
Para ilustrar o que estamos dizendo, recorremos a 
Ainscow (2002, p.14), ao destacar duas questões 
quanto a isso:
• Como podem os professores ser apoiados 
para organizar as suas salas de aula de modo 
a assegurar a aprendizagem de todos seus alu-
nos? 
• Como as escolas podem ser organizadas de 
forma a apoiarem os professores?
Para a valorização profissional dos professores, destaco do texto de 
Ainscow (p.15) duas estratégias, dentre outras:
• Oportunidade para considerar novas possibilidades de 
atuação docente; 
• Apoio à experimentação e reflexão.
Ler o texto, na íntegra, de AINSCOW, 
Mel. (2002). “Educação para 
todos: torná-la uma realidade”. 
In: Dimensões formativas. Lisboa, 
Instituto de Inovação Educacional, 
p.13-31. Disponível em: http://
www.dgidc.min-edu.pt/revista/
revista5/Mel%20Ainscow.htm.
Desenvolvimento
Em relação à educação inclusiva, faz-se necessário inicialmente 
pensar sobre o que queremos e o que podemos fazer nesse mo-
mento acerca da educação dos alunos com necessidades educativas 
especiais decorrentes, ou não, de deficiências:
Queremos a inclusão da educação especial na educação regular? 
Ou queremos a inclusão dos alunos com necessidades educativas 
especiais (hoje alunos das modalidades de atendimento da educa-
ção especial como classes especiais) na educação escolar, que então 
não deveria mais ser denominada educação regular, como o é atu-
almente para se contrapor à educação especial, delimitando dessa 
maneira espaços separados de aprendizagem?
Em primeiro lugar, vamos discutir como a educação democrática 
se constitui. 
Ela implica, necessariamente, a organização das escolas e a forma-
ção de professores e demais profissionais da educação para o aco-
lhimento da diversidade dos alunos. 
Na perspectiva da concepção da inclusão, o acesso à escola públi-
ca e a permanência nela dos alunos com necessidades educativas 
especiais dependem da organização de escolas democráticas e da 
formação de professores para a autonomia. 
Estamos chamando sua atenção para a seguinte questão: a orga-
nização de escolas democráticas e a formação de professores têm 
sido objetos de pesquisa com o objetivo de chegar a se identificar 
as condições mais favoráveis ao êxito da aprendizagem nas salas de 
aula da escola pública. Temos estudado também as diversas manei-
ras de organização de gestão escolar. 
Estudos e pesquisas têm contribuído para a identificação de atitu-
des, por parte dos profissionais da educação, que permitem a segre-
gação na escola pública.
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OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: 
POLÍTICAS E SISTEmAS
POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA 
Políticas Públicas em Educação e a formação dos professores para a inclusão de alunos
com necessidades especiais na escola pública
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É preciso que os professores sejam encorajados a permitir o pro-
cesso social de aprendizagem entre os próprios alunos com sua 
mediação permanente. 
Estratégias exigem mais que técnicas pedagógicas. A mais impor-
tante e revolucionária estratégia pedagógica é a capacidade de res-
posta dos professores às experiências dos alunos, à medida que se 
desenvolvem as atividades em suas salas de aula de maneira coletiva 
e solidária. 
Essa capacidade implica modificar planos de ensino e atividades 
pedagógicas durante seu desenvolvimento, em resposta à deman-
da dos alunos. Agindo assim, os professores podem encorajar uma 
participação ativa e, ao mesmo tempo, podem levar cada aluno a 
viver experiências em sala de aula.
Observe como é importante que as políticas públicas de forma-
ção de professores, tanto inicial quanto continuada, contemplem 
o desenvolvimento da sensibilidade dos professores, para que eles 
possam pensar o planejamento e executar a prática pedagógica le-
vando em consideração a demanda de seus alunos, considerando 
novas possibilidades de atuação junto a eles, ainda não presentes, 
em sua experiência histórica docente. 
O desenvolvimento da sensibilidade dos professores possibilitará 
o exercício da reflexão crítica de sua prática, se os professores se 
perguntarem:
• o que fazem?
• para que fazem? 
• como fazem? 
• e, principalmente, por que os alunos não conseguem 
aprender em uma única escola para todos, sem separação 
entre classe especial e classe regular?
Ainscow (2002, p. 16) destaca também que encorajar os profes-nscow (2002, p. 16) destaca também que encorajar os profes-
sores a explorarem formas de desenvolver a sua prática, de modo 
a facilitar a aprendizagem de todos os alunos, é um convite a ex-
perimentarem métodos que “(...) no contexto da sua experiência 
anterior, lhes são estranhos”. Implicando isso que os professores 
precisam ser estimulados à experiência de novas maneiras de atu-
ação docente. 
Você provavelmente sabe que a escola se torna antidemocrática 
quando suas práticas pedagógicas dificultam ou impedem a expe-
riência entre alunos sem deficiência com os alunos com deficiência 
ou com necessidades especiais.
Historicamente, na educação especial houve ênfase no planeja-
mento individual e, conseqüentemente, no empobrecimento da 
experiência entre alunos com e sem necessidades especiais. 
Na perspectiva da educação inclusiva é importante planejar consi-
derando todos os alunos com sua diversidade. Os próprios alunos 
representam uma rica fonte de experiências, e a aprendizagem é, 
sobretudo, um processo social. 
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OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOSCOm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: 
POLÍTICAS E SISTEmAS
POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA 
Políticas Públicas em Educação e a formação dos professores para a inclusão de alunos
com necessidades especiais na escola pública
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e I• poderão atender à demanda humana dos alunos em salas 
de aula inclusivas.
Embora as políticas públicas para a formação dos professores, tan-
to inicial quanto continuada, sejam ainda incipientes:
• é possível pensar na possibilidade de uma sociedade onde 
haja lugar para a escola democrática e a educação inclusiva 
para alunos com deficiência e sem deficiência.
Os movimentos em prol da inclusão revelam a possibilidade de inaugu-
rarmos a humanidade que pode finalmente desenvolver-se em intera-
ção com as diferenças dos indivíduos na escola inclusiva. 
Tenho observado em eventos e conferências que ministro pelo 
Brasil uma grande vontade de os professores (da educação regu-
lar e especial) aprenderem novas técnicas e métodos 
para utilizarem em suas salas de aula com alunos que 
apresentam deficiências.
Procuro sempre:
• estimulá-los, para que pensem novas maneiras de 
atuação docente com base nos conhecimentos teó-
ricos a que eles têm acesso nos cursos (ou provocar 
neles a busca); 
• e, sobretudo, incentivá-los para a reflexão crítica sobre 
suas concepções de aprendizagem, ensino, professor, alu-
no, métodos, técnicas e avaliação da aprendizagem, dentre 
outras categorias que povoam os cursos realizados por eles. 
Chamo a atenção dos professores, também, para a seguinte questão:
• Os métodos, a avaliação da aprendizagem, as técnicas ou 
abordagens de ensino são elaborações sociais e, conseqüen-
temente, não são neutros. 
• Eles refletem ideologias e nelas se baseiam.
• Eles dificultam ou impedem a compreensão das implica-
ções pedagógicas das relações de poder no seio da educação 
e na vida dos alunos.
Pois bem, você deve estar perguntando se é necessário, portanto, 
que os professores se formem como profissionais reflexivos, críti-
cos e humanizados.
Claro que sim!!! Dessa maneira os professores:
• poderão superar os limites decorrentes do mundo estreito 
imposto aos alunos com necessidades educativas especiais; 
Dentre vários 
significados de 
ideologia, destaco 
o que se refere a um “Conjunto de 
idéias próprias de um grupo, de 
uma época, e que traduzem uma 
situação histórica”.
 In: http://www.aureliopositivo.
com.br/aurelio/impressos/01cf.asp
CEAD - UNIRIO32
OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: 
POLÍTICAS E SISTEmAS
Exercícios de auto-avaliação
1-Destaque do texto estudado os aspectos que você 
considerou mais relevantes na formação dos professores para 
a implementação das políticas públicas em educação inclusiva 
em seu município ou escola, e faça uma análise crítica.
CONCLUSÃO
Finalizando, minha expectativa maior com esta subunidade é possibilitar a 
você e aos seus alunos pensarem na possibilidade do potencial esclarecedor 
e, conseqüentemente, emancipatório dessa discussão acerca das políticas 
públicas em educação inclusiva. 
É possível superar a indiferença da sociedade que dificulta ou mesmo 
impede a experiência entre alunos com deficiência e sem deficiência na 
escola pública. 
Sou favorável à escola pública democrática e aberta às contradições sociais 
e humanas. A inclusão contribuirá para tal.
Converse sobre essas questões com seus colegas, com seus alunos, com 
seu gestor, com os familiares de seus alunos e com representantes da 
comunidade. O que isso lhe parece? 
Caso você queira conversar mais sobre essas questões, entre em contato 
com sua tutora.
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OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: 
POLÍTICAS E SISTEmAS
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POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA 
Os desafios e perspectivas na implementação das políticas públicas em educação
 inclusiva nas escolas públicas regulares em consonância com os documentos oficiais
Você poderá acessar na íntegra os documentos legais, nacionais e 
internacionais, aqui apresentados e discutidos, no site do MEC: 
http://portal.mec.gov.br/seesp/ na área Legislação Específica/
Documentos Internacionais.
1. Relação comentada dos documentos que destacam 
a educação dos alunos com necessidades especiais na 
perspectiva da inclusão escolar
Destacamos alguns documentos, tais como:
• Constituição Federal/1988 que, no Artigo 208, prevê o 
“Atendimento educacional especializado aos portadores de 
deficiência, preferencialmente, na rede regular de ensino”.
1.3 Os desafios e perspectivas na 
 implementação das políticas públicas em 
 educação inclusiva nas escolas públicas 
 regulares em consonância com os 
 documentos oficiais
Objetivo especifico: Discutir as políticas públicas relativas, 
 à formação de professores e à educação 
 inclusiva, considerando os atuais 
 documenTos oficiais nacionais e 
 internacionais
Para os seres humanos, com um forte desejo de inclusão, é quase 
insuportável saber que alguém não tem a mínima possibilidade dela. 
(Valdelúcia Alves da Costa, 2005)
Introdução
Como estudamos na 1ªsubunidade, é possível afirmar que a socie-
dade contemporânea vive um momento cultural contrário à dis-
criminação das minorias historicamente excluídas e, conseqüente-
mente, cresce a demanda por uma sociedade inclusiva. 
Apesar do preconceito ainda persistir, evita-se a discriminação 
quanto à matrícula de alunos com necessidades educativas espe-
ciais nas escolas regulares dos sistemas brasileiros de ensino.
Desenvolvimento
Os documentos oficiais, nacionais e internacionais, atendendo à 
demanda humana e social pela inclusão de todos os indivíduos 
com necessidades especiais nas diversas instâncias da sociedade, 
preconizam a inclusão escolar dos alunos com necessidades edu-
cativas especiais na escola regular.
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OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: 
POLÍTICAS E SISTEmAS
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POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA 
Os desafios e perspectivas na implementação das políticas públicas em educação
 inclusiva nas escolas públicas regulares em consonância com os documentos oficiais
como contínua, estejam voltados para atender às necessida-
des educativas especiais nas escolas integradoras. (p. 11)
• Toda pessoa com deficiência tem o direito de manifestar 
seus desejos quanto à sua educação, na medida de sua capa-
cidade de estar certa disso. Os pais têm o direito inerente de 
serem consultados sobre a forma de educação que melhor 
se ajuste às necessidades, circunstâncias e aspirações de seus 
filhos (p. 17)
• O desafio que as escolas integradoras enfrentam é o de de-
senvolver uma pedagogia centralizada na criança, capaz de 
educar com sucesso todos os meninos e meninas, inclusive 
os que sofrem de deficiências graves. O mérito dessas escolas 
não está só na capacidade de dispensar educação de qualida-
de a todas as crianças; com sua criação, dá-se um passo mui-
to importante para tentar mudar atitudes de discriminação, 
criar comunidades que acolham a todos e sociedades inte-
gradoras”. As escolas que se centralizam na criança refe-rem-
se à base para a construção de uma sociedade centrada nas 
pessoas, que respeite tanto a dignidade como as diferenças 
de todos os seres humanos. (p. 18)
• O princípio fundamental que rege as escolas integrado-
ras é de que todas as crianças, sempre que possível, devem 
aprender juntas, independentemente de suas dificuldades 
e diferenças. Nas escolas integradoras, as crianças com 
necessidades educativas especiais devem receber todo 
apoio adicional necessário para garantir uma educação 
eficaz. (p. 23)
• Os programas de estudos devem ser adaptados às neces-
sidades das crianças e não o contrário (p.28), sendo que as 
que apresentaremnecessidades educativas especiais devem 
receber apoio adicional no programa regular de estudos, ao 
invés de seguir um programa de estudos diferente. (p.29)
• Constituição Estadual/1989 que, no Artigo 305, garante 
o “Atendimento educacional especializado aos portadores 
de deficiência e ensino profissionalizante na rede regular 
de ensino, quando necessário, por professores de educação 
especial”.
• Lei nº 8.069/1990, sobre o Estatuto da Criança e do Ado-
lescente que dispõe no Art. 54, inciso III, sobre a educação, 
afirmando que “É dever do Estado assegurar à criança e ao 
adolescente: atendimento especializado aos portadores de 
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”.
• Declaração Mundial de Educação para Todos, Jomtien, 
Tailândia/1990, que propõe a constituição de um sistema 
educacional inclusivo, pelo qual o Brasil fez opção.
• Declaração de Salamanca e suas Linhas de Ação, 
Espanha/1994 – Conferência Mundial sobre necessidades 
educativas especiais: acesso e qualidade, na qual o Brasil 
mostrou consonância com seus postulados.
Da Declaração de Salamanca, cujo princípio fundamental é “[...] 
de que as escolas devem acolher todas as crianças independente-
mente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, 
lingüísticas ou outras” (p.17), ressaltamos alguns trechos, dentre 
outros, que justificam a proposta de uma educação inclusiva para 
alunos com necessidades educativas especiais:
• As pessoas com necessidades educativas especiais devem 
ter acesso às escolas comuns, que deverão integrá-las numa 
pedagogia centralizada na criança, capaz de atender a essas 
necessidades; adotar com força de lei ou como política, o 
princípio da educação integrada que permita a matrícula de 
todas as crianças em escolas comuns, a menos que haja ra-
zões convincentes para o contrário. (p. 10)
• Assegurar que, em um contexto de mudança sistemática, 
os programas de formação do professorado, tanto inicial 
CEAD - UNIRIO38
OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: 
POLÍTICAS E SISTEmAS
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POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA 
Os desafios e perspectivas na implementação das políticas públicas em educação
 inclusiva nas escolas públicas regulares em consonância com os documentos oficiais
todos os tipos de deficiências, antes de se especializar numa 
ou várias categorias particulares de deficiência. (p.38)
2. Lei nº 9.394/1996
A Lei nº 9.394/1996 estabelece as Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional, e em seu capítulo V dispõe quanto à educação especial, 
entendendo-a como “[...] uma modalidade de educação escolar, 
oferecida, preferencialmente, na rede regular de ensino, para edu-
candos portadores de necessidades especiais”. 
A referida Lei delibera, também, sobre:
• os sistemas de ensino, que deverão assegurar aos alunos 
com necessidades especiais currículos, métodos, técnicas e 
recursos educativos específicos, como também uma organi-
zação adequada, para atender às suas necessidades. 
• a formação de professores: para atuarem junto aos alunos 
com necessidades educativas especiais, eles deverão ter uma 
especialização adequada em nível médio ou superior para 
atendimento especializado, e os do ensino regular, capacita-
dos para a integração desses alunos em suas classes.
3. Plano Nacional de Educação/CNE/2000
• O Plano Nacional de Educação/CNE/2000, aprovado 
pela Lei nº 10.172/2001, preconiza, quanto à formação dos 
profissionais da educação, que “A formação continuada de 
profissionais da educação, tanto docentes como funcioná-
rios, deverá ser garantida pela equipe dirigente das Secreta-
rias Estaduais e Municipais de Educação, cuja atuação deverá 
incluir a coordenação e financiamento dos programas, a sua 
manutenção como ação permanente, e a busca de parcerias 
com universidades e instituições de ensino superior”. (p.69)
• Atenção especial deverá ser dispensada às necessidades de 
crianças e de jovens portadores de deficiências graves ou múl-
tiplas. Eles têm o mesmo direito, que os demais membros da 
comunidade, de virem a ser adultos que desfrutem de um 
máximo de independência, sendo sua educação orientada 
nesse sentido e considerando-se suas capacidades. (p.30)
• Os programas de estudos devem ser adaptados às necessi-
dades da criança e não o contrário. As escolas deverão, por 
conseguinte, oferecer opções curriculares que se adaptem às 
crianças com capacidade e interesses diferentes. (p.33)
• Crianças com necessidades educativas especiais devem re-
ceber apoio adicional no programa regular de estudos, em 
vez de seguir um programa de estudos diferente. O princípio 
diretor será o de dar a todas as crianças a mesma educação, 
com a ajuda adicional necessária àquelas que a requeiram. 
(pp.33-34)
• Aos alunos com necessidades educativas especiais deverá 
ser dispensado apoio contínuo, desde a ajuda mínima nas 
classes comuns até a aplicação de programas suplementa-res 
de apoio pedagógico na escola, ampliando-os, quando ne-
cessário, para receber a ajuda de professores especializados e 
de pessoal de apoio externo. (p.34)
• Atenção especial deverá ser dispensada na preparação de 
todos os professores para que exerçam sua autonomia e apli-
quem suas competências na adaptação dos programas de es-
tudos e da Pedagogia, a fim de atender às necessidades dos 
alunos e para que colaborem com os especialistas e com os 
pais. (p. 37)
• A capacitação de professores especializados deverá ser re-
examinada, com vistas a lhes permitir o trabalho em dife-
rentes contextos e o desempenho de um papel-chave nos 
programas relativos às necessidades educativas especiais. 
Seu núcleo comum deve ser um método geral que abranja 
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OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: 
POLÍTICAS E SISTEmAS
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POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA 
Os desafios e perspectivas na implementação das políticas públicas em educação
 inclusiva nas escolas públicas regulares em consonância com os documentos oficiais
plada a computador, sistema de síntese de voz; gravador e foto-
copiadora que amplie textos; plano de aquisição gradual de acer-
vo bibliográfico em fitas de áudio; software de ampliação de tela. 
Equipamento para ampliação de textos para atendimento a alunos 
com visão subnormal; lupas, régua de leitura; scanner acoplado a 
computador; plano de aquisição gradual de acervo bibliográfico 
dos conteúdos básicos do Braille”.
c) com deficiência auditiva:
“Compromisso formal da instituição de proporcionar, caso seja 
solicitada, desde o acesso até a conclusão do curso: quando neces-
sário intérprete de língua de sinais/língua portuguesa, especial-
mente quando da realização de provas ou sua revisão, complemen-
tando a avaliação expressa em texto escrito ou quando este não 
tenha expressado o real conhecimento do aluno; flexibilidade na 
correção das provas escritas, valorizando o conteúdo semântico; 
aprendizado da língua portuguesa, principalmente, na modalida-
de escrita, (para o uso do vocabulário pertinente às matérias do 
curso em que o estudante estiver matriculado); materiais de infor-
mações aos professores para que se esclareça a especificidade lingü-
ística dos surdos”.
5. Resolução nº 2, do Conselho Nacional de Educação/CNE/
CEB/2001 
A Resolução nº 2, do Conselho Nacional de Educação/CNE/
CEB/2001, no Art. 1º., “Institui as Diretrizes Nacionais para a 
educação de alunos que apresentem necessidades educativas es-
peciais, na Educação Básica, em todas as suas etapas e modalida-
des”, ratificando a obrigatoriedade dos sistemas de ensino quanto 
à matrícula de todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se 
para o atendimento dos que apresentam necessidades educativas 
especiais, assegurando as condições necessárias de educação para 
todos.
4. Portaria n.º 3.284-7/11/2003/mEC 
• A Portaria n.º 3.284-7/11/2003/MEC, dispõe sobre os 
requisitos de acessibilidadede pessoas portadoras de defi-
ciências, para instruir os processos de autorização e de reco-
nhecimento de cursos, e de credenciamento de instituições.
Da referida Portaria (MEC, 2003), cujo princípio fundamental é 
“(...) assegurar, aos portadores de deficiência física e sensorial, as 
condições básicas de acesso ao ensino superior, de mobilidade e de 
utilização de equipamentos e instalações das instituições de ensi-
no”, vale ressaltar o artigo 2.º, ao preconizar que, “A Secretaria de 
Educação Superior do MEC, com o apoio técnico da Secretaria 
de Educação Especial, estabelecerá os requisitos, tendo como re-
ferência a Norma Brasil 9050, da Associação Brasileira de Nor-
mas Técnicas, que trata da Acessibilidade de Pessoas Portadoras 
de Deficiências e Edificações, Espaço, Mobiliário e Equipamentos 
Urbanos”, e que, em seu Parágrafo Único, apresenta os requisitos 
que deverão contemplar, no mínimo, para alunos:
a) com deficiência física:
“Eliminação de barreiras arquitetônicas para circulação do estu-
dante, permitindo o acesso aos espaços de uso coletivo; reserva 
de vagas em estacionamentos nas proximidades das unidades de 
serviços; construção de rampas com corrimãos ou colocação de 
elevadores, facilitando a circulação de cadeiras de rodas: adaptação 
de portas e banheiros com espaço suficiente para permitir o acesso 
da cadeira de rodas; colocação de barras de apoio nas paredes dos 
banheiros; instalação de lavabos, bebedouros e telefones públicos 
em altura acessível aos usuários de cadeira de rodas”. 
b) com deficiência visual:
“Compromisso formal da instituição de proporcionar, caso seja 
solicitada, desde o acesso até a conclusão do curso, sala de apoio 
contendo: máquina de datilografia Braille, impressora Braille aco-
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OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: 
POLÍTICAS E SISTEmAS
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POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA 
Os desafios e perspectivas na implementação das políticas públicas em educação
 inclusiva nas escolas públicas regulares em consonância com os documentos oficiais
I – Acessibilidade é a “Condição para utilização, com segurança e 
autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipa-
mentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos 
dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por 
pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida;” 
(p.4). 
8. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com 
Deficiência/ONU 
A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com De-
ficiência/ONU, de 13/12/200, aprovada por una-
nimidade em 13 de dezembro de 2006, é a primeira 
sobre o tema de direitos humanos a ser lançada no 
século 21. 
Além disso, é o tratado que mais rapidamente foi 
aprovado na história do Direito Internacional. Ratifica:
• todos os direitos das pessoas com deficiência e, especifica-
mente, proíbe a discriminação contra essas pessoas em to-
dos os aspectos da vida, incluindo os direitos civis, políticos, 
econômicos e sociais, como o direito à educação, aos servi-
ços de saúde e à acessibilidade, dentre outros. 
A Convenção, em seus 50 artigos, também assegura o reconheci-
mento igual perante a lei, o acesso à justiça, bem como a liberdade 
e segurança da pessoa, como pontos fundamentais de respeito aos 
direitos humanos e a inerente dignidade da pessoa.
Comentários importantes
Estima-se que há 650 milhões de pessoas com deficiência no mun-
do, as quais, na maioria dos países, não contam com legislação para 
promover o reconhecimento e o exercício, em igualdade de opor-
tunidades com as demais pessoas, de todos os direitos humanos e 
liberdades fundamentais.
Caso você 
queira acessar 
o texto integral 
desta Convenção, entre no site: 
http/www.mj.gov.br/mpsicorde/
arquivos/publicação/714/
Images/714_1.doc
A referida Resolução entende a educação especial, modalidade 
da educação escolar, como um processo educacional definido por 
uma proposta pedagógica que:
• Assegure recursos e serviços educacionais específicos para 
as diversas necessidades dos alunos, organizados institucio-
nalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em al-
guns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de 
modo a garantir a educação escolar e promover o desenvol-
vimento dos alunos que apresentam necessidades educativas 
especiais. 
• Para tanto, as escolas, municipais e estaduais, da rede de 
ensino devem prever e prover na organização de suas classes 
comuns, dentre outros aspectos, a formação de professores 
para a diversidade dos alunos e, conseqüentemente, a diver-
sidade pedagógica.
6. Deliberação n.º 291/2004/CEE-Rj
• A Deliberação n.º 291/2004/CEE-RJ, de 12 de maio, estabelece 
as normas para a Educação Especial na Educação Básica em todas 
as suas etapas e modalidades, no Sistema de Ensino do Estado do 
Rio de Janeiro, com base na Resolução n.º 2/2001/CNE/CEE.
7. Decreto n.º 5.296, de 02/12/2004:
• regulamenta as Leis n.ºs 10.048, de 08 de novembro de 
2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que es-
pecifica. 
• estabelece normas gerais e critérios básicos para a promo-
ção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com 
mobilidade reduzida, e dá outras providências.
O referido Decreto, no Art.8.º, para os fins de acessibilidade, con-
sidera que:
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OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: 
POLÍTICAS E SISTEmAS
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POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA 
Os desafios e perspectivas na implementação das políticas públicas em educação
 inclusiva nas escolas públicas regulares em consonância com os documentos oficiais
É importante, porém, destacar que um projeto educacional demo-
crático inclusivo não se realizará com base apenas em textos legais, 
mas principalmente como decorrente da implementação:
• de políticas públicas de educação, de formação de profis-
sionais da educação, como professores, orientadores peda-
gógicos e educacionais, dentre outros; 
• da reflexão crítica por parte dos indivíduos, com ênfase no 
momento atual, nos professores, estudantes do Curso de Es-
pecialização em Educação Especial da Universidade Aberta 
do Brasil/UAB, em parceria com a Universidade Federal do 
Estado do Rio de Janeiro/UNIRIO. 
O Brasil assinou a Convenção no dia 30 de março de 2007, de-
monstrando o compromisso do Governo Federal com os Direitos 
Humanos e com as pessoas com defi ciência. No Brasil, o docu-essoas com deficiência. No Brasil, o docu-
mento da referida Convenção foi recebido pelo Ministério das 
Relações Exteriores em nome do Poder Executivo, seguindo pos-
teriormente para a Câmara dos Deputados e para o Senado Fede-
ral para apreciação e, em seguida, será remetido ao Presidente da 
República para sanção. 
A Convenção da ONU (2006) poderá ser adotada no Brasil como 
Lei ou como Dispositivo Constitucional, o que exigirá quorum 
qualificado para a aprovação no Poder Legislativo. Os países que 
adotarem a Convenção ficarão obrigados a eliminar leis, costumes 
e práticas que representem discriminação contra as pessoas com 
deficiência. No processo de monitoramento, uma comissão in-
dependente, formada por especialistas, irá receber relatórios dos 
países que ratificarem a Convenção e analisar seus progressos no 
cumprimento das normas do tratado.
É importante acrescentar que o protocolo facultativo à Conven-
ção, assinado após 30 de março de 2007 e, posteriormente, rati-
ficado pelos países membros, dá a grupos e indivíduos o direito 
de apresentarem petições legais ao Comitê sobre os Direitos das 
Pessoas com Deficiência, caso movam processo em seus países e 
esgotem todas as vias legais para defender seus interesses sem re-
sultados.
• Considerando que os professores que atuam nos sistemas 
de ensino no Brasil, em sua maioria, não tiveram acesso a co-
nhecimentos relativos às necessidades educativas especiais 
dos alunos em sua formação inicial, os dispositivoslegais. 
até aqui estudados permitem pensar na possibilidade de 
viabilizar a organização de escolas democráticas, por inter-
médio de um programa de formação continuada dos profes-
sores, na perspectiva da educação inclusiva dos alunos com 
necessidades educativas especiais. 
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OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: 
POLÍTICAS E SISTEmAS
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POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA 
Os desafios e perspectivas na implementação das políticas públicas em educação
 inclusiva nas escolas públicas regulares em consonância com os documentos oficiais
Exercícios de auto-avaliação
1-Destaque os princípios da formação dos professores 
e da organização das escolas, contidos na Declaração 
de Salamanca e suas Linhas de Ação/1994, e os analise 
considerando a concepção de inclusão, ou seja, da educação 
para todos.
• mesmo considerando os limites sociais e a formação docente 
predominantemente voltada para a produção e a reprodução social, 
é possível pensar na possibilidade de uma sociedade democrática 
onde haja lugar para a escola inclusiva, para a inclusão dos alunos 
com necessidades educativas especiais, tendo em vista, sobretudo, 
que as experiências entre diferentes subjetividades contribuem para 
a realização da humanidade de todos e, tomara, para uma sociedade 
em que não sejamos separados uns dos outros e de nós mesmos, 
sejamos ou não pessoas com deficiência, alunos, professores, 
gestores e pais.
CONCLUSÃO
Concluindo, é possível admitir perspectivas para a organização da escola e o 
apoio aos professores na concretização do processo de inclusão dos alunos 
com necessidades educativas especiais. Como isso é possível? 
Penso que isso é possível por intermédio:
• do exercício da gestão democrática, participativa, coletiva e 
solidária na escola por parte de todos os profissionais, alunos, famílias 
e comunidade;
• do debate;
• da responsabilidade compartilhada;
• do planejamento coletivo e cooperativo na elaboração e 
implementação do Projeto Político Pedagógico que contemple a 
democratização da escola, incluindo a inclusão dos alunos com 
necessidades educativas especiais;
• do respeito à experiência histórica dos professores e seus alunos 
com necessidades educativas especiais, considerando também a 
experiência entre diferentes subjetividades como componente da 
formação de professores, gestores, alunos e pais nas escolas.
Quanto às perspectivas da experiência entre diferentes subjetividades na 
escola, vale lembrar Umberto Eco (2001, p. 13), no seu ensaio “Em nome 
da razão”, ao questionar-se em relação a como se ensina a aceitação das 
diferen-ças, afirmou: “Deve-se ensinar às crianças que os seres humanos 
são muito diferentes entre si e explicar-lhes em que se diferenciam, 
para então mostrar-lhes que essas diferenças representam uma fonte de 
enriquecimento para todos”. 
Assim, é possível afirmar que:
• a inclusão de alunos com necessidades educativas especiais nas 
escolas públicas regulares contribuirá para o aprendizado afirmado 
por Umberto Eco, ou seja, que a diferença não seja mais considerada 
como desigualdade; 
UNIDADE II
A formação do preconceito na 
cultura, sua manifestação pelo 
indivíduo, seus aspectos históricos, 
contemporâneos e seus impactos na 
escola e na educação de alunos com 
necessidades especiais
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OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: 
POLÍTICAS E SISTEmAS
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A fORmAÇÃO DO PRECONCEITO NA CULTURA, SUA mANIfESTAÇÃO PELO INDIvÍDUO, SEUS ASPECTOS hISTóRICOS, 
CONTEmPORÂNEOS E SEUS ImPACTOS NA ESCOLA E NA EDUCAÇÃO DE ALUNOS COm NECESSIDADES ESPECIAIS
Preconceito, cultura, indivíduo, deficiência e segregação na escola pública
Então, vamos ao estudo das questões centrais que se referem ao 
preconceito.
Desenvolvimento
Em referência ao preconceito voltado aos alunos com deficiência/
necessidades especiais, apreende-se em Horkheimer & Adorno, 
em sua obra Dialética do Esclarecimento (1985) que se trata:
• da naturalização de um fenômeno histórico. 
E, em Crochík4 (2006, p.56) que é:
• “Um fator que revela a dificuldade da individuação, por 
implicar em não reflexão e não experimentação em relação 
aos seus objetos alvo”. (sic)
4 José Leon Crochík desenvolve o Projeto de Pesquisa: Preconceito e atitudes em relação 
à educação inclusiva, disponível no site: http://www.ip.usp.br/laboratorios/laep/ Nesse 
projeto, o referido autor discute o preconceito contra os alunos com deficiência na escola.
2.1 Preconceito, cultura, indivíduo, 
 deficiência e segregação na escola
 pública
Objetivo especifico: Discutir sobre as condições sociais que 
 permitem a manifestação do preconceito 
 e a segregação dos alunos com 
 necessidades especiais na 
 escola pública regular
O que repele por sua estranheza é, na verdade, demasiado familiar. 
(Horkheimer & Adorno, 1985)
Introdução
Nesta subunidade discutiremos sobre o preconceito, seus ante-
cedentes históricos, sua formação e manifestação na escola. É um 
assunto pouco estudado nos cursos, sejam de graduação ou pós-
graduação. 
Mas, como estamos discutindo a educação de alunos com neces-
sidades especiais, considerando sua possibilidade de ocorrer em 
escolas regulares, enfrentar o estudo do preconceito me parece 
da maior importância. Tanto para entendê-lo em sua formação 
na cultura quanto à sua manifestação pelos professores, gestores e 
alunos na escola.
Isto não significa, absolutamente, uma proposta para se perseguir 
as pessoas que manifestam atitudes preconceituosas. Ao contrário, 
o nosso intuito aqui é estudar, analisar e identificar as causas que 
ainda permitem a segregação na escola pública, ou seja, a mani-
festação do preconceito em sua fase mais perversa – a exclusão do 
diferente e a tentativa de negar a diferença, no caso a deficiência, 
como sendo algo que torna desiguais aqueles que a apresentam. 
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OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: 
POLÍTICAS E SISTEmAS
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A fORmAÇÃO DO PRECONCEITO NA CULTURA, SUA mANIfESTAÇÃO PELO INDIvÍDUO, SEUS ASPECTOS hISTóRICOS, 
CONTEmPORÂNEOS E SEUS ImPACTOS NA ESCOLA E NA EDUCAÇÃO DE ALUNOS COm NECESSIDADES ESPECIAIS
Preconceito, cultura, indivíduo, deficiência e segregação na escola pública
Os dados históricos descritos por Misès (1977) revelam a evidên-
cia dessa resistência. As pessoas com deficiência eram consideradas 
como sendo “Capazes de corromper as partes sãs da sociedade”, 
e a ignorância cultural prevalecente gerava contra elas condutas 
atualmente consideradas como expressão de barbárie. 
Na Grécia Antiga, onde a perfeição do corpo era cultuada, 
as pessoas com deficiência/necessidades especiais eram sa-
crificadas ou escondidas, como relata Platão5 (2000, p.163) 
em sua obra A República, com as recomendações de Só-
crates e Glauco tanto para os filhos dos indivíduos de elite 
quanto para os indivíduos inferiores “(...) que tenham algu-
ma deformidade, serão levados a paradeiro desconhecido e 
secreto. É um meio seguro de preservar a pureza da raça dos 
guerreiros”.
Entre os romanos e gregos antigos havia divergências e ambiva-
lências quanto à maneira de considerar as pessoas com deficiência. 
Quando, em algumas regiões, essas pessoas podiam ser mortas, em 
outras eram submetidas a um processo de purificação, para livrá-
las dos maus desígnios.
Na Idade Média, as pessoas com deficiência/necessidades espe-
ciais, as loucas, as criminosas e as consideradas “possuídas pelo 
demônio” faziam parte de uma mesma categoria: a dos excluídos. 
Deviam ser afastadas do convívio social ou mesmo sacrificadas. 
A Idade Média6 se estendeu por um longo período da história 
da humanidade, marcado por diversos sentimentos em relação às 
pessoas com deficiência/necessidades especiais: rejeição, piedade,proteção e, até mesmo, supervalorização. Esses sentimentos eram 
radicais, ambivalentes, marcados pela dúvida, ignorância, religio-
sidade, e se caracterizavam por uma mistura de culpa, piedade e 
reparação.
6 A Idade Média foi tradicionalmente delimitada com ênfase em eventos políticos. Nesses 
termos, ela teria se iniciado com a desintegração do Império Romano do Ocidente, no 
século V (476 d. C.), e terminado com o fim do Império Romano do Oriente, com a Queda 
de Constantinopla, no século XV (1453 d. C.). Para estudar a Idade Média acesse o site: 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Idade_M%C3A9dia
Em relação a deficiências/necessidades especiais, verificamos que o 
preconceito, na maioria das vezes, é baseado em atitudes de comi-
seração resultante, sobretudo, do desconhecimento acerca dessas 
pessoas.
O desconhecimento pode ser considerado a matéria-prima para 
a perpetuação das atitudes preconceituosas e das leituras estere-
otipadas da deficiência/necessidades especiais, seja o desconheci-
mento relativo ao fato em si, seja em relação às emoções geradas e 
às reações subseqüentes. 
Afirmamos que, em alguns períodos da história, houve a pretensão 
de eliminar as pessoas com deficiência, como você estudará mais 
adiante nesta disciplina. 
Atualmente há um movimento cultural de resistência à segregação 
das pessoas com necessidades especiais. Apesar de o preconceito 
ainda persistir na sociedade, evita-se a discriminação por esta con-
trariar preceitos constitucionais.
Quanto a isso, Crochík (2006, p.139) afirma que “(...) um clima 
cultural geral contrário ao preconceito e à proibição de atitudes 
discriminatórias na Constituição, certamente inibem o preconcei-
to quanto ao seu exercício, mas não necessariamente quanto à sua 
formação”.
Os registros históricos comprovam que vem de longo tempo uma 
resistência quanto à aceitação social das pessoas com deficiência/
necessidades especiais e demonstram como as suas vidas eram 
ameaçadas. 
5 Platão de Atenas (428/27 a.C. - 347 a.C.) foi um filósofo grego. Discípulo de Sócrates, 
fundador da Academia e mestre de Aristóteles. Acredita-se que seu nome verdadeiro 
tenha sido Aristócles; Platão era um apelido que, provavelmente, fazia referência à sua 
caracteristica física, tal como o porte atlético ou os ombros largos, ou ainda a sua am-
pla capacidade intelectual de tratar de diferentes temas. (plátos), em grego significa 
amplitude, dimensão, largura. Sua filosofia é de grande importância e influência. Platão 
ocupou-se com vários temas, entre eles ética, política, metafísica e teoria do conheci- ética, política, metafísica e teoria do conheci-
mento. Em sua obra A República, Platão aborda vários temas, mas todos subordinados 
à questão central da justiça. Mais informações sobre Platão e sua obra, consulte o site: 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Plat%C3%A3o
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OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: 
POLÍTICAS E SISTEmAS
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A fORmAÇÃO DO PRECONCEITO NA CULTURA, SUA mANIfESTAÇÃO PELO INDIvÍDUO, SEUS ASPECTOS hISTóRICOS, 
CONTEmPORÂNEOS E SEUS ImPACTOS NA ESCOLA E NA EDUCAÇÃO DE ALUNOS COm NECESSIDADES ESPECIAIS
Preconceito, cultura, indivíduo, deficiência e segregação na escola pública
Na Inglaterra, no século XIII, as pessoas com deficiência/necessi-
dades especiais eram protegidas por lei, tendo direito a um tutor e 
a um curador para cuidar de seus bens, chegando mesmo a gozar 
da tutela do próprio rei. A França, também, adotou essa prática 
por orientação do Rei Filipe IV9, o Belo.
Todas as formas de conceber e explicar a deficiência ao longo da 
história da civilização, efetivamente afirmam como as diversas 
épocas e culturas apresentaram, e ainda apresentam, dificuldades 
de compreender a diferença, a diversidade entre as pessoas e de 
como lidar com elas.
Dessa maneira, considerando-se o fato de o desconhecimento aca-
bar por gerar distorções acerca da deficiência e de quem a apre-
senta e, em conseqüência, o preconceito, urge a importância de 
seu enfrentamento, destacando Horkheimer & Adorno10 (1978, 
pp.173-174) ao afirmarem: “A investigação sobre o preconceito 
tende a reconhecer a participação do momento psicológico nesse 
processo dinâmico em que operam a sociedade e o indivíduo”; e, 
“(...) os ‘estímulos’ com que os agitadores atuam e, em particular, 
os decididamente totalitários para seduzir os homens”; e mais, 
“(...) entre as suas opiniões políticas gerais e suas posições quanto 
às minorias étnicas, sociais e religiosas, por uma parte, e sua carac-
terologia psicológica como pessoas, por outra parte”.
Conseqüentemente, em relação à pessoa com deficiência;
• os preconceitos podem ser percebidos com segurança, 
principalmente face às práticas de discriminação tão fre-
qüentes em nossa sociedade, como a restrição de acesso à es-
cola e ao mundo do trabalho, dentre outras, reforçando que 
“(...) o Brasil tem em sua Constituição a proibição da discri-
minação, mas nem por isso ela deixa de existir em freqüentes 
ocasiões”, como afirmado por Crochík (2006, p.139).
Segundo Horkheimer & Adorno (1978, p.180) para os preconcei-
tuosos “A dicotomia da humanidade se dá em salvadores e con-
10 Texto Preconceito, in: Temas da Sociologia, São Paulo, Cultrix.
De modo geral, as atitudes sociais em relação às pessoas com defi-
ciência se faziam acompanhar de providências, de ações e de cui-iam acompanhar de providências, de ações e de cui-
dados. 
Em razão dos sentimentos e conhecimentos vigentes em cada épo-
ca da História, as pessoas com deficiência eram tratadas de maneira 
aviltante, ou seja, eram abandonadas em locais de isolamento, pri-
sões, ambientes de proteção, hospitais, sendo todas as alternativas 
de abandono justificadas pela cultura e pelo momento histórico.
É possível, então, afirmar que a humanidade transmite seu legado 
às gerações posteriores, as convicções mudam, os conhecimentos 
se ampliam e passam a explicar de maneira diferente os diversos 
fenômenos sociais. 
Sobre a concepção de deficiência, a História demonstra seme-
lhante trajetória. Santo Agostinho7 atribuía à deficiência a culpa, 
a punição e a expiação dos pecados cometidos pelos antepassados. 
Santo Tomás de Aquino8, seis séculos mais tarde, propõe outra ex-
plicação para a deficiência, ou seja, como sendo uma espécie de 
demência natural e não absolutamente um pecado.
Com o intuito, provavelmente, de se apoderar dos seus bens as 
pessoas com deficiência eram protegidas, em algumas culturas e 
épocas, chegando mesmo a gozar de certos privilégios. 
7 Santo Agostinho foi um bispo católico, teólogo e filósofo que nasceu em 13 de Novembro 
de 354 em Tagaste (hoje Souk-Ahras, na Argélia); morreu em 28 de Agosto de 430, em �ipo-lia); morreu em 28 de Agosto de 430, em �ipo-
na (hoje Annaba, na Argélia). É considerado pelos católicos santo e doutor da doutrina da 
Igreja. Para conhecer sua vida e sua obra, acesse o site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Agosti-
nho_de_�ipona. 
8 Santo Tomás de Aquino, OP, (Roccasecca, 1225 - Fossanova, 7 de Março 1274) - frade 
dominicano e teólogo italiano. Considerado o mais distinto expoente da Escolástica, foi 
proclamado santo pela Igreja Católica e cognominado de Doctor Communis ou Doctor 
Angelicus. Para aprofundar seu conhecimento sobre ele, acesse o site: http://pt.wikipedia.
org/wiki/Tom%C3%A1s_de_Aquino 
9 Rei Filipe IV, conhecido como O Belo (Philippe IV le Bel, em francês) (Fontainebleau, 
1268 - Fontainebleau, 29 de novembro de 1314) foi rei da França de 1285 até à sua morte. 
Integrante da dinastia capetiana, era filho de Isabel de Aragão e Filipe III, o Bravo. Casou-
se com Joana de Navarra com

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