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1 Emanuelly Lopes Cardoso – T9 |E8M1 {Infarto Agudo do Miocárdio Com Supra de ST} Diagnóstico do IAM na emergência O infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST deve ser identificado em até 10 minutos da entrada do paciente no serviço. A abordagem do infarto agudo do miocárdio (IAM) com supra de ST não depende de dosagem de enzima e deve ser iniciada a partir da identificação do padrão eletrocardiográfico no contexto clínico compatível. Diagnóstico clínico associado à evidência de necrose miocárdica, que utiliza modalidades laboratoriais, eletrocardiográficas ou de imagem O termo infarto agudo do miocárdio deve ser utilizado quando há evidência de necrose miocárdica em um contexto clínico de isquemia com elevação de marcadores de necrose miocárdica (CKMB massa e/ou troponina) acima do percentil 99 do limite máximo de referência e, pelo menos, um dos seguintes parâmetros: a. sintomas compatíveis com isquemia; b. desenvolvimento de ondas Q patológicas no ECG; c. alterações no ECG indicativas de sofrimento miocárdico (supra ou infradesnivel do segmento ST, novos bloqueios de ramo) d. evidência cm exame de imagem de perda de miocárdio viável ou de nova alteração segmentar de contratilidade ventricular. Quadro Clínico Desconforto torácico: Início no centro ou à esquerda do tórax Irradia para o braço (em especial para o dedo mínimo, lado ulnar do braço esquerdo) + punho + mandíbula + epigástrio + ombro esquerdo + região interscapular Geralmente dura mais de 20 minutos É muitas vezes difuso + pode ser acompanhado de diaforese, dispneia, náusea, dor abdominal ou síncope Equivalentes anginosos: Dor epigástrica + dispepsia + dispneia + náuseas e vômitos + sudorese + hipotensão + síncope Pacientes idosos (> 75 anos de idade) + mulheres + portadores de diabetes com doença renal crônica ou demência: apresentam-se com equivalentes anginosos + queixas atípicas (dor epigástrica + dispepsia + dispneia + síncope) Exame Físico Achados geralmente inespecíficos para o diagnóstico de IAM → podem fornecer dados prognósticos + direcionar para diagnósticos diferenciais Principais focos de atenção no exame inicial do paciente são: 1. Vias aéreas, respiração e circulação. 2. Sinais vitais. 3. Presença de estase jugular. 4. Presença de estertores crepitantes. 5. Presença de terceira bulha. 6. Presença de bradicardia/taquicardia. 7. Piora ou surgimento de sopro mitral. 8. Assimetria ou ausência de pulsos. 9. Sinais de choque. 10. Sinais sugestivos de acidente vascular encefálico. Eletrocardiograma Realizado em até 2 min da chegada + analisado em até 10 min, para identificação de supradesnivelamento de segmento ST Oclusão coronariana completa se expressa como supradesnivelamento do segmento ST Evolução natural leva ao surgimento da onda Q Artéria Irrigação Derivação Descendente anterior Parede anterior Parede septal Ápice de VE V1 a V6 Coronária circunflexa Parede lateral do VE Parede posterior DI a aVL Coronária direita Parede inferior Parede posterior DII, DIII e aVF ** Esses conjuntos de derivações marcam a contiguidade da definição do IAMCST Características clássicas de dor torácica: • Tipo: em aperto + opressiva + queimação + esmagadora e asfixiante. • Localização: retroesternal + epigástrica ou torácica difusa (à direita e/ou à esquerda). • Irradiação: membro superior esquerdo (aspecto ulnar) ou ambos os membros superiores + ombros + pescoço + mandíbula + região interescapular ou epigástrio. • Fatores concomitantes: náusea, vômitos, sudorese, dispneia. • Fatores desencadeantes: estresse emocional, esforço físico moderado ou intenso. Não é incomum a ocorrência em repouso. 2 Emanuelly Lopes Cardoso – T9 |E8M1 Fornece informações diagnósticas + prognósticas + de conduta Presença de supradesnivelamento do segmento ST ou bloqueio do ramo esquerdo novo ou supostamente novo em pacientes com até 12h de evolução do QC: uso imediato de terapêuticas de recanalização (fibrinolíticos/angioplastia primária) → desde que não haja complicações Pacientes com sintomas sugestivos: elevação do segmento ST no 1º traçado tem especificidades de 91% + sensibilidade de 46% para IAM → esses percentuais ↑ com traçados adicionais Deve ser realizado antes e após qualquer método de recanalização → 12/12h nas primeiras 24h + 1x/dia durante o período de internação Traçados adicionais devem ser feitos sempre que necessários Marcadores bioquímico de necrose miocárdica CKMB massa: marcador de eleição no acompanhamento dos pacientes com IAM com elevação de ST Detectada no sangue periférico a partir de 3-4h de evolução + deve ser coletada na chegada do paciente + de 8/8h até o pico → a partir daí de 12/12h até normalizar Novas dosagens devem ser solicitadas sempre que houver suspeita de novo quadro isquêmico Exames Complementares Eletrólitos + glicemia + ureia + creatinina + hemograma + coagulograma + perfil lipídico: dosados logo após a chegada do paciente ao hospital → perfil lipídico é dosado 1x + outros exames são repetido conforme evolução do paciente Raio X de tórax + ecocardiograma (transesofágico): solicitados de forma emergencial se suspeita de dissecção aguda de aorta Ecocardiograma transtorácico: realizado rotineiramente nas primeiras 24h para análise da área comprometida + função ventricular Estudo hemodinâmicos (pct não submetidos à ICP primária): indicado rotineiramente nos pacientes com disfunção ventricular e/ou com isquemia residual espontânea ou detectada após testes provocadores e/ou com complicações mecânicas + opcional para pacientes de baixo risco → indicação eletiva: realizar entre 48-72h a partir do início dos sintomas Ergometria convencional + cintilografia miocárdica + ecocardiograma com estresse farmacológico: pacientes de baixo risco + estáveis + em que se opta por estratificação não invasiva Abordagem Fase Aguda (1º minuto) Medidas gerais: repouso no leito + O2 nasal por até 3h ou por mais tempo se Sat.O2 < 90% + acesso venoso + analgesia com morfina (2-4mg diluídos a cada 5min até no máx. 25mg) + monitorização eletrocardiográfica contínua AAS: 200mg (macerado) o mais precocemente possível (até mesmo antes do ECG em pacientes com sintomas sugestivos de coronariopatia aguda), seguido de 200 mg/dia via oral durante a internação e de 100 mg/dia indefinidamente Terapias de Recanalização Critério de Reperfusão 1. Resolução do supradesnivelamento do segmento ST 2. Estabilidade hemodinâmica e elétrica 3. Resolução da dor ICP primária: método de recanalização ideal no IAM com elevação de ST + deve ser realizada em até 90 min após a chegada do paciente ao hospital Terapia fibrinolítica: implementada nos centros que não dispõe de hemodinâmica → principalmente em IAM com até 3h de evolução, ou se ocorrer demora > 90 min para início da ICP primária • Em termos de eficácia t-PA e TNK-PA são similares + são superiores a estreptoquinase Heparinas: • Heparina não fracionada: utilizada quando realização de angioplastia primária + pacientes com IAM submetidos à terapia fibrinolítica seu uso rotineiro deve ser instituído por ao menos 48h → dose recomendada é de 60 U/Kg/h EV, em bolus, máx. de 4.000 U + infusão contínua inicial de 12U/Kg/h (manter TTPa entre 1,5 e 2,0 basal (50- 70”) • Enoxaparina é superior a HNF quando utilizada como adjuvante a fibrinolíticos (estreptoquinase + r-TPA + r-PA ou TNK-tPA) • Desvio do nível do segmento ST: medido em relação à linha de base (segmento TP) • IAMCST: elevação em 1mm do ponto J em duas derivações contíguas • Nas derivações V2 e V3: critério de IAMCST é de 1,5mm (mulheres) + 2mm (homens > 40 anos) + 2,5mm (homens < 40 anos) • Derivações V7, V8 e V9: só é necessário 0,5 mm (parede posterior)→ derivações obrigatórias quando houver infradesnivelamento de segmento ST de V 1 a V3 ou V 4, com ondas T positivas • IAM relacionado à oclusão da artéria que irriga a parede inferior do VE pode se expressar com supradesnivelamento do segmento ST → pode ser sutil, não correspondente ao limiar mínimo de 1mm ou apresentar apenas ondas T hiperagudas • Segmento ST em aVL: útil para diagnóstico de maneira precoce → não se aplica para pacientes com bloqueio de ramo esquerdo • Pode-se utilizar a soma de todos os supra de cada derivação no ECG antes e depois (60-90 min após o fibrinolítico) ou a derivação com maior supra de ST antes e comparar com a de depois • Sucesso: ↓ de pelo menos 50% do supra de ST • Casos de falha: indicada angioplastia de resgate • Casos de sucesso: angiografia coronariana está indicada após 2- 24h do fibrinolítico 3 Emanuelly Lopes Cardoso – T9 |E8M1 1. Deve ser utilizada durante o tempo de internação (ou até o 8º dia), de acordo com as seguintes regras: a. Pacientes < 75 anos: 30mg EV em bolus, seguido de 1mg/kh SC a cada 12h b. Pacientes > 75 anos: não deve ser utilizada em bolus + dose de manutenção deve ser rebaixada para 075mg/kg SC a cada 12h c. Pacientes com clearance de creatinina < 30 mL/min, independentemente da idade, a dose deve ser de 1,0 mg/kg se a cada 24 horas. Inibidor da glicoproteína IIb/ IIIa (abciximab ou tirofiban): não tem indicação como adjuvante ao fibrinolítico; • No caso da ICP primária: uso individualizado + tendo indicação clara em pacientes com grande quantidade de trombo intracoronário Trombolíticos Melhores resultados quando o paciente se apresenta com menos de 2 a 3 horas do início dos sintomas, apresenta risco de morte leve a moderado (TIMI-STEMI de O a 4) + quando há grande área de miocárdio sob risco, ausência de onda Q e ausência de dúvida em relação ao diagnóstico. Dopidogrel ou Ticagrelor Enoxaparina não deve ser realizada nas primeiras 24 horas nos pacientes que receberam estreptoquinase Pacientes que receberam alteplase, bolus de 30mg: realizar enoxaparina EV (pact < 75 anos), seguido de 1mg/kg 15 minutos depois e a cada 12 horas • Pacientes > 75 anos: não devem receber bolus EV + dose de 0,75mg/kg a cada 12 horas • Pacientes com clearance de creatinina entre 15- 30mL/min/1,73m2: dose de 1mg/kg a cada 24h Alvo para início do fibrinolítico: 10 minutos após a entrada do paciente no serviço Dose de estreptoquinase: 1.500.000 U infundidos em 1h No caso de hipotensão grave: tentar ↓ o ritmo de infusão e até suspende-la temporariamente Doses de Alteplase: • Pct > 65 Kg: 15 mg em bolus + 50mg em 30 min + 35mg em 1h • Pct < 65 Kg: 15mg em bolus + 0,75mg/kg em 30 min + 0,5mg em 60 min Tenecteplase: em bolus de acordo com peso e idade • Pct < 60 Kg: 30 mg • Pct entre 60-70 Kg: 35mg • Pct entre 70-80 Kg: 40mg • Pct entre 80-90 Kg: 45mg • Pct > 90 Kg: 50mg • Pct > 75 anos: receber metade da dose Indicações Impossibilidade de realizar ICP • Laboratório de hemodinâmica não disponível/ocupado • Dificuldade de acesso vascular Atraso para realizar ICP • Tempo porta-balão > 90 minutos • Tempo (porta-agulha) – (porta-balão) > 60 minutos • Tempo para transferência > 2 horas Contraindicações Absolutas Qualquer sangramento intracraniano prévio AVE isquêmico nos últimos 3 meses (exceto se nas últimas 4,5 horas) Neoplasia no SNC ou lesão vascular Trauma significante na cabeça ou no rosto ou nos últimos 3 meses Sangramento ativo ou diátese hemorrágica (excesso de menstruação) Dissecção aguda de aorta Relativas História de AVE isquêmico > 3 meses ou doenças intracranianas não listadas nas contraindicações absolutas Gravidez Uso atual de antagonistas da vitamina K: quanto maior o INR, maior a chance de sangramentos Sangramento interno recente < 2 a 4 semanas RCP traumática e prolongada ou cirurgia de grande porte < 3 semanas HA não controlada (PAS > 180mmHg ou PAD > 100mmHg) História de hipertensão crônica importante e não controlada Úlcera péptica ativada Exposição prévia a estreptoquinase Tratamento Adjuvante Inibidor da enzima conversora de angiotensina: indicado assim que possível para pacientes com ↓ da fração de ejeção + hipertensos + diabéticos Se não foi iniciado na entrada e não houver contraindicação: prescrever um betabloqueador Pacientes com fração de ejeção de VE < 40% + diabéticos + IC: indicação de espironolactona 4 Emanuelly Lopes Cardoso – T9 |E8M1 Estatina em dose alta: iniciada o mais precoce possível, de preferência antes de enviar ao serviço de hemodinâmica Para diminuir o risco de sangramento, deve-se considerar um protetor gástrico É importante manter o tratamento de diabetes, estimular cessar o tabagismo e programar a reabilitação Referências 1. Medicina de emergência: abordagem prática USP – 13ª Ed. 2019. Iríneu Tadeu Velasco; Antonio Brandão Neto; Heraldo Possolo de Souza. Barueri [SP]: Manole. 2. Pronto-socorro: medicina de emergência USP – 3ª Ed. 2013. Herlon Saraiva Martins, Maria Cecltia de Toledo Damasceno, Soraia Barakat. Barueri, SP : Manole.
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