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Talassemias: Hemoglobinopatias Hereditárias

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1 Vanessa Telles- Medicina UFMT 
Hemoglobinopatias hereditárias: 
Talassemias 
 
Definição: 
São hemoglobinopatias hereditárias causadas por mutações nos 
genes das globinas, o que provoca redução/ausência de síntese 
das cadeias formadoras da hemoglobina, levando a eritropoiese 
ineficaz e consequências orgânicas. 
Faz parte do grupo das anemias hereditárias, que também 
englobam as deficiências enzimáticas (G6PD, piruvato quinase), 
defeitos de membrana (esferocitose hereditária, eliptocitose 
hereditária) e outras hemoglobinopatias como anemia 
falciforme e hemoglobinas instáveis. Existem vários tipos de 
talassemias, sendo as Alfa Talassemias e Beta Talassemias as 
mais comuns. 
As Beta Talassemias são causadas por mutação no cromossomo 
11, nos genes da globina β, levando a redução/ausência de síntese 
das cadeias β da Hb. Podem haver os alelos β0 e β+, que podem 
se expressar em homo ou heterozigose. 
As Alfa Talassemias são causadas por mutação no cromossomo 
16, no gene da globina α. Podem haver traço talassemico α+ 
heterozigoto (-a/aa), traço talassemico α+ homozigoto (-a/-a), 
traço talassemico α0 heterozogoto (--/aa), doença da 
Hemoglobina H com as formas α0 e α+ (--/-a) ou Síndrome da 
Hidropsia fetal em homozigotos α0 (--/--). 
Epidemiologia: 
Mais frequentes em Canadá, EUA, Brasil, Argentina, Índia e 
Austrália. No Brasil, há cerca de mil portadores de talassemias 
graves. 
Fisiopatologia: 
Mutações nos genes das globinas levam a alterações nas 
cadeias de hemoglobinas, as quais formam precipitados nas 
hemácias, lesando sua membrana e provocando sua destruição 
prematura. Como tentativa de compensação, a medula produz 
hemácias menores e com menos hemoglobina, causando anemia 
hemolítica e hipocromia. 
Manifestações: 
As manifestações variam de acordo com a cadeia de 
hemoglobina afetada e o grau de desequilíbrio na sua produção 
quantitativa. Podem haver os portadores silenciosos e outras 
manifestações: 
✓ Talassemia Beta menor ou com traço talassêmico beta 
= anemia leve. 
✓ Talassemia Beta intermediária = anemia leve-grave, 
podendo necessitar de transfusões. 
✓ Talassemia Beta maior = anemia grave, necessitando 
de transfusões a cada 2-4 semanas. 
✓ Traço talassemia alfa = anemia leve. 
✓ Doença da Hemoglobina H= anemia moderada-grave 
(palidez, fraqueza, fadiga), icterícia, atraso no 
crescimento, hipogonadismo, alterações cardíacas 
como IC e arritmias, esplenomegalia com eritropoiese 
extramedular, sequestro esplênico, imunodepressão, 
hiperplasia de medula óssea e deformidades, 
hemossiderose, acúmulo de ferro em pâncreas 
provocando DM ou em fígado provocando 
hepatomegalia, trombose. 
✓ Síndrome da Hidropsia Fetal da hemoglobina Bart= 
anemia muito grave e incompatível com a vida. 
Diagnóstico: 
Clínica, história familiar e antecedentes + Hemograma (anemia 
microcítica hipocrômica com células em algo/gota/ 
fragmentos, Hb <3 nas formas graves, aumento do número de 
hemácias e menos de reticulócitos) + LDH (alto se hemólise não 
imune) + Bilirrubina indireta alta + Coombs negativo + Ferro 
sérico elevado + Ferritina elevada. Podem ainda ser utilizados 
Teste do Pezinho Ampliado, testes genéticos, eletroforese de 
proteínas, cromatografia líquida de ultra performance. 
Tratamento: 
Transfusão de hemácias fenotipadas e filtradas. Deve-se 
realizar quelação do ferro para evitar hemosiderose, o que é 
feito com Desferroxamina SC, Deferiprona VO ou Deferasirox 
VO. É possível transplante de medula óssea para portadores de 
talassemia maior menores de 15 anos com fígado até 2cm, sem 
fibrose e tratados previamente com quelante de ferro.

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