Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Dor precordial é a dor localizada na região precordial. Ela não é sinônimo de dor cardíaca, pois pode ter origem no coração e em outros órgãos ou estruturas como pleura, esôfago, aorta, mediastino, estômago e na própria parede torácica. Dor torácica é a sensação de dor ou desconforto, localizada na região anterior do tórax. Catástrofes torácicas na emergência: Síndrome coronariana aguda, dissecção aórtica, tromboembolismo pulmonar, pneumotórax, tamponamento cardíaco e rotura esofágica. Causas de dor torácica de acordo com a região: Parede torácida Traqueia, Brônquios, pulmões e pleuras. • Processos inflamatórios • Lesões traumáticas • Distensão muscular • Neoplasias ósseas • Espondiloartrose cervical e torácica. • Hérnia de disco. • Compressões radiculares. • Neuralgia herpética. • Dorsalgia • Traqueítes e bronquites. • Neoplasias. • Pneumonias. • Embolia pulmonar. • Infarto pulmonar. • Câncer do pulmão. • Pleurites. • Pneumotórax espontâneo. • Traumatismos torácicos. Coração e pericárdico Vasos • Angina de peito. • Infarto agudo do miocárdio. • Prolapso da valva mitral. • Miocardiopatias. • Arritmias. • Pericardites. • Síndrome pós- cardiotomia. • Aneurisma da aorta torácica. • Dissecção aórtica aguda. • Hipertensão pulmonar. Esôfago Mediastino • Esofagite de refluxo. • Espasmo do esôfago. • Hérnia hiatal. • Câncer do esôfago. • Tumores do mediastino. • Mediastinites. • Pneumomediastino. Órgãos abdominais Causa psicogênica • Úlcera péptica. • Câncer do estômago. • Cólica biliar. • Colicistite. • Hepatomegalia congestiva. • Pancreatite. • Neoplasias do pâncreas. • Esplenomegalia. • Tensão nervosa. • Ansiedade e /ou depressão. • Síndrome do pânico. Síndromes coronarianas agudas (SCAs) As síndromes coronarianas agudas (SCAs), também designadas síndromes coronarianas isquêmicas agudas (SCIAs), constituem um grupo de condições que são causadas pela redução abrupta no fluxo arterial coronário (Amsterdam et al., 2014). As SCAs são divididas em: • Síndrome coronariana aguda com supra desnivelamento do segmento ST (SCACSST), a qual contempla os pacientes com IAM com supra desnivelamento do segmento ST. • Síndrome coronariana aguda sem supra desnivelamento do segmento ST (SCASSST), a qual é subdividida em angina instável e infarto agudo do miocárdio (IAM) sem supra desnivelamento do segmento ST. OBS: para diferenciar o IAM sem supra da angina instável , utilizamos marcadores de necrose ( o melhor é a troponina) Troponina presente (+) - IAM sem supra Troponina ausente (-) – Angina instável Classificação da dor torácica Angina típica (definitiva) 1) Desconforto ou dor retroesternal, 2) Desencadeada pelo exercício ou estresse emocional. 3) Aliviada com repouso ou uso de nitroglicerina. Angina atípica (provável) Presença de 2 dos fatores acima. Dor torácica não angionosa Presença de somente 1 ou nenhum dos fatores Fisiopatologia A causa mais comum de SCA é a ruptura da placa de aterosclerose. A aterosclerose é uma forma de arteriosclerose, na qual o espessamento e endurecimento das paredes vasculares são causadas pelo acúmulo de depósitos gordurosos no revestimento interno das artérias musculares de grande e médio calibres, ou seja, no subendotélio. A arteriosclerose é uma doença crônica do sistema arterial caracterizada por espessamento anormal e perda da elasticidade da parede vascular. Formação das placas O proceso de aterosclerose é um processo lento e gradual. Existem 2 tipos de placas : A placa estável – tem uma capa fibrosa relativamente espessa, que a isola do contato com o sangue e que cobre um núcleo que contém grande quantidade de colágeno e células musculares, com concentração lipídica relativamente pequena. A placa vulnerável –apresenta uma fina capa de tecido fibroso sobre um núcleo gorduroso grande e macio, que a separa do lúmen do vaso sanguíneo. Fase pré-clínica Em pacientes com fatores de risco (ex: ex: Hipertensos, diabéticos , idade >55 anos , sedentários, besos , etc.) eles tem um endotélio mais inflamado, o que gera moléculas de adesão. Essas moléculas de adesão vão atrair alguns elementos do plasma (principalmente os monócitos), que vão se interiorizar, indo para a região subendotelial. No subendotélio os monócitos vão se diferenciar em macrófagos e vão começar a fagocitar moléculas de gordura (LDL), gerando as células espumosas (macrófago cheio de gordura). As células espumosas vão se acumulando no subendotélio empurrando o endotélio e diminuindo a luz do vaso. Além disso, migram células da musculatura lisa que geram uma capa fibrótica, a qual pode calcificar ao longo do tempo. Fase clínica Se a capa fibrosa se erodir ou romper, isso gera uma agregação plaquetária inicial (trombo branco) e em seguida a formação trombina, com acúmulo de células vermelhas (trombo vermelho – trombose). Quando a placa preenche cerca de 40% do interior do vaso, o remodelamento é interrompido, porque o vaso não consegue se expandir para dar espaço ao aumento no tamanho da placa. • À medida que a placa aterosclerótica aumenta, o vaso se estreita gravemente (estenose). • Em geral, é necessária uma estenose arterial de 70% do diâmetro do vaso para produzir sintomas anginosos. • A extensão do estreitamento arterial e a quantidade de redução no fluxo sanguíneo são determinantes críticos da doença arterial coronariana (DAC). A aterosclerose é a causa mais comum, contudo não é a única: • Vasospasmos (com ou sem aterosclerose) Associado a agregação plaquetária ou do uso de drogas (cocaína e efedeina (tratamento de asma -ou sinusite). • Embolos - Se proveniente do átrio esquerdo (fibrilação atrial, endocardite infecciosa) Embolos paradoxais (origem do lado direito- atravessam um persistência do forame ovale penetra as artérias coronarianas). • Outras isquemias com trombose ✓ Vasculites, ✓ Doença falciforme, ✓ Deposição de amiloide nas paredes vasculares, ✓ Hipertrofia acentuada, ✓ Baixa pressão sistêmica (choque) ✓ Proteção e inadequado durante cirurgia. Isquemia, lesão e Infarto do miocárdio Quando ocorre obstrução temporária ou permanente em uma artéria coronária, o suprimento sanguíneo ao músculo cardíaco fica comprometido e as células miocárdicas distais no local do bloqueio são privadas de oxigênio e outros nutrientes. Como consequência da redução do fluxo sanguíneo coronariano, ocorre a DCI – doença coronariana isquêmica. Exemplos: Angina pectoris, isquemia miocárdica silenciosa, IAM ou morte súbita. Obstrução temporária ou intermitente de uma artéria coronária - Quando ocorre obstrução temporária ou permanente em uma artéria coronária, o suprimento sanguíneo ao músculo cardíaco fica comprometido e as células miocárdicas distais no local do bloqueio são privadas de oxigênio e outros nutrientes. As apresenações clínicas são: angina pectoris, isquemia miocárdica silenciosa, infarto agudo do miocárdio (IAM) ou morte súbita cardíaca. Obstrução parcial ou intermitente : Pode resultar em isquemia silenciosa (ausência de sinais e sintomas), angina instável (AI), IAM sem elevação do segmento ST (IAMSEST) ou, possivelmente, morte súbita. Obstrução completa : pode resultar em IAM com elevação do segmento ST (IAMCEST) ou morte súbita. OBS: A obstrução completa de uma artéria coronária pode causar IM. No entanto, uma vez que a placa geralmente aumenta em tamanho ao longo de meses e anos, pode ocorre aumento de outros vasos coronarianos à medida que partes de uma artéria coronária se tornam obstruídas. Essas vias vasculares (circulação colateral) servem como rota alternativa ao fluxo sanguíneo, ao redor da artéria obstruída, para o músculo cardíaco.Assim, a presença de artérias colaterais pode prevenir infartos, apesar da obstrução completa da artéria. A área suprida pela artéria coronária obstruída sofre uma sequência de eventos que foram identificados como zonas (isquemia, lesão e infarto), associadas a alterações no ECG. Quadro clínico Na avaliação semiológica da dor precordial, todas as características são importantes: Localização: ✓ Angina pectoris (desconforto torácico que ocorre quando o músculo cardíaco não recebe oxigênio suficiente. Presente em paciente com isquemia miocárdica, Doença Arterial Coronariana (DAC), hipertensão arterial não controlada, doença cardíaca valvar. OBS: Quando a angina está associada a isquemia miocárdica, geralmente o desconforto começa no centro ou à esquerda do tórax. Irradiação: ✓ irradia para o braço (dedo mínimo, lado ulnar do braço esquerdo), punho, mandíbula, epigástrio, ombro esquerdo ou região interescapular. Locais mais comum de desconforto anginoso A. Parte superior do tórax. B. Inferiormente ao esterno, irradiando para o pescoço e mandíbula. C. Inferiormente ao esterno, irradiando para o braço esquerdo. D. Epigástrica. E. Epigástrica, irradiando para o pescoço, mandíbula e braços. F. Pescoço e mandíbula. G. Ombro e braço esquerdo. Caráter: A dor anginosa é quase sempre do tipo constritiva, tendo o paciente a sensação de que algo aperta o tórax ou a região retroesternal. • Para caracterizá-la, o paciente leva a mão fechada ao peito (Sinal de Levine). • Termos usados pelos pacientes para descrever a angina: “Uma faixa ao redor do meu peito”, “Aperto ao redor do meu peito”, “Peso no meio do meu peito’, “Queimação”, “Ruptura”, “Constrição”, “Compressão”, “Peso”, “Aperto”, “Pressão”, “Estrangulamento” e “Sufocamento”. Duração: a dor da angina de peito tem duração curta (2 a 3 min, raramente ultrapassando 10 min). • Na angina instável, a dor é mais prolongada, com duração de 10 min ou + pois nesta síndrome já há alterações histológicas. • Angina Prinzmetal – podem ocorrer de dois a 3 episódios dentro de 30 a 60 minutos. • No infarto agudo do miocárdio, quando ocorrem alterações necróticas, a dor dura mais de 20 min, podendo chegar a algumas horas. Intensidade: A intensidade da dor varia de acordo com o grau de comprometimento isquêmico, podendo ser classificada em leve, moderada e intensa. Classificamos com uma escala de 0 a 10 • Leve:0 a 2. • Moderada: 3 a 7. • Intensa: 8 a 10. Fatores desencadeantes ou agravantes A dor da angina de peito ocorre quase invariavelmente após esforço físico, mas pode ser desencadeada por todas as condições que aumentam o trabalho cardíaco, tais como emoções, taquicardia, frio ou após refeição copiosa. ✓ Angina estável – os eventos precipitantes comuns são: estresse emocional, exercício físico e exposição ao frio. ✓ Angina instável- os sintomas ocorrem em repouso ou com esforço físico mínimo. ✓ Angina Prinzmetal – embora os episódios de espasmo coronariano possam ser precipitados por exercício, estresse emocional, hiperventilação ou exposição ao frio, no geral ocorrem em repouso (entre 00h00 e 08h00). ✓ Lesão aguda miocárdica – pode surgir na ausência de IM, como precursor de IM, concomitante com o padrão de IAM ou na presença de um padrão preexistente de IM. ✓ No infarto agudo do miocárdio, a dor costuma iniciar com o paciente em repouso. Fatores atenuantes: O alívio da dor pelo repouso é uma das características fundamentais da angina de peito. O uso de vasodilatadores coronários também faz a dor desaparecer. Manifestações concomitantes: ✓ Angina estável - náusea ou vômito; palpitações; falta de ar e sudorese. ✓ Angina instável - dispneia, diaforese, náusea, síncope ou disritmias. ✓ Angina de prinzmetal – Síncope. ✓ IAM- diaforese, dispneia, náusea, dor abdominal ou síncope. RESUMÃO DAS SÍNDROMES CORONARIANAS AGUDAS SCAS Angina estável Angina instável Angina Prinzmetal Infarto agudo do miocárdio Definição É caracterizada por episódios breves de desconforto torácico relacionados a atividades que aumentam a demanda cardíaca de oxigênio, como estresse emocional, exercício ou esforço físico e exposição ao frio. Também conhecida por angina pré-infarto, acelerada ou angina em crescendo, síndrome coronariana intermediária e síndrome pré-oclusiva, é uma condição de gravidade intermediária entre a angina estável e o IAM É o resultado de espasmo intenso de segmento de uma artéria coronária. Ocorre com frequência entre a meia noite e às 8 horas da manhã, podendo despertar o paciente do sono. Ocorre quando o fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco é interrompido ou diminui subitamente por tempo suficiente, de modo a causar morte de células miocárdicas e necrose do miocárdio. Duração < 5 minutos 10 min ou + 3 episódios de 30 a 60 minutos. 20 minutos Fatores desencadeantes estresse emocional, exercício físico e exposição ao frio. repouso ou com esforço físico mínimo. Exercício, estresse emocional, hiperventilação ou exposição ao frio No geral ocorrem em repouso. Costuma iniciar com o paciente em repouso. Sintomas associados náusea ou vômito; palpitações; falta de ar e sudorese. dispneia, diaforese, náusea, síncope ou disritmias. Síncope diaforese, dispneia, náusea, dor abdominal ou síncope. Lesão miocárdica - A isquemia que se prolonga por mais do que apenas alguns minutos pode causar lesão miocárdica. O termo lesão miocárdica refere-se ao tecido miocárdico que foi privado do seu suprimento de sangue e oxigênio ou sofreu redução grave neste. A lesão miocárdica pode ser extensa o suficiente para produzir diminuição na função de bomba ou na condutividade elétrica das células afetadas. TIPOS DE INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDICO As áreas endocárdica e subendocárdica da parede miocárdica são as áreas menos perfundidas do coração e mais vulneráveis à isquemia porque apresentam alta demanda de oxigênio e são nutridas pelos ramos mais distais das artérias coronárias. Infarto do miocárdio transmural- infarto envolvendo toda a espessura da parede ventricular esquerda é chamado IM transmural. Infarto do miocárdio intramural- Infarto subendocárdico- Infarto subepicárdico- Avaliação do paciente Uma vez que nem todo o desconforto torácico está relacionado com o coração, os pacientes com suspeita de SCA devem ser avaliados rapidamente para identificar aqueles que necessitam de tratamento de emergência versus aqueles com condições menos urgentes. A resposta às duas seguintes questões deve ser procurada durante a avaliação inicial do paciente: 1. Qual é a probabilidade de os sinais e sintomas do paciente representarem uma SCA? 2. Qual a probabilidade de um desfecho clínico adverso? 3. Histórico do paciente Ao obter o histórico, use as palavras do paciente para descrever o desconforto. Por exemplo, o paciente pode não considerar seu sintoma como “desconforto” ou “dor”, mas utilizar outro termo adequadamente descritivo. Qualquer que seja o termo que o paciente utilize, continue a usá-lo ao interagir com ele. Histórico SAMPLE Sinais e sintomas, alergias , medicamentos , p ( histórico) , l (Ultima ingesta ) e E ( eventos precipitantes) ✓ Sinais e Sintomas. ✓ Alergias. ✓ Medicamentos. Que ele está tomando atualmente. Descubra se o paciente tomou algum medicamento para disfunção erétil nas últimas 24 a 48 horas. Questione-o sobre o uso de suplementos fitoterápicos ou drogas recreativas, como a cocaína. ✓ Histórico médico. Confirme se o paciente tem histórico de ataque cardíaco, angina, insuficiência cardíaca, hipertensão arterial ou ritmo cardíaco anormal.*Se o paciente responder afirmativamente, pergunte como os sintomas atuais se comparam ao episódio pregresso. Indague se o paciente já foi submetido a algum procedimento cardiológico, como revascularização do miocárdio (i. e., cirurgia cardíaca), cateterização cardíaca, angioplastia, transplante, substituição de válvula ou colocação de marca-passo. *Determine se há histórico de AVC, diabetes, doença pulmonar, hepática ou renal, ou outro problema médico. *Descubra seus fatores de risco para doença cardíaca. *Pergunte ao paciente se ele fuma. *Caso a resposta seja afirmativa, pergunte quantos maços por dia. *Procure saber se existe histórico de doença cardíaca na família. Se a resposta for positiva, pergunte se alguém morreu de doença cardíaca e com que idade. *Questione-o sobre o histórico familiar de hipertensão arterial, diabetes e hipercolesterolemia. Além disso, confirme se houve quaisquer hospitalizações e cirurgias recentes. ✓ Última ingesta oral. Pergunte quando foi a última vez que ele comeu ou bebeu e se ocorreu alguma mudança recente nos padrões alimentares ou de ingestão de fluidos (ou na eliminação). ✓ Eventos que precipitaram o incidente. Tente descobrir o que precipitou os sintomas atuais. Por exemplo, algum evento ou atividade causou os sintomas do paciente, como exercício extenuante, atividade sexual ou estresse incomum? Histórico OPQRST Histórico OPQRST O mnemônico OPQRST é usado para explorar as características dos sintomas do paciente. ✓ Início (Onset). Quando seus sintomas começaram? Tiveram início de forma súbita ou gradual? Alguma vez sentiu esse desconforto antes? Quando? Quanto tempo durou? Você foi observado, avaliado ou tratado por conta desses sintomas? Se sim, qual foi o diagnóstico? Como o desconforto que você está sentindo agora se compara com o outro? ✓ Provocação/Paliação/Posição. O que você estava fazendo quando os sintomas começaram? O que melhora ou piora o desconforto? O que você tentou para aliviar o problema? Mudança na posição melhora o desconforto? ✓ Qualidade. Como você descreveria o desconforto? ✓ Região/Irradiação/Referência (Region/Radiation/Referral). Onde é o desconforto? O desconforto é localizado em uma área? Você sente algum outro sintoma em outra área do corpo? ✓ Gravidade (Severity). Em uma escala de 0 a 10, sendo 0 o menor e 10 o pior, que número você atribuiria ao seu desconforto? ✓ Tempo. Seu desconforto ainda está presente? Está melhorando, piorando ou mantém-se igual? É intermitente ou constante? Sintomas típicos e atípicos Exemplos de Sintomas Equivalentes Anginosos • Dificuldade respiratória; • Tonturas; • Disritmias; • Dor ou queimação epigástrica; • Transpiração excessiva; • Fadiga; • Fraqueza generalizada; • Indigestão; • Desconforto isolado do braço, dorso, mandíbula ou pescoço; • Nova dispneia sob esforço físico; • Palpitações • Síncope ou quase síncope; • Náusea ou vômito inexplicado. Pacientes com SCA e que têm maior probabilidade de se apresentarem atipicamente: idosos, indivíduos diabéticos, mulheres, pacientes com função renal comprometida ou demência, pacientes com cirurgia cardíaca prévia e pacientes durante o período pós-operatório imediato após cirurgia não cardíaca. Idosos- dispneia, dor no ombro ou nas costas, fraqueza, fadiga, alterações no estado mental, síncope, náusea inexplicada e desconforto abdominal ou epigástrico. Eles também são mais propensos a apresentar condições preexistentes mais graves, como hipertensão, insuficiência cardíaca ou IAM prévio, que os mais jovens. DM- Alteração do estado mental, fadiga, náusea ou vômito, dispneia, fraqueza generalizada ou atordoamento. Mulheres com SCA podem reportar sintomas que incluem falta de ar, fraqueza, fadiga incomum, suores frios, perturbação do sono, perda de apetite, náusea ou vômito, desconforto abdominal e tonturas ou desmaios. Exame físico O exame físico deverá incluir o seguinte: • Medição dos sinais vitais (obter medidas da pressão arterial nos dois braços se houver suspeita de dissecção da aorta). • Ausculta de sons respiratórios em busca de crepitações (i. e., estertores). • Ausculta de sons cardíacos em busca de sopros, galopes e ruídos de fricção. • Avaliação de distensão venosa jugular (DVJ), déficits de pulso periférico e presença de sopros. • Avaliação neurológica. Eletrocardiograma Principal exame no diagnóstico e diferenciação das síndromes coronarianas agudas. O primeiro ECG de 12 derivações deve ser obtido e interpretado dentro de dez minutos do contato com o paciente. Uma vez que pode ser normal ou inicialmente não diagnóstico, o ECG deve ser repetido em intervalos de 15 a 30 minutos durante a primeira hora, especialmente se os sintomas recorrerem. Apesar de ser o principal, não tem sensibilidade e especificidade suficientes para permitir uma diferenciação confiável entre SCASSST e SCACSST. Como avaliar um eletrocardiograma: ✓ Olhar se tem onda P presente ✓ Observar os outros segmentos. ✓ Analisar a FC ✓ Analisar se o ritmo está regular Tipos de alterações no eletrocardiograma: ECG NORMAL ECG com supra desnivelamento de ST ONDA Q – INVERSÃO DA ONDA T- Acometimento das paredes ventriculares Como identificar no ECG: LIILI SSAALL Lateral, inferior, superior, anterior. Infarto anterior e Infarto septal (superior) Infartoanterosseptal Superfície Ventricular Alterações Indicativas (Derivações Relacionadas) Artéria Coronária Afetada Anterior V3, V4 Descendente anterior esquerda Inferior II, III, aVF Artéria coronária direita e circunflexa Lateral I, aVL, V5, V6 Circunflexa Septal V1, V Descendente anterior esquerda Inferobasal (Posterior) V7, V8, V9 Artéria coronária direita e circunflexa Ventrículo direito V4R , V3R e V1 Artéria coronária direita L L L L I I I I s s A A Infarto anterosseptal Infarto lateral Infarto inferior Infarto inferobasal Infarto Ventricular Direito A derivação I mostra uma pequena onda Q com elevação do segmento ST. Em aVL vemos uma onda Q maior com elevação do segmento ST e Inversão da onda T nas derivações V2 a V6. Identificamos supra do segmento ST nas derivações II, III e aVF, sugerindo padrão de lesão na parede inferior. IST recíproco é observado nas derivações I e aVL. Supra de ST típica nas derivações inferior e lateral, bem como Infra de ST com onda R proeminente nas derivações precordiais direitas. As derivações torácicas do lado direito em um paciente com IAM com supra de st inferior mostra elevação de ST nas derivações V4R e V5R. Se suspeitar de infarto de VD , pedir derivação V4R, V5R E V6R. Exames de imagem Uma radiografia de tórax portátil deverá ser obtida de pacientes com suspeita de SCA dentro de 30 minutos de sua apresentação. A ecocardiografia transtorácica bidimensional é útil na avaliação da função ventricular esquerda e direita, incluindo avaliação da espessura, espessamento e movimento das paredes miocárdicas em repouso. Outros exames de imagem, como ecocardiografia transesofágica, tomografia computadorizada com contraste do tórax ou imageamento por ressonância magnética são úteis para excluir algumas das causas não isquêmicas de dor torácica aguda, como doença cardíaca valvar, dissecção da aorta e embolia pulmonar. Marcadores bioquímicos de lesão miocárdica - Auxiliam tanto no diagnóstico como prognóstico - Em pacientes com suspeita de SCA sem diagnóstico estabelecido de IAM (pelo ECG), os marcadores são uteis para confirmar o diagnóstico. → Troponina(C e I): marcadores bioquímicos de escolha para detecção de necrose miocárdica em pacientes com suspeita de SCA, por sua alta sensibilidade e quase completa especificidade (S=90% e E=97%). São detectáveis dentro e 4- 6h após início da dor precordial, atingem concentração máxima em 12-24h e permanecem elevadas durante 3 a 10 dias após o IAM → CK-MB: S=97% e E=90% (também se eleva em danos musculares não cardíacos). Marcador precoce (< 6h), com pico em 10-24h e normaliza- se entre 3-4 dias. → Mioglobina: marcador muito precoce de necrose miocárdica (1-2h do início), precedendo a liberação de CK-MB em 2 a 5 horas, porém, não é cardioespecífica. Permanece elevada por 12h. Estratificação de risco por meio de história clínica e exame físico. Escore TIMI: - Idade > 65 anos (1 ponto) - ≥ 3 fatores de risco (1 ponto) - Lesão coronariana ≥50% (1 ponto) - Uso de AAS < 7 dias (1 ponto) - 2 crises de angina < 24h (1 ponto) - Desvio de ST ≥ 0,5mm (1 ponto) - ↑ marcador de necrose (1 ponto) Baixo risco: 0-2 pontos Intermediário: 3-4 pontos Alto risco: 5-7 pontos. Escore GRACE: 1. Idade – de 0 ponto (< 30) a 100 pontos (> 90); 2. (FC/bpm) – de 0 ponto (< 50) a 46 pontos (> 200); 3. (PAS/mmHg) – de 0 ponto (> 200) a 58 pontos (< 80); 4. níveis de creatinina (mg/dl) – de 1 ponto (< 0,40) a 28 pontos (> 4); 5. IC (classe Killip) – de 0 ponto (classe I) a 59 pontos (classe IV); 6. parada cardíaca na admissão – de 0 ponto (não) a 39 pontos (sim); 7. desvio de ST – de 0 ponto (não) a 28 pontos (sim); 8. ↑marcadores de necrose cardíaca – de 0 ponto (não) a 14 pontos (sim). Baixo risco: < 108 Intermediário: 109 - 140 Alto risco: >140 Todos os pacientes com SIMI de risco intermediário e alto devem ser internados em unidade coronária de terapia intensiva (UCO) sempre que possível. Conduta Pré – hospitalar O atendimento pré-hospitalar tem como principal objetivo reduzir o tempo entre o início do evento isquêmico/necrose muscular até o tratamento efetivo, restaurando a perfusão miocárdica. Além disso, é nesse momento que podemos reduzir a morte nas primeiras horas intervindo, por exemplo, no mecanismo mais frequente de morte, que é a Fibrilação Ventricular (FV) e cuja única forma de reversão é por meio da desfibrilação. Profissional da saúde → história clínica e realização de ECG. Devemos medicar? Não existem ECR no cenário pré-hospitalar a respeito do uso de fármacos. Porém, na presença de condições apropriadas (médico + ambulância equipada), após diagnóstico clínico e eletrocardiográfico, a conduta a ser tomada segue as mesmas recomendações para o atendimento hospitalar. ICP primária ou fibrinólise? Opta-se pela ICP (tempo porta-balão de 90 min, no máximo 120 min), porém, na impossibilidade de ICP ou tempo porta-balão > 120 min, o uso de fibrinolítico (Tenecteplase) pode ser uma opção, desde que não haja contraindicação. Obs.: o uso de fármacos, ICP ou fibrinolíticos só são indicados na presença de médico capacitado + ambulância equipada. Na emergência - Realizar ECG em até 10 min (idealmente) - Acesso IV (colher sangue para dosagem de biomarcadores, não precisa aguardar os resultados!!!) - MONABCH ✓ Morfina É altamente indicada no paciente com IAM devido ao seu efeito vasodilatador, reduzindo a resistência vascular periférica, pré e pós-carga do ventrículo esquerdo. Além disso, apresenta potente efeito analgésico sobre o SNC, reduzindo a dor e ansiedade do paciente. A dose inicial de morfina deve ser 2 a 4 mg, IV. ✓ Oxigênio A oxigenioterapia deve ser utilizada para aumentar a saturação de oxigênio e assim limitar a lesão miocárdica isquêmica, visto que haverá uma maior oferta para as células miocárdicas, consequentemente reduzindo a intensidade de elevação do segmento ST. Seu fornecimento deverá ocorrer através de cateter nasal, com fluxo de 2 a 4 l/min.. Havendo uma hipoxemia moderada, deve-se utilizar máscara de O2, com fluxo de5 a 10 l/min. ✓ Nitratos Os nitratos devem ser administrados devido a sua importante ação vasodilatadora, que reduz a dor isquêmica associada à isquemia coronariana e à área de infarto. Inicialmente, a dose utilizada deve ser 5 a 10 (X) g/min, via endovenosa, em bomba de infusão contínua. ✓ AAS Finalmente, o AAS (Ácido acetilsalisílico) deve ser utilizado para impedir a agregação plaquetária, a reoclusão coronariana e a recorrência de eventos após a terapia fibrinolítica por inibir irreversivelmente a ciclooxigenase e, consequentemente, a produção de tromboxano A2. Deve-se administrar AAS a todos os pacientes na admissão, podendo ser administrado antes da realização do ECG e manter seu uso contínuo indefinidamente. A dose inicial deve ser 200mg via oral e a dose de manutenção deve ser 100mg/dia via oral após almoço. ✓ BCH – betabloqueadores, clopidogrel e heparina Estudo recentes identificaram a redução da mortalidade de pacientes com IAM que recebem associado ao MONA, βbloqueadores, clopidogrel e heparina. Assim, adicionando o sufixo BCH à sigla, MONABCH. Betabloqueadores O principal objetivo do uso de β-bloqueadores é causar a redução da frequência cardíaca, buscando manter uma FC de, aproximadamente, 60 bpm. Sua utilização rotineira deve ser feita por via oral, no paciente estável, mantendo-a após a alta hospitalar. Clopidogrel Semelhante ao AAS, o clopidogrel é, também, um antiagregante plaquetário, porém, seu efeito é devido à sua ação antagonista do receptor da adenosina. Heparina Por fim, pela heparina ser um anticoagulante, seu uso é feito visando como meta atingir um tempo de coagulação ativado (TCa) de, pelo menos, 300 segundos. Vale ressaltar que, durante o uso da heparina não fracionada, é importante a monitoração da contagem do número de plaquetas, assim como os valores de hemoglobina e o hematócrito. Ainda, ressalta-se que as doses desses últimos medicamentos variam de acordo com o paciente e a classe medicamentosa utilizada. - Fibrinolítico idealmente até 30 min após o ECG (tempo porta- agulha) até 12h do início. Síndrome Isquêmica Miocárdica instável com supra de ST (SIMICSST) → IAMCSST: IAMCSST → TERAPIA DE REPERFUSÃO (“tempo é miocárdio!”) Contraindicação de fibrinolítico - ICP (Intervenção coronariana percutânea): pode ser primária (único método de reperfusão coronária) ou secundária (após a administração de fibrinolíticos). A ICP primária deve ser realizada idealmente em até 90 min do ECG, quando disponível no hospital ou em pacientes com apresentação tardia (> 12 h do início de sintomas). A ICP secundária p ode ser de resgate (quando o fibrinolítico não surtiu efeito) ou eletiva (pacientes estáveis após uso de fibrinolítico) AVALIAÇÃO DE RISCO PÓS IAM - A estratificação de risco em pacientes que sofreram IA tem como objetivo identificar, antes da alta hospitalar, os pacientes com maior probabilidade de eventos fatais e avaliação prognóstica. - Pacientes que evoluem sem complicação (Killip I) e sem sinais clínicos de alto risco podem ser encaminhados para estratificação, por meio de exames complementares não invasivos provocadores de isquemia (ecocardiograma e teste ergométrico). - Cinecoronariografia: em pacientes com choque cardiogênico (Kilip IV) ou disfunção ventricular esquerda grave, de início agudo, após a instalação do quadro de IAMCST. Escore de risco TIMI pós-IAM - Histórico: Idade ≥ 75 anos (3 pontos); 65-74 anos (2 pontos); DM ou HAS ou Angina (1 ponto) - Exame clínico: PAS < 100mmHg (3 pontos); FC > 100 bpm (2 pontos); Killip III-IV (2 pontos); peso < 67kg (1 ponto). - Apresentação clínica: supra ST na parede anterior ou BRE (1 ponto); tempo de apresentação > 4h (1 ponto). Prevenção secundária (pós-SCA):- Estudos confirmaram que a implementação de medidas de prevenção secundária, após a SCA, reduz eventos cardiovasculares na mesma proporção do tratamento dispensado na fase aguda. - Controlar fatores de risco: cessação do tabagismo, controle da hipertensão, controle do DM, controle da dislipidemia, controle da obesidade e atividade física. - Farmacoterapia pós-hospitalar: AAS, anticoagulantes, nitrato, beta-bloqueadores, iECA... - Retorno às atividades profissionais e sexuais.
Compartilhar