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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA - UNISUAM CURSO DE ENFERMAGEM TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO IMPLEMENTAÇÂO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PORTADOR DE DOR TORÁCICA DE ORIGEM CARDIOGÊNICA NA UNIDADE DE EMERGÊNCIA SOB O REFERENCIAL DA TEORIA DAS NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS DE WANDA DE AGUIAR HORTA Elaborado pelos acadêmicos de enfermagem: Adriano dos Santos Sobral – Matrícula: 12200642 Fabiana da Cruz Benedito – Matrícula: 17201702 Professor Orientador: CLEIDE GONÇALO RUFINO Rio de Janeiro (Dezembro/2018) CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA - UNISUAM CURSO DE ENFERMAGEM TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO TÍTULO: IMPLEMENTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PORTADOR DE DOR TORÁCICA DE ORIGEM CARDIOGÊNICA NA UNIDADE DE EMERGÊNCIA SOB O REFERENCIAL DA TEORIA DAS NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS DE WANDA DE AGUIAR HORTA Trabalho acadêmico apresentado ao Curso de Enfermagem da UNISUAM, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Bacharel em Enfermagem. Elaborado por: Adriano dos Santos Sobral Fabiana da Cruz Benedito Professor Orientador: CLEIDE GONÇALO RUFINO Rio de Janeiro (Dezembro/2018) IMPLEMENTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PORTADOR DE DOR TORÁCICA DE ORIGEM CARDIOGÊNICA NA UNIDADE DE EMERGÊNCIA SOB O REFERENCIAL DA TEORIA DAS NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS DE WANDA DE AGUIAR HORTA Banca Examinadora composta para a defesa de Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do grau de Bacharel em Enfermagem. APROVADA em: ______ de ___________ de _______ __________________________________________ Orientadora: Cleide G. Rufino Centro Universitário Augusto Motta __________________________________________ Orientador Convidado Centro Universitário Augusto Motta __________________________________________ Orientador: Convidado Centro Universitário Augusto Motta Rio de Janeiro (Dezembro/2018) Índice INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 11 1.1 Motivação: ...................................................................................................................... 13 1.2 Justificativa: .................................................................................................................... 13 1.3 Questões norteadoras: ................................................................................................... 14 1.4 Objetivos: ........................................................................................................................ 14 1.5 Relevância: ...................................................................................................................... 14 2. METODOLOGIA ............................................................................................................. 15 3. REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................ 17 3.1- Dor torácica, diagnóstico e o histórico como um diferencial; ....................................... 17 3.1-1 Dor torácica na síndrome coronariana aguda (SCA) e no infarto agudo do miocárdio (IAM):.......................................................................................................................... 17 3.1-2 Tratamento: .......................................................................................................... 19 3.2- Dor torácica de origem não cardiogênica: ..................................................................... 20 4. SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM (SAE) ..................... 21 4.1- Definição da SAE: ........................................................................................................... 21 4.1-1 Teorias de Enfermagem: .................................................................................... 22 4.1-2 O Processo de Enfermagem, Classificação de Intervenções de Enfermagem (NIC) e Classificação dos Resultados Esperados de Enfermagem (NOC): ....................................................................................................................................................... 22 4.2 - Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda de Aguiar Horta: ...................... 25 5. DISCUSSÃO E RESULTADOS: .................................................................................. 30 6. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 43 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 44 DEDICATÓRIA Dedicamos esse trabalho a Deus, que nos deu forças para completar essa jornada e que é digno de toda honra e toda glória! Obrigado Senhor! AGRADECIMENTOS Agradecemos a Deus por nos inspirar a cada dia e ter-nos trazido até esse momento, tão especial, em que apresentamos nosso tão esperado Trabalho de Conclusão de Curso. Agradecemos aos professores; profundamente, a confiança; dedicação e a orientação, em especial, nossa orientadora, Cleide Gonçalo Rufino. Sem eles não teríamos conseguido. Aos nossos familiares e amigos temos um agradecimento muito especial, porque acreditaram em nós desde o primeiro instante. Somos quem somos, porque vocês estiveram e estão sempre ao nosso lado. Por fim, mas não menos importante, deixamos uma palavra de gratidão a todas as pessoas que de alguma forma nos tocaram o coração e transmitiram força e confiança em nós. EPÍGRAFE Escolhi os plantões, porque sei que o escuro da noite amedronta os enfermos. Escolhi estar presente na dor porque já estive muito perto do sofrimento. Escolhi servir ao próximo porque sei que todos nós um dia precisamos de ajuda. Escolhi o branco porque quero transmitir paz. Escolhi estudar métodos de trabalho porque os livros são fonte saber. Escolhi ser Enfermeira porque amo e respeito a vida! Florence Nightingale SOBRAL, A. S.; BENEDITO, F. C. Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem ao portador de dor torácica, de origem cardiogênica na unidade de emergência: sob o referencial da Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda de Aguiar Horta. Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Enfermagem. Centro Universitário Augusto Motta - Unisuam. Rio de janeiro, 2018. RESUMO Introdução: Este trabalho teve como objeto de estudo discutir a aplicabilidade da Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda de Aguiar Horta, para a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), ao cliente com dor precordial de origem cardiogênica, na unidade de emergência.Objetivos: Identificar as necessidades humanas básicas afetadas, discutir a aplicabilidade da Teoria das Necessidades Humanas Básicas para a SAE, e descrever os possíveis diagnósticos de enfermagem. Metodologia: Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica, com natureza descritiva e com abordagem qualitativa. Para alcançar os objetivos propostos por esse estudo, foi realizado um levantamento, através de pesquisa bibliográfica, nos acervos físicos da Biblioteca Central Professor Augusto Motta e na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Discussão e Resultados: Consideramos os resultados como positivos, para a implementação da SAE, na unidade de emergência, utilizando como referencial a Teoria das Necessidades Humanas Básicas, como forma de estabelecer correlações entre conceitos, através da utilização de definiçõespara a descrição ou classificação de abordagens sitematizadas na prática. Conclusão: Por fim, o estudo evidenciou que é de suma importância que desenvolvam-se, cada vez mais, protocolos assistenciais. Para que se eleve a qualidade da assistência ao cliente, com dor torácica de origem cardiogênica, embasando a prática da equipe de enfermagem e reduzindo a ocorrência de óbitos decorrentes do manejo inadequado dos casos. Descritores: “Dor Torácica”, “Atendimento de Emergência”, “Sistematização da Assistência” e “Necessidades Humanas Básicas”. LISTA DE SIGLAS E ABREVEATURAS DAC - Doença arterial coronariana ECG - Elétrocardiograma FC - Frequência cardíaca FR - Frequência respiratória HAS - Hipertensão arterial, sistêmica IAM - Infarto Agudo do Miocárdio IC - Insuficiência cardíaca NIC - Classificação de Intervenções de Enfermagem NOC - Classificação dos Resultados Esperados de Enfermagem PA - Pressão arterial sistêmica PE - Processo de Enfermagem SAE - Sistematização da assistência de Enfermagem SCA - Síndrome coronariana aguda SUS - Sistema Ùnico de Saúde LISTA DE QUADROS E FIGURAS Quadro 1: Classificações das Necessidades Humanas Básicas por João Mohana .. 27 Quadro 2: Classificações dos artigos para discussão e resultados ........................... 30 Figura 1: Processo de Enfermagem ................................................................................... 24 11 INTRODUÇÃO O presente estudo tem como objeto a implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem ao portador de dor precordial, de origem cardiogênica, na unidade de emergência sob o referencial da Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda de Aguiar Horta. A dor precordial é um dos sintomas mais frequentes em pacientes que adentram ao serviço de emergência. Tem como característica principal a sensação ou desconforto na região precordial, que podem ser relatadas de diversas formas de acordo com aqueles que a sentem (CAVEIÃO et al.,2014). Segundo dados do Ministério da Saúde do Brasil e do DATASUS, as doenças cardiovasculares (DCV) atingem grande parte da população brasileira. Dentre elas o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) é a principal causa de morte (CRUZ; PINTO,2015). Dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde DATASUS de 2013 revelam que o IAM foi a principal causa de morte por doença cardíaca no Brasil, tendo sido observado aumento de 48% entre 1996 e 2011. Em caso de persistência dessa tendência, o IAM se tornará a principal causa, isolada, de morte em 2020 (MEDEIROS et al.,2018). Considerando que a dor precordial é um sintoma clássico do IAM, o cuidado com o cliente precisa ser redobrado. Devido à subjetividade da dor torácica, é necessário que o enfermeiro que atua na classificação de risco, no serviço de emergência, esteja com um olhar mais atento para a identificação da origem da dor, que pode ser isquêmica. Quanto mais rápida for a avaliação da gravidade da dor, mais rápido o cliente será encaminhado para o serviço especializado e terá maior sucesso no atendimento (VIEIRA et al.,2016). Para a classificação de risco, é preconizada a atuação de um profissional de enfermagem, de nível superior, munido de uma ferramenta que lhe dê embasamento para avaliação quanto á gravidade e condução do caso (VIEIRA et al.,2016). Os protocolos institucionais, assistenciais, sistematizam o cuidado do profissional, sendo essenciais para classificação de risco, proporcionando maior eficiência no atendimento (VIEIRA et al.,2016). 12 Segundo Piegas (2004 apud CAVEIÃO, 2014), estabelecido o grau da gravidade da dor torácica deverá ser realizado um exame físico criterioso e minucioso. Mas para confirmação diagnóstica, o principal exame realizado no momento em que o cliente dá entrada no setor de emergência é o elétrocardiograma (ECG), de 12 derivações, que deverá ser feito o quanto antes, após a solicitação médica, possibilitando a leitura da atividade cardíaca naquele exato momento (ALVES, 2013 apud RIBEIRO, 2017). Portanto, segundo Bassan (2002 apud CAVEIÃO, 2014), o enfermeiro ao atender um paciente com dor torácica sugestiva de IAM, deverá coletar dados para a história organizada e sistematizada para a integralidade do atendimento, elaborando um plano de cuidados na fase aguda, que atenda todas as necessidades humanas básicas. O enfermeiro, também, deve ter a capacidade de detectar a necessidade de realização precoce do ECG, assim como identificar possíveis alterações cardíacas, possibilitando o planejamento dos cuidados de enfermagem (RIBEIRO, 2017). Em conformidade com Santos (2010 apud CAVEIÃO,2014) salienta-se a importância da necessidade de oxigenação/ventilação, circulação/perfusão, conforto/controle, da dor e a segurança biopsicossocial e espiritual. No tratamento prévio deve-se avaliar os sinais vitais, instituir acesso venoso periférico, medicação endovenosa; conforme prescrição médica, e coletar sangue para realização de exames complementares (RIBEIRO, 2017). Na década de 80 surgiram as primeiras unidades de dor torácica no Brasil. Desde, então, passaram a ser conhecidas como um aperfeiçoamento do serviço de emergência. Estas, unidades, tem como premissa prover o atendimento rápido e especializado ao cliente com dor torácica, por meio de estratégias diagnósticas e terapêuticas ainda no setor de emergência, diminuindo custos e proporcionando qualidade e rapidez no atendimento (BASSAN, 2002 apud CRUZ; PINTO,2015). Quanto à localização das unidades de dor torácica, podem estar dentro ou próximas da sala de emergência e, segundo a Associação Brasileira de Cardiologia, devem ter área física e leitos reservados e devidamente identificados para este fim. Todavia, também podem funcionar na forma de estratégia operacional padronizada, utilizando protocolos assistenciais específicos, algoritmos 13 sistematizados ou árvores de decisão clínica, devidamente utilizados por médicos emergencistas (CRUZ; PINTO,2015). E, por conseguinte, é preciso que a equipe de médicos e enfermeiros da emergência seja muito bem treinada e habituada a lidar com urgências e emergências cardiovasculares (CRUZ; PINTO,2015). 1.1 Motivação: Frente a esse panorama, a motivação pelo estudo iniciou-se devido a um dos integrantes do grupo de trabalho de conclusão de curso, ter durante a disciplina de Emergência Pré e Intra-hospitalar, participado de um seminário de pesquisa no qual a temática em destaque foi abordada, causando grande interesse em aprofundar-se no tema em questão. O interesse pelo estudo também teve influências por intermédio do nosso orientador, que durante o resgate teórico nos propôs diversas linhas de estudos e temas, o que acirrou nossa inquietação. Essa experiência aumentou o interesse do grupo em aprofundar-se no estudo, no qual obteve-se a oportunidade de expansão de conhecimentos científicos sobre o tema em destaque. 1.2 Justificativa: Durante os estudos, percebeu-se que existe uma lacuna teórica verificada na literatura de enfermagem sobre a temática em questão, o que acaba acarretando dificuldade para realização de uma assistência qualificada ao indivíduo com dor precordial. Essa privação teórico-prática justifica a realização deste estudo, sob um olhar diferenciado, aqui caracterizado pelo referencial da Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda de Aguiar Horta (HORTA, 1979). Justifica-se, também, este estudo em consonância com o que é preconizado pela Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde, que consiste em um processo político que visa, em todas as suas etapas, a ampla participação de atores com conhecimento e discursosdistintos, tanto da política quanto da saúde, que alinha a priorização de pesquisas em conformidade com os princípios do Sistema Ùnico de Saúde (SUS), (BRASIL, 2015). 14 1.3 Questões norteadoras: Para tanto e considerando a relevância da temática foram elaboradas as seguintes questões norteadoras: a) Como a Teoria das Necessidades Humanas básicas pode contribuir para a Sistematização da Assistência de enfermagem ao portador de dor torácica na emergência? b) Quais as necessidades humanas básicas são apresentadas pelo paciente com dor torácica, de origem cardiogênica, na unidade de emergência? c) Que diagnósticos de enfermagem podem ser identificados ao portador de dor precordial na unidade de emergência? 1.4 Objetivos: Para responder a estes questionamentos espera-se que o leitor, ao final de sua leitura, possa ser capaz de atingir os seguintes objetivos: Identificar as necessidades humanas básicas afetadas, do paciente com dor torácica, de origem cardiogênica, na emergência; Descrever os diagnósticos de enfermagem ao paciente com dor torácica, de origem cardiogênica, na emergência; Discutir a aplicabilidade da Teoria das Necessidades Humanas Básicas para a Sistematização da assistência de Enfermagem (SAE) na emergência. 1.5 Relevância: Releva-se a importância deste estudo às suas possibilidades de contribuição para a pesquisa em enfermagem, haja visto que na literatura existem poucos trabalhos envolvendo a temática em questão, assim como, a Sistematização da Assistência de Enfermagem é um método importante que interfere na prática e no planejamento da assistência. E, por conseguinte, espera-se que este estudo contribua para que os profissionais de enfermagem e acadêmicos de enfermagem, 15 possam adquirir novos conhecimentos, desenvolvendo novas habilidades e competências, primordiais para o cuidado ao paciente com dor torácica. Essa pesquisa tem uma relevância tanto social quanto científica, pois busca contribuir para a produção de material científico, para que possa ser utilizado para demais pesquisas, e buscar conscientizar os estudantes, futuros profissionais, para a importância da pesquisa científica tanto para a sociedade quanto para o crescimento profissional e pessoal. 2. METODOLOGIA Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica, com natureza descritiva e com abordagem qualitativa. Segundo Gil (2008), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida utilizando material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. A abordagem descritiva tem por objetivo estudar as características de um grupo, com sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, estado de saúde física e atendimento dos órgãos públicos de uma comunidade (GIL, 2008). Para Minayo (2013), a pesquisa qualitativa tem o objetivo de compreender as características internas de grupos, instituições e atores, relacionadas a valores culturais e representações sobre temas específicos. Relações entre indivíduos, instituições e movimentos sociais de implementação de políticas públicas e sociais. Para alcançar os objetivos propostos por esse estudo, foi realizado um levantamento, através de pesquisa bibliográfica, nos acervos físicos da Biblioteca Central Professor Augusto Motta e na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), nas bases de dados Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciência e Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System On Line (MEDLINE) e Banco de Dados em Enfermagem (BDENF).Para coleta de dados foram utilizados os seguintes descritores: “Dor Torácica”, “Atendimento de Emergência”, “Sistematização da Assistência” e “Necessidades Humanas Básicas”. A seleção de dados para análise foi realizada utilizando critérios de inclusão e de exclusão. Os critérios de inclusão foram estabelecidos para publicações científicas que tinham disponibilidade de produções sob a forma de textos completos, que não se repetiam, publicados no idioma português, que tinham como assunto principal a 16 dor torácica. O recorte temporal compreende ao período de 2013 a 2018. Foram excluídas as produções científicas que não estavam em consonância com os critérios de inclusão citados anteriormente ou que se repetiam nas bases consultadas. Cabe, salientar, que a pesquisa teve início em fevereiro de 2018, momento em que foi realizada a primeira consulta às bases de dados, utilizando os descritores mencionadas anteriormente. E, após filtrar os artigos que eram relacionados ao tema proposto, atingiu-se o quantitativo de 28 artigos e, depois de uma leitura criteriosa constatou-se que 15 não se enquadravam no tema, sendo definido como bibliografia potencial a compilação de 13 artigos. Após a coleta de dados, procedeu-se uma análise crítico-reflexiva, através da identificação dos diagnósticos de enfermagem, relacionados aos dados relevantes, agrupamento desses dados, com base na Teoria das Necessidades Humanas Básicas, de Wanda de Aguiar Horta e a identificação dos fatores relacionados e das evidências (TANNURE; PINHEIRO, 2010). E, por conseguinte, os dados foram analisados por meio dos sistemas de classificação de enfermagem, NANDA Internacional; Nursing Intervention Classification (NIC), e Nursing Outcomes Classification (NOC), dados relacionados aos diagnósticos de enfermagem, e pôr intermédio da literatura científica relacionada a dor torácica em unidade de emergência. Em seguida, foram levantadas as intervenções de enfermagem a partir da NIC e os resultados esperados com base na NOC (CARVALHO et al., 2016). Os resultados da pesquisa científica serão socializados futuramente através da apresentação em sessão pública de defesa acadêmica e, quiçá, através de uma publicação em periódicos de enfermagem ou de abordagem multidisciplinar em saúde. 17 3. REVISÃO DA LITERATURA 3.1- Dor torácica, diagnóstico e o histórico como um diferencial; 3.1-1 Dor torácica na síndrome coronariana aguda (SCA) e no infarto agudo do miocárdio (IAM): A dor torácica é a sintomatologia de distúrbios cardíacos mais frequente nas unidades de emergência. A doença coronariana progride, rapidamente, para o infarto agudo do miocárdio e está intimamente relacionada a dor torácica (GOMES et al., 2014). A relação da dor torácica com distúrbios cardíacos tem motivado os clientes a procurarem as unidades de emergência, precocemente. Haja visto a necessidade de rápida intervenção para a dor torácica, é necessário que o enfermeiro compreenda a fisiopatologia da dor torácica, investigando fatores de risco e atentando para a possibilidade da dor não ser de origem cardiogênica (GOMES et al., 2014). Os sinais e sintomas associados a DCV estão relacionados com problemas de condução, arritmias, distúrbios estruturais, inflamatórios e infeciosos do coração, e a evolução da DCV como insuficiência cardíaca e o choque cardiogênico (BRUNNER; SUDDARTH, 2009). Portanto, é necessário que o enfermeiro domine os protocolos assistenciais, para melhor condução do caso, a partir da chegada ao serviço de emergência, visto que já foi confirmada a relação entre a demora na realização do exame de ECG, que desempenha um papel fundamental no diagnóstico de clientes com dor torácica, pela ampla disponibilidade e relativa facilidade de interpretação, como um dos fatores que retardam a administração de terapias de reperfusão (GOMES et al., 2014). Define-se o IAM como a morte celular miocárdica e necrose em qualquer dimensão do músculo cardíaco, advindo de um avanço de uma isquemia miocárdica aguda (IZAR et al., 2016). 18 Uma das principais causas da isquemia miocárdica coronária é a aterosclerose, caracterizada pela formação de placas de ateroma sobre a parede das artérias (MEDEIROS et al., 2018). A síndrome coronariana agudaé a forma grave da doença arterial coronariana (DAC), que é desenvolvida quando uma placa ateromatosa, em uma artéria coronária doente, aumenta, gradativamente, diminuindo a passagem de sangue ou possibilitando o entupimento do vaso por um trombo obstrutivo (BRUNNER; SUDDARTH, 2009). A dor típica da isquemia miocárdica geralmente é do lado esquerdo, raramente do lado direito da linha esternal, sendo referida pelo paciente como dor retroesternal. A dor estende-se por toda região ou em uma determinada área anginosa (MEDEIROS et al., 2018). Como referem Medeiros et al. (2018, p. 566), A dor anginosa é a sensação que alguma coisa aperta a região retroesternal e determinados pacientes relatam sensação de aperto na garganta. Na angina estável, a dor tem duração curta podendo variar de dois a três minutos e está associada com o esforço físico. Isso acontece porque a dor está relacionada à hipóxia miocárdica e não à necrose. Na angina instável, a dor é mais prolongada e intensa chegando a durar 20 minutos ou diversas horas, aparecendo mesmo em repouso causada pelas alterações necróticas sugerindo o IAM. Embora seja um dos sinais clínicos da doença, a duração da dor não é elemento suficiente para diagnosticar um infarto. Ainda segundo os autores, a dor torácica pode irradiar-se para o membro superior esquerdo; exclusivamente, mandíbula, região epigástrica e raramente a região dorsal. Concomitantemente a dor pode ocorrer outros sintomas como mal- estar, sudorese, náuseas, taquicardia, dispneia e confusão mental (MEDEIROS et al., 2018). O atendimento ao cliente com dor torácica se baseia em quatro pilares: histórico e exame físico, ECG com 12 derivações, análise laboratorial dos biomarcadores cardíacos séricos (marcadores de necrose miocárdica) como CK-MB; Mioglobina e Troponina; e testes provocativos de isquemia não invasivos (IZAR et al., 2016). Esses procedimentos são necessários para determinar se o cliente possui IAM com supradesnivelamento do segmento ST, IAM sem supradesnivelamento, ou 19 angina instavel. Com as informações resultantes destas análises pode-se estratificar o risco e propor a conduta adequada (BRUNNER; SUDDARTH, 2009). Uma combinação de evidências é necessária para a confirmação diagnóstica do IAM, sendo estas, alterações de marcadores de necrose miocárdica, preferivelmente a troponina, relacionando-se com pelo menos uma das ocorrências: sintomas de isquemia miocárdica, novas ou supostamente novas, mudanças no segmento ST, por ocasião da realização do eletrocardiograma, desenvolvimento de ondas Q patológicas, ou novo bloqueio do ramo esquerdo, evidência por imagem de uma nova ou supostamente nova, perda de miocárdio viável ou insuficiência segmentar da contratilidade e evidência de trombo coronariano durante cinecoronariografia (IZAR et al., 2016). 3.1-2 Tratamento: Detectar a moléstia antecipadamente é a melhor forma de contribuir para o tratamento, que ocorre por meio de diversas possibilidades: por meio da administração de fibrinolíticos e antitrombóticos que agem dissolvendo o trombo que oclui as artérias afetadas, através da reperfusão da angioplastia primária, ou na colocação de um implante de stent, na parede do vaso, tratando diversos tipos de obstruções (MEDEIROS et al., 2018). Outra abordagem se dá através da revascularização cirúrgica, de forma eletiva ou em casos de emergência, geralmente contraindicada por ser um procedimento mais invasivo, proporcionando maior risco ao cliente, mas indicada quando as outras abordagens terapêuticas falham (MEDEIROS et al., 2018). Existem vários fatores de risco para as doenças cardiovasculares, dentre os quais estão a hipertensão arterial, sistêmica (HAS), diabetes mellitus, dislipidemia e obesidade. Ainda segundo os autores, outros fatores de risco dependem do estilo de vida portanto estes podem ser modificados, dentre os quais estão o fumo, ingestão de bebidas alcoólicas em excesso, dieta pouco saldável e o sedentarismo (MEDEIROS et al., 2018). Medeiros et al. (2018, p. 567) ainda relatam que “existem ainda fatores de hereditariedade como sexo, idade e histórico familiar que não são modificáveis e, portanto, idepende do cliente”. 20 Ainda segundo os autores, por depender de fatores extrínsecos, o IAM predomina em adultos de faixas etárias mais elevadas, mas os fatores intrínsecos são definitivos em diversos casos, motivo pelo qual essa moléstia não acomete apenas idosos, mas, também, os adultos jovens (MEDEIROS et al., 2018). 3.2- Dor torácica de origem não cardiogênica: Segundo Brunner e Suddarth, 2009, nem todos clientes com dor torácica ou desconforto torácico, refletem a isquemia miocárdica. Através do histórico e exame físico, o enfermeiro deverá diferenciar de outras fontes os sintomas torácicos relacionados com o sistema cardíaco. Ainda segundo Brunner e Suddarth (2009, p.666), são os seguintes, os principais distúrbios com sintomas relacionados a dor torácica: Distúrbios pulmonares (pneumonia, embolia pulmonar), que tem como características principais a dor epigástrica ou subesternal intensa e aguda que se origina da porção inferior da pleura. O cliente pode ser capaz de localizar a dor; Distúrbios esofágicos (hérnia de hiato, espasmo ou esofagite por refluxo), dor subesternal descrita como aguda, em queimação ou intensa, mimetiza frequentemente a angina, pode irradiar-se para o pescoço, braço ou ombros; Ansiedade e distúrbios do pânico, dor descrita como penetrante a contusa. Associada a sudorese, palpitações, falta de ar, formigamento, das mãos ou boca, sensação de falta de realidade ou medo de perder o controle; Distúrbios músculo-esqueléticos (costocondrite), dor aguda ou perfurante localizada na parte anterior do tórax. Mais frequentemente unilateral. Pode irradiar-se pelo tórax até o epigástrio ou costas. O paciente á capaz de localizar a dor. É de suma importância que o enfermeiro além de prestar os cuidados intra-hospitalares aos clientes com dor torácica, realize a educação em saúde, para a prevenção dos fatores de risco e de informações aos clientes relacionadas ao reconhecimento dos sintomas do IAM. Deve-se salientar a importância do atendimento rápido a partir do surgimento dos sintomas de desconforto torácico, e dar informações de como acionar o serviço de emergência, na presença desses sinais (CAVEIÃO et al., 2014). 21 4. SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM (SAE) 4.1- Definição da SAE: Para Tannure e Pinheiro (2010), a SAE é uma metodologia científica utilizada na prática assistencial, que auxilia o profissional enfermeiro na aplicação dos seus conhecimentos técnico-científicos, confere maior segurança aos clientes, maior qualidade na assistência e maior autonomia aos profissionais de enfermagem. Segundo Nóbrega (2008 apud TANNURE;PINHEIRO, 2010), as investidas para metodizar o conhecimento na enfermagem originan-se na década de 1950, quando ocorreu um grande avanço na construção e na metodização dos modelos teóricos da enfermagem. Todavia, foi no final da década de 1960 que Horta, a partir de seus estudos, influenciou os enfermeiros brasileiros, que voltaram sua atenção para a SAE (TANNURE; PINHEIRO,2010). A Resolução 358/2009 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), dispõe sobre e regulamenta a implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem e o Processo de Enfermagem (PE) em todo e qualquer setor público ou privado em que sejam realizados cuidados profissionais de enfermagem (COFEN,2009). Salienta-se que a implementação da SAE é fundamental para garantir ao profissional de enfermagem respaldo científico, segurança e serve como um guia prático assistencial, aumentando a credibilidade, competência e, por conseguinte, proporcionando maior autonomia e satisfação profissional (TANNURE; PINHEIRO,2010). Dessa forma, existe a necessidade de capacitação dos profissionais enfermeiros, para que esse contato seja cada vez mais eficiente e as ações sistemáticas (TANNURE; PINHEIRO, 2010). Em consonância com tais proposições, os enfermeiros necessitam de instrumentos que favoreçam a implementação da SAE, na prática, tais como impressos, para auxiliar na coleta de dados, ou “softwares” que os auxiliem na aplicação do processo de enfermagem (TANNURE; PINHEIRO, 2010). 22 É necessário que os enfermeiros tenham cada vez mais conhecimento acerca das teorias de enfermagem, do PE, de semiologia; fisiologia; patologia, além de habilidades administrativas (TANNURE; PINHEIRO, 2010). 4.1-1 Teorias de Enfermagem: Segundo Nightingale (1989 apud Tannure e Pinheiro, 2010), a questão teórica na enfermagem surgiu através de uma inquietação de Florence Nightngale, uma enfermeira britânica, que ficou famosa por ser pioneira no tratamento a feridos de guerra, durante a guerra da Crimeia, que afirmava que a enfermagem necessitava de conhecimentos dissemelhantes daqueles da medicina. Ainda segundo Tannure e Pinheiro (2010), Florence idealizou as premissas em que a profissão deveria basear-se, através de conhecimentos de enfermagem direcionados as pessoas, relacionados as condições ambientais em que viviam e como o ambiente influenciaria positivamente ou não no processo saúde-doença. Há diversas definições para teoria de enfermagem, dentre as quais a que a define como um conjunto de assertivas sistemáticas, associadas com questões importantes de uma disciplina, que são relacionadas de forma coerente (TANNURE; PINHEIRO, 2010). Os cuidados de enfermagem prestados aos clientes devem ser embasados em teorias, de modo que os enfermeiros possam ser responsabilizados pela assistência prestada, não mais de forma empírica (TANNURE; PINHEIRO, 2010). 4.1-2 O Processo de Enfermagem, Classificação de Intervenções de Enfermagem (NIC) e Classificação dos Resultados Esperados de Enfermagem (NOC): Trata-se de um método científico para que seja implementada, na prática assistencial, uma teoria de enfermagem, pois após a escolha da teoria a ser utilizada 23 é necessária a utilização de um método, para que se possa implantar os conceitos teóricos na prática (TANNURE; PINHEIRO, 2010). Para Wanda de Aguiar Horta (1979), o processo de enfermagem é a correlação e a dinâmica, em igual importância, de seis etapas, cujo, o objetivo é prestar assistência ao indivíduo, família e comunidade, sendo estas: Histórico de Enfermagem: trata-se de um roteiro sistematizado para levantamento de dados do ser humano, relevantes para a enfermagem, para que seja possível a identificação de suas necessidades básicas afetadas. Por exemplo, história da doença atual, história patológica pregressa, tipo de moradia, dentre outros dados relevantes. Após análise e avaliação desses dados dar-se-á a segunda etapa, o Diagnóstico de Enfermagem, que consiste na identificação das necessidades humanas que necessitam de assistência e a avaliação do enfermeiro do grau de dependência desta assistência em origem e extensão. Depois de análise e avaliação do diagnóstico, sucede-se á terceira etapa, o Plano Assistencial, trata-se da definição da assistência de enfermagem que o cliente deverá receber, relacionada ao diagnóstico estabelecido. A elaboração deste plano de cuidados se dá em termos do conceito de assistir em enfermagem, sendo estes, encaminhamentos, supervisão, orientação, ajuda e a execução dos cuidados. A quarta etapa é denominada de Plano de cuidados ou Prescrição de Enfermagem, ou seja, a implementação do plano assistencial, através da coordenação da equipe de enfermagem, na execução dos cuidados em conformidade com protocolos institucionais para atender as necessidades humanas que necessitam de assistência. O plano de cuidados deverá ser avaliado frequentemente, sucedendo-se a quinta etapa, denominada de Evolução de Enfermagem, que é a execução de relatos diários, identificando as mudanças que ocorrem no individuo sob assistência profissional e avaliando a resposta do cliente a assistência prestada. A avaliação das etapas anteriores compreende a sexta etapa do PE, o Prognóstico de Enfermagem, que consiste na estimativa da capacidade do cliente atender as suas necessidades básicas alteradas, avaliação relacionada aos dados fornecidos pela evolução diária da enfermagem. Salienta-se que dadas as características do PE, citadas anteriormente, é possível realizar alterações, corrigindo erros, em qualquer uma das etapas, tal como 24 a presciência concomitantemente de todas elas. Sendo assim, durante a avaliação diagnóstica e anteriormente por ocasião da coleta de dados já se pode ter discernimento do prognóstico; somente em relação a necessidade de sistematização e didática essas etapas são separadas. Segundo Horta (1979), a correlação dessas etapas, em igual importância, no processo de enfermagem, pode ser representada graficamente por um hexágono, no qual o centro do processo é o indivíduo, família e comunidade, tal qual representação na Figura 1, a seguir. Figura 1: Processo de Enfermagem Fonte:https://pt.slideshare.net/brunafreitas543908/wanda-de-aguiar-horta 25 4.2 - Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda de Aguiar Horta: Nenhuma ciência sobrevive sem sua própria filosofia. Embora, por vezes, não se demonstre de forma clara ou por escrito, ficou evidenciado que todos os cientistas do ramo do saber humano estão ligados por uma filosofia científica (HORTA, 1979). A enfermagem, como outras ciências humanas não pode prescindir de uma filosofia unificada que lhe conceda bases seguras para seu desenvolvimento. Em razão disso, a enfermagem busca aprimorar-se embasada na ciência, motivo pelo qual desenvolveu-se conceitos e teorias próprias, objetivando ter uma explicação de seus eventos relacionados ao universo natural (HORTA, 1979). A teoria compreende, põe em foco, as leis gerais que regem os fenômenos universais, tal como, por exemplo, a lei do equilíbrio (homeostase ou hemodinâmica), todo universo se mantém através de processos de equilíbrio dinâmico entre os seus seres; a lei da adaptação, todos os seres do universo interagem com o meio externo na busca por formas de se ajustar e manter o equilíbrio; lei do holismo, o universo é um todo, o ser humano é um todo, a célula é um todo; esse todo não é mera soma das partes constituintes de cada ser (HORTA, 1979). Segundo Horta (1979) o ser é aquilo que é real, e na enfermagem, existem três seres: O ser, enfermeiro (o ser humano, gente que cuida de gente); O ser, cliente (indivíduo, família, comunidade); O ser, enfermagem (compromisso assumido com a enfermagem). Toda ciência tem a necessidade de determinar seu ente concreto, descrevê-lo, explicá-lo e predizer sobre ele. Na ciência de enfermagem conceitua-se como o seu ente concreto, as necessidades humanas básicas (HORTA, 1979). Ainda segundo a autora (HORTA,1979), o objeto de trabalho da enfermagem é o ser humano, ao prestar assistência as suas necessidades básicas. Esses são os entes da enfermagem. Ao descrevê-los, explicá-los, relacioná-los entre si e predizer sobre eles, caracteriza-se a enfermagem como ciência. 26 As necessidades humanas básicas são estados de tensões, conscientes ou inconscientes, que resultam dos desequilíbrios ou alterações, da homeostasia ou hemodinâmica dos fenômenos vitais (HORTA, 1979). Portanto, os problemas de enfermagem correspondem a condições decorrentes dos desequilíbrios das necessidades básicas do indivíduo família e comunidade e exigem assistência de enfermagem (HORTA, 1979). Segundo Horta (1979), a Teoria das Necessidades Humanas Básicas foi desenvolvida sob forte influênciada Teoria da Motivação Humana, de Maslow, que se fundamenta nas necessidades humanas básicas, que foram por ele hierarquizadas em cinco níveis: necessidades fisiológicas, de segurança, de amor, de estima e de auto realização. Ainda segundo a autora, para Maslow, o ser humano só passa a procurar a satisfação do nível seguinte após ter o mínimo de satisfação dos níveis anteriores (HORTA, 1979). Segundo Horta (1979), usa-se preferencialmente, em enfermagem, a denominação de João Mohana: necessidades de nível psicossocial, psicobiológico e psicoespiritual, conforme demonstrado na quadro 1, a seguir. 27 Quadro 1: Classificações das Necessidades Humanas Básicas por João Mohana Fonte: (HORTA, 1979). Em conformidade com Horta (1979), a enfermagem como serviço prestado ao ser humano em seu âmago descreve: O ser humano como parte integrante do universo dinâmico, e como tal está sujeito as leis que o regem, no tempo e no espaço; Necessidades psicobiológicas Necessidades psicossociais Necessidades psicoespirituais Oxigenação Hidratação Nutrição Eliminação Sono e Repouso Exercício e atividades físicas Sexualidade Abrigo Mecânica corporal Motilidade Cuidado Corporal Integridade cutaneomucosa Integridade física Regulação: térmica, hormonal, neurológica, hidrossalina, eletrolítica, imunológica, crescimento celular e vascular. Locomoção Percepção: olfatória, visual, auditiva, tátil, gustativa e dolorosa. Ambiente Terapêutica Segurança Amor Liberdade Comunicação Criatividade Aprendizagem (educação a saúde) Sociabilidade Recreação Lazer Espaço Orientação no tempo e espaço Aceitação Autorrealização Autoestima Participação Autoimagem Atenção Religiosa ou teológica Ética ou de filosofia de vida 28 O ser humano está constantemente interagindo com o universo, dando e recebendo energia; A dinâmica universal provoca mudanças que levam aos estados de equilíbrio e desequilíbrio no tempo e no espaço. Segundo Horta (1979), resultam-se as seguintes proposições: 1°. Como parte integrante do universo o ser humano está sujeito a estados de equilíbrio e desequilíbrio no tempo e no espaço; O ser humano diferencia-se dos demais seres do universo por sua capacidade de reflexão, por ser dotado do poder de imaginação e simbolização e poder relacionar o presente, passado e futuro; Características, essas que conferem ao ser humano singularidade, autenticidade e individualidade; Por suas características, o ser humano também é agente de mudanças no universo dinâmico, no tempo e no espaço. 2°. O ser humano também é causador de equilíbrio e desequilíbrio em seu próprio dinamismo, por ser agente de mudança; Tais desequilíbrios produzem, no ser humano, necessidades características de tensões conscientes e inconscientes, que os levam a buscar a satisfação delas para manter seu equilíbrio no dinamismo do tempo e espaço; O atendimento inadequado ou não atendimento dessas necessidades causam desconforto e, se este se prolonga, torna-se causa de doença; Deste modo estar com saúde é estar com equilíbrio dinâmico no tempo e espaço. Segundo Horta (1979), como parte integrante do serviço de saúde a enfermagem têm-se, quê: 29 Manter o equilíbrio dinâmico, prevenir desequilíbrios e os reverter em equilíbrio humano no tempo e espaço; Atender as necessidades básicas do ser humano para desta forma lhe proporcionar um completo bem-estar; Fazer com que os clientes tenham completo entendimento em relação a assistência prestada as suas necessidades básicas; Em estados de desequilíbrio, esta assistência se torna ainda mais fundamental; A enfermagem presta assistência ao ser humano, no atendimento de suas necessidades básicas, empregando conhecimentos técnicos-científicos e das ciências físico-químicas, biológicas e psicossociais (HORTA,1979). Para Horta (1979, p.30), tem-se a seguinte conclusão: A enfermagem como parte integrante da equipe de saúde implementa estados de equilíbrio, previne estados de desequilíbrio e os reverte em equilíbrio pela assistência ao ser humano no atendimento de suas necessidades básicas. Procura, portanto, sempre reconduzi-lo a situação de equilíbrio dinâmico no tempo espaço. Em conformidade com tais premissas, concluimos que, apesar da citação de Horta (1979), ser antiga, ainda sim, se torna atual, sendo possível a sua aplicabilidade. Salienta-se que enfermagem deve ter um olhar holístico, tendo de atender o ser humano, que está sob seu cuidado, como um todo, ou seja, uma abordagem global da pessoa. O processo saúde-doença, nessa visão, tem um caráter multifatorial, e o próprio tratamento deve alavancar a reposição do equilíbrio do corpo e do espírito. 30 5. DISCUSSÃO E RESULTADOS: O quadro 2, a seguir, representa o quantitativo de artigos que foram utilizados. Foi realizada a análise de 10 artigos, que nos possibilitou realizar uma discussão, relacionada a atuação do enfermeiro na unidade de urgência e emergência, no atendimento ao paciente com dor torácica, de origem cardiogênica e a aplicabilidade da SAE, sob o referencial da Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Wanda de Aguiar Horta. Quadro 2: Classificações dos artigos para discussão e resultados PERIÓDICO AUTORES TITULO ANO SINTESE DO ARTIGO Rev. Enferm.Centr . O. Min. 2013 jan/abr; 3(1):507-517. SILVA, A. P; DINIZ, A. S; ARAÚJO F. A ; SOUZA, C. C Presença da queixa de dor em pacientes classificados segundo o protocolo de Manchester 2013 Destaca- se a avaliação quanto a presença e, a localização da dor, que foi analisada nos diferentes níveis de classificação de risco estabelecidos pelo protocolo de Manchester. Rev. de Enferm. Rene. 2014 maio/-jun; 15(3): 508-15. GOMES, E. T; QUEIROGA, A. V; ARAÚJO, N. R, BEZERRA, S. M. M. S. Dor torácica na admissão em uma emergência cardiológica de referência 2014 Foi evidenciado neste estudo que a correlação da dor torácica com DCV tem levado os clientes a procurarem os serviços de emergência. Salienta- se neste estudo que as doenças DCV continuam sendo a primeira causa de morte no Brasil. Rev. Soc. Cardiol., Estado de São Paulo; 2016; 26(2): 74-7 IZAR, O.C. M.; FONCECA, H.; ANTONIO, F. Fisiopatologia das Síndromes Coronarianas Agudas 2016 Destaca-se neste estudo que o avanço da compreensão do papel do colesterol e da inflamação tem proporcionado uma nova visão terapêutica das SCA, que incluem, dentre outros, a melhora da microcirculação. 31 Rev. online de pesquisa, UFRJ, Escola de enfermagem Alfredo Pinto. v. 8 n.4 p. 5062- 5067, Out./Dez., 2016. CARVALHO, I. M.; FERREIRA, D. K. S.; NELSON, A. R. C., DUARTE, F. H. S.; PRADO, N. C. C.;SILVA, R. R. A. R. Sistematização da assistência de enfermagem no pós-operatório mediato de cirurgia cardíaca 2016 Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, tipo relato de caso, realizado a partir da avaliação de um paciente que se encontrava no pós-operatório, mediato, de cirurgia cardíaca. Salienta-se neste estudo como se dá o processo de implementação da SAE. Rev. de enfermagem UFPE online, Recife, 12(2):565-72, fev.,2018 MEDEIROS, T. L. F.; ANDRADE, P. C. N. S.; DAVIM, R. M. B.; SANTOS, N. M. G. Mortalidade por infarto agudo do miocárdio 2018 Salienta-se que neste estudo foi descrito o IAM, quanto asua fisiopatologia e quanto a sua incidência e prevalência, em homens e mulheres. Rev. online, Transformar (UNIFSJ), 7º edição, 2015. CRUZ, N. R.; PINTO, J. O. Protocolo de dor torácica 2015 Salienta-se neste estudo, a busca das unidades de dor torácica por um modelo de estratégia diagnóstica capaz de proporcionar qualidade assistencial com o menor custo possível. Demonstra-se, neste estudo os métodos recomendados para a avaliação diagnóstica precisa. Rev.de enfermagem C. O. Min. 2014 jan/abr; 4(1):921-928 CAVEIÃO, C.; SANTOS, R. B.; MONTEZELI, J. H.; VISENTIN, A.; BREY, C.; OLIVEIRA, V. B. C. A. Dor torácica: atuação do enfermeiro em um pronto atendimento de um hospital escola 2014 Este estudo busca descrever a atuação do enfermeiro no serviço de emergência, enfatizando a importância do treinamento para que se preste uma assistência qualificada. 32 Fonte: Própria autoria, 2018. Após uma leitura saturada e discussão de todos os artigos, durante a elaboração do trabalho de conclusão de curso, selecionamos artigos que dialogam com a temática abordada no estudo. Consideramos os resultados como positivos, Plataforma online, Texto Contexto Enfermagem, UFSC, Brasil. v. 25 n.1 e. 1830014, Jan., 2016. VIEIRA, C. A.; BERTONCELLO, K. C. G.; GIRONDI, J.B.R.; NASCIMENTO, E. R. P.; HAMMERSCHM IDT, K. S. A.; ZEFERINHO, M. T. Percepção dos enfermeiros de emergência na utilização de um protocolo para avaliação da dor torácica 2016 Salienta-se, neste estudo, que a utilização de um protocolo facilitou a identificação dos fatores de risco, dos sinais e sintomas; sugestivos de DCV, e a implementação da conduta terapêutica adequada mais rapidamente, haja visto que o sucesso do tratamento e o tempo em que é administrado esta intimamente ligado. Rev. Multidisciplinar do Nordeste MG– Unipac, Faculdade Presidente Antônio Carlos de Teófilo Otoni, ISSN 2178-6925, jun/2017. RIBEIRO, A. S.; SOUZA, J. R.; AGOSTINI, C. G. G. As dificuldades da atuação do enfermeiro no atendimento ao cliente com infarto agudo do miocárdio na unidade de emergência 2017 Destaca-se neste estudo, que o enfermeiro enfrenta vários obstáculos para o desenvolvimento das atividades laborais, sendo na área administrativa ou assistencial, sendo necessário a aplicabilidade de instrumentos decisórios. Rev. online UNINGÁ, vol.53, n.1, pp.90-95, jul- set/2017. COSTA, E. S.; SILVA, M. J. R.;KUROBA, L. S.; DA SILVA, A. M.; COSTA, G. S.; VIEIRA, P. S. N. Processo de enfermagem em unidades de atendimento de urgência e emergência: uma revisão integrativa 2017 Destaca-se, neste estudo, pontos positivos, no processo de trabalho desenvolvido pelos enfermeiros, nas unidades de urgência e emergência, no período em que foi realizado o estudo e, aspectos assistenciais e gerenciais que necessitam de melhores avanços. 33 para a implementação da SAE, na unidade de emergência, utilizando como referencial a Teoria das Necessidades Humanas Básicas, como forma de estabelecer correlações entre conceitos, através da utilização de definições para a descrição ou classificação de abordagens sitematizadas na prática. Tal concepção ratifica a fala de Izar et al. (2016), que descreve o atendimento sistematizado dos pacientes que apresentam-se com dor precordial como essencial, através da elaboração de algorítmos bem desenhados pode-se prestar uma assistência de melhor qualidade, assegurando que os pacientes que são portadores de uma SCA sejam tratados adequadamente. Para Vieira et al. (2016), os protocolos assistenciais são considerados instrumentos de tecnologias em saúde, haja visto, que estabelecem critérios ou condução padronizada para o agravo em questão, sendo assim, para o manejo correto e avaliação da dor precordial torna-se imprescindível a aplicação de um protocolo, e da educação continuada para melhor embasar a atuação do enfermeiro (VIEIRA et al. 2016). Em consonância, Caveião et al. (2014), salienta-se que a capacitação profissional, motivação e o conhecimento teórico e prático, fazem toda a diferença no momento do atendimento ao paciente, ou seja, quando a equipe é bem treinada e motivada o atendimento é realizado com mais rapidez e agilidade, o que proporciona uma assistência adequada e mais qualificada ao paciente. Para Cruz e Pinto (2015), os protocolos de dor torácica em unidades de urgência e emergência, não sofreram grandes mudanças ao longo do tempo. No entanto uma equipe médica e de enfermagem bem treinada, com treinamento continuado, capaz de priorizar o atendimento em relação aos pacientes com dor precordial, e principalmente disponibilizada somente para esses pacientes é o diferencial entre a vida e a morte de um ser humano. Segundo Costa et al. (2017), o enfermeiro que atua em uma Unidade de Emergência tem como função obter a história do paciente, realizar o exame físico, realizar o tratamento, aconselhar e ensinar o paciente a fazer a manutenção da saúde. De acordo com Ribeiro et al. (2017), o enfermeiro tem a atribuição de conduzir as atividades realizadas pela equipe de enfermagem, atuando como líder, demonstrando segurança nas tomadas de decisões, tanto para o cliente como para a sua equipe. Utilizando-se de instrumentos decisórios para a superação das 34 dificuldades, proporcionando uma assistência de qualidade. Sendo necessário atuar na qualificação da equipe de enfermagem, no gerenciamento dos recursos humanos, materiais e equipamentos, estabelecendo metas a serem alcançadas. Durante o estudo ficou evidenciado que o paciente com dor precordial apresenta sinais e sintomas característicos, dentre os quais estão: precordialgia; com irradiação para o dorso ou mandíbula, epigastralgia, hipertensão, dispneia, sudorese, palidez, náusea, taquicardia e dor generalizada, que podem ser observados no cotidiano das emergências. Diante do exposto, justificou-se a aplicabilidade da SAE, através da implementação do processo de enfermagem, que consiste em uma a dinâmica de ações sistematizadas e inter-relacionadas com a finalidade de prestar assistência ao ser humano (HORTA, 1979). Indo ao encontro dessas proposições, para realizar uma prescrição de enfermagem eficiente, o enfermeiro deverá, sempre, ter um olhar holístico, que permitirá identificar os problemas reais ou potenciais deste paciente, buscando corrigir ou minimizar os riscos à saúde (TANNURE; PINHEIRO, 2010). Considerando os dados narrados no texto, e as proposições articuladas entre os referenciais teóricos de Wanda de Aguiar Horta e as recomendações dos sistemas de classificação em enfermagem propostos pela Taxonomia da NANDA-I, que consiste na apresentação de domínios, classes e diagnósticos de enfermagem, como encontram-se, atualmente, na Taxonomia II da NANDA-I (HERDMAN; KAMITSURU, 2015). Utilizou-se como suporte ao raciocínio as ligações existentes entre os diagnósticos da NANDA-I e as intervenções da NIC, que descrevem as relações entre os problemas apresentados pelo cliente e as condutas a serem adotadas pela enfermagem, que irão resolver ou aplacar esses problemas. As ligações estabelecidas entre os resultados da NOC e as intervenções da NIC apontarão uma relação equivalente, relacionada a resolução de um problema e as condutas de enfermagem dirigidas á solução desse problema, ou seja, o resultado que se espera ser influenciado pelas intervenções (JOHNSON et al., 2013). Na aplicabilidade da SAE, foi possível encontrar os possíveis diagnósticos de enfermagem, relacionados as necessidades humanas básicas afetadas, descritos a seguir: 35 Domínio 1- Promoção da SaúdePsicobiológico/ Psicossocial - Comportamento de saúde propenso a risco, relacionado a atitude negativa, em relação aos cuidados de saúde: NIC: Avaliar as definições de saúde e bem-estar do cliente e as grandes barreiras a saúde e ao bem-estar. Orientação antecipada, para que ocorrá melhora no enfrentamento e promoção da capacidade de resiliência. NOC: Aceitação de mudança significativa no estado de saúde e mudança de estilo de vida. Domínio 2 - Nutrição Psicobiológico – Nutrição desequilibrada, menor que as necessidades corporais, relacionada a incapacidade de absorver nutrientes, devido aos episódios de êmese e/ou dietas restritas: NIC: Usar um instrumento de avaliação nutricional. Orientar o paciente quanto a necessidade de restrição de dieta por 24 horas. Solicitar avaliação do nutricionista. Incentivar a hidratação, orientar e acompanhar a alimentação, salientando a importância da nutrição adequada, que deverá ter o tempo máximo de 30 minutos. Evitar procedimentos dolorosos antes das refeições. Planejar formas para diminuir odores durante a refeição e manter a higiene oral. NOC: O paciente deverá, a curto prazo, apresentar peso ideal para sua altura e idade. Deverá consumir alimentação adequada e estar livre de sinais de desnutrição. Psicobiológico - Volume de líquido excessivo, relacionado a mecânismos reguladores comprometidos: NIC: Monitorar a extensão e a localização do edema, investigar a presença de sinal de Godet, usar uma escala de 1+ até 4+ para quantificar o edema, medir as pernas utilizando fita milimétrica, na mesma área e na mesma hora, todos os dias. Observar diferenças nas medidas entre as extremidades. Monitorar débito 36 urinário, realizar balanço hídrico. Monitorar o peso diário, Monitorar sinais vitais; observar a diminuição da pressão sanguínea, taquicardia e taquipneia, para avaliação quanto a diminuição do débito cardíaco. NOC: Durante o período de internação hospitalar o paciente deverá se manter livre de edema, derrame plural e anasarca. Deverá manter o peso corporal adequado. Manter a ausculta pulmonar limpa; sem evidência de dispneia ou ortopneia. Se manterá dentro dos padrões de normalidade a pressão venosa central, a pressão capilar pulmonar, o débito cardíaco e os sinais vitais. Deverá se manter um débito urinário dentro de 500 ml, de ingestão com osmolaridade e densidade urinárias normais. Domínio 4 - Atividade /Repouso Psicossocial / Psicobiológico - Padrão de sono prejudicado, relacionado ao barulho, iluminação, mobiliário para sono não familiares, estimulação excessiva para procedimentos e odores nocivos: NIC: Orientar o paciente quanto aos motivos do transtorno do sono. Reduzir o ruído, limitar o sono durante o dia. Fazer leitura, assistir televisão ou ouvir rádio durante o período do dia. Usar tampões na orelha. Trazer objetos familiares (travesseiro, cobertores, outros). Administrar sedativos ou ansiolíticos, conforme prescrição médica, durante o período noturno. NOC: O paciente verbalizará, melhora no padrão de sono. Psicobiológico - Intolerância a atividade, relacionado ao desiquilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio: NIC: Restrição ao leito. Explicar as causas da fadiga do paciente, causada devido a sua condição clínica. Permitir a expressão dos sentimentos relativos aos efeitos da fadiga sobre a vida da pessoa. Auxiliar o indivíduo a identificar quais tarefas podem ser delegadas, ajudando a identificar as prioridades e eliminar as não essenciais. NOC: Espera-se que o cliente participe de atividades que estimulem e equilibrem os aspectos físicos, cognitivo, afetivo e social. 37 Psicobiológico - Mobilidade física prejudicada, relacionada a restrição ao leito: NIC: Manter repouso absoluto no leito nas primeiras 24 horas ou conforme necessidade. Realizar mudança de decúbito a cada 2 horas, colocar coxins em regiões de proeminência óssea, realizar exercícios passivos nos membros inferiores. Monitorar e registrar a tolerância a atividade, anotar frequência cardíaca, pressão sanguínea, dispneia e coloração da pele antes e após a atividade. Consultar o plano de cuidados para intolerância a atividade. NOC: O cliente apresentará, melhora na tolerância a atividade nas próximas 36 horas. E durante o período que estiver restrito ao leito não apresentará lesão por pressão. Psicobiológico - Débito cardíaco diminuído, relacionado ao volume sistólico alterado; pré-carga alterada; pós-carga alterada ou contratilidade alterada, evidenciado pelo aumento da FC, PA e FR. NIC: Monitorar sintomas de IC e débito cardíaco diminuído, auscultar os sons cardíacos e pulmonares; observar os sintomas, incluindo dispneia, ortopneia, dispneia paroxística noturna, respiração de Cheyne-Stokes, fadiga, fraqueza, terceira e quarta bulhas, estertores pulmonares, pressão venosa aumentada para mais de 16 cm H2O e reflexo hepatojugular positivo. Administrar oxigênio, se necessário. Em caso de dor precordial, manter o cliente deitado, monitorar o ritmo cardíaco, fornece oxigênio, verificar sinais vitais, instalar monitorização eletrocardiográfica, medicar para dor e comunicar ao médico. NOC: O cliente terá o débito cardíaco adequado, evidenciado por pressão arterial; ritmo e frequência cardíaca dentro dos parâmetros normais para o cliente; pulsos periféricos fortes; capacidade de tolerar atividades, sem sintomas de dispneia, síncope ou dor no peito. Psicobiológico/Psicossocial - Padrão respiratório ineficaz, relacionado a dor e ansiedade: 38 NIC: Monitorar frequência e a profundidade respiratórias. Observar o padrão respiratório. Se o cliente estiver dispneico observar qual a causa da dispneia, se a maneira do cliente lidar com a situação e como a dispneia, resolve ou piora os sintomas. Observar o quanto a ansiedade está associada a dispneia. Avaliar determinar se a dispneia do cliente tem causa fisiológica ou psicológica. NOC: O paciente deverá apresentar um padrão respiratório que suporte resultados de gasometria dentro dos parâmetros normais do cliente. Deverá verbalizar capacidade de respirar confortavelmente. Psicobiológico - Perfusão tissular cardíaca diminuída, relacionada a interrupção do fluxo arterial evidenciado por sudorese, palidez cutânea, aumento da FC, diminuição da PA e diminuição do enchimento capilar. NIC: Monitorar quanto a dor no tórax; pescoço e mandíbula, respiração curta, diaforese, náusea e vômitos. Se a dor no tórax estiver presente, administrar oxigênio pela cânula nasal, conforme prescrito. Administrar medicações, conforme prescrição médica. Realizar avaliação respiratória completa e procurar sinais de taquipneia, roncos, atrito pleural, murmúrio respiratório diminuído e, macicez a percussão. Traçar eletrocardiograma de 12 derivações. Rever história médica, cirúrgica e social do cliente. Realizar exame físico cardiovascular e neurológico. Instalar manta termica. NOC: O paciente deverá estar livre da dor torácica, relacionada a angina. Deverá manter-se sem arritmias, taquicardia ou bradicardia. Negar náusea e não apresentar vômitos. Ter a pele seca e com temperatura normal. Psicobiológico - Déficit no autocuidado para banho, relacionado a restrição ao leito evidenciado pela realização da higienização corporal no leito por profissional de saúde. NIC: Realizar higiene corporal no leito, hidratando a pele com óleo mineral ou hidratante corporal. Proporcionar privacidade durante a rotina de banho no leito. Explicar a necessidade e orientar que é temporário. Definir com o paciente a temperatura da água. Combinar, quando possível, o melhor horário de banho. Avaliar queixas álgicas. 39 NOC: O cliente deverá ficar livre deodor corporal e manter a pele íntegra. Tomar banho com a assistência do cuidador, quando necessário, e relatar a satisfação e a dignidade mantidas durante a experiência do banho. Domínio 9 – Enfrentamento/Tolerância ao Estresse Psicossocial / Psicobiológico - Ansiedade relacionada a morte, evidenciada pelo relato verbal do cliente. NIC: Escutar ativamente, apoio emocional, melhora do sistema de apoio, dizer a verdade e promoção da esperança. NOC: Redução da ansiedade, melhora do enfrentamento e aceitação da mudança significativa no estado de saúde, o indivíduo deverá relatar um aumento no conforto psicológico e fisiológico a médio prazo. Psicossocial - Medo, relacionado a hospitalização evidenciado pelo tempo de internação. NIC: Avaliar o grau do medo e se incapacita o paciente, discutir a situação com o cliente e ajudar a distinguir entre ameaças ao bem-estar reais e imaginárias. NOC: O paciente apresentará redução do medo e melhora do quadro em curto prazo. Domínio 10 - Princípios da vida Psicoespiritual - Risco de religiosidade prejudicada relacionado ao tempo de internação. NIC: Estímulo a rituais religiosos, mobilização familiar e Intermediação cultural. NOC: Espera-se a promoção da esperança, a curto prazo, facilitação do processo de meditação e apoio espiritual. 40 Domínio 11 - Segurança proteção Psicobiológica - Risco de infecção, relacionado a dispositivos invasivos: NIC: Reduzir o risco de carrear microrganismos aos indivíduos pela lavagem das mãos, realização de curativos com técnica asséptica. Encorajar o cliente a manter a ingesta calórica ideal. Observar manifestações clínicas de infecção e registrar, se houver. Trocar acesso venoso periférico a cada 96 horas ou na presença de sinais flogísticos. NOC: O cliente não apresentará infecção e nem será colonizado por microrganismos patogênicos, durante o período de internação hospitalar. Psicobiológico - Risco de desequilíbrio na temperatura corporal, relacionado ao uso de medicações que causam vasoconstrição; vasodilatação e medicações que causam sedação. E exposição a extremos de temperatura ambiental: NIC: Mensurar a temperatura do cliente utilizando termômetro oral ou retal a cada 1 hora ou cada 4 horas, dependendo da gravidade do quadro clínico ou sempre que uma mudança na condição ocorrer, por exemplo, calafrios; alteração do estado mental. Usar o mesmo sítio e método (equipamento) para a medida da temperatura para um determinado cliente, todo dia, de modo que as tendências de temperaturas sejam precisamente avaliadas, registrar o sítio de mensuração da temperatura. Notificar o médico sobre as temperaturas de acordo com os padrões da instituição ou solicitações por escrito, ou quando a temperatura atingir os 38°C ou mais. Notificar o médico sobre a presença de alteração do no estado mental. NOC: O cliente deverá manter-se com a temperatura dentro da variação normal, durante o período de internação hospitalar, deverá entender as medidas necessárias para manter a temperatura normal e ser orientado quantos aos sintomas de hipotermia e hipertermia. 41 Domínio 12 - Conforto Psicobiológico/ Psicossocial/ Psicoespiritual - Conforto prejudicado, relacionado a falta percebida de sensação de conforto, alívio e transcendência nas dimensões física, psicoespiritual, ambiental, cultural e social. NIC: Mudança de decúbito de 2/2h, melhora no sistema de apoio, apoio espiritual. Monitorizar os sinais vitais antes e depois da administração de analgésicos. Programar medidas do conforto, tais como posicionamento e redução da luz. NOC: Espera-se que durante o período de permanência no ambiente hospitalar o paciente apresente, melhora no estado de conforto físico, psicoespiritual, sociocultural e ambiental. Psicobiológico - Dor aguda, relacionada a constrição do músculo cardíaco, evidenciado pelo relato de menos de 3 horas da algia. NIC: Valorizar a queixa de dor, utilizar instrumento para avaliação da dor, avaliar início; duração; intensidade; localização e irradiação. Escuta ativa, orientar o paciente quanto as causas da dor e por quanto tempo poderá durar. Proporcionar alívio ideal da dor com analgésicos, conforme prescrição médica. NOC: Controle da dor e nível de conforto a curto prazo. Psicobiológico - Náusea relacionada a dor precordial, medo e ansiedade: NIC: Administrar antiemético, conforme prescrição médica, encorajar o cliente a ingerir dietas brandas, quando liberado. Evitar ingerir grandes quantidades de líquidos. Evitar grande ingestão de líquidos durante e após a refeição e evitar deitar-se no mínimo 2 horas após a refeição. Evitar odores desagradáveis. NOC: O cliente deverá entender os métodos que poderá usar para diminuir a náusea e vômitos e declarar alívio da náusea. 42 Psicossocial - Isolamento Social, relacionado ao isolamento terapêutico: NIC: Explicar a necessidade e orientar o cliente que esse isolamento é temporário. Ajudá-lo a entender como o estresse agrava o quadro clínico. Incentivar atividades de distração, como leitura e ver televisão. Salientar para família a importância do horário de visita. NOC: O cliente deverá usar oportunidades disponíveis para desenvolver comportamentos de interação social bem-sucedidos e relatar melhora no conforto psicossocial durante o período de internação. Salienta-se que nem todos os clientes irão apresentar esses tipos de diagnósticos, mas foi possível fazer um mapeamento deles, através da leitura saturada da literatura consultada, para estes tipos de comprometimentos. Estes diagnósticos foram construídos para contribuir e nortear as ações dos profissionais que atuam com essa temática. 43 6. CONCLUSÃO Frente aos dados apresentados, salienta-se que apesar dos diagnósticos, intervenções e resultados esperados, supralistados, não terem sido elaborados a partir de uma situação real, estes poderão ser aplicados aos pacientes e familiares, ratificando-se a necessidade de estarem articulados com as características definidoras e, portanto, as especificidades apresentadas de acordo com a singularidade de cada cliente. Vale ressaltar que independente da patologia e/ou complicações serem as mesmas, cada indivíduo é único e deve ser avaliado e reavaliado sempre que possível. Após a implementação das atividades prescritas, o enfermeiro reavaliará o paciente conforme sua evolução clínica na unidade emergencial, e dessa maneira poderá traçar novos diagnósticos, metas e intervenções sempre com a finalidade de restabelecer o bem-estar psicobiológico, psicossocial e pisicoespiritual do paciente e de sua família. Por fim, o estudo evidenciou que é de suma importância que desenvolvam-se, cada vez mais, protocolos assistenciais. Para que se eleve a qualidade da assistência ao cliente com dor torácica de origem cardiogênica, embasando a prática da equipe de enfermagem e reduzindo a ocorrência de óbitos decorrentes do manejo inadequado dos casos. Sendo assim, a Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Horta (1979), utilizada como referencial para a implementação da SAE, mostrou-se ainda pertinente a prática assistencial, sendo capaz de subsidiar uma assistência integral ao indivíduo família e comunidade. 44 REFERÊNCIAS BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. 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