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Planejamento de Cardápios Thanise Pitelli Paroschi “Promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, forman- do profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária”. Missão DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró- Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes e Tiago Stachon, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo, Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard, Coordenador de Contéudo Andrea Shima da Motta, Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior e José Jhonny Coelho Editoração José Jhonny Coelho, Designer Educacional Yasminn Talyta Tavares Zagonel, Revisão Textual Ana Caroline de Abreu e Talita Dias Tomé, Ilustração Bruno Pardinho e Marta Kakitani, Fotos Shutterstock. NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; PAROSCHI, Thanise Pitelli. Planejamento de Cardápios. Thanise Pitelli Paroschi. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2016. Reimpresso em 2018. 106 p. “Graduação em Gastronomia - EaD”. 1. Planejamento. 2. Cardápios. 3. Gastronomia. 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0444-1 CDD - 22ª Ed. 641 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: 3 Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pes- soas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos edu- cadores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: ino- vação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais ci- dadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! pa la vr a do re it or Reitor Wilson de Matos Silva bo as -v in da s Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a UNICESUMAR tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, reno- vável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comuni- cação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conec- tividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace- leraram a informação e a produção do conhecimen- to, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em infor- mações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Pró-Reitor Executivo de EAD William V. K. de Matos Silva 5 bo as -v in da s Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou pro- fissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando opor- tunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transfor- mação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pe- dagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desen- volvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de ma- neira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, as- sista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendiza- gem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Diretoria de Graduação e Pós Kátia Solange Coelho P l a n e j a m e n t o d e C a r d á p i o s Ap re se nt aç ão d o Li vr o Professora Mestre Thanise Pitelli Paroschi Olá, aluno(a)! Seja bem-vindo(a) a disciplina de Planejamento de Cardápios, do Curso de Gastronomia. Com muito prazer, sou a professora Thanise Pitelli Paroschi e estudaremos juntos sobre aelaboração de cardápios para restaurantes. Assim, vamos abordar todos os aspectos que envolvem essa atividade super importante e que é essencial para um bom funcionamento do estabelecimento, afinal, a partir dele se cria toda a estrutura, materiais necessários, recursos humanos etc. Para nos conhecermos melhor, gostaria de me apresentar a você e contar um pou- quinho da minha experiência profissional. Sou nutricionista, formada pelo Centro Universitário Filadélfia (UNIFIL), e também tecnóloga em alimentos pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), ambas na cidade de Londrina/PR. Fiz alguns pequenos cursos que auxiliaram muito na minha profissão, assim como a Especialização em Nutrição e Metabolismo na Prática Clínica pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e o Mestrado em Ciência de Alimentos, também pela UEL. Desde criança, sempre fui apaixonada por alimentos, afinal venho de uma família que possui o dom de fazer doces. Minha mãe fazia, inicialmente, docinhos para casamento e aniversários em casa e eu sempre ousava ajudá-la nas horas livres. Quando fui decidir a faculdade que faria, sabia que queria fazer algo em que pudesse ajudar o próximo. Decidi unir o que sabia fazer com o que sentia vontade no coração e resolvi fazer nutrição para atender em consultório e trabalhar na área hospitalar, focando na oncologia. Fiz estágio no hospital do câncer de Londrina e em mais dois hospitais da cidade e me identifiquei muito com a área, porém enxerguei que era preciso ter experiência no funcionamento de uma cozinha, para que pudesse entender o complexo e importante funcionamento da cozinha de um hospital. Afinal, como escutei em um curso de capa- citação: a cozinha é um centro cirúrgico e as pessoas que trabalham nela são os médicos 7G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R cirurgiões. Um centro cirúrgico mal higienizado, sem os equipamentos e utensílios necessários, pode colocar em risco a vida de um paciente e um médico que não está capacitado também. Fui trabalhar em um restaurante comercial da cidade e continuei estudando para continuar aprendendo, foi quando iniciei a especialização. Do restaurante, tive a opor- tunidade de ir trabalhar na Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL), onde trabalho até hoje, por meio de consultoria aos estabelecimentos associados, com foco no controle de qualidade, no preparo de alimentos e elaboração de cardápios. Hoje, atuo como docente do curso de nutrição com especialização na Administração em Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN), ministro treinamentos de boas práticas na manipulação de alimentos e sou consultora na área de gastronomia. Poder escrever este livro para você é uma honra, espero que possamos, juntos, aprender e ensinar um pouco desse mundo maravilhoso e que necessita tanto da nossa atenção, cuidado, conhecimento e, principalmente, profissionalismo. Assim, este livro, juntamente com as outras ferramentas do curso, é um grande passo para quem quer, além de se aperfeiçoar no mundo da gastronomia, trabalhar ajudando o próximo. Desejo a você um ótimo e proveitoso estudo! SUMÁRIO UNIDADE 1 Cardápios & Menus 15 A Alimentação Diária 21 Cardápio e Menu 27 Fatores Determinantes na Definição do Cardápio UNIDADE 2 Planejamento Inicial dos Cardápios: elaboração das Fichas Técnicas 43 Indicadores de Preparo dos Alimentos 51 Elaboração de Fichas Técnicas 61 Combinações de Fichas Técnicas na Composição de Cardápio UNIDADE 3 Categorias de Cardápios & Menus 77 Aspectos Relacionados ao Planejamento dos Cardápios 83 Menus nas diferentes características 93 Cuidados a serem tomados na Grafia dica do chef habilidades Legendas de Ícones recapitulando saiba mais fatos e dados minicaso reflita Dica do Chef: dicas rápidas para complementar um conceito, detalhar procedimentos e proporcionar sugestões. Habilidades: elo entre as disciplinas do curso. Mão na massa: indicação de atividade prática. Fatos e Dados: complementação do conteúdo com informações relevantes ou acontecimentos. Minicaso: aplicação prática do conteúdo. Reflita: informações relevantes que proporcionam a reflexão de determinado conteúdo. Recapitulando: síntese de determinado conteúdo, abordando principais conceitos. Saiba mais: informações adicionais ao conteúdo. mão na massa Cardápios & Menus THANISE PITELLI PAROSCHI A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • A alimentação diária • Cardápio e menu • Fatores determinantes na definição de um cardápio • Entender sobre a importância e os preceitos básicos da alimentação saudável. • Compreender o conceito de cardápios e menu. • Estudar sobre os fatores que influenciam a escolha de um cardápio. Plano de Estudo Objetivos de Aprendizagem Introdução Caro(a) aluno(a), É de extrema importância compreender que o cardápio se inicia no momento em que o ali- mento é adquirido, passando pelo armazenamento, manipulação e preparo e, assim, é oferecido em um “menu” ou colocado à venda. Assim, ele deve ser servido de maneira impecável e em um ambiente acolhedor, que seja compatível com as suas características. Alimentar-se representa para o homem muito mais que o simples fato de saciar a fome. Logo na infância, a absorção do alimento é essencial para o bom desenvolvimento do organismo e também representa a identificação com o fato de ser amado e aceito, por esse motivo a palavra “amamentar”, que significa alimentar com amor. Por meio da alimentação, o homem faz o seu primeiro relacionamento com o mundo. A partir disso, entendemos a importância da alimentação para o nosso organismo e sobre- vivência. E, assim, surgem os estabelecimentos, com as mais diversas formas de serviço e de distribuir alimentos, as quais são apresentadas aos consumidores por meio do seu cardápio/menu. Assim, a presente unidade do livro de Planejamento de Cardápios visa focar nos aspectos que devem ser levados em consideração para a definição de um cardápio saudável e outros fa- tores determinantes. Aluno(a), quero chamar a sua atenção a respeito da necessidade de formação e estudo sobre esses aspectos técnicos do planejamento de cardápios, já que é por meio do cardápio que toda gestão do estabelecimento vai sendo exercida, sem o cardápio tornar-se difícil para fazer um controle correto dos custos, compras e ordem de produção. É preciso encarar o nosso ramo com atitudes profissionais, pois sabemos que cada vez mais a margem de lucratividade de restau- rantes vem sendo diminuída. Não existe outra forma de monitorar isso, senão por meio de um controle adequado e rigoroso da produção, compra de matérias-primas, redução de desperdício e, para isso, o planejamento de cardápios é imprescindível. 13 P l a n e j a m e n t o d e C a r d á p i o s 15G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R A Alimentação Diária Para a elaboração de um cardápio, seja para um hotel, restaurante ou uma cozinha industrial, é importante ter as bases para o co- nhecimento da alimentação correta. Atualmente, a ciência comprova aquilo que a sabedoria popular há séculos já dizia: “a alimentação saudável é a base para a saúde”. Ou seja, a quantidade e a qualidade daquilo que se come e se bebe são de importância fundamental para se desfrutar a vida de forma produtiva, ativa, longa e saudável. P l a n e j a m e n t o d e C a r d á p i o s S egundo Silva e Mura (2007), a ali- mentação do dia deve ser suficiente, harmônica, completa e adequada. Sob o ponto de vista nutricional, significa que deve conter todos os nutrientes em porções adequadas, em quantidades que satisfaçam o indivíduo e atenda às suas necessidades fisioló- gicas, suprindo os seus gastos energéticos que vão de acordo com as suas atividades exercidas. Além disso, deve ser emocionalmente gratifi- cante e com um visual atraente. De maneira prática, é possível estabelecer um esquema alimentar razoávelutilizando a pi- râmide alimentar. Esse é um instrumento, sob a forma gráfica, que tem como objetivo orientar as pessoas para uma dieta mais saudável, de forma que os alimentos ficam dispostos de maneira a ser facilmente assimilados pela memória. A pirâmide é um guia alimentar geral que demonstra como deve ser a alimentação diária para uma população saudável acima de dois anos de idade. Vale ressaltar que é considerada um guia geral, pois não leva em consideração as par- ticularidades de cada indivíduo ou, ainda, as recomendações de patologias específicas. Cada parte da pirâmide representa um grupo de alimentos e o número de porções re- comendadas diariamente, visando garantir os nutrientes que o nosso organismo necessita. A estrutura de pirâmide é utilizada para entender a quantidade que devemos con- sumir, pois os alimentos que precisam ser consumidos em uma quantidade maior estão na base da pirâmide e os que precisam ser consumidos em menor quantidade estão no topo da pirâmide. A pirâmide de alimentos foi um modelo proposto pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, em 1992. A pirâmide ali- mentar, que foi adotada no Brasil, foi criada em 1999, pela pesquisadora Sonia Tucunduva Philippi, do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Figura 1 - Antiga pirâmide de alimentos. Fonte: adaptada de Philippi (2014). 17G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Na base da pirâmide, encontramos os alimentos ricos em carboidratos, como massas, pães, cereais e arroz. Por estarem no maior grupo, devem ser consumidos em maiores quantidades durante o dia. Em seguida, encontra-se o grupo das frutas, verduras e legumes que fornecem vitaminas, mine- rais e fibras para o nosso corpo (BARHAM, 2002). No terceiro nível da pirâmide, estão os ali- mentos de fontes de proteínas e minerais, como carnes, leguminosas, leite e derivados. No topo da pirâmide, estão representados os alimentos que devem ser consumidos com moderação. Além disso, segundo Brasil (2014), a pirâmi- de busca trazer três conceitos para a alimentação: • Variedade: estimular o consumo entre os diferentes grupos de alimentos que compõem a pirâmide e também a varie- dade dentro de cada grupo, composto por diferentes alimentos, mostrando que todos os alimentos são importantes e necessários. • Proporcionalidade: representada pelo tamanho dos grupos e pela indicação do número de porções recomendadas. Como vimos anteriormente, o consumo de ali- mentos de grupos de tamanho maior deve ser feito em maior quantidade. • Moderação: representada pelo tamanho do grupo das gorduras e açúcares, que está localizado no topo da pirâmide; reco- menda cuidado com a adição de gordura e açúcar na dieta. Em 2013, tivemos uma atualização em que a nova pirâmide modifica a recomendação ante- rior. A atividade física (de, no mínimo, 30 minu- tos diários de exercícios) e alimentos brasileiros foram incluídos. A necessidade da mudança ocorreu, já que os últimos dados da Pesquisa de Orçamento Familiar, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostraram uma “epide- mia” de excesso de peso. Entre 2006 e 2010, o número de homens com quilos a mais do reco- mendado passou de 18,5% para 50,1%. Já entre as mulheres, no mesmo período, a proporção passou de 28,7% para 48%. Figura 2 - Pirâmide de alimentos atual Fonte: adaptada de Philippi (2014). P l a n e j a m e n t o d e C a r d á p i o s - Grupo do arroz, pão, massa, batata, mandioca: desta- cou-se a presença dos cereais integrais, aveia e inclusão da quinoa e do cereal tipo matinal. - Grupo das frutas: houve o realce maior para as frutas regionais, como caju, goiaba, graviola e a inclusão dos sucos e salada de frutas. - Grupo das verduras e legumes: foram incluídas as folhas verde-escuras, repolho, abobrinha, berinjela, beterraba, brócolis, couve-flor e a salada com diferen- tes vegetais. - Grupo do leite, queijo e iogurte: maior visibilidade a todos os alimentos do grupo como fonte importante de riboflavina (vitamina B2) e principal fonte de cálcio na alimentação. - Grupo das carnes e ovos: maior destaque para os peixes do tipo salmão, sardinha e regionais e para os cortes mais magros e grelhados, frango sem pele e ovos. - Grupo dos feijões e oleaginosas: o feijão e a soja como preparação culinária, a lentilha e o grão de bico, e ole- aginosas, como castanha do Brasil e castanha de caju. - Grupo dos óleos e gorduras: houve destaque para o azeite. - Grupo de açúcares e doces: colocou-se o chocolate e o açucareiro. Na disciplina de cozinha hospitalar, vimos sobre macro e micronutrientes. A pirâmide dos alimentos leva em considera- ção a respectiva distribuição dos macronutrientes diariamente. Vamos lembrar sobre eles? - Carboidratos, Proteínas e Lipídeos. 19G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Funções Fontes Carboidratos (CHO) • Fonte de energia. • Preservação de proteínas. • Combustível para o sistema nervoso central. Massas em geral, pães. Cereais: arroz, milho. Bolachas. Batata, mandioca. Frutas. Doces. Proteínas (PTN) • Manutenção do crescimento e da construção tecidual. • Formação de hormônios e enzimas. • Produção de anticorpos: importante função na nossa imunidade. Proteína animal: leite e derivados, carne e ovos. Proteína vegetal: leguminosas secas. Proteínas de cereais e hortaliças. Lipídeos (LIP) Compõem as membranas celulares. Representam reservas de energia. São combustíveis alternativos aos carboidratos. Isolamento térmico. Dão origem aos hormônios. Óleos vegetais, Azeite de oliva, Banha, Bacon, Carnes, Alimentos fritos, Manteiga, Margarina, Oleaginosas (nozes, amêndoas, castanhas...). Quadro 1 - Funções e alimentos fonte dos macronutrientes. Fonte: a autora. Assim, para uma alimentação e um cardápio serem sau- dáveis, é preciso respeitar princípios de quantidade, da qualidade, da variedade, da moderação e da harmonia. Planejar um cardápio é de suma importância para que ele forneça energia e nutrientes de acordo com a idade, sexo e condições de saúde de cada indivíduo. Seguindo os princípios da quantidade, da qualidade, da variedade, da moderação e da harmonia, o cardápio será saudável. Para tanto, o planejamento de cardápios significa que devemos selecionar os alimentos e as preparações, agru- pando-as convenientemente, de modo a se obter uma alimentação equilibrada e saudável, respeitando os hábitos e preferências alimentares, tal como prever a racionalização no uso dos recursos humano e material e nos equipamen- tos envolvidos, objetivando ter maior eficiência. O princípio da MODERAÇÃO valoriza o bom- -senso, quando orienta que não devemos nem excluir completamente um alimento ou grupo de alimentos de nossa alimenta- ção diária nem consumir apenas um tipo de alimento ou grupo de alimentos. A HARMONIA é obtida com a combinação de cores, consistências e sabores. Para isso precisamos criar novas combinações de alimentos, apresentando-as de diferentes maneiras, combinando cores, texturas e formas. Fonte: Wandelli (2009). P l a n e j a m e n t o d e C a r d á p i o s 21G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Cardápio & Menu É importante que se tenha conhecimento dos vários serviços que compõem uma refeição, para, assim, poder elaborar o cardápio. Essa ordem foi determinada há muitos anos e, com o passar do tempo, sofreu modificações para se adequar ao consumidor, buscando atendê-lo em suas necessidades, já que cada vez mais se tem menor tempo para alimentação e o poder aquisitivo também passa a ser reduzido. P l a n e j a m e n t o d e C a r d á p i o s Em contrapartida, também vemos uma mu- dança na produção, já que sua área foi reduzida e otimizada, com mão de obra também mais escassa. O número de serviços também tende a ser reduzido. Deve-seressaltar que o número de serviços depende dos seguintes fatores: • Tipo de refeição que se pretende oferecer. • Tipo de preparo escolhido para os pratos. • Número de pessoas a serem servidas. • Tempo disponível para o serviço. • Disponibilidade financeira. • Capacidade de produção da cozinha. • Quantidade de louças existentes. • Número de funcionários adequados para executar o serviço. O cliente é a pessoa mais importante do ser- viço, portanto o cardápio deve ser elaborado de forma que suas características individuais sejam respeitadas, sem esquecer dos aspectos técnico-operacionais e dos custos. Então, uma das peças fundamentais para o bom andamento de um restaurante é um cardá- pio bem organizado e apresentado, pois ele é o cartão de visitas do estabelecimento. Dessa forma, Teichmann (2009) define cardápio como sendo uma sequência de pratos a serem servidos em uma refeição, ou todas as refeições de um dia, ou por um período determinado. Vale lembrar que, atualmente, as palavras “cardápio” e “menu” são vistas como sinônimos. Tecnicamente não é correto, pois na hotela- ria, ao referir-se a um cardápio, faz-se referência a uma refeição específica de um grupo (ex.: car- dápio do jantar de casamento dos noivos Fulano e Ciclano), enquanto que as opções a serem ser- vidas em um restaurante seria o “menu”. Os franceses referem-se aos pratos que podem ser servidos em um estabelecimento como “Carte de Mets” (carta das comidas), enquanto que, no Brasil, temos o hábito de usar a palavra “carta” para a carta/lista de vinhos ou bebidas, deixando para cardápio ou menu a lista de pratos que podem compor a refeição. Os serviços de uma refeição possuem uma ordem a ser mantida. Quando vamos listar 23G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R os pratos a serem escolhidos pelos clientes, também temos que adotar uma ordem, ou seja, temos que apresentá-los em uma sequência pre- estabelecida que será indicativa para a ordem do serviço do qual fazem parte. Assim como todos os setores da economia, os restaurantes sofreram modificações com o passar do tempo, principalmente com o sur- gimento do turismo. Por isso, os restaurantes foram sendo criados com os mais diversos moldes, tais como: • Tradicional – restaurante que atende a clientela mais variada e seu ambiente é mais simples. • Internacional – caracterizado por uma culinária e ambiente mais requintados. Típico – aquele que retrata a culinária de um determinado país ou região. • Catering – fornecimento de alimentos prontos para uma coletividade, por exemplo, as refeições servidas durante os voos, cruzeiros, eventos culturais ou desportivos. • Fast Food – especializado em refeições rápidas. • Outros estabelecimentos: como casa de chá, doceria, pubs, loja de conveniência, casa de sucos e vitaminas etc. Figura 3 - Moldes da criação dos restaurantes. Fonte: a autora. P l a n e j a m e n t o d e C a r d á p i o s Além do estilo do estabelecimento, os tipos de serviços adotados por ele também podem ser variados. Podemos citar dois principais: Self-Service, que é caracterizado por uma linha de distribuição em que o próprio cliente monta o seu prato com as opções disponíveis no buff et, de acordo com suas preferências alimentares. Por ser um serviço rápido, é decorrência da vida moderna. O self-service é caracterizado, ainda, por clientes que pagam apenas pelo que comem, geralmente por meio do quilo, ou então comem a vontade e pagam um preço por pessoa. No caso do self-service, utiliza-se balcão tér- mico ou réchauds. Ambos devem estar limpos, com água tratada e limpa, trocada diariamente, mantidos a temperatura de 80 a 90ºC. No caso de utilizar estufa ou passtrought, estes devem estar limpos e ser mantidos à temperatura de 65ºC. Já o balcão frio deve estar regulado de modo a manter os alimentos, no máximo, a 10ºC . Serviço Empratado, aquele serviço em que o prato já vem da cozinha preparado e montado, sendo servido ao cliente pelo seu lado direito. Assim, o cliente escolhe o prato de acordo com as opções que são oferecidas pelo estabelecimento. Esse tipo de serviço também é chamado de “a la carte”. No caso do empratado, o pedido para a co- zinha é feito por meio de uma comanda, que seria um impresso utilizado pelo garçom, com a fi nalidade de organizar e controlar os pedidos efetuados. Geralmente, é confeccionada em três vias que terão o seguinte destino: 1ª. Cozinha – para a confecção do prato. 2ª. Caixa – para o controle dos gastos da mesa. 3ª. Garçom – para controle dos pedidos e organização na hora de servir a refeição. Alguns cuidados devem ser tomados ao preen- cher uma comanda, como escrita clara, legível e de forma completa (nunca esquecer a hora do pedido e número da mesa), carnes devem ter a informação do ponto de cozimento (bem, mal passado ou ao ponto) etc. Hoje em dia, outro tipo de serviço também vem sendo bastante utilizado, que é o rodízio, o qual ocorre com os garçons que servem a todos os clientes os pratos disponíveis na casa. É recomendado que o responsável pelo planejamento do cardápio tenha boas noções de culinária, pois ele deverá saber sobre as combinações das preparações entre si, como deverão ser preparadas e de que forma serão oferecidas no tocante ao seu aspecto estético. 25G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Esse profissional deverá ser ou ter entrosamento com o responsável pelas compras. No que se refere à preparação dos pratos, o profissional deverá ter conhecimento dos equi- pamentos disponíveis e suas limitações, por exemplo, não adianta desenvolver uma receita que precisa ser gratinada, se o restaurante não dispõe de um equipamento do tipo salamandra ou similar. Como o objetivo principal dos restaurantes atuais é buscar o profissionalismo e, devido à seriedade empresarial, essa tarefa normalmente é deixada aos cuidados do chefe de cozinha ou, na falta deste, do cozinheiro. P l a n e j a m e n t o d e C a r d á p i o s 27G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Fatores Determinantes na Definição do Cardápio Para a elaboração de um cardápio, não é suficiente a simples escolha dos pratos, pois são inúmeros os fatores que irão determinar as diretrizes do planejamento, já que cada empresa possui caracte- rísticas próprias, tanto no que se refere ao cliente, como também em estrutura física e administrativa. Teichmann (2009) cita, em seu livro, alguns fatores que devem ser conhecidos para que se possa determinar um cardápio ade- quadamente, são eles: clientes, preferências regionais, localização e variação climática, espaço físico do restaurante, ambiente, dis- ponibilidade financeira, tipo de serviços etc. A seguir, abordarei cada um deles. P l a n e j a m e n t o d e C a r d á p i o s Clientes É necessário conhecer o público a que se destina o cardápio a ser elaborado, pois, de acordo com as particularidades da clientela, o planejamento precisa ser feito visando atingi-la. Dentre as particularidades, podemos citar: sexo, idade, tempo disponível, poder aquisitivo, tipo de co- memoração etc. Por exemplo, para jovens e estudantes, o cardápio deve ser simples, acessível e rápido, enquanto que, para homens mais maduros, é possível dispender mais tempo em uma re- feição noturna, optando por cardápios mais sofisticados. Quando a clientela for muito abrangente, a escolha deve ser feita buscando uma diversi- ficação que possa atender a todo público-alvo. Preferências regionais Cada localidade, de acordo com suas caracte- rísticas de antepassados, pela disponibilidade de insumos, tem preferências alimentares de- finidas. Assim, é preciso atentar para oferecer alimentos que possam ser incorporados ao dia a dia do cliente. Temos, ainda, como tendência atual da gastronomia, a utilização de produtos com foco nos produtoreslocais, ou seja, atual- mente os estabelecimentos estão buscando uma gastronomia sustentável, que valorize os produtores da região, resgatando os sabores da região. Localização e variação climática Quando o estabelecimento está localizado em um lugar com abastecimento de alimentos di- ficultoso, deve-se optar por pratos preparados com alimentos da região, de modo a evitar falta de ingredientes. Se o estabelecimento fica em um local que em algumas épocas ou horários pode receber um maior fluxo de clientes, ainda, os cardápios devem ser elaborados visando um atendimento rápido. Dentro de uma mesma cidade, existem dife- rentes zonas de figuração bem definidas, por exem- plo, se o estabelecimento está localizado em uma região próxima a bancos, escritórios, empresas etc., o cardápio do tipo executivo é uma boa opção, já que o tempo de refeição geralmente é limitado. Diferente de um restaurante de hotel, por exem- plo, no qual os clientes estão em um momento de lazer e o tempo para alimentação pode ser longo. É importante também situar o local do res- taurante, já que restaurantes que ficam ao nível da calçada e de fácil acesso terão preferência para os apressados, enquanto que aquele que está lo- calizado no vigésimo andar, com vista para toda a cidade, possivelmente não será a escolha da ali- mentação para aquele almoço executivo e rápido. A variação climática bem definida é outro fator a ser levado em conta, pois, quando for frio, o cardápio deve oferecer alimentos que forneçam sensação de calor e durante a época de verão, a apresentação deve buscar saladas cruas, bebidas geladas, frescor! 29G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Espaço físico do restaurante Fica evidente que o tipo de serviço e o tipo de cardápio devem ser apropriados para o espaço disponível, tanto para acomodar os clientes como para a área de produção. Ambiente O ambiente é outro fator importante e engloba a decoração, os móveis e utensílios do restau- rante, afinal, o cardápio a ser oferecido deverá estar de acordo com particularidades que carac- terizam a casa. Por exemplo, o ambiente de um local que serve cachorro quente simples deve ser diferente daquele que serve hambúrguer artesanal. Orçamento A disponibilidade financeira para o preparo de uma refeição está diretamente proporcional ao poder aquisitivo do cliente. Por isso, é impor- tante que os pratos sugeridos possam oferecer uma margem de lucratividade esperada pela empresa. Tipo de serviço A escolha do cardápio depende do tipo de servi- ço oferecido pelo estabelecimento, como vimos anteriormente. Outra questão é o numero de refeições, que vai in- fluenciar e limitar o tipo de serviço, por exemplo, um local que possui alta rotatividade de clientes, visto que o serviço "a la carte" é dificultoso. Horário de atendimento O horário disponível para o atendimento aos clientes também pode influenciar na escolha do cardápio, por exemplo, em um estabelecimento que possui uma faixa de horário bastante ampla, mais de 6 horas, e trabalha com buffet, a opção de reposição deve ser verificada, já que o alimen- to que fica exposto por longos períodos pode perder qualidade e possibilitar o crescimento de microrganismos. Equipamentos, utensílios e mão de obra A disponibilidade desses elementos possui atuação fundamental na seleção de pratos a serem escolhidos para o cardápio, pois de nada adianta planejar um cardápio muito atraente e saboroso no papel, se não houver por trás uma infraestrutura que permita a execução perfeita e um bom serviço. Um exemplo simples, o tamanho da salamandra irá determinar o número de sugestões de pratos gratinados. P l a n e j a m e n t o d e C a r d á p i o s Os critérios estabelecidos para distribuição de alimen- tos quentes e frios foram estipulados de acordo com a portaria CVS-6/99, de 10 de Março de 1999, sendo: Os alimentos quentes podem ficar na distribuição ou espera a 65ºC ou mais por, no máximo, 12 h ou a 60ºC por no máximo 6 h ou abaixo de 60ºC por 3 h. Os alimentos que ultrapassarem os prazos estipulados devem ser desprezados. Os alimentos frios, potencialmente perigosos, que favorecem uma rápida multiplicação microbiana, tais como sobremesas cremosas, maioneses, salpicões e algumas preparações à base de frios e laticínios devem ser distribuídos no máximo a 10ºC por até 4 horas. Quando a temperatura estiver entre 10ºC e 21ºC, só podem permanecer na distribuição por 2 horas. Os ali- mentos frios que ultrapassarem os critérios de tempo e temperatura estabelecidos devem ser desprezados. Fonte: Brasil (1999). Atualmente, a maioria das cozinhas já está adquirin- do alimentos pré-preparados, tais como: vegetais já limpos e picados nas mais variadas formas, vegetais congelados frescos, facilitando a produção, economi- zando áreas e mão de obra para pré-preparo, e permi- tindo maior agilidade na cozinha. Fonte: a autora. Sistema de compras e estocagem Não é possível iniciar um planejamento de cardápios sem ter conhecimento da política de compras utilizada pela empresa. A aquisição pode ser feita por dia, semana, quinzena ou mês. Levando em conta, é necessário usar ali- mentos disponíveis nesses espaços de tempo. Imagine o quão inoportuno seria elaborar a su- gestão do que será servido na semana seguinte e inserir uma matéria prima que demora 15 dias para chegar? Assim, o conhecimento de todas as etapas e situações é necessário, por esse motivo, o pla- nejamento do cardápio deve ser feito por um profissional capacitado. 31G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R co ns id er aç õe s fi na is Prezado(a) aluno(a), Chegamos ao fim da nossa primeira unidade. Nela, vimos que o cardápio é de extrema importância para um estabelecimento e isso ocorre por diversos motivos. Inicialmente, sua importância se dá devido ao cardápio representar o primeiro contato entre o consumidor e o restaurante. Assim, é um meio excepcional de transmissão de informações, que visa fortalecer a imagem e a identidade de uma empresa. As informações contidas em um cardápio devem buscar a perfeita sintonia e clareza na comunicação. O cardápio deve refletir o conceito do restaurante e o restaurante deve estar alinhado com as características do cardápio, pois nele estão contidos os pratos servidos pela casa e que norteiam o funcionamento do estabelecimento. Vimos, ainda, que o cardápio/menu não é apenas uma listagem de alimentos e bebidas servidos em um estabelecimento, com suas tabulações de preços, ele é a via de contato direto com o consumidor, com a capacidade de repassar informações e agregar valores. Vale lembrar que a palavra “cardápio” deve ser usada para uma refeição específica de um grupo. Já as opções servidas em um restaurante são chamadas de “menu”. Como o cardápio/menu deve estar alinhado com as características do estabeleci- mento, alguns pontos devem ser levantados para o seu correto planejamento, como as preferências da população alvo, o horário de atendimento, o espaço físico disponível para o preparo e distribuição, o tipo de serviço adotado, entre outros. Por exemplo, em um restaurante que distribui os alimentos na forma de self-ser- vice, com um período de atendimento de quatro horas, não seria interessante manter um souflé durante todo o período de distribuição, pois é uma preparação que, após um tempo, perde totalmente suas características. Por isso, aluno(a), conhecer os fatores que determinam a escolha e o planejamento do cardápio é de suma importância para que se tenha um funcionamento apropriado da cozinha, sempre buscando agradar o cliente, afinal, o cardápio é a vitrine do restaurante. P l a n e j a m e n t o d e C a r d á p i o s at iv id ad es d e es tu do 1. O cardápio possui suma importância para o restaurante, já que é o seu instru- mento de venda e por meio dele o consumidor decide seirá fazer sua refeição lá ou não. No planejamento dos cardápios básicos, devem ser considerados alguns aspectos fundamentais, tais como: a. Disponibilidade de área e equipamentos. b. Recursos humanos e previsão para compras. c. Resto dos pratos dos clientes e necessidades nutricionais. d. Disponibilidade do gênero no mercado e resto dos pratos dos clientes. e. Hábitos alimentares dos clientes e previsão para compras. 2. A montagem de cardápios deve levar em consideração diversos fatores técnicos, socioeconômicos e culturais. Nesse contexto, assinale o que for correto. (01) O planejamento de cardápios deve levar em consideração a preferência sensorial dos consumidores, buscando, também, alternativas mais saudáveis, desconsi- derando os custos. (02) Devido ao risco de contaminação em sistemas de distribuição do tipo self-service, não é permitido que os alimentos quentes fiquem na distribuição por mais de 6 horas. (04) Para tornar viável economicamente um serviço de alimentação, os custos devem ser reduzidos e isso pode ser feito baixando-se a qualidade higiênica e nutricional. (08) A montagem de cardápios deve considerar, entre outros fatores, clima, hábitos alimentares e satisfação dos consumidores. (16) O conteúdo nutritivo de cardápios e refeições interfere em seus custos, por isso, não deve ser levado em consideração. A somatória das asserções verdadeiras é: _____. 33G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R at iv id ad es d e es tu do3. Para uma alimentação e um cardápio serem planejados de maneira saudável, é necessário respeitar princípios de quantidade, da qualidade, da variedade, da moderação e da harmonia, por isso foi criada a Pirâmide de Alimentos, uma forma gráfica de demonstrar para a população, de maneira geral, como ter uma alimentação saudável. Com base nela, para se ter uma alimentação equilibrada, deve-se consumir quantidades: a. Iguais de arroz, pães ou massas e de leguminosas. b. Iguais de carnes ou ovos e de frutas, legumes e verduras. c. Maiores de arroz, pães ou massas do que de leite e derivados. d. Maiores de leites e derivados do que de frutas e verduras. e. Menores de arroz, pães ou massas do que de frutas. P l a n e j a m e n t o d e C a r d á p i o s le it ur a co m pl em en ta r A arte da Bistronomia no Brasil Segundo Santana (2011), “o bistrô é um restaurante ou bar de pequeno porte, de origem francesa, muito comum nesse país europeu. São locais singelos, mas bem confortá- veis, neles os clientes podem consumir bebidas alcoólicas, cafés entre outros drinks, além de pratos modestos de baixo custo”; mas existem controvérsias sobre o período e classificação. Elisa Donel (1999, p. 39) define bistrô como: pequeno restaurante da vizinhança, despretensioso na apresentação, (mesas cobertas de papel, louças e talheres singelos, cadeiras geralmente desconfortáveis) porções fartas, comida mais para caseira, enumerada num cardápio sucinto – muitas vezes escrito a mão – que varia com pouca frequência. Trata-se de um negócio familiar, coisa assim como: o pai faz as compras e a comida, ajudado pela mulher e/ou filho(a). Com essa composição, a atmosfera do bistrô ganha o encanto conhecido: descontraída, barulhenta, agitada e familiar... tudo para que o freguês se sinta em casa (DONEL, 1999, p. 39). Segundo a autora Patrícia Wells (2005, p. 12), o bistrô, além de ser um estabelecimento gastronômico, é também um modo de viver. Para Wells (2005), em um bistrô a louça é grosseira e branca, sem enfeites, as mesas cobertas com papel; o cardápio em papel comum. Nos bistrôs as pessoas não seguem as normas de boas maneiras tradicionais, os clientes são chamados pelo primeiro nome e são servidos diretamente pelo chefe. A autora complementa que, antigamente, os bistrôs serviam como extensão da sala de estar da família, pois os bistrôs eram gerenciados pelo pai, mãe e filhos. Nesse tipo de estabelecimento, a convivência e as relações pessoais têm tanta importância quanto a qualidade do serviço. Um bistrô não costuma ter cardápio, sendo o próprio chef que conversa com o cliente, sabendo das suas preferências e preparando a refeição ao seu exato gosto, o que a torna único e extremamente pessoal. Há, portanto, uma implicação intimista na relação com o consumidor. O bistrô pode ser conhecido como o próprio chef, como aquele que prepara a comida e dá um gosto pessoal em cada um dos pratos (WELLS, 2005, p. 12). De acordo com Larousse (1984, p. 110), o bistrô é “estabelecimento de beber ou res- taurante moderno. Esta palavra familiar é elegantemente servida para designar o chefe ou proprietário do estabelecimento. Os bistrôs de hoje, em uma aparência modesta, oferecem normalmente, para acompanhar uma degustação de vinhos (LAROUSSE, 1984, p. 110). 35G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R le it ur a co m pl em en ta r Donel (1999, p. 42) diz que assim como toda a comida oferecida nos bistrôs os vinhos não ficariam de fora, porém não apresentam grandes nomes da enologia. O bom vinho do bistrô é despretensioso, aquele que estimula diálogos descontraídos (ou românticos), não focalizando a atenção apenas na degustação, só o prazer de beber algo com quem se gosta, num ambiente onde realmente você se sente o mais informal possível (DONEL, 1999, p. 42). Gouvêa (2010) explica que a diferença entre se classificar como um restaurante ou bistrô é o charme do ambiente. “Um bistrô é um local tranquilo, de onde pode se ver o tempo passar. É um restaurante pequeno, mais aconchegante”, descreve. A tendência atual pode ser definida como um mix de comida feita com requinte em um ambiente mais inspirador do que o dos restaurantes “finos”, com talheres de prata ladeando os pratos, muitos copos e design (GOUVÊA, 2010). Para a autora, em um bistrô, você pode facilmente sair do trabalho direto para a mesa, sem a necessidade de superproduções ou preparo psicológico para encarar uma noite de glamour extremo. Hoje bistrô é basicamente sinônimo de pequenos, tradicionais e charmosos restaurantes de inspiração francesa. No bistrô encontram-se relíquias e antiguidades, além de serem charmosos os chás nos fins de tardes (GOUVÊA, 2010). Existem algumas histórias que afirmam que milita- res russos, ao invadir a capital francesa (1814), chamavam “bystrô, bystrô” ao atacarem os cafés parisienses, o termo bystrô que tem o significado de rápido, rápido no idioma russo era fortemente aclamado por esses soldados. Outras lendas dizem que foram os franceses da região norte da França que idealizaram esse termo (WELLS, 2005, p. 13). Atualmente qualquer restaurante de pequeno porte, influenciado pela atmosfera francesa é popularmente associado à ideia de um bistrô. Esta denominação é particu- larmente usada pelos mais cultos, os quais preferem dizer que vão a um local assim intitulado, do que a um mero estabelecimento especializado em servir refeições. Segundo Wells (2005), a cozinha de um bistrô exige que seus funcionários tenham uma boa dose de talento, e não demanda de muitos utensílios, não impondo ao cliente serviços de pompa e gastos em demasia. A comida de bistrô não é apenas um estilo de cozinha, é também um modo de apresentação. A cozinha de bistrô é a cozinha do lar francês na sua melhor forma, um estilo de cozinha que necessita de um mínimo de habilidade técnica e não exige uma coleção profissional de panelas e frigideiras. Os ingredientes não são exóticos, vêm direto do mercado local. E é um tipo de cozinha que P l a n e j a m e n t o d e C a r d á p i o s le it ur a co m pl em en ta r surgiu da necessidade de tirar o máximo proveito de cada ingrediente, o que não pesa tanto no bolso (WELLS, 2005, p. 13). Segundo Azevedo (2009), para um estabelecimento ser bistronômico ele deve se encaixar em cinco requisitos, sendo que os três primeiros são comuns a todos os bistrôs autênticos, segundo o modelo Francês:1. um imóvel pequeno e aconchegante 2. serviços sem pompa 3. preços mais em conta, quando comparados aos dos restaurantes chiques da cidade 4. como chef-proprietário, um profissional de renome, de preferência com passagens por casas símbolos da alta gastronomia, e 5. um cardápio enxuto, mas com toque autoral, seja na sofisticação das receitas, seja no aproveitamento criativo de ingredientes corriqueiros, como ovo, quiabo, ou moela de galinha (AZEVEDO, 2009). No Brasil, a ideia que se tem de um bistrô é de um restaurante afrancesado de ambiente romântico e preços que seriam mais elevados. O conceito original é bem menos preten- sioso. Na França, os bistrôs sempre foram empreendimentos comuns, que alegram as noites francesas, por ser tão original e peculiar. O bistrô é para os franceses uma marca da sua nacionalidade, algo que se difere de país para país, existem costumes que orgu- lham seus indivíduos, e o bistrô por ser tão típico e pouco divulgado, principalmente na América Latina, deixam com certeza, para muitos, algo da gastronomia ainda a ser descoberto, não por suas receitas, mas pelo seu estilo próprio (AZEVEDO, 2009). O marco zero da bistronomia se deu em 1992. Quando o chef Yves Camdeborde decidiu se arriscar no seu próprio negócio, adquirindo um bistrô num lugar remoto da capital francesa. A boa comida, o serviço despojado e as cifras honestas cativaram a clientela e fizeram do La Régalade um sucesso de público e uma referência para outros profissionais. Fonte: Salles e Ribeiro (2011). 37G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R m at er ia l c om pl em en ta r CARDÁPIOS SAUDÁVEIS Eliane Said Dutra et al. Editora: Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica Sinopse: este material fornece informações sobre Cardápio: seu planejamento faz toda a diferença; Técnicas de preparo dos alimentos regionais e a importância de sua valoriza- ção; Aproveitamento integral dos alimentos: uma alterna- tiva barata e nutritiva; Higiene no preparo dos alimentos; Educador(a) alimentar e seu papel no controle da quali- dade da alimentação escolar; Sugestões de receitas para aproveitamento integral dos alimentos e para utilização de alimentos regionais. P l a n e j a m e n t o d e C a r d á p i o s re fe rê nc ia s BARHAM, P. A Ciência da Culinária. São Paulo: Roca, 2002. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. PHILIPPI, S. T. Pirâmide dos Alimentos: Fundamentos Básicos da Nutrição. 2. ed. São Paulo: Manole, 2014. SALLES, G. A. F.; RIBEIRO, L. A. M. Hospitalidade e Bistronomia: um Estudo Comparativo Conceitual entre os Bistrôs Franceses e os Bistrôs Paulistanos Voa lá e Hillman. In: VIII Seminário da Associação Nacional Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo. Balneário Camboriú, 2011. SILVA, S. M. C. S.; MURA, J. D. P. Tratado de Alimentação, Nutrição e Dietoterapia. São Paulo: Roca, 2007. TEICHMANN, I. M. Cardápios: técnicas e criatividade. 7. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2009. WANDELLI, A. M. M. M. Banco de dados para elaboração de cardápios. 3. ed. Rio de Janeiro: Unirio, 2009. GABARITO 1. C 2. B 3. C Planejamento Inicial dos Cardápios: Elaboração das Fichas Técnicas THANISE PITELLI PAROSCHI A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Indicador de preparo de alimentos • Elaboração de fichas técnicas • Combinações de fichas técnicas na composição de cardápio • Conhecer quais são os indicadores de preparo dos alimentos que influenciam no processo de produção, compra de matéria-prima e rendimento. • Compreender a importância da elaboração de fichas técnicas, bem como as informações que devem ser apresentadas. • Avaliar as questões que devem ser estudadas ao combinar as fichas técnicas para a composição de um cardápio e de um menu. Plano de Estudo Objetivos de Aprendizagem IntroduçãoIntrodução Caro(a) aluno(a), Quando pensamos no cardápio, este possui a principal função de auxiliar nos objetivos dos estabelecimentos. Objetivos esses que englobam o fornecimento de refeições nutricionalmente equilibradas, fornecimento de refeições com qualidade higiênico sanitária, refeições que satis- façam o cliente (no que se refere, sim, à satisfação física, mas também à satisfação emocional). As refeições devem estar ajustadas à disponibilidade financeira da instituição, afinal, só temos a continuação do serviço se ele der viabilidade econômica, não é? Assim, planejar as atividades no ramo de alimentos e de bebidas é de fundamental impor- tância para o bom andamento do negócio e obtenção dos lucros. Muitos empresários acreditam que possuir um empreendimento de alimentação começa na sua inauguração. Esse é o maior engano, pois o planejamento e a execução dos seus controles devem começar já na definição do tipo de empreendimento e na elaboração do cardápio/menu, ou seja, muito antes das suas portas abrirem para atendimento ao público. O cardápio não pode ser encarado como uma tabela de preços, mas sim como um poderoso instrumento de vendas e atratividade para os clientes. Ele deverá despertar as primeiras im- pressões sensoriais do cliente e é por meio do cardápio que a empresa “vende” o seu produto. No que se refere ao preço, sabemos que só é possível controlar preço quando temos a ficha técnica do produto. Por meio dela, é possível padronizar as preparações, avaliar desperdício, fazer compras, controlar estoque e até mesmo organizar a produção. Por esse motivo, nesta unidade trabalharemos as fichas técnicas de preparo de alimentos. Gostaria de lembrá-lo(a) que a forma em que as informações serão dispostas, ou seja, o layout da ficha técnica, pouco importa desde que as informações nela estejam completas. Para uma boa aplicação e elaboração das fichas técnicas, bem como a sua combinação para a refeição do dia, temos que conhecer, também, os indicadores de preparo de alimentos. 41 P l a n e j a m e n t o d e C a r d á p i o s 43G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Indicadores de Preparo dos Alimentos Vimos, na unidade anterior, que, para dimensionar um cardápio, é necessário conhecer e dimensionar algumas variáveis que afetam sua composição. Podemos citar o número de refeições, o sistema de distribuição, a qualificação dos funcionários. Por exemplo, quando sugerimos como cardápio do dia Coquetel de Camarão, pressupõe-se que temos a matéria-prima suficiente, local para armazenar adequadamente a matéria-prima (afinal, de nada adianta comprar um monte de camarão se o freezer está na sua lotação máxima com outras matérias-primas), mão de obra capacitada para preparar, taças suficientes para servir, enfim, todo o cardápio depende de condições satisfatórias para sua execução. P l a n e j a m e n t o d e C a r d á p i o s D evemos pensar ainda que, muitas vezes, um prato específico necessi- ta de um equipamento especial. Ao adquirir esse equipamento, pode-se ocupar espaço, representar um gasto inútil e ser pouco aproveitável se, por exemplo, é um prato pouco consumido. Enfim, aluno(a), de posse e conhecimento dessas informações, o cardápio já pode ser co- locado no papel, sendo importante contar com: • Local apropriado e calmo, no qual todo material de apoio e consulta esteja disponível. • Se possível, computador e impressora. • Manual de receitas e fichas técnicas. • Tabelas de Indicador de Parte Comestível e Indicador de Cocção dos alimentos. • Estatística dos cardápios já executados com o maior número possível de infor- mações, aceitação, época do ano, tipo de cliente, horário de maior consumo etc. • Menus e Carta de bebidas. • Lista de fornecedores. Enfim, todos os elementos que possam facilitar e tornar a tarefa do planejamento mais ágil e proveitosa. Citamos um desses itens, qual seja “Tabelas de Indicadorde Parte Comestível e Indicador de Cocção dos alimentos”. Vale lembrar que, além desses, temos o indicador de reidratação. Esses são os indicadores de preparo de alimentos que devem ser estudados e padronizados para cada restaurante ou estabelecimento específico, já que podem ser diferentes de um local para o outro. Após padronizarmos as preparações que farão parte do cardápio, a previsão dos gêneros neces- sários, ou seja, a compra da matéria-prima, vai depender de conhecer a perda envolvida nos pro- cessos e pré-preparo, bem como a alteração de peso decorrente do processo de cocção dos alimentos. Por isso, é necessário relembrar alguns con- ceitos que, segundo Ornellas (2007), são: PESO BRUTO: corresponde à quantidade de alimento (expresso em Kg, ou g, ou L) que ainda não foi submetido ao processo de pré- -preparo. Suas características de origem ainda se fazem presentes. Podemos citar a laranja in natura, com casca. PESO LÍQUIDO: corresponde à quantida- de de alimento (expresso em Kg, ou g, ou L) que se encontra próprio para ser submetido ao processo do preparo, ou seja, já passou pelo pré- -preparo. Podemos citar a laranja já descascada. RENDIMENTO: corresponde à quantida- de total do alimento após preparo, ou seja, o peso final da preparação (em Kg, ou L). Obs.: é a preparação na sua totalidade, ou seja, o peso final da lasanha preparada. PORÇÃO: corresponde à parte de uma preparação, adequada a uma pessoa, ou seja, o 45G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Conhecer o peso bruto do alimento é es- sencial para um correto dimensionamento dos custos do prato. Afinal, para usarmos a cebola descascada, compramos ela com casca e como é vendida a quilo, paga-se pela casca. Fonte: a autora. alimento já está transformado em preparação, do qual apenas separa-se uma quantidade para uma pessoa. Ou seja, um pedaço da lasanha que será a porção servida. PER CAPITA: quantidade de alimento cru e limpo indicado para uma pessoa. Ou seja, é a quantidade individual de cada ingrediente. Por exemplo, para se fazer uma porção de lasanha, usei um per capita de 10g de mussarela, 7g de presunto etc. Indicador de parte comestível (IPC) Anteriormente conhecido como fator de corre- ção, é um índice que se refere às modificações que acontecem durante o processo de pré-pre- paro, por exemplo, as perdas por retiradas de aparas, sementes, cascas, talos, sujidades, gorduras e ossos, não se restringindo apenas a isso. Segundo Philippi (2008), é uma constante obtida pela relação do peso bruto (gramas) e do peso líquido (gramas) do alimento: IPC = PB (g) PL (g) Esse valor é sempre maior que 1, pois prevê as perdas dos alimentos durante o pré-preparo (ou seja, o valor maior será colocado em cima). Por exemplo: ao comprar 1.000g de chuchu a ser submetido ao pré-preparo, verificou-se que o peso do chuchu picado foi de 500g. Portanto, 1.000g/500g = 2. Consequentemente, o IPC do chuchu = 2. Assim, ao adquirir chuchu, deve-se duplicar a quanti- dade final necessária, obtendo a quantidade total a comprar. O conhecimento da forma de consumo e da parte comestível do alimento permite que a avaliação da quantidade a ser adquirida não fique sub ou superestimada. Falhas causadas por estimativas incorre- tas podem acarretar problemas operacionais nos restaurantes, como aumento nos custos, pois é possível comprar a mais ou também comprar a menos (o que necessita de com- pras emergenciais, que geralmente são mais caras) desperdícios com sobras de alimentos já preparados. P l a n e j a m e n t o d e C a r d á p i o s Existem fatores que podem influenciar o IPC, por exemplo, a técnica de pré-preparo emprega- da (quando cortamos uma carne em cubos, tere- mos maior perda de pré-preparo do que fazer a carne moída, por exemplo). Temos, ainda, uma variação no tipo de corte utilizado, por exemplo, cubos ou tiras. As formas de consumo também influen- ciam, como no caso de utilizar o tomate com casca e sementes ou usar o tomate sem casca e sementes para fazer um molho sugo. Outro exemplo, ao utilizar a cenoura para uma Julienne (tiras finas de cenoura), descarte a parte de cima (talo), a pequena parte de baixo (raiz), a casca e corte-a em pequenos retângulos de mesmo tamanho, para que tenham uniformi- dade na apresentação. Isso significa que as late- rais arredondadas não serão utilizadas para essa finalidade. Por outro lado, se utilizada a cenoura para a preparação de um purê, as únicas partes descartadas são os talos, a raiz e a casca. Toda aquela parte arredondada pode ser utilizada, pois não interfere em nada no resultado final. O tipo de utensílio ou equipamentos utili- zados influencia também, uma vez que vamos tentar descascar um alimento com uma faca que não está afiada, a etapa é dificultada e, na maior parte das vezes, acabamos perdendo mais uma parte que poderia ser consumida. Por último, temos o recurso humano, se nós formos descas- car uma mesma laranja, por exemplo, cada um obterá um peso diferente na laranja descascada. Lógico que, quanto mais treinada e capacita- da estiver a equipe, menor serão as perdas de pré-preparo. O IPC é diretamente proporcional ao tempo decorrido após a colheita e a oferta, já que, quanto mais recente a colheita, mais íntegro o alimento e, consequentemente, menor a perda (com partes amassadas, estragadas ou impró- prias ao consumo). Assim, cada restaurante deve definir os valores para IPC. Porém, devido a grande va- riabilidade das condições, é possível utilizar valores padronizados, mas é importante que se verifique o método utilizado, adaptando-o às particularidades de cada local. Temos, a seguir, um exemplo de IPC padronizado: ALIMENTO IPC Batata 1,26 Cenoura 1,22 Cebola 1,06 Pepino 1,28 Pimentão 1,33 Mamão papaia 1,41 Mamão formosa 1,35 Brócolis 3,40 Couve-flor 1,17 Espinafre 2,10 Melão 1,39 Manga 1,80 Banana 1,56 Tabela 1 - Exemplos de indicador de parte comestível Fonte: Philippi (2008). 47G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Indicador de reidratação O indicador de reidratação (IR) é, normalmente, utilizado para cereais, leguminosas e alimen- tos deixados de remolho (deixados imersos em água). Quando um alimento fica de remolho, sofre um aumento em seu peso pela hidratação a que foi submetido, por exemplo: para fazer tabule ou quibe, o trigo deve ficar de remolho, com isso, seu volume aumenta em cerca de duas ou três vezes em relação ao peso seco. Quanto maior o tempo de reidratação, menor o tempo de cocção. Para o cálculo, o aumento do volume apre- sentado pelos cereais, utiliza-se o indicador de reidratação pela seguinte fórmula (ORNELLAS, 2007): IR = Peso do alimento reidratado (g) Peso do alimento seco (g) Valor maior que 1, já que os alimentos ganham peso durante o remolho. No caso de 83g de feijão deixadas de remo- lho em 100mL de água, verificou-se que seu peso final é de 150g. Nesse exemplo, qual o valor de IR? IR = 150g/83g - IR= 1,807 Ou seja, com o IR, temos uma modificação de peso que também ocorre durante o processo de pré-preparo, porém com aumento do peso do alimento. Indicador de conversão (IC) Esse fator anteriormente era conhecido como Fator de Cocção e é calculado já que os alimentos podem sofrer modificações por fatores físicos (temperatura), químicos (ação de ácidos) e bio- lógicos (fermentos). A ação externa que os alimentos recebem, na passagem de um estado para o outro (por exemplo, cocção, congelamento, descongela- mento), faz com que o peso dos alimentos se modifique. De acordo com Ornellas (2007), o IC pode ser calculado por uma constante obtida entre o peso do alimento processado (gramas) e o peso do alimento no estado inicial (gramas): IC = Peso do alimento processado (g) Peso do alimento no estado inicial (g)Assim, o IC é uma constante para cada alimento, podendo ser maior ou menor que 1. Será maior que 1 para alimentos que ganham peso, como o arroz e feijão, e será menor que 1 para alimentos que perdem peso, como um bife grelhado. No caso de um alimento cozido, seria o peso do alimento cozido/peso do alimento cru. Se fosse para saber a perda durante o descongelamento, poderia utilizar o peso do alimento já descongelado/peso do alimento congelado. No caso de preparações como feijoada ou polenta com molho, utiliza-se o peso final sobre a somatória de todos os pesos líquidos P l a n e j a m e n t o d e C a r d á p i o s dos ingredientes utilizados, obtendo-se o IC PARA A PREPARAÇÃO. Por exemplo, considerando o IC do frango como sendo 0,80, para servir 5 porções de 200g de frango grelhado, quanto de frango deve-se comprar? Se precisamos de 5 porções de 200g de frango grelhado, necessitamos de 1000g de frango grelhado. Se IC = 0,8, para obtermos 1000g de frango cozido, necessitamos de 1250g (obtemos dividindo 1000g por 0,8). Segundo Coenders (1996), o tipo de calor que age sobre o alimento influencia o seu IC, já que, ao usar calor seco, temos uma diminuição do peso do alimento cozido, mas quando usamos calor úmido, geralmente temos aumento de peso. Além desse, outros fatores podem influen- ciar no produto final, como: • Intensidade de calor: quanto mais calor o alimento receber, mais desidratará e mais peso perderá. • Tempo de cocção: pensando em um macarrão cozido, quanto mais tempo cozinhar, mais ele aumentará seu peso, bem como um bife, quanto mais tempo ficar grelhando, mais peso vai perder. • Adequação de equipamentos: está re- lacionado à intensidade de calor e o tempo, pensando em uma fritadeira, por exemplo, se o termostato não estiver adequado, podemos ter variação na in- tensidade de calor (temperatura) no qual o alimento é submetido. • Qualificações de mão de obra: refere- -se ao conhecimento do melhor tipo de calor, tempo e temperatura utilizados. • Diferentes formas de preparo e apre- sentação de um mesmo alimento: seja assado, refogado, desidratado etc. Os alimentos em sua forma natural ou consu- midos crus, como frutas e vegetais (saladas), não podem ter seu IC calculado quando subme- tidos a algum procedimento de pré-preparo ou consumidos de formas diferentes (ex.: laranja espremida para suco), apenas o IPC. Vejamos alguns exemplos de IC: ALIMENTO IC Batata 1,00 Bacon 0,5 Carne bovina 0,6 – 0,9 Macarrão 2,50 Arroz 2,70 Feijão 2,00 Tabela 2 - Exemplos de indicador de cocção Fonte: Philippi (2008). Enfim, conhecer esses indicadores é essencial para calcular perdas, compras, comparar preços, evitar aumento nos custos, controle de des- perdício de alimentos preparados, cálculo de rendimento e aplicação e elaboração corretas da ficha técnica. 49G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R P l a n e j a m e n t o d e C a r d á p i o s 51G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Elaboração de Fichas Técnicas Os responsáveis pelo setor de produção de alimentos (seja o gastró- logo, proprietário, gestor do setor) devem elaborar e implementar as fichas técnicas de preparo dos alimentos. Esse é um dos docu- mentos essenciais ao correto funcionamento do estabelecimento. Com as fichas técnicas, é possível registrar todo o processo de preparo dos pratos (receitas), incluindo as matérias-primas utilizadas, quantidades, perdas de pré-preparo, rendimento, por- cionamento, modo de preparo, custo, podendo incluir, inclusive, o cálculo do valor nutricional. As fichas técnicas assumem duas funções essenciais: • Função gerencial: pois identifica todos os custos de matérias-primas. • Função operacional: pois identifica todas as etapas da pro- dução do prato. P l a n e j a m e n t o d e C a r d á p i o s Por isso, as fichas técnicas exercem papel funda- mental de manter a padronização na execução dos pratos, controlando os custos, tanto para a equipe que fará a produção quanto para quem irá vendê-los. Segundo Vaz (2006), ao elaborar a ficha téc- nica das preparações, esta funciona como um instrumento de ordenação, de eficiência, de produtividade e que pode ser utilizada contra a rotina, a improvisação e a estagnação. Por meio da ficha técnica, pode-se decidir por antecipação sobre o que, com quais meios, para que fim e quando fazer, bem como quais são os objetivos a alcançar. Assim, vemos que a ficha técnica tem o objetivo principal de uniformizar as receitas, padronizando os ingredientes e as quantidades a serem utilizadas. Além disso, padroniza a porção que será ser- vida, possibilita informatizar o estabelecimento, facilitando no controle de estoque. Possibilita acompanhar o custo do prato para definir o preço de venda e, além disso, torna o treinamento de novos funcionários mais fácil. No que se refere à cozinha/produção, tra- balhamos com ficha de receitas, que funciona como consulta dos funcionários sobre a execu- ção dos pratos, que garantem a manutenção das suas características. Quanto maior for o grau de precisão dessa ficha, mais fácil tende a ficar a administração. Para elaborar a ficha técnica e definir a prepara- ção que será utilizada, é necessário conhecer a receita, o modo de preparo, o per capita, o custo da unidade, ou quilos, ou litros etc. Como fazer uma ficha técnica? Montar uma planilha com as informações: • Ingredientes. • Quantidade bruta. • Quantidade líquida. • Rendimento total. • Rendimento em porções. • Preço por quilo do ingrediente. • Custo do ingrediente. • Custo por porção. • Informação nutricional. • Foto. O nome da preparação deve ser o nome utilizado para venda ou como consta no cardápio para facilitar a operação. Ao adotar a ficha técnica, são apurados os valores brutos da matéria-prima (antes do pré-preparo ou ainda suja, com as cascas, ossos, aparas) e os valores líquidos (já descartadas as suas partes impróprias para o aproveitamento) (WANDELLI, 2004). Cada profissional pode elaborar o modelo de ficha técnica que preferir, pois as informa- ções podem ser apresentadas nas mais diver- sas formas. A seguir, estão algumas sugestões de modelos de ficha técnica que podem ser utilizados. 53G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Exemplo 1 PREPARAÇÃO Elaborado por: CATEGORIA: ( ) Prato Principal ( ) Acompanhamento/Guarnição ( ) Entrada/Salada ( ) Aperitivo ( ) Sobremesa ( ) Bebidas ( ) Lanche ( ) Outra: ________ Ingredientes Medida caseira Peso Bruto Peso Líquido Modo de preparo: P l a n e j a m e n t o d e C a r d á p i o s Tempo médio de preparo da receita: Peso total da receita: (em Kg, g, mL, L) Peso da porção servida: (em Kg, g, mL, L) Rendimento em número de porções: porções CUSTO INGREDIENTES PREÇO POR KG (FORNECEDOR) QUANTIDADE RECEITA CUSTO RECEITA QUANTIDADE PARA FAZER A PORÇÃO SERVIDA CUSTO DA PORÇÃO SERVIDA TOTAL - - - FOTO 55G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Exemplo 1 INFORMAÇÃO NUTRICIONAL DA RECEITA INGREDIENTES QTD (KG) NUTRIENTES A SEREM CALCULADOS Glúten Lactose TOTAL DOS NUTRIENTES − − VALOR CALÓRICO − − − − TOTAL Cal: NUTRIENTES NA PORÇÃO SERVIDA − − − − − − VALOR CALÓRICO NA PORÇÃO SERVIDA − − − − TOTAL Cal: Exemplo 1 - Exemplo de ficha técnica. Fonte: a autora. P l a n e j a m e n t o d e C a r d á p i o s Exemplo 2 FICHA TÉCNICA Foto do prato: Nome do prato: Preferência: entrada, prato principal etc Ingredientes Quantidade bruta Quantidade líquida Unidade (Kg, g ou L) Custo unitário Rendimento: Valor total da preparação: Valor da porção: Valor do preço de venda: Modo de preparo: 1. 2. 3. 4. Montagem e apresentação: 1. 2. 3. 4. Exemplo 2 - Exemplo de ficha técnica. Fonte: a autora. 57G A S T R O N OM I A • U N I C E S U M A R Exemplo 3 FICHA TÉCNICA Empresa: Data: Receita: Classificação: Custo Total: Rendimento da Receita em g ou kg: Custo por Kg: Rendimento em Porções: Porção em gramas: Custo por Porção Unitária: Ingredientes Quant. Quant. Unidade (g, kg..) IPC Preço Unidade Custo Bruta Líquida Unitário Total TOTAL: Modo de preparo: Valor dos Ingredientes Margem de Segurança Custo da Receita com Margem Exemplo 3 - Exemplo de ficha técnica. Fonte: a autora. P l a n e j a m e n t o d e C a r d á p i o s Exemplo 4 FICHA TÉCNICA PRODUÇÃO PDV TIPO DE PRODUÇÃO RENDIMENTO: 2 Porções Ingredientes Qtde. Líq. Unid. Rendimento Embalagem Qtde. Bruta Preço Unitário P. Bruto Cebola 100 g 90% 1.000 111,11 R$1,90 R$0,21 Azeite 50 ml 100% 250 50,00 R$5,00 R$1,00 Escalope Filé-mignon 250 g 60% 1.000 416,67 R$13,90 R$5,79 Manteiga 20 g 100% 200 20,00 R$2,50 R$0,25 Vinho Branco 100 ml 100% 750 100,00 R$12,90 R$1,72 Alface 0,1 maço 90% 1 0,11 R$1,20 R$0,13 Salsa - - - - - - - CMV (porção) R$ 4,55 Modo de Preparo: % Lucro = 200,00% Margem de lucro R$ 9,11 Preço de Venda R$ 13,66 Cálculo para evento Nº Pax do evento 10 CMV Evento R$ 45,53 Venda do evento R$ 136,59 Lucro bruto evento R$ 91,06 (Foto) Exemplo 4 - Exemplo de ficha técnica demonstrada na disciplina de Gestão de Alimentos e Bebidas. Fonte: Tintori e Fernandes (2015). 59G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R A ficha técnica auxilia na definição dos custos e porcionamento, ga- rantindo equilíbrio dos pratos, a gestão operacional e custos ade- quados, além disso, orienta na previsão de compras e controle de estoque. É uma impor- tante fonte de informações sobre o custo e valor nutritivo das preparações, atuando como instrumento gerencial e de apoio operacional. A ficha técnica auxilia, ainda, na ordenação do preparo e no padrão de qualidade, já que, ao segui-la, qualquer pessoa consegue seguir o padrão para seu preparo. Assim, as razões para implantação do sis- tema de fichas técnicas, com receitas padro- nizadas, incluem: 1. Compras controladas, sem a ficha técnica seria impossível gerenciar os custos das refeições e o estoque. 2. A empresa sabe a natureza dos ingredientes e a quantidade exata dos nutrientes em cada item do menu. 3. É possível informar aos clientes o tipo e quantidade dos ingredientes em suas receitas. 4. Comparar a quantidade de alimentos usados com a receita de vendas seria im- possível sem a ficha técnica. 5. Com a ficha técnica, torna-se possível calcular o preço no cardápio em relação ao custo da receita. 6. Empregados novos na cozinha não poderiam ser treinados sem a ficha técnica. 7. A informatização da operação total de restaurante ou fornecimento de refeições seria impossível sem os elementos de ficha técnica com receitas padronizadas implantadas. P l a n e j a m e n t o d e C a r d á p i o s 61G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Combinações de Fichas Técnicas na Composição de Cardápio A partir do momento em que foram levantadas as informações acerca das fichas técnicas, estas devem ser combinadas para a composição do cardápio ou dos pratos a serem servidos. P l a n e j a m e n t o d e C a r d á p i o s Um bom planejamento deve considerar os seguintes aspectos: Cor: os alimentos que participarão de uma refeição deverão apresentar cores vivas e con- trastantes, para dar ao prato um colorido que desperte desejo de consumo. Ao trabalhar com preparações da mesma cor, damos a impressão de que todos os alimentos são iguais. Exemplo: salada de abóbora com milho verde, frango assado, polenta ao sugo, arroz/feijão, gelatina de abacaxi, suco de maracujá, todas as prepara- ções tendem ao amarelo alaranjado. Formas: a maneira como os alimentos serão apresentados também merece cuidado, seja em tiras, em cubos, em rodelas, em bastão, em fatias. Imagine como faria diferença se, em uma mesma refeição, colocássemos, ao invés de arroz e feijão, carne em tiras e abobrinha em tiras, e a abobrinha estivesse no formato em rodelas. Só de mudar o formato, mudamos toda a apresentação das preparações. Por exemplo, em um restaurante industrial que tem poucas opções para variações e torna-se necessário servir cenoura na salada duas vezes por semana, podemos variá-la na forma de apre- sentação inúmeras vezes, por exemplo: cenoura ralada, cenoura em tiras, cenoura em rodelas. Sabores: no preparo dos alimentos, os sa- bores devem ser bem destacados: ácido, azedo, salgado, apimentado, amargo, agridoce etc., cui- dando para que, durante a montagem do prato e/ou da refeição, os pratos a serem servidos não Existem alguns profissionais que colocam na ficha técnica, além da foto do prato, uma célula com o tom predominante na prepa- ração, de forma que, ao montar um prato, a refeição ou um balcão de distribuição, é possível combinar alimentos com cores diferentes. Fonte: a autora. tenham esses sabores repetidos. Isso acontece- ria se colocássemos peru a Califórnia e sorvete com compotas na sobremesa. De preferência, trabalhe com folhas e le- gumes com contrastes de sabores, não coloque várias folhas ou legumes de sabores fortes em uma mesma preparação. Por exemplo: salada de rúcula, agrião e rabanete. Texturas: a variedade de textura dá ao car- dápio maior encanto e vontade de se alimen- tar. Por isso, é importante incluir alimentos cuja consistência varie em líquidos, cremosos, crocante, úmido, seco, fibroso, enfim. Ao colocar um purê de batatas, evitar de colocar, por exemplo, carne moída. Quando o acompanhamento é uma preparação cremosa, importante servir o prato principal de forma mais seca, por exemplo, um bife. 63G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Portanto, ao servir um alimento crocante, deve-se alternar com um alimento ensopado ou com molho. Temperos: além de sabor, os temperos dão características definidas aos pratos, como o api- mentado de um molho de pimenta, o suave de um Bechamel, o picante de um picles. Isso ocorre, ainda, quando temos um tempero que identifica determinada cozinha, como orégano, que lembra a cozinha italiana, o curry, lembrando a cozinha asiática, a hortelã, lembrando a cozinha árabe etc. Ingredientes: a diversificação de ingre- dientes ao longo de uma refeição, além de ir ao encontro dos fatores já mencionados, de- monstra a criatividade de quem está planejando com cuidado. Ao diversificar os ingredientes, é importante se ater ao fato de que não devemos repetir o ingrediente e também evitar alimentos semelhantes em composição e em sabor. Por exemplo, colocar como entrada a canja e depois servir um prato principal a base de frango ou então colocar uma salada de ervilha torta e, como acompanhamento, colocar vagem. A salada deve ser composta com alimentos que não componham as demais preparações. Por exemplo, salada de legumes e sopa de legumes. Tipos de preparo: a variedade nos métodos de preparo dos vários componentes das refei- ções é enriquecedora, no que se refere à sua aparência e também na degustação. Portanto, os alimentos podem ser apresentados crus, as- sados, fritos, ensopados, a milanesa. Esse aspecto deve envolver também os equi- pamentos, já que se torna preocupante colocar um número muito grande de frituras, por exem- plo, sem possuir um tacho ou uma fritadeira. Mesmo possuindo os equipamentos, tem-se como recomendação nunca servir, em um mesmo prato, mais de uma fritura, de forma a variar a apresentação, formas de preparo e sabores. Ao elaborar saladas, indica-se combinar sabores crus e cozidos. Temperaturas: torna-se importante saber que os alimentos devem ser servidos nas tem- peraturas adequadas à sua apresentação: a sopa deve estar fumegante, a laranjada deve estar gelada e o sorvete não pode estar derretido, por exemplo. Viabilidade: a aquisição da matéria-prima, ás vezes, limita o
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