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SEMINÁRIO INTERDISCIPLINAR VI Novas tecnologias e educação inclusiva Prezado Aluno. O material que apresentamos foi produzido por profes- sores atuantes no Sistema Universidade Aberta do Brasil e cedido por sua respectiva Universidade à Coordena- ção de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior – CAPES, que o disponibilizou para uso das Universida- des integradas ao sistema. Coordenação UAB/UESC O módulo a seguir foi reproduzido para o uso na disci- plina Seminário Interdisciplinar VI – Novas tecnologias e educação inclusiva, referente ao semestre 2013.1 Coordenação de Letras UAB/UESC EMENTA As educativas especiais e as novas tecnologias. Carga horária: 15 horas DISCIPLINA SEMINÁRIO INTERDISCIPLINAR VI Novas tecnologias e educação inclusiva Profª. Drª. Valdelúcia Alves da Costa Os processos de inclusão dos alunos com necessidades educativas especais: políticas e sistemas Valdelúcia Alves da Costa 1ª Edição • Rio de Janeiro • Editora UNIRIO • 2007 CONTEUDISTA Valdelúcia Alves da Costa PARECERISTA Edicléa Mascarenhas Fernandes Valdelúcia Alves da Costa CONSULTORA Em EAD Ana de Lourdes Barbosa de Castro COORDENADORA PEDAgógICA Mônica de A. Duarte COORDENADORA DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO Em EDUCAÇÃO ESPECIAL Maria Angela Monteiro Correa COORDENADORA DE PROD. DO mATERIAL DIDáTICO Denise Sardinha Mendes Soares de Araújo ESPECIALISTA Em AvALIAÇÃO Nilci da Silva Guimarães REDATORA Celeste Varella REvISORA Isabel Vitória Pernambuco de Fraga Rodrigues PROjETO gRáfICO Bianca Martins DIAgRAmAÇÃO Marcelo Miguez Bianca Martins Mônica Lopes CAPA Bianca Martins Mônica Lopes ILUSTRAÇõES Mônica Lopes BIBLIOTECáRIAS - REvISÃO BIBLIOgRáfICA - SISTEmA DE BIBLIOTECAS DA UNIRIO Isabel Grau Márcia Valéria Brito Costa gIANE mOLIARI AmARAL SERRA Coordenadora CEAD/UNIRordenadora UAB/UNIRIO ADILSON fLORENTINO DA SILvA Coordenador Substituto UAB WIRLyANE gOmES Assistente Administrativo CEAD/UINIRIO ANA DE LOURDES BARBOSA DE CASTRO Consultora em EAD CEAD/UNIRIO ANNA m CRISTINA DA ROChA P B. Secretária Executiva / Projetos UAB jOÃO LUIZ gUERREIRO mENDES Responsável pelo Setor Financeiro do Projeto ROSImERIA BARBOZA DA SILvA Apoio Técnico aos Projetos UAB DIOvANA LEmOS ALvES Bolsista Permanência CEAD/UNIRIO WILLIAN gONÇALvES SOARES Colaborador CEAD/UNIRIO môNICA DE ALmEIDA DUARTE Responsável pelo Setor Pedagógico CEAD/UNIRIO DENISE SARDINhA mENDES SOARES DE ARAújO Responsável pelo Setor de Produção do Material Didático gILmAR OLIvEIRA DA SILvA Responsável pelo Setor de Tutoria LILIAN DE CASTRO DOS SANTOS Apoio ao Setor de Produção de Material Didático BIANCA mARTINS Equipe de Design / Diagramação mARCELO mIgUEZ Equipe de Design / Diagramação môNICA LOPES NOgUEIRA Equipe Design / Ilustração mARIANO gOmES PImENTEL Responsável pelo Setor de Mediatização CEAD/UNIRIO CARLA fABIANA gOUvêA LOPES Equipe de desenvolvimento da Plataforma de Aprendizagem Virtual RICARDO RODRIgUES NUNES Equipe de desenvolvimento da Plataforma de Aprendizagem Virtual EDNA mARIA gALvÃO DE OLIvEIRA Responsável pelo setor de articulação UNIRIO e Pólos UAB Equipe responsável pela elaboração do Material Didático Equipe Técnica CEAD/UNIRIO PRESIDENTE DA REPúBLICA Luiz Inácio Lula da Silva COORDENADOR gERAL DA UAB Celso José da Costa COORDENADORA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DA UNIRIO Giane Moliari Amaral Serra mINISTRO DA EDUCAÇÃO Fernando Haddad SECRETáRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA/mEC Carlos Eduardo Bielschowsky REITORA DA UNIRIO Malvina Tania Tuttman PRó-REITORA DE PóS-gRADUAÇÃO DA UNIRIO Maria Tereza Serrano Barbosa COORDENADORA DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO Em EDUCAÇÃO ESPECIAL Maria Angela Monteiro Corrêa ISBN 978-85-61066-01-7 Costa, Valdelúcia Alves da. C837 Os processos de inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais : políticas e sistemas / Valdelúcia Alves da Costa. -Rio de Janeiro: UNIRIO/ CEAD, 2007. 124p. : il. Inclui bibliografia. 1. Política e educação. 2. Educação especial – Aspectos políticos. 3. Professores de educação especial - Formação. 4. Educação inclusiva. I. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (2003-). Coordenadoria de Educação a Distância. II. Titulo. CDD – 370.19349 CEAD - UNIRIO4 OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: POLÍTICAS E SISTEmAS CEAD - UNIRIO 5 Un id ad e I POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA Legislação, Políticas Públicas em Educação Especial e a inclusão escolar de alunos com necessidades especiais UNIDADE III - AS POLÍTICAS DE fORmAÇÃO DOS PROfISSIONAIS DA EDUCAÇÃO E A INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS NA CONTEmPORANEIDADE 85 3.1 Formação dos profissionais da educação e a inclusão de alunos com necessidades especiais na escola regular 86 3.2 Organização da escola, os desafios da inclusão escolar, o apoio aos professores e a questão da gestão democrática no processo de inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais 91 3.3 Políticas Públicas em Educação para Formação de Profissionais da Escola Pública e a Educação Inclusiva 98 gABARITO 108 BIBLIOgRAfIA 116 Sumário APRESENTAÇÃO DO CURSO 7 INTRODUÇÃO À DISCIPLINA 9 UNIDADE I - POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA 11 1.1 Legislação, Políticas Públicas em Educação Especial e a inclusão escolar de alunos com necessidades especiais 12 1.2 Políticas Públicas em Educação e a formação dos professores para a inclusão de alunos com Necessidades especiais na escola pública 24 1.3 Os desafios e perspectivas na implementação das políticas públicas em educação inclusiva nas escolas públicas regulares em consonância com os documentos oficiais 34 UNIDADE II - A fORmAÇÃO DO PRECONCEITO NA CULTURA, SUA mANIfESTAÇÃO PELO INDIvÍDUO, SEUS ASPECTOS hISTóRICOS, CONTEmPORÂNEOS E SEUS ImPACTOS NA ESCOLA E NA EDUCAÇÃO DE ALUNOS COm NECESSIDADES ESPECIAIS 49 2.1 Preconceito, cultura, indivíduo, deficiência e segregação na escola pública 50 2. 2 Preconceito, estereótipos, indivíduo com necessidades especiais, cultura, família e escola 60 2.3 Relação entre o preconceito e a segregação dos alunos com necessidades especiais, e sua importância na elaboração e implementação de Políticas Públicas em Educação e Formação de Professores para a inclusão escolar na escola regular 73 Apresentação do Curso Você está iniciando mais uma jornada em seu processo contínuo de qualificação profissional. Sua atuação consciente como educador certamente o mobilizou a realizar este curso. Você não deseja acrescentar mais um título ou um diploma em seu já experiente currículo. Você quer mais! Está buscando caminhos que o levem a desvendar um outro mundo, mais justo, menos discriminador, mais humano e fraterno. A Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO se associa a este modo de pensar e de estar na vida. Abre seu espaço acadêmico para a formação de profissionais que irão multiplicar pensamentos e experiências, num processo rizomático que permita a inclusão, em nossas escolas, dos portadores de necessidades especiais, de forma efetiva e verdadeira. Sinto-me privilegiada em poder estar vivendo este momento de concretização de alguns sonhos, aqui na UNIRIO. Um deles, o de colocar em prática a proposta de um curso de pós-graduação a distância voltado para Educação especial. O percurso não foi fácil. Ele representa o esforço e a dedicação de muitos que se envolveram nesta árdua, porém gratificante, tarefa de defender a inclusão como direito de todos, o respeito às diferenças e de acreditar no potencial do ser humano. Esta é sua Universidade: pública, federal, humanista,com qualidade acadêmica e compromisso social! Seja bem - vindo! malvina Tania Tuttman Reitora UNIRIO Introdução à Disciplina A disciplina que você ora inicia, como integrante de sua trajetória acadêmica, intitulada “Os processos de inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais: Políticas e Sistemas”, representa uma importante etapa do Curso e de sua formação como futuro(a) especialista em Educação Especial. Durante sua realização você estudará as políticas públicas em educação especial e de formação dos profissionais da escola na perspectiva da educação inclusiva com ênfase nas questões emanadas da sociedade contemporânea. Os temas sobre deficiência, diferença e segregação na escola pública; indivíduo, cultura, família, escola e preconceito serão apresentados e discutidos junto com você, tendo como referência os documentos oficiais que dão suporte às atuais políticas públicas em educação, formação de professores e gestores para a educação especial na escola pública. Minha expectativa maior neste momento é que você assuma os desafios de sua futura formação como especialista em cada página deste livro. Como também os desafios de pensar na organização da escola pública na perspectiva da educação inclusiva, ou seja, a educação dos alunos com necessidades educativas especiais na escola pública democrática e inclusiva. Lembre-se de que você não está sozinho(a). Em cada página você estará junto com os autores(as), com os personagens que emanam de cada página. Todos são protagonistas de uma aventura extraordinária – a aventura do conhecimento. Então, vamos dar início à leitura reflexiva e formativa de nosso livro? Como começar? Quando começar? Para que começar? Bom mesmo é começar desde a primeira linha da primeira página, tendo sempre a oportunidade de ler, reler, refletir, estudar, ouvir as ‘vozes’ de cada linha, de cada página e descobrir seus mistérios, suas fontes inesgotáveis do prazer esclarecedor do conhecimento. E ao final pensar e poder dizer: valeu a pena ter resistido e chegado até aqui!! Feliz leitura e estudo!! Prof.ª Dr.ª Valdelúcia Alves da Costa. UNIDADE I Políticas públicas em Educação Especial e a Escola inclusiva CEAD - UNIRIO12 OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: POLÍTICAS E SISTEmAS CEAD - UNIRIO 13 Un id ad e I POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA Legislação, Políticas Públicas em Educação Especial e a inclusão escolar de alunos com necessidades especiais • organização de escolas inclusivas com o intuito de enfren- tamento e superação da discriminação quanto à matrícula de alunos com necessidades educativas especiais em escolas regulares. Em nossa disciplina, a Resolução n.º 2/CNE/ CEB/2001 e seu Parecer n.º 17/CNE/ CEB/2001 serão fundamentais para a com- preensão da emergência, necessidade e impor- tância de Políticas Públicas em Educação para a formação de professores e inclusão escolar de alunos com necessidades especiais. http:// afiliados. submarino. com.br/books_productdetails.asp? Query=ProductPage&ProdTypeId= 1582844&ST=SF Os documentos de referência encontram-se disponíveis, na íntegra, no site do MEC: http:// portal.mec.gov.br/seesp/ na área Legislação Específica/Documentos Internacionais. Baudolino (Rio de Janeiro: Record, 2001). É o quarto romance de Umberto Eco. A trama se passa na Idade Média, entre 1152 e 1604. Conta a história de Baudolino, um adolescente esperto e mentiroso que conquista o afeto do poderoso Frederico I, vulgo Barba Ruiva. Baudolino, adotado pelo Imperador, parte para várias aventuras que são narradas ao historiador Niceta Coniate, enquanto Constantinopla é saqueada pelos cruzados. Trata-se de um romance histórico, divertido e erudito, no melhor estilo das aventuras picarescas. 1.1 Legislação, Políticas Públicas em Educação Especial e a inclusão escolar de alunos com necessidades especiais Objetivo especifico: Discutir as Políticas Públicas em Educação Especial advindas da legislação vigente, considerando a organização da escola para a inclusão de alunos com necessidades especiais Ter sonhos, utopias, fantasias, lembranças, memórias, inventar histórias nas quais somos os primeiros a acreditar e narrá-las é uma necessidade primária, perfeitamente intrínseca à vida do homem. (Umberto Eco, Baudolino) Introdução Quero iniciar nossos encontros formativos com uma alentadora notícia para você: vivemos um momen- to cultural favorável à inclusão, conseqüentemente, contrário à segregação das minorias historicamente excluídas, e por isso cresce a demanda por uma socie- dade democrática e inclusiva. No que se refere à formação de professores e à in- clusão de alunos com necessidades especiais, os dis- positivos legais vigentes estabelecem a elaboração e implementação de Políticas Públicas em Educação que promovam movimentos de democratização e inclusão nas escolas públicas brasileiras por inter- médio de: • programas de formação de professores e de- mais profissionais da escola; CEAD - UNIRIO14 OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: POLÍTICAS E SISTEmAS CEAD - UNIRIO 15 Un id ad e I POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA Legislação, Políticas Públicas em Educação Especial e a inclusão escolar de alunos com necessidades especiais A possibilidade de uma educação democrática e emancipadora Considerando o estudado até agora, a possibilidade de uma educa- ção democrática e emancipadora parece ser a alternativa para: • a superação das diferenças significativas, marcadas pelas deficiências sensoriais, físicas e mentais, como obstáculo para o acesso e a per- manência na escola pública regular dos alunos com necessidades especiais; • a possibilidade de se pensar em uma escola democrática e uma sociedade justa e humana na contemporaneidade. Portanto, observamos atualmente em relação à edu- cação dos alunos com necessidades educativas especiais a: • emergência de uma escola inclusiva e movimentos de com- bate ao preconceito voltado aos alunos com deficiência. Quanto a isso, é importante considerar o que Adorno (2000, p.141), em seu livro Educação e Emancipação, considera quan- to à educação. Para esse autor, a educação é, antes de tudo: •“Esclarecimento e desenvolvimento de uma consciência verdadeira”. E, ainda mais, para Adorno, a educação: • “Seria inclusive da maior importância política”; • “Sua idéia, em sendo permitido assim dizer, é uma exigência política”; Ler na íntegra • AINSCOW, Mel (2002). “Educação para todos: torná-la uma realidade”. In: Dimensões formati- vas. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional, p.13-31. Disponível em: http://www.dgidc.min-edu.pt/ revista/revista5/Mel%20Ainscow. htm ADORNO, T. W. (2000). Edu- cação e Eman- cipação. São Paulo: Paz e Terra. O livro Educação e Emancipação reúne conferências redigidas pelo próprio teórico, além de debates e entre- vistas com Helmut Becker e Gerd Kadelbach, produzidas em parceria com a Divisão de Educação e Cultura do Estado de Hessen, Alemanha, cuja série “Questões educacionais da atualidade” foi realizada no período de 1959 a 1969. Ler mais em: http://www.subma- rino.com.br/ Desenvolvimento A importância democrática da escola inclusiva As necessidades educativas especiais dos alunos não deveriam ser um impeditivo para seu ingresso e per- manência na escola pública, atualmente denomina- da regular. Para compreender e possibilitar a superação dos im- pedimentos ainda alegados pela escola, é necessário que ela, dentre outros aspectos, se organize na perspectiva da edu- cação democrática, ou seja, considerando os princípios do acesso e permanência dos alunos assim como a apropriação do conheci- mento por todos eles. Para tal, a escola demanda: • estar equipada com os recursos didático-pedagógicos es- pecíficos para asdiversas necessidades especiais dos alunos; • formar professores para lidar com as diferenças de apren- dizagem dos alunos com necessidades especiais. Assim, o esforço para o alcance da educação para todos, segundo Ainscow (2002, p.13), é que “(...) em vez de se sublinhar a idéia da integração”, se deve considerar que “(...) há atualmente movimentos que visam à educação inclusiva, cujo objetivo consiste em organizar as escolas, de modo a que respondam às necessidades de todas as crianças”. Logo, a educação para todos, segundo a referida autora, deve su- perar a: • idéia de que se devem introduzir apenas medidas adicio- nais, compensatórias, temporárias, somente para responder aos alunos especiais matriculados em salas de aula regulares, em um sistema educativo que se mantém inalterado em suas linhas gerais. Políticas Públicas em Educação, de acordo com Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 3.ªed., Editora Positivo, 2004, p.1592, refere-se ao “Conjunto de ações do Governo relativas ao estabeleci- mento de programas de formação de professores, organização dos sistemas públicos de ensino no País, com o propósito de democratização a educação e o acesso à escola.” CEAD - UNIRIO16 OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: POLÍTICAS E SISTEmAS CEAD - UNIRIO 17 Un id ad e I POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA Legislação, Políticas Públicas em Educação Especial e a inclusão escolar de alunos com necessidades especiais Se as reproduções de práticas pedagógicas sem fundamentação teó- rica pelos professores são reducionistas, é possível afirmar que: • Essas práticas pedagógicas são antidemocráticas, isto é, encontram-se à mercê de modelos educacionais que aprisio- nam os alunos com deficiência e seus professores em espaços segregados, como escolas e classes especiais, por não atende- rem a diversidade da maneira de aprender dos alunos. O desvelamento do reducionismo reinante na educação segregada O desvelamento do reducionismo reinante na educação segregada dos alunos com necessidades especiais dar-se-á, necessariamente pelo: • Conhecimento que possibilitará sua consciência e seu es- clarecimento aos professores e demais profissionais da esco- la onde atuam com esses alunos. Educação Especial – modelo Integracionista Vamos recordar a abordagem do modelo pedagógico até recente- mente adotado na educação dos alunos com deficiência – Integra- cionista. O que você compreendeu, até então, quanto ao que é integração como modelo pedagógico adotado na Educação Especial? Lembre-se de que você estudou esse modelo na disciplina “Funda- mentos da Educação Especial” deste Curso. Assim, reflita sobre o sentido de “Integração” considerando o item a seguir: • O termo integração tende a indicar a eliminação da dife- rença daquele que é integrado. Logo, a integração escolar só foi e é possível para aqueles que têm sua diferença negada (embora não deixe de existir). Ou seja, para os alunos que se • “Isso é: uma democracia com o dever de não apenas fun- é: uma democracia com o dever de não apenas fun- cionar, mas, operar conforme seu conceito demanda pessoas emancipadas.” • “Uma democracia efetiva só pode ser imaginada como uma sociedade de pessoas emancipadas.” Portanto, considerando que a educação é fundamental para o for- talecimento da democracia, no que se refere à educação escolar de alunos com necessidades especiais, denominada educação especial, é importante possibilitar: • A inclusão desses alunos na escola pública denominada re- gular e, conseqüentemente, a discussão acerca da dicotomia ainda existente quanto às classes regulares e classes especiais. • Considerando essa dicotomia é possível afirmar que o co- nhecimento posto em prática, sobretudo, pelos professores, no cotidiano escolar, até então, não se efetivou na democra- tização da escola pública. Portanto: • É necessário considerar e questionar na formação e na prá- tica docente do professor, o que se segue: • Os professores vêm elaborando em seu processo forma- tivo docente conhecimento sobre alunos com necessidades especiais? • Os professores conseguem pensar considerando os prin- cípios da educação inclusiva, ou seja, aqueles que se fun- damentam na concepção de escola democrática e aberta à diversidade dos alunos? • Os professores reproduzem práticas pedagógicas tradicio- nais, rigidamente pautadas na seqüência dos conteúdos sem fundamentação teórica, ou seja, reducionistas? CEAD - UNIRIO18 OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: POLÍTICAS E SISTEmAS CEAD - UNIRIO 19 Un id ad e I POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA Legislação, Políticas Públicas em Educação Especial e a inclusão escolar de alunos com necessidades especiais continuidade implicará uma educação não-emancipadora para to- dos, com ou sem deficiência. A educação para a adaptação, como foi destacada por Adorno (2000), tem a função de preparar os indivíduos para se orientarem no mundo. Ou seja, a questão da adaptação é importante, e a educação deve tê-la como meta. mas deve ir para além dela, no sentido da emancipação dos alunos e professores. Vamos refletir mais um tanto sobre a idéia de adaptação no proces- so de educação dos indivíduos, com ou sem deficiência. Estávamos discutindo a educação especial e educação inclusiva. Mas eis que entra em cena a idéia de adaptação: o que não deve ser surpreendente para você, para mim, para nós, sejamos professores ou alunos, pois, pelo fato de que, mesmo a educação denominada regular ou comum destinada historicamente aos alunos considera- dos ‘normais’, torna-se exclusivamente adaptação, ao não atender à exigência e à demanda humana de emancipação desses alunos. Conseqüentemente, a crítica à educação especial é, obrigatoria- mente, crítica à educação regular e dessa crítica não poderá estar desvinculada, se se pretende uma educação democrática. Observe, então, que a educação para a adaptação, imposta aos alu- nos com deficiência nas classes especiais e instituições especializa- das, reproduz o que é praticado com os alunos sem deficiência, e, nesse sentido, revela a educação comum ou regular, ou seja, uma educação antidemocrática. Constatamos que, como afirmado por Adorno (2000, pp.169- 170), “(...) não somos educados para a emancipação”, sendo que ela é necessária para o enfrentamento e a possível superação da so- ciedade de classes e de tantos segregados. Considerando isso, po- demos perguntar: tornam homogêneos, abrindo mão de sua demanda huma-homogêneos, abrindo mão de sua demanda huma- na e de sua possibilidade de se diferenciar como indivíduos, quando a diferença deveria ser considerada como sendo a essência humana. • Isso implica o entendimento que a educação é possível exclusivamente para os indivíduos que se adaptam plena- mente ao que é previsto e implementado pela considerada escola regular. Conseqüentemente, exclui os alunos que não se submetem ao currículo escolar. Dessa maneira, é possível afirmar que a educação na sociedade contemporânea vem se reproduzindo com base em modelos que visam predominantemente à adaptação, não se voltando à refle- xão crítica para a emancipação dos alunos, com ou sem deficiência, como também à de seus professores. Considerando nossa discussão, é também possível afirmar que uma educação para a inclusão e para a emancipação de todos os alunos se constitui na contemporaneidade como uma alternativa democrática para: • A superação da diferença significativa, marcada pela de- ficiência, como obstáculo para o acesso e permanência na escola pública dos alunos com necessidades especiais; • A possibilidade de se pensar uma sociedade justa e huma- na, contrapondo-se, assim, à prática pedagógica institucio- nal de controle do destino dos alunos, inclusive os com ne- cessidades especiais. Becker, ao criticar a educação para a adaptação, no texto “Educa- çãoe Emancipação” (Adorno, 2000, p.174)1, refere-se à Caroline Kennedy como uma criança cada vez mais adaptada ao imposto pela escola tradicional. Para Becker, “(...) o simples fato de a adaptação ser o êxito princi- pal da educação infantil deveria ser motivo de reflexão”, pois, sua 1 ADORNO, T. W. (2000). Educação e Emancipação. São Paulo, Paz e Terra. CEAD - UNIRIO20 OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: POLÍTICAS E SISTEmAS CEAD - UNIRIO 21 Un id ad e I POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA Legislação, Políticas Públicas em Educação Especial e a inclusão escolar de alunos com necessidades especiais • Do círculo da mercadoria, do repetitivo, do reprodutivo, da mesmice, da modelagem de pessoas. • E, sem dúvida, isso é educativo, é formativo, é possibili- dade de emancipação, pela educação, para todos os alunos, com ou sem necessidades educativas especiais. Portanto, é urgente pensar nas concepções que os professores e alunos têm das categorias que norteiam as práticas pedagógicas da educação de alunos com necessidades especiais, a seguir: • Educação; • Escola; • Ensino e aprendizagem; • Conteúdos curriculares; • Métodos de ensino; • Avaliação da aprendizagem, dentre outras. Muitos trabalhos têm sido publicados abordando as questões acer- ca de se repensar e/ou ressignificar essas concepções e práticas pe- dagógicas. Não cabe apenas a proposta face à importância e à demanda por educação inclusiva para todos. O momento, sem dúvida, é de elaborar e se apropriar de conheci- mento para tornar possível a escolarização dos alunos com neces- sidades educativas especiais na escola inclusiva. Mas é importante destacar: essa reflexão deve ocorrer, igualmente, no bojo do enca- minhamento dos referidos alunos ao sistema escolar, sem a separa- ção entre classes regulares e especiais. • É possível pensarmos em uma educação emancipatória para além da adaptação? Em sendo isso possível, ou seja, em sendo sim nossa resposta, po- demos avançar afirmando também que: É possível apreender as muitas possibilidades de um projeto de educação voltado para a: • Reflexão por parte dos alunos e professores; • Emancipação, resistência e superação da segregação insti- tucional; • Formação e o esclarecimento dos indivíduos, com ou sem deficiência, alunos e professores. Afirmo também que isso é possível, considerando, sobretudo, a importância da crítica, que deve ser exercitada na escola pelos professores em parceria com seus alunos e colegas de trabalho pe- dagógico e acadêmico. A função educativa da reflexão Dessa maneira, vale destacar que a educação para Adorno (2000, p.142)2 evidentemente não deve ser: [...] a chamada modelagem de pessoas, porque não temos o direito de mo- delar pessoas com base em seu exterior. Mas, também não é a mera trans- missão de conhecimentos, cuja característica de coisa morta foi mais do que destacada, mas, sim, a produção de uma consciência verdadeira. Tomando por base essa provocativa afirmação de Adorno, pense e discuta o que é, para você, seus alunos e colegas, educação. Sugiro que antes de darmos respostas, é importante refletir, pois ao tra- tarmos da função educativa da reflexão, resgatamos a dimensão da educação para além: 2 ADORNO, T. W. (2000). Educação e Emancipação. São Paulo, Paz e Terra. CEAD - UNIRIO22 OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: POLÍTICAS E SISTEmAS CEAD - UNIRIO 23 Un id ad e I POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA Legislação, Políticas Públicas em Educação Especial e a inclusão escolar de alunos com necessidades especiais CONCLUSÃO Espero enfaticamente que os temas desenvolvidos e discutidos, as leituras críticas até então realizadas tenham contribuído para sua reflexão acerca da educação inclusiva que, nessa perspectiva, se contrapõe à educação segregada historicamente imposta aos alunos com necessidades especiais. Exercícios de auto-avaliação 1-Analise de maneira crítico-reflexiva o tema da educação para a emancipação e suas possibilidades de se pensar a escola inclusiva para alunos com necessidades educativas especiais. Recomendações: • Pense no quanto é importante você escrever o que está pensando sobre o estudado até agora, ou seja, sobre o que você está entendendo da proposta de análise crítico-reflexiva. • Não tenha receio de escrever o que pensa. O que você pensa é o mais importante para ser escrito. Daí a importância deste Curso para sua formação. Inclusão escolar e social dos alunos com necessidades especiais Pois bem, vem-se ampliando nos últimos anos a dis- cussão a respeito de inclusão escolar e social e os ca- minhos para a escola inclusiva vêm se alargando, o que é muito significativo. Quanto à não discriminação dos alunos com necessidades educa- tivas especiais, significa, nesse momento, também o atendimento aos seguintes dispositivos legais nacionais e internacionais, dentre outros, que preconizam sua matrícula na rede regular de ensino: • Constituição Federal/1988; • Declaração de Salamanca e suas Linhas de Ação/1994; • Lei n.º 9394/1996 de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira; • Plano Nacional de Educação/CNE/2000; • Resolução n.º 2/CNE/CEB/2001, e seu Parecer n.º 17/ CNE/CEB/2001; • Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência/ONU/2006. Entretanto, podemos verificar que a não discriminação quanto à matrícula na escola regular não impede a manifestação do precon- ceito na sociedade, embora contribua, sobremaneira, para seu en- frentamento e entendimento ao proporcionar a possibilidade da experiência entre diferentes subjetividades no cotidiano da escola regular. http/www.mj.gov.br/mpsicorde/ arquivos/publicacao/714/ Images/714_1.doc OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: POLÍTICAS E SISTEmAS CEAD - UNIRIO24 POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA Políticas Públicas em Educação e a formação dos professores para a inclusão de alunos com necessidades especiais na escola pública CEAD - UNIRIO 25 Un id ad e I Você deve estar ansioso(a) para saber se Umberto Eco também propôs as respostas. Mas, tenho algo melhor ainda para dizer-lhe. Segundo o referido pensador: • Devemos ensinar às crianças que todos os seres humanos são diferentes uns dos outros. • Ao que eu acrescento: saber sobre diferenças humanas não deve-ria ser ensinado, mas aprendido desde sempre, desde cedo, desde a educação infantil. Nesse sentido, atualmente se estabeleceu um singu- lar abismo na sociedade contemporânea, que se de- nomina democrática, considerando, pois, que não é politicamente correto discriminar os indivíduos significativamente diferentes, no caso os alunos com necessidades educativas especiais. Daí, o movimento de inclusão na escola regular. Mas, isso não significa necessariamente que estejamos combatendo o pre- conceito. Quando, sob a alegação de falta de condições para o atendimento dos alunos com necessidades educati- vas especiais na escola pública, como professores es- pecializados e recursos pedagógicos específicos, jus- tificamos a existência da dicotomia de escola regular x escola especial, reforçando o preconceito, embora procuremos: • não discriminar ao aceitar a matrícula daque- les alunos que não reúnem condições exigidas pela escola para sua inserção, quando a escola é que deveria se modificar para acolher e educar todos os alunos. Estude, a seguir, o desenvolvimento dessas idéias. Umberto Eco (Nasceu em Alexandria, Itália, em 5 de janeiro de 1932). É um escritor, filósofo e lingüista italiano. Eco é mundialmente reputado por seus diversos ensaios universitários sobre a semiótica, a estética medieval, a comunicação de massa, a lingüística e a filosofia. É, também, titular da cadeira de Semiótica e diretor da Escola Superior de Ciências Humanas na Universidade de Bolonha, Itália, além de colaboradorem diversos periódicos acadêmicos, colunista da revista semanal italiana L’Espresso e professor honoris causa em diversas universidades ao redor do mundo. Eco é, ainda, notório escritor de romances, entre os quais O nome da rosa e O pêndulo de Foucault. Ler mais sobre esse pensador e sua obra em: http://pt.wikipedia.org/ wiki/Umberto_Eco 1.2 Políticas Públicas em Educação e a formação dos professores para a inclusão de alunos com necessidades especiais na escola pública Objetivo especifico: Discutir a formação dos professores, no âmbito das Políticas Públicas em Educação, para a inclusão de alunos com necessidades especiais nas escolas públicas Não faz sentido. Eu podia ganhar todo esse tempo aprendendo a voar. Há tanto que aprender! (Richard Bach, Fernão Capelo Gaivota) A epígrafe foi retirada do livro Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach. Rio de Janeiro: Editora Nórdica, 1970, p. 18. Introdução Iniciando nossa segunda subunidade, quero dizer-lhe que li, há al- gum tempo, em um ensaio de Umberto Eco (2001, p. 13), intitu- lado “Em nome da razão”, suas considerações críticas sobre a crise entre as civilizações ocidentais contemporâneas. Eco atribui essa crise à intolerância às diferenças culturais, étnicas, intelectuais. Nesse ensaio, ele recomenda uma análise crítica do terror e da in- tolerância às diferenças na contemporaneidade. Para tal, destaca que “Um dos valores sobre os quais muito se fala na civilização ocidental é a aceitação das diferenças”. A partir de tal constatação, Eco elabora duas questões: • Como se ensina a aceitação das diferenças? • Como ensinar às crianças a aceitar aqueles que são dife- rentes delas? CEAD - UNIRIO26 OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: POLÍTICAS E SISTEmAS POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA Políticas Públicas em Educação e a formação dos professores para a inclusão de alunos com necessidades especiais na escola pública CEAD - UNIRIO 27 Un id ad e I Portanto, a educação democrática parece constituir-se em alterna- tiva para a: • Superação da diferença significativa, como obstáculo para o acesso dos alunos com necessidades educativas especiais à escola pública e sua permanência nela; • Possibilidade de se pensar uma sociedade justa. Em segundo lugar, é importante destacar as possibilidades da edu- cação democrática e do acolhimento pela escola das diferenças dos alunos. Para ilustrar o que estamos dizendo, recorremos a Ainscow (2002, p.14), ao destacar duas questões quanto a isso: • Como podem os professores ser apoiados para organizar as suas salas de aula de modo a assegurar a aprendizagem de todos seus alu- nos? • Como as escolas podem ser organizadas de forma a apoiarem os professores? Para a valorização profissional dos professores, destaco do texto de Ainscow (p.15) duas estratégias, dentre outras: • Oportunidade para considerar novas possibilidades de atuação docente; • Apoio à experimentação e reflexão. Ler o texto, na íntegra, de AINSCOW, Mel. (2002). “Educação para todos: torná-la uma realidade”. In: Dimensões formativas. Lisboa, Instituto de Inovação Educacional, p.13-31. Disponível em: http:// www.dgidc.min-edu.pt/revista/ revista5/Mel%20Ainscow.htm. Desenvolvimento Em relação à educação inclusiva, faz-se necessário inicialmente pensar sobre o que queremos e o que podemos fazer nesse mo- mento acerca da educação dos alunos com necessidades educativas especiais decorrentes, ou não, de deficiências: Queremos a inclusão da educação especial na educação regular? Ou queremos a inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais (hoje alunos das modalidades de atendimento da educa- ção especial como classes especiais) na educação escolar, que então não deveria mais ser denominada educação regular, como o é atu- almente para se contrapor à educação especial, delimitando dessa maneira espaços separados de aprendizagem? Em primeiro lugar, vamos discutir como a educação democrática se constitui. Ela implica, necessariamente, a organização das escolas e a forma- ção de professores e demais profissionais da educação para o aco- lhimento da diversidade dos alunos. Na perspectiva da concepção da inclusão, o acesso à escola públi- ca e a permanência nela dos alunos com necessidades educativas especiais dependem da organização de escolas democráticas e da formação de professores para a autonomia. Estamos chamando sua atenção para a seguinte questão: a orga- nização de escolas democráticas e a formação de professores têm sido objetos de pesquisa com o objetivo de chegar a se identificar as condições mais favoráveis ao êxito da aprendizagem nas salas de aula da escola pública. Temos estudado também as diversas manei- ras de organização de gestão escolar. Estudos e pesquisas têm contribuído para a identificação de atitu- des, por parte dos profissionais da educação, que permitem a segre- gação na escola pública. CEAD - UNIRIO28 OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: POLÍTICAS E SISTEmAS POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA Políticas Públicas em Educação e a formação dos professores para a inclusão de alunos com necessidades especiais na escola pública CEAD - UNIRIO 29 Un id ad e I É preciso que os professores sejam encorajados a permitir o pro- cesso social de aprendizagem entre os próprios alunos com sua mediação permanente. Estratégias exigem mais que técnicas pedagógicas. A mais impor- tante e revolucionária estratégia pedagógica é a capacidade de res- posta dos professores às experiências dos alunos, à medida que se desenvolvem as atividades em suas salas de aula de maneira coletiva e solidária. Essa capacidade implica modificar planos de ensino e atividades pedagógicas durante seu desenvolvimento, em resposta à deman- da dos alunos. Agindo assim, os professores podem encorajar uma participação ativa e, ao mesmo tempo, podem levar cada aluno a viver experiências em sala de aula. Observe como é importante que as políticas públicas de forma- ção de professores, tanto inicial quanto continuada, contemplem o desenvolvimento da sensibilidade dos professores, para que eles possam pensar o planejamento e executar a prática pedagógica le- vando em consideração a demanda de seus alunos, considerando novas possibilidades de atuação junto a eles, ainda não presentes, em sua experiência histórica docente. O desenvolvimento da sensibilidade dos professores possibilitará o exercício da reflexão crítica de sua prática, se os professores se perguntarem: • o que fazem? • para que fazem? • como fazem? • e, principalmente, por que os alunos não conseguem aprender em uma única escola para todos, sem separação entre classe especial e classe regular? Ainscow (2002, p. 16) destaca também que encorajar os profes-nscow (2002, p. 16) destaca também que encorajar os profes- sores a explorarem formas de desenvolver a sua prática, de modo a facilitar a aprendizagem de todos os alunos, é um convite a ex- perimentarem métodos que “(...) no contexto da sua experiência anterior, lhes são estranhos”. Implicando isso que os professores precisam ser estimulados à experiência de novas maneiras de atu- ação docente. Você provavelmente sabe que a escola se torna antidemocrática quando suas práticas pedagógicas dificultam ou impedem a expe- riência entre alunos sem deficiência com os alunos com deficiência ou com necessidades especiais. Historicamente, na educação especial houve ênfase no planeja- mento individual e, conseqüentemente, no empobrecimento da experiência entre alunos com e sem necessidades especiais. Na perspectiva da educação inclusiva é importante planejar consi- derando todos os alunos com sua diversidade. Os próprios alunos representam uma rica fonte de experiências, e a aprendizagem é, sobretudo, um processo social. CEAD - UNIRIO30 OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOSCOm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: POLÍTICAS E SISTEmAS POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA Políticas Públicas em Educação e a formação dos professores para a inclusão de alunos com necessidades especiais na escola pública CEAD - UNIRIO 31 Un id ad e I• poderão atender à demanda humana dos alunos em salas de aula inclusivas. Embora as políticas públicas para a formação dos professores, tan- to inicial quanto continuada, sejam ainda incipientes: • é possível pensar na possibilidade de uma sociedade onde haja lugar para a escola democrática e a educação inclusiva para alunos com deficiência e sem deficiência. Os movimentos em prol da inclusão revelam a possibilidade de inaugu- rarmos a humanidade que pode finalmente desenvolver-se em intera- ção com as diferenças dos indivíduos na escola inclusiva. Tenho observado em eventos e conferências que ministro pelo Brasil uma grande vontade de os professores (da educação regu- lar e especial) aprenderem novas técnicas e métodos para utilizarem em suas salas de aula com alunos que apresentam deficiências. Procuro sempre: • estimulá-los, para que pensem novas maneiras de atuação docente com base nos conhecimentos teó- ricos a que eles têm acesso nos cursos (ou provocar neles a busca); • e, sobretudo, incentivá-los para a reflexão crítica sobre suas concepções de aprendizagem, ensino, professor, alu- no, métodos, técnicas e avaliação da aprendizagem, dentre outras categorias que povoam os cursos realizados por eles. Chamo a atenção dos professores, também, para a seguinte questão: • Os métodos, a avaliação da aprendizagem, as técnicas ou abordagens de ensino são elaborações sociais e, conseqüen- temente, não são neutros. • Eles refletem ideologias e nelas se baseiam. • Eles dificultam ou impedem a compreensão das implica- ções pedagógicas das relações de poder no seio da educação e na vida dos alunos. Pois bem, você deve estar perguntando se é necessário, portanto, que os professores se formem como profissionais reflexivos, críti- cos e humanizados. Claro que sim!!! Dessa maneira os professores: • poderão superar os limites decorrentes do mundo estreito imposto aos alunos com necessidades educativas especiais; Dentre vários significados de ideologia, destaco o que se refere a um “Conjunto de idéias próprias de um grupo, de uma época, e que traduzem uma situação histórica”. In: http://www.aureliopositivo. com.br/aurelio/impressos/01cf.asp CEAD - UNIRIO32 OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: POLÍTICAS E SISTEmAS Exercícios de auto-avaliação 1-Destaque do texto estudado os aspectos que você considerou mais relevantes na formação dos professores para a implementação das políticas públicas em educação inclusiva em seu município ou escola, e faça uma análise crítica. CONCLUSÃO Finalizando, minha expectativa maior com esta subunidade é possibilitar a você e aos seus alunos pensarem na possibilidade do potencial esclarecedor e, conseqüentemente, emancipatório dessa discussão acerca das políticas públicas em educação inclusiva. É possível superar a indiferença da sociedade que dificulta ou mesmo impede a experiência entre alunos com deficiência e sem deficiência na escola pública. Sou favorável à escola pública democrática e aberta às contradições sociais e humanas. A inclusão contribuirá para tal. Converse sobre essas questões com seus colegas, com seus alunos, com seu gestor, com os familiares de seus alunos e com representantes da comunidade. O que isso lhe parece? Caso você queira conversar mais sobre essas questões, entre em contato com sua tutora. CEAD - UNIRIO34 OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: POLÍTICAS E SISTEmAS CEAD - UNIRIO 35 Un id ad e I POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA Os desafios e perspectivas na implementação das políticas públicas em educação inclusiva nas escolas públicas regulares em consonância com os documentos oficiais Você poderá acessar na íntegra os documentos legais, nacionais e internacionais, aqui apresentados e discutidos, no site do MEC: http://portal.mec.gov.br/seesp/ na área Legislação Específica/ Documentos Internacionais. 1. Relação comentada dos documentos que destacam a educação dos alunos com necessidades especiais na perspectiva da inclusão escolar Destacamos alguns documentos, tais como: • Constituição Federal/1988 que, no Artigo 208, prevê o “Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente, na rede regular de ensino”. 1.3 Os desafios e perspectivas na implementação das políticas públicas em educação inclusiva nas escolas públicas regulares em consonância com os documentos oficiais Objetivo especifico: Discutir as políticas públicas relativas, à formação de professores e à educação inclusiva, considerando os atuais documenTos oficiais nacionais e internacionais Para os seres humanos, com um forte desejo de inclusão, é quase insuportável saber que alguém não tem a mínima possibilidade dela. (Valdelúcia Alves da Costa, 2005) Introdução Como estudamos na 1ªsubunidade, é possível afirmar que a socie- dade contemporânea vive um momento cultural contrário à dis- criminação das minorias historicamente excluídas e, conseqüente- mente, cresce a demanda por uma sociedade inclusiva. Apesar do preconceito ainda persistir, evita-se a discriminação quanto à matrícula de alunos com necessidades educativas espe- ciais nas escolas regulares dos sistemas brasileiros de ensino. Desenvolvimento Os documentos oficiais, nacionais e internacionais, atendendo à demanda humana e social pela inclusão de todos os indivíduos com necessidades especiais nas diversas instâncias da sociedade, preconizam a inclusão escolar dos alunos com necessidades edu- cativas especiais na escola regular. CEAD - UNIRIO36 OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: POLÍTICAS E SISTEmAS CEAD - UNIRIO 37 Un id ad e I POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA Os desafios e perspectivas na implementação das políticas públicas em educação inclusiva nas escolas públicas regulares em consonância com os documentos oficiais como contínua, estejam voltados para atender às necessida- des educativas especiais nas escolas integradoras. (p. 11) • Toda pessoa com deficiência tem o direito de manifestar seus desejos quanto à sua educação, na medida de sua capa- cidade de estar certa disso. Os pais têm o direito inerente de serem consultados sobre a forma de educação que melhor se ajuste às necessidades, circunstâncias e aspirações de seus filhos (p. 17) • O desafio que as escolas integradoras enfrentam é o de de- senvolver uma pedagogia centralizada na criança, capaz de educar com sucesso todos os meninos e meninas, inclusive os que sofrem de deficiências graves. O mérito dessas escolas não está só na capacidade de dispensar educação de qualida- de a todas as crianças; com sua criação, dá-se um passo mui- to importante para tentar mudar atitudes de discriminação, criar comunidades que acolham a todos e sociedades inte- gradoras”. As escolas que se centralizam na criança refe-rem- se à base para a construção de uma sociedade centrada nas pessoas, que respeite tanto a dignidade como as diferenças de todos os seres humanos. (p. 18) • O princípio fundamental que rege as escolas integrado- ras é de que todas as crianças, sempre que possível, devem aprender juntas, independentemente de suas dificuldades e diferenças. Nas escolas integradoras, as crianças com necessidades educativas especiais devem receber todo apoio adicional necessário para garantir uma educação eficaz. (p. 23) • Os programas de estudos devem ser adaptados às neces- sidades das crianças e não o contrário (p.28), sendo que as que apresentaremnecessidades educativas especiais devem receber apoio adicional no programa regular de estudos, ao invés de seguir um programa de estudos diferente. (p.29) • Constituição Estadual/1989 que, no Artigo 305, garante o “Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência e ensino profissionalizante na rede regular de ensino, quando necessário, por professores de educação especial”. • Lei nº 8.069/1990, sobre o Estatuto da Criança e do Ado- lescente que dispõe no Art. 54, inciso III, sobre a educação, afirmando que “É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: atendimento especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. • Declaração Mundial de Educação para Todos, Jomtien, Tailândia/1990, que propõe a constituição de um sistema educacional inclusivo, pelo qual o Brasil fez opção. • Declaração de Salamanca e suas Linhas de Ação, Espanha/1994 – Conferência Mundial sobre necessidades educativas especiais: acesso e qualidade, na qual o Brasil mostrou consonância com seus postulados. Da Declaração de Salamanca, cujo princípio fundamental é “[...] de que as escolas devem acolher todas as crianças independente- mente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou outras” (p.17), ressaltamos alguns trechos, dentre outros, que justificam a proposta de uma educação inclusiva para alunos com necessidades educativas especiais: • As pessoas com necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas comuns, que deverão integrá-las numa pedagogia centralizada na criança, capaz de atender a essas necessidades; adotar com força de lei ou como política, o princípio da educação integrada que permita a matrícula de todas as crianças em escolas comuns, a menos que haja ra- zões convincentes para o contrário. (p. 10) • Assegurar que, em um contexto de mudança sistemática, os programas de formação do professorado, tanto inicial CEAD - UNIRIO38 OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: POLÍTICAS E SISTEmAS CEAD - UNIRIO 39 Un id ad e I POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA Os desafios e perspectivas na implementação das políticas públicas em educação inclusiva nas escolas públicas regulares em consonância com os documentos oficiais todos os tipos de deficiências, antes de se especializar numa ou várias categorias particulares de deficiência. (p.38) 2. Lei nº 9.394/1996 A Lei nº 9.394/1996 estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, e em seu capítulo V dispõe quanto à educação especial, entendendo-a como “[...] uma modalidade de educação escolar, oferecida, preferencialmente, na rede regular de ensino, para edu- candos portadores de necessidades especiais”. A referida Lei delibera, também, sobre: • os sistemas de ensino, que deverão assegurar aos alunos com necessidades especiais currículos, métodos, técnicas e recursos educativos específicos, como também uma organi- zação adequada, para atender às suas necessidades. • a formação de professores: para atuarem junto aos alunos com necessidades educativas especiais, eles deverão ter uma especialização adequada em nível médio ou superior para atendimento especializado, e os do ensino regular, capacita- dos para a integração desses alunos em suas classes. 3. Plano Nacional de Educação/CNE/2000 • O Plano Nacional de Educação/CNE/2000, aprovado pela Lei nº 10.172/2001, preconiza, quanto à formação dos profissionais da educação, que “A formação continuada de profissionais da educação, tanto docentes como funcioná- rios, deverá ser garantida pela equipe dirigente das Secreta- rias Estaduais e Municipais de Educação, cuja atuação deverá incluir a coordenação e financiamento dos programas, a sua manutenção como ação permanente, e a busca de parcerias com universidades e instituições de ensino superior”. (p.69) • Atenção especial deverá ser dispensada às necessidades de crianças e de jovens portadores de deficiências graves ou múl- tiplas. Eles têm o mesmo direito, que os demais membros da comunidade, de virem a ser adultos que desfrutem de um máximo de independência, sendo sua educação orientada nesse sentido e considerando-se suas capacidades. (p.30) • Os programas de estudos devem ser adaptados às necessi- dades da criança e não o contrário. As escolas deverão, por conseguinte, oferecer opções curriculares que se adaptem às crianças com capacidade e interesses diferentes. (p.33) • Crianças com necessidades educativas especiais devem re- ceber apoio adicional no programa regular de estudos, em vez de seguir um programa de estudos diferente. O princípio diretor será o de dar a todas as crianças a mesma educação, com a ajuda adicional necessária àquelas que a requeiram. (pp.33-34) • Aos alunos com necessidades educativas especiais deverá ser dispensado apoio contínuo, desde a ajuda mínima nas classes comuns até a aplicação de programas suplementa-res de apoio pedagógico na escola, ampliando-os, quando ne- cessário, para receber a ajuda de professores especializados e de pessoal de apoio externo. (p.34) • Atenção especial deverá ser dispensada na preparação de todos os professores para que exerçam sua autonomia e apli- quem suas competências na adaptação dos programas de es- tudos e da Pedagogia, a fim de atender às necessidades dos alunos e para que colaborem com os especialistas e com os pais. (p. 37) • A capacitação de professores especializados deverá ser re- examinada, com vistas a lhes permitir o trabalho em dife- rentes contextos e o desempenho de um papel-chave nos programas relativos às necessidades educativas especiais. Seu núcleo comum deve ser um método geral que abranja CEAD - UNIRIO40 OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: POLÍTICAS E SISTEmAS CEAD - UNIRIO 41 Un id ad e I POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA Os desafios e perspectivas na implementação das políticas públicas em educação inclusiva nas escolas públicas regulares em consonância com os documentos oficiais plada a computador, sistema de síntese de voz; gravador e foto- copiadora que amplie textos; plano de aquisição gradual de acer- vo bibliográfico em fitas de áudio; software de ampliação de tela. Equipamento para ampliação de textos para atendimento a alunos com visão subnormal; lupas, régua de leitura; scanner acoplado a computador; plano de aquisição gradual de acervo bibliográfico dos conteúdos básicos do Braille”. c) com deficiência auditiva: “Compromisso formal da instituição de proporcionar, caso seja solicitada, desde o acesso até a conclusão do curso: quando neces- sário intérprete de língua de sinais/língua portuguesa, especial- mente quando da realização de provas ou sua revisão, complemen- tando a avaliação expressa em texto escrito ou quando este não tenha expressado o real conhecimento do aluno; flexibilidade na correção das provas escritas, valorizando o conteúdo semântico; aprendizado da língua portuguesa, principalmente, na modalida- de escrita, (para o uso do vocabulário pertinente às matérias do curso em que o estudante estiver matriculado); materiais de infor- mações aos professores para que se esclareça a especificidade lingü- ística dos surdos”. 5. Resolução nº 2, do Conselho Nacional de Educação/CNE/ CEB/2001 A Resolução nº 2, do Conselho Nacional de Educação/CNE/ CEB/2001, no Art. 1º., “Institui as Diretrizes Nacionais para a educação de alunos que apresentem necessidades educativas es- peciais, na Educação Básica, em todas as suas etapas e modalida- des”, ratificando a obrigatoriedade dos sistemas de ensino quanto à matrícula de todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento dos que apresentam necessidades educativas especiais, assegurando as condições necessárias de educação para todos. 4. Portaria n.º 3.284-7/11/2003/mEC • A Portaria n.º 3.284-7/11/2003/MEC, dispõe sobre os requisitos de acessibilidadede pessoas portadoras de defi- ciências, para instruir os processos de autorização e de reco- nhecimento de cursos, e de credenciamento de instituições. Da referida Portaria (MEC, 2003), cujo princípio fundamental é “(...) assegurar, aos portadores de deficiência física e sensorial, as condições básicas de acesso ao ensino superior, de mobilidade e de utilização de equipamentos e instalações das instituições de ensi- no”, vale ressaltar o artigo 2.º, ao preconizar que, “A Secretaria de Educação Superior do MEC, com o apoio técnico da Secretaria de Educação Especial, estabelecerá os requisitos, tendo como re- ferência a Norma Brasil 9050, da Associação Brasileira de Nor- mas Técnicas, que trata da Acessibilidade de Pessoas Portadoras de Deficiências e Edificações, Espaço, Mobiliário e Equipamentos Urbanos”, e que, em seu Parágrafo Único, apresenta os requisitos que deverão contemplar, no mínimo, para alunos: a) com deficiência física: “Eliminação de barreiras arquitetônicas para circulação do estu- dante, permitindo o acesso aos espaços de uso coletivo; reserva de vagas em estacionamentos nas proximidades das unidades de serviços; construção de rampas com corrimãos ou colocação de elevadores, facilitando a circulação de cadeiras de rodas: adaptação de portas e banheiros com espaço suficiente para permitir o acesso da cadeira de rodas; colocação de barras de apoio nas paredes dos banheiros; instalação de lavabos, bebedouros e telefones públicos em altura acessível aos usuários de cadeira de rodas”. b) com deficiência visual: “Compromisso formal da instituição de proporcionar, caso seja solicitada, desde o acesso até a conclusão do curso, sala de apoio contendo: máquina de datilografia Braille, impressora Braille aco- CEAD - UNIRIO42 OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: POLÍTICAS E SISTEmAS CEAD - UNIRIO 43 Un id ad e I POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA Os desafios e perspectivas na implementação das políticas públicas em educação inclusiva nas escolas públicas regulares em consonância com os documentos oficiais I – Acessibilidade é a “Condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipa- mentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida;” (p.4). 8. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência/ONU A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com De- ficiência/ONU, de 13/12/200, aprovada por una- nimidade em 13 de dezembro de 2006, é a primeira sobre o tema de direitos humanos a ser lançada no século 21. Além disso, é o tratado que mais rapidamente foi aprovado na história do Direito Internacional. Ratifica: • todos os direitos das pessoas com deficiência e, especifica- mente, proíbe a discriminação contra essas pessoas em to- dos os aspectos da vida, incluindo os direitos civis, políticos, econômicos e sociais, como o direito à educação, aos servi- ços de saúde e à acessibilidade, dentre outros. A Convenção, em seus 50 artigos, também assegura o reconheci- mento igual perante a lei, o acesso à justiça, bem como a liberdade e segurança da pessoa, como pontos fundamentais de respeito aos direitos humanos e a inerente dignidade da pessoa. Comentários importantes Estima-se que há 650 milhões de pessoas com deficiência no mun- do, as quais, na maioria dos países, não contam com legislação para promover o reconhecimento e o exercício, em igualdade de opor- tunidades com as demais pessoas, de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais. Caso você queira acessar o texto integral desta Convenção, entre no site: http/www.mj.gov.br/mpsicorde/ arquivos/publicação/714/ Images/714_1.doc A referida Resolução entende a educação especial, modalidade da educação escolar, como um processo educacional definido por uma proposta pedagógica que: • Assegure recursos e serviços educacionais específicos para as diversas necessidades dos alunos, organizados institucio- nalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em al- guns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvol- vimento dos alunos que apresentam necessidades educativas especiais. • Para tanto, as escolas, municipais e estaduais, da rede de ensino devem prever e prover na organização de suas classes comuns, dentre outros aspectos, a formação de professores para a diversidade dos alunos e, conseqüentemente, a diver- sidade pedagógica. 6. Deliberação n.º 291/2004/CEE-Rj • A Deliberação n.º 291/2004/CEE-RJ, de 12 de maio, estabelece as normas para a Educação Especial na Educação Básica em todas as suas etapas e modalidades, no Sistema de Ensino do Estado do Rio de Janeiro, com base na Resolução n.º 2/2001/CNE/CEE. 7. Decreto n.º 5.296, de 02/12/2004: • regulamenta as Leis n.ºs 10.048, de 08 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que es- pecifica. • estabelece normas gerais e critérios básicos para a promo- ção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. O referido Decreto, no Art.8.º, para os fins de acessibilidade, con- sidera que: CEAD - UNIRIO44 OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: POLÍTICAS E SISTEmAS CEAD - UNIRIO 45 Un id ad e I POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA Os desafios e perspectivas na implementação das políticas públicas em educação inclusiva nas escolas públicas regulares em consonância com os documentos oficiais É importante, porém, destacar que um projeto educacional demo- crático inclusivo não se realizará com base apenas em textos legais, mas principalmente como decorrente da implementação: • de políticas públicas de educação, de formação de profis- sionais da educação, como professores, orientadores peda- gógicos e educacionais, dentre outros; • da reflexão crítica por parte dos indivíduos, com ênfase no momento atual, nos professores, estudantes do Curso de Es- pecialização em Educação Especial da Universidade Aberta do Brasil/UAB, em parceria com a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/UNIRIO. O Brasil assinou a Convenção no dia 30 de março de 2007, de- monstrando o compromisso do Governo Federal com os Direitos Humanos e com as pessoas com defi ciência. No Brasil, o docu-essoas com deficiência. No Brasil, o docu- mento da referida Convenção foi recebido pelo Ministério das Relações Exteriores em nome do Poder Executivo, seguindo pos- teriormente para a Câmara dos Deputados e para o Senado Fede- ral para apreciação e, em seguida, será remetido ao Presidente da República para sanção. A Convenção da ONU (2006) poderá ser adotada no Brasil como Lei ou como Dispositivo Constitucional, o que exigirá quorum qualificado para a aprovação no Poder Legislativo. Os países que adotarem a Convenção ficarão obrigados a eliminar leis, costumes e práticas que representem discriminação contra as pessoas com deficiência. No processo de monitoramento, uma comissão in- dependente, formada por especialistas, irá receber relatórios dos países que ratificarem a Convenção e analisar seus progressos no cumprimento das normas do tratado. É importante acrescentar que o protocolo facultativo à Conven- ção, assinado após 30 de março de 2007 e, posteriormente, rati- ficado pelos países membros, dá a grupos e indivíduos o direito de apresentarem petições legais ao Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, caso movam processo em seus países e esgotem todas as vias legais para defender seus interesses sem re- sultados. • Considerando que os professores que atuam nos sistemas de ensino no Brasil, em sua maioria, não tiveram acesso a co- nhecimentos relativos às necessidades educativas especiais dos alunos em sua formação inicial, os dispositivoslegais. até aqui estudados permitem pensar na possibilidade de viabilizar a organização de escolas democráticas, por inter- médio de um programa de formação continuada dos profes- sores, na perspectiva da educação inclusiva dos alunos com necessidades educativas especiais. CEAD - UNIRIO46 OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: POLÍTICAS E SISTEmAS CEAD - UNIRIO 47 Un id ad e I POLÍTICAS PúBLICAS Em EDUCAÇÃO ESPECIAL E A ESCOLA INCLUSIvA Os desafios e perspectivas na implementação das políticas públicas em educação inclusiva nas escolas públicas regulares em consonância com os documentos oficiais Exercícios de auto-avaliação 1-Destaque os princípios da formação dos professores e da organização das escolas, contidos na Declaração de Salamanca e suas Linhas de Ação/1994, e os analise considerando a concepção de inclusão, ou seja, da educação para todos. • mesmo considerando os limites sociais e a formação docente predominantemente voltada para a produção e a reprodução social, é possível pensar na possibilidade de uma sociedade democrática onde haja lugar para a escola inclusiva, para a inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais, tendo em vista, sobretudo, que as experiências entre diferentes subjetividades contribuem para a realização da humanidade de todos e, tomara, para uma sociedade em que não sejamos separados uns dos outros e de nós mesmos, sejamos ou não pessoas com deficiência, alunos, professores, gestores e pais. CONCLUSÃO Concluindo, é possível admitir perspectivas para a organização da escola e o apoio aos professores na concretização do processo de inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais. Como isso é possível? Penso que isso é possível por intermédio: • do exercício da gestão democrática, participativa, coletiva e solidária na escola por parte de todos os profissionais, alunos, famílias e comunidade; • do debate; • da responsabilidade compartilhada; • do planejamento coletivo e cooperativo na elaboração e implementação do Projeto Político Pedagógico que contemple a democratização da escola, incluindo a inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais; • do respeito à experiência histórica dos professores e seus alunos com necessidades educativas especiais, considerando também a experiência entre diferentes subjetividades como componente da formação de professores, gestores, alunos e pais nas escolas. Quanto às perspectivas da experiência entre diferentes subjetividades na escola, vale lembrar Umberto Eco (2001, p. 13), no seu ensaio “Em nome da razão”, ao questionar-se em relação a como se ensina a aceitação das diferen-ças, afirmou: “Deve-se ensinar às crianças que os seres humanos são muito diferentes entre si e explicar-lhes em que se diferenciam, para então mostrar-lhes que essas diferenças representam uma fonte de enriquecimento para todos”. Assim, é possível afirmar que: • a inclusão de alunos com necessidades educativas especiais nas escolas públicas regulares contribuirá para o aprendizado afirmado por Umberto Eco, ou seja, que a diferença não seja mais considerada como desigualdade; UNIDADE II A formação do preconceito na cultura, sua manifestação pelo indivíduo, seus aspectos históricos, contemporâneos e seus impactos na escola e na educação de alunos com necessidades especiais CEAD - UNIRIO50 OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: POLÍTICAS E SISTEmAS CEAD - UNIRIO 51 Un id ad e I I A fORmAÇÃO DO PRECONCEITO NA CULTURA, SUA mANIfESTAÇÃO PELO INDIvÍDUO, SEUS ASPECTOS hISTóRICOS, CONTEmPORÂNEOS E SEUS ImPACTOS NA ESCOLA E NA EDUCAÇÃO DE ALUNOS COm NECESSIDADES ESPECIAIS Preconceito, cultura, indivíduo, deficiência e segregação na escola pública Então, vamos ao estudo das questões centrais que se referem ao preconceito. Desenvolvimento Em referência ao preconceito voltado aos alunos com deficiência/ necessidades especiais, apreende-se em Horkheimer & Adorno, em sua obra Dialética do Esclarecimento (1985) que se trata: • da naturalização de um fenômeno histórico. E, em Crochík4 (2006, p.56) que é: • “Um fator que revela a dificuldade da individuação, por implicar em não reflexão e não experimentação em relação aos seus objetos alvo”. (sic) 4 José Leon Crochík desenvolve o Projeto de Pesquisa: Preconceito e atitudes em relação à educação inclusiva, disponível no site: http://www.ip.usp.br/laboratorios/laep/ Nesse projeto, o referido autor discute o preconceito contra os alunos com deficiência na escola. 2.1 Preconceito, cultura, indivíduo, deficiência e segregação na escola pública Objetivo especifico: Discutir sobre as condições sociais que permitem a manifestação do preconceito e a segregação dos alunos com necessidades especiais na escola pública regular O que repele por sua estranheza é, na verdade, demasiado familiar. (Horkheimer & Adorno, 1985) Introdução Nesta subunidade discutiremos sobre o preconceito, seus ante- cedentes históricos, sua formação e manifestação na escola. É um assunto pouco estudado nos cursos, sejam de graduação ou pós- graduação. Mas, como estamos discutindo a educação de alunos com neces- sidades especiais, considerando sua possibilidade de ocorrer em escolas regulares, enfrentar o estudo do preconceito me parece da maior importância. Tanto para entendê-lo em sua formação na cultura quanto à sua manifestação pelos professores, gestores e alunos na escola. Isto não significa, absolutamente, uma proposta para se perseguir as pessoas que manifestam atitudes preconceituosas. Ao contrário, o nosso intuito aqui é estudar, analisar e identificar as causas que ainda permitem a segregação na escola pública, ou seja, a mani- festação do preconceito em sua fase mais perversa – a exclusão do diferente e a tentativa de negar a diferença, no caso a deficiência, como sendo algo que torna desiguais aqueles que a apresentam. CEAD - UNIRIO52 OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: POLÍTICAS E SISTEmAS CEAD - UNIRIO 53 Un id ad e I I A fORmAÇÃO DO PRECONCEITO NA CULTURA, SUA mANIfESTAÇÃO PELO INDIvÍDUO, SEUS ASPECTOS hISTóRICOS, CONTEmPORÂNEOS E SEUS ImPACTOS NA ESCOLA E NA EDUCAÇÃO DE ALUNOS COm NECESSIDADES ESPECIAIS Preconceito, cultura, indivíduo, deficiência e segregação na escola pública Os dados históricos descritos por Misès (1977) revelam a evidên- cia dessa resistência. As pessoas com deficiência eram consideradas como sendo “Capazes de corromper as partes sãs da sociedade”, e a ignorância cultural prevalecente gerava contra elas condutas atualmente consideradas como expressão de barbárie. Na Grécia Antiga, onde a perfeição do corpo era cultuada, as pessoas com deficiência/necessidades especiais eram sa- crificadas ou escondidas, como relata Platão5 (2000, p.163) em sua obra A República, com as recomendações de Só- crates e Glauco tanto para os filhos dos indivíduos de elite quanto para os indivíduos inferiores “(...) que tenham algu- ma deformidade, serão levados a paradeiro desconhecido e secreto. É um meio seguro de preservar a pureza da raça dos guerreiros”. Entre os romanos e gregos antigos havia divergências e ambiva- lências quanto à maneira de considerar as pessoas com deficiência. Quando, em algumas regiões, essas pessoas podiam ser mortas, em outras eram submetidas a um processo de purificação, para livrá- las dos maus desígnios. Na Idade Média, as pessoas com deficiência/necessidades espe- ciais, as loucas, as criminosas e as consideradas “possuídas pelo demônio” faziam parte de uma mesma categoria: a dos excluídos. Deviam ser afastadas do convívio social ou mesmo sacrificadas. A Idade Média6 se estendeu por um longo período da história da humanidade, marcado por diversos sentimentos em relação às pessoas com deficiência/necessidades especiais: rejeição, piedade,proteção e, até mesmo, supervalorização. Esses sentimentos eram radicais, ambivalentes, marcados pela dúvida, ignorância, religio- sidade, e se caracterizavam por uma mistura de culpa, piedade e reparação. 6 A Idade Média foi tradicionalmente delimitada com ênfase em eventos políticos. Nesses termos, ela teria se iniciado com a desintegração do Império Romano do Ocidente, no século V (476 d. C.), e terminado com o fim do Império Romano do Oriente, com a Queda de Constantinopla, no século XV (1453 d. C.). Para estudar a Idade Média acesse o site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Idade_M%C3A9dia Em relação a deficiências/necessidades especiais, verificamos que o preconceito, na maioria das vezes, é baseado em atitudes de comi- seração resultante, sobretudo, do desconhecimento acerca dessas pessoas. O desconhecimento pode ser considerado a matéria-prima para a perpetuação das atitudes preconceituosas e das leituras estere- otipadas da deficiência/necessidades especiais, seja o desconheci- mento relativo ao fato em si, seja em relação às emoções geradas e às reações subseqüentes. Afirmamos que, em alguns períodos da história, houve a pretensão de eliminar as pessoas com deficiência, como você estudará mais adiante nesta disciplina. Atualmente há um movimento cultural de resistência à segregação das pessoas com necessidades especiais. Apesar de o preconceito ainda persistir na sociedade, evita-se a discriminação por esta con- trariar preceitos constitucionais. Quanto a isso, Crochík (2006, p.139) afirma que “(...) um clima cultural geral contrário ao preconceito e à proibição de atitudes discriminatórias na Constituição, certamente inibem o preconcei- to quanto ao seu exercício, mas não necessariamente quanto à sua formação”. Os registros históricos comprovam que vem de longo tempo uma resistência quanto à aceitação social das pessoas com deficiência/ necessidades especiais e demonstram como as suas vidas eram ameaçadas. 5 Platão de Atenas (428/27 a.C. - 347 a.C.) foi um filósofo grego. Discípulo de Sócrates, fundador da Academia e mestre de Aristóteles. Acredita-se que seu nome verdadeiro tenha sido Aristócles; Platão era um apelido que, provavelmente, fazia referência à sua caracteristica física, tal como o porte atlético ou os ombros largos, ou ainda a sua am- pla capacidade intelectual de tratar de diferentes temas. (plátos), em grego significa amplitude, dimensão, largura. Sua filosofia é de grande importância e influência. Platão ocupou-se com vários temas, entre eles ética, política, metafísica e teoria do conheci- ética, política, metafísica e teoria do conheci- mento. Em sua obra A República, Platão aborda vários temas, mas todos subordinados à questão central da justiça. Mais informações sobre Platão e sua obra, consulte o site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Plat%C3%A3o CEAD - UNIRIO54 OS PROCESSOS DE INCLUSÃO DOS ALUNOS COm NECESSIDADES EDUCATIvAS ESPECIAIS: POLÍTICAS E SISTEmAS CEAD - UNIRIO 55 Un id ad e I I A fORmAÇÃO DO PRECONCEITO NA CULTURA, SUA mANIfESTAÇÃO PELO INDIvÍDUO, SEUS ASPECTOS hISTóRICOS, CONTEmPORÂNEOS E SEUS ImPACTOS NA ESCOLA E NA EDUCAÇÃO DE ALUNOS COm NECESSIDADES ESPECIAIS Preconceito, cultura, indivíduo, deficiência e segregação na escola pública Na Inglaterra, no século XIII, as pessoas com deficiência/necessi- dades especiais eram protegidas por lei, tendo direito a um tutor e a um curador para cuidar de seus bens, chegando mesmo a gozar da tutela do próprio rei. A França, também, adotou essa prática por orientação do Rei Filipe IV9, o Belo. Todas as formas de conceber e explicar a deficiência ao longo da história da civilização, efetivamente afirmam como as diversas épocas e culturas apresentaram, e ainda apresentam, dificuldades de compreender a diferença, a diversidade entre as pessoas e de como lidar com elas. Dessa maneira, considerando-se o fato de o desconhecimento aca- bar por gerar distorções acerca da deficiência e de quem a apre- senta e, em conseqüência, o preconceito, urge a importância de seu enfrentamento, destacando Horkheimer & Adorno10 (1978, pp.173-174) ao afirmarem: “A investigação sobre o preconceito tende a reconhecer a participação do momento psicológico nesse processo dinâmico em que operam a sociedade e o indivíduo”; e, “(...) os ‘estímulos’ com que os agitadores atuam e, em particular, os decididamente totalitários para seduzir os homens”; e mais, “(...) entre as suas opiniões políticas gerais e suas posições quanto às minorias étnicas, sociais e religiosas, por uma parte, e sua carac- terologia psicológica como pessoas, por outra parte”. Conseqüentemente, em relação à pessoa com deficiência; • os preconceitos podem ser percebidos com segurança, principalmente face às práticas de discriminação tão fre- qüentes em nossa sociedade, como a restrição de acesso à es- cola e ao mundo do trabalho, dentre outras, reforçando que “(...) o Brasil tem em sua Constituição a proibição da discri- minação, mas nem por isso ela deixa de existir em freqüentes ocasiões”, como afirmado por Crochík (2006, p.139). Segundo Horkheimer & Adorno (1978, p.180) para os preconcei- tuosos “A dicotomia da humanidade se dá em salvadores e con- 10 Texto Preconceito, in: Temas da Sociologia, São Paulo, Cultrix. De modo geral, as atitudes sociais em relação às pessoas com defi- ciência se faziam acompanhar de providências, de ações e de cui-iam acompanhar de providências, de ações e de cui- dados. Em razão dos sentimentos e conhecimentos vigentes em cada épo- ca da História, as pessoas com deficiência eram tratadas de maneira aviltante, ou seja, eram abandonadas em locais de isolamento, pri- sões, ambientes de proteção, hospitais, sendo todas as alternativas de abandono justificadas pela cultura e pelo momento histórico. É possível, então, afirmar que a humanidade transmite seu legado às gerações posteriores, as convicções mudam, os conhecimentos se ampliam e passam a explicar de maneira diferente os diversos fenômenos sociais. Sobre a concepção de deficiência, a História demonstra seme- lhante trajetória. Santo Agostinho7 atribuía à deficiência a culpa, a punição e a expiação dos pecados cometidos pelos antepassados. Santo Tomás de Aquino8, seis séculos mais tarde, propõe outra ex- plicação para a deficiência, ou seja, como sendo uma espécie de demência natural e não absolutamente um pecado. Com o intuito, provavelmente, de se apoderar dos seus bens as pessoas com deficiência eram protegidas, em algumas culturas e épocas, chegando mesmo a gozar de certos privilégios. 7 Santo Agostinho foi um bispo católico, teólogo e filósofo que nasceu em 13 de Novembro de 354 em Tagaste (hoje Souk-Ahras, na Argélia); morreu em 28 de Agosto de 430, em �ipo-lia); morreu em 28 de Agosto de 430, em �ipo- na (hoje Annaba, na Argélia). É considerado pelos católicos santo e doutor da doutrina da Igreja. Para conhecer sua vida e sua obra, acesse o site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Agosti- nho_de_�ipona. 8 Santo Tomás de Aquino, OP, (Roccasecca, 1225 - Fossanova, 7 de Março 1274) - frade dominicano e teólogo italiano. Considerado o mais distinto expoente da Escolástica, foi proclamado santo pela Igreja Católica e cognominado de Doctor Communis ou Doctor Angelicus. Para aprofundar seu conhecimento sobre ele, acesse o site: http://pt.wikipedia. org/wiki/Tom%C3%A1s_de_Aquino 9 Rei Filipe IV, conhecido como O Belo (Philippe IV le Bel, em francês) (Fontainebleau, 1268 - Fontainebleau, 29 de novembro de 1314) foi rei da França de 1285 até à sua morte. Integrante da dinastia capetiana, era filho de Isabel de Aragão e Filipe III, o Bravo. Casou- se com Joana de Navarra com
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