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Os transtornos relacionados a trauma e a estressores são: transtorno de estresse agudo (TEA), Transtorno de estresse pós traumático (TEPT), transtorno de adaptação e transtorno relacionada a trauma ou a estressores não especificados. O sofrimento psicológico subsequente à exposição a um evento traumático ou estressante é bastante variável. Em alguns casos, os sintomas podem ser bem entendidos em um contexto de ansiedade ou medo. Entretanto, está claro que muitos indivíduos que foram expostos a um evento traumático ou estressante exibem um fenótipo no qual, em vez de sintomas de ansiedade ou medo, as características clínicas mais proeminentes são sintomas anedônicos e disfóricos, externalizações de raiva e agressividade ou sintomas dissociativos. Em virtude dessas expressões variáveis de sofrimento clínico depois da exposição a eventos catastróficos ou aversivos, esses transtornos foram agrupados em uma categoria distinta: transtornos relacionados a trauma e a estressores. Ademais, não é incomum que o quadro clínico inclua uma combinação dos sintomas mencionados (com ou sem sintomas de ansiedade ou medo). Esse quadro heterogêneo há muito já foi reconhecido também nos transtornos de adaptação. Ocorre pelo aumento do estresse e da ansiedade após exposição a um evento traumático estressante. O paciente possui sinais e sintomas de adoecimento como: medo e impotência, revivência (sonhos, flashback), evitação, entopercimento emocional da responsividade, hipervigilância. Esse fator estressor deve ser suficientemente devastador para quase todas as pessoas que se exporem a ele, como ser testemunha ou estar envolvida em acidente, crime violento, combate militar, sequestro, desastre natural, diagnóstico de doença com risco de morte. TEPT CID 10: é uma resposta retardada ou protraída a uma situação ou evento estressante (de curta ou longa duração), de natureza excepcionalmente ameaçadora ou catastrófica, e que provocaria sintomas evidentes de perturbação na maioria dos indivíduos. Incidência durante a vida: 9-15%, com prevalência de 8%. Contudo, de 5-15% possuem as formas subclínicas. É mais prevalente em mulheres (10%), em adultos jovens. Fatores de risco: solteiros, divorciados, viúvos, socialmente retraídos e baixa condição econômica. Comorbidades: 2/3 dos pacientes possuem pelo menos 2 outros transtornos psiquiátricos, sendo os mais comuns: depressão, uso de sustâncias, transtornos de ansiedade e bipolaridade. Essas comorbidades também aumentam a vunerabilidade ao TEPT. A principal causa dessa doença é a presença de um ESTRESSOR. Contudo, nem todos que experimentam o fator estressor vão adoecer. Além do estressor presente, o indivíduo possui uma resposta de medo intenso ou terror ao acontecido. É importante saber que a maior parte das pessoas expostas ao estressor não adquirem TEPT. Fatores de vulnerabilidade Trauma na infância; Traços de transtorno de personalidade borderline, paranóide, dependente ou antissocial; Sistema de apoio familiar inadequado; Sexo feminino; Vulnerabilidade genética a doença psiquiátrica Mudança de vida estressantes recentes; Percepção de locus de controle externo (causas naturais) ou invés de interno (causa humana); Ingestão excessiva de álcool recentemente. Durante o trauma Gravidade do trauma (quanto maior a magnitude do trauma, maior a probabilidade de TEPT). Ameaça percebida à vida, lesão pessoal, violência interpessoal. Dissociação peritraumática. Após o trauma Fatores cognitivos: incluem avaliações negativas e estratégias de enfrentamento inapropriadas. Fatores ambientais: exposição subsequente a lembranças desagradáveis repetidas, eventos de vida adversos subsequentes, e perdas financeiras ou outras perdas relacionadas ao trauma. O apoio social é um fator protetor que modera a evolução do trauma. Desenvolvimento e curso 1 mês: reação aguda ao estresse. Duração de até 3 meses: transtorno de estresse pós traumático agudo. Duração de > 3 meses: transtorno de estresse pós traumático crônico. Inicia-se após 6 meses: transtorno de estresse pós traumático de início tardio. Modelo integrativo: mostra o processo de adoecimento pós traumático. Alarme verdadeiro: é a resposta real que a pessoa tem diante do trauma. Alarme condicionado: alterações que persistem no organismo mesmo após o trauma ser gerado. Bases neurais: envolve a amigdala, o hipocampo e o córtex pré frontal. Amígdala: hipervigilância, processamento do medo e avaliação negativa da ação. Hipocampo: rememoração e recuperação dependente do contexto. Córtex pré frontal: falha na extensão e inibição do medo. Características clínicas Após o evento traumático, a vitima o re- experencia em memórias e pesadelos. ▪ Flashback: Quando as memórias ocorrem repentinamente, acompanhadas de forte emoção e as vitimas encontram-se revivendo o evento. ▪ Pode haver amnésia em relação a alguns aspectos do evento traumático. As vítimas comumente evitam qualquer coisa que as lembrem do trauma. As vítimas podem apresentam embotamento afetivo. As vítimas costumam apresentar hiperexcitabilidade crônica, sendo facilmente sobressaltadas e facilmente irritadas. Subtipo dissociativo o O indivíduo não reage com re-experiência e hiperexcitabilidade. o Apresentam hipoexcitabilidade e sentimentos dissociativos de desrealização ou despersonalização. o Os indivíduos relatam perda de conexão com ele mesmo e com o ambiente, como se ele estivesse fora de si. Critérios de diagnóstico CID-10 A. Exposição a um trauma psicológico. B. Re-experiência C. Evitação D. Dificuldade em relembrar o evento e/ou excitabilidade aumentada. E. Em até 6 meses do trauma/com exceções para início tardio. DSM-V A. Exposição a episódio concreto ou ameaça de morte, lesão grave ou violência sexual em uma (ou mais) das seguintes formas: 1. Vivenciar diretamente o evento traumático. 2. Testemunhar pessoalmente o evento traumático ocorrido com outras pessoas. 3. Saber que o evento traumático ocorreu com familiar ou amigo próximo. Nos casos de episódio concreto ou ameaça de morte envolvendo um familiar ou amigo, é preciso que o evento tenha sido violento ou acidental. 4. Ser exposto de forma repetida ou extrema a detalhes aversivos do evento traumático (p. ex., socorristas que recolhem restos de corpos humanos; policiais repetidamente expostos a detalhes de abuso infantil). Nota: O Critério A4 não se aplica à exposição por meio de mídia eletrônica, televisão, filmes ou fotografias, a menos que tal exposição esteja relacionada ao trabalho. B. Presença de um (ou mais) dos seguintes sintomas intrusivos associados ao evento traumático, começando depois de sua ocorrência: 1. Lembranças intrusivas angustiantes, recorrentes e involuntárias do evento traumático. Nota: Em crianças acima de 6 anos de idade, pode ocorrer brincadeira repetitiva na qual temas ou aspectos do evento traumático são expressos. 2. Sonhos angustiantes recorrentes nos quais o conteúdo e/ou o sentimento do sonho estão relacionados ao evento traumático. Nota: Em crianças, pode haver pesadelos sem conteúdo identificável. 3. Reações dissociativas (p. ex., flashbacks) nas quais o indivíduo sente ou age como se o evento traumático estivesse ocorrendo novamente. (Essas reações podem ocorrer em um continuum, com a expressão mais extrema na forma de uma perda completa de percepção do ambiente ao redor. Nota: Em crianças, a reencenação específica do trauma pode ocorrer na brincadeira. 4. Sofrimento psicológico intenso ou prolongado ante a exposição a sinais internos ou externos que simbolizem ou se assemelhem a algum aspecto do evento traumático. 5. Reações fisiológicas intensas a sinaisinternos ou externos que simbolizem ou se assemelhem a algum aspecto do evento traumático. C. Evitação persistente de estímulos associados ao evento traumático, começando após a ocorrência do evento, conforme evidenciado por um ou ambos dos seguintes aspectos: 1. Evitação ou esforços para evitar recordações, pensamentos ou sentimentos angustiantes acerca de ou associados de perto ao evento traumático. 2. Evitação ou esforços para evitar lembranças externas (pessoas, lugares, conversas, atividades, objetos, situações) que despertem recordações, pensamentos ou sentimentos angustiantes acerca de ou associados de perto ao evento traumático. D. Alterações negativas em cognições e no humor associadas ao evento traumático começando ou piorando depois da ocorrência de tal evento, conforme evidenciado por dois (ou mais) dos seguintes aspectos: 1. Incapacidade de recordar algum aspecto importante do evento traumático (geralmente devido a amnésia dissociativa, e não a outros fatores, como traumatismo craniano, álcool ou drogas). 2. Crenças ou expectativas negativas persistentes e exageradas a respeito de si mesmo, dos outros e do mundo (p. ex., “Sou mau”, “Não se deve confiar em ninguém”, “O mundo é perigoso”, “Todo o meu sistema nervoso está arruinado para sempre”). 3. Cognições distorcidas persistentes a respeito da causa ou das consequências do evento traumático que levam o indivíduo a culpar a si mesmo ou os outros. 4. Estado emocional negativo persistente (p. ex., medo, pavor, raiva, culpa ou vergonha). 5. Interesse ou participação bastante diminuída em atividades significativas. 6. Sentimentos de distanciamento e alienação em relação aos outros. 7. Incapacidade persistente de sentir emoções positivas (p. ex., incapacidade de vivenciar sentimentos de felicidade, satisfação ou amor). E. Alterações marcantes na excitação e na reatividade associadas ao evento traumático, começando ou piorando após o evento, conforme evidenciado por dois (ou mais) dos seguintes aspectos: 1. Comportamento irritadiço e surtos de raiva (com pouca ou nenhuma provocação) geralmente expressos sob a forma de agressão verbal ou física em relação a pessoas e objetos. 2. Comportamento imprudente ou autodestrutivo. 3. Hipervigilância. 4. Resposta de sobressalto exagerada. 5. Problemas de concentração. 6. Perturbação do sono (p. ex., dificuldade para iniciar ou manter o sono, ou sono agitado). F. A perturbação (Critérios B, C, D e E) dura mais de um mês. G. A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo e prejuízo social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. H. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., medicamento, álcool) ou a outra condição médica. Transtorno de Estresse Agudo (TEA) A característica essencial do transtorno de estresse agudo é o desenvolvimento de sintomas típicos que duram de três dias a um mês após a exposição a um ou mais eventos traumáticos. Tanto na população norte-americana como na não norte-americana, o transtorno de estresse agudo tende a ser identificado em menos de 20% dos casos após eventos traumáticos que não envolvem agressão interpessoal, em 13 a 21% dos acidentes automobilísticos, em 14% das lesões cerebrais traumáticas leves, em 19% dos furtos, em 10% das queimaduras graves e em 6 a 12% dos acidentes industriais. Taxas mais elevadas (i.e., 20 a 50%) são descritas após eventos traumáticos interpessoais, incluindo assalto, estupro e testemunho de tiroteio em lugar público. A apresentação clínica do transtorno de estresse agudo pode variar de acordo com o indivíduo, mas em geral envolve uma resposta de ansiedade que inclui alguma forma de revivência ou reatividade ao evento traumático. Em alguns indivíduos, um quadro dissociativo ou de distanciamento pode predominar, embora essas pessoas também apresentem geralmente forte reatividade emocional ou fisiológica em resposta a lembranças do trauma. Em outros indivíduos, pode haver uma resposta de raiva intensa na qual a reatividade é caracterizada por respostas irritadiças ou possivelmente agressivas. É preciso que o quadro sintomático pleno esteja presente por pelo menos três dias, depois do evento traumático, e o diagnóstico só pode ser feito até um mês depois do evento. Sintomas que ocorrem imediatamente depois do evento, mas cedem em menos de três dias, não atenderiam os critérios de transtorno de estresse agudo. O evento traumático pode ser revivido de diversas maneiras. O indivíduo comumente tem recordações recorrentes e intrusivas do evento. Alguns indivíduos com o transtorno não têm recordações intrusivas do evento em si, mas vivenciam sofrimento psicológico intenso ou reatividade fisiológica quando expostos a eventos precipitantes que se assemelham ou simbolizam um aspecto do evento traumático. O indivíduo pode ter uma incapacidade persistente de sentir emoções positivas (p. ex., felicidade, alegria, satisfação ou emoções associadas a intimidade, ternura ou sexualidade), mas consegue sentir emoções negativas como medo, tristeza, raiva, culpa ou vergonha. Alterações na consciência podem incluir despersonalização, uma sensação de distanciamento de si mesmo (p. ex., ver-se do outro lado do quarto), ou desrealização, uma visão distorcida do ambiente que o cerca (p. ex., percepção de que as coisas estão em câmera lenta, ver coisas ofuscadas, não perceber eventos que normalmente registraria). Alguns indivíduos também relatam incapacidade de recordar algum aspecto importante do evento traumático que foi presumidamente registrado. Esse sintoma deve-se a amnésia dissociativa, e não a lesão craniana, álcool ou drogas. O transtorno de estresse agudo não pode ser diagnosticado até três dias depois de um evento traumático. Apesar de o transtorno poder progredir para o transtorno de estresse pós-traumático depois de um mês, ele também pode ser uma resposta de estresse temporária que cede dentro de um mês da exposição ao trauma e não resulta em TEPT. Aproximadamente metade dos indivíduos que acabam desenvolvendo TEPT apresenta-se inicialmente com transtorno de estresse agudo. Critérios diagnósticos DSM-V A. Exposição a episódio concreto ou ameaça de morte, lesão grave ou violação sexual em uma (ou mais) das seguintes formas: 1. Vivenciar diretamente o evento traumático. 2. Testemunhar pessoalmente o evento ocorrido a outras pessoas. 3. Saber que o evento ocorreu com familiar ou amigo próximo. Nota: Nos casos de morte ou ameaça de morte de um familiar ou amigo, é preciso que o evento tenha sido violento ou acidental. 4. Ser exposto de forma repetida ou extrema a detalhes aversivos do evento traumático (p. ex., socorristas que recolhem restos de corpos humanos, policiais repetidamente expostos a detalhes de abuso infantil). Nota: Isso não se aplica à exposição por intermédio de mídia eletrônica, televisão, filmes ou fotografias, a menos que tal exposição esteja relacionada ao trabalho. B. Presença de nove (ou mais) dos seguintes sintomas de qualquer uma das cinco categorias de intrusão, humor negativo, dissociação, evitação e excitação, começando ou piorando depois da ocorrência do evento traumático: Sintomas de intrusão 1. Lembranças angustiantes recorrentes, involuntárias e intrusivas do evento traumático. Nota: Em crianças, pode ocorrer a brincadeira repetitiva na qual temas ou aspectos do evento traumático são expressos. 2. Sonhos angustiantes recorrentes nos quais o conteúdo e/ou o afeto do sonho estão relacionados ao evento. Nota: Em crianças, pode haver pesadelos sem conteúdo identificável. 3. Reações dissociativas (p. ex., flashbacks) nas quais o indivíduo sente ou age como se o evento traumático estivesse acontecendo novamente. (Essas reações podem ocorrer em um continuum, com a expressãomais extrema sendo uma perda completa de percepção do ambiente ao redor.) Nota: Em crianças, a reencenação específica do trauma pode ocorrer nas brincadeiras. 4. Sofrimento psicológico intenso ou prolongado ou reações fisiológicas acentuadas em resposta a sinais internos ou externos que simbolizem ou se assemelhem a algum aspecto do evento traumático. Humor negativo 5. Incapacidade persistente de vivenciar emoções positivas (p. ex., incapacidade de vivenciar sentimentos de felicidade, satisfação ou amor). Sintomas dissociativos 6. Senso de realidade alterado acerca de si mesmo ou do ambiente ao redor (p. ex., ver-se a partir da perspectiva de outra pessoa, estar entorpecido, sentir-se como se estivesse em câmera lenta). 7. Incapacidade de recordar um aspecto importante do evento traumático (geralmente devido a amnésia dissociativa, e não a outros fatores, como traumatismo craniano, álcool ou drogas). Sintomas de evitação 8. Esforços para evitar recordações, pensamentos ou sentimentos angustiantes acerca do, ou fortemente relacionados ao, evento traumático. 9. Esforços para evitar lembranças (pessoas, lugares, conversas, atividades, objetos, situações) que despertem recordações, pensamentos ou sentimentos angustiantes acerca do, ou fortemente relacionados ao, evento traumático. Sintomas de excitação 10. Perturbação do sono (p. ex., dificuldade de iniciar ou manter o sono, sono agitado). 11. Comportamento irritadiço e surtos de raiva (com pouca ou nenhuma provocação) geralmente expressos como agressão verbal ou física em relação a pessoas ou objetos. 12. Hipervigilância. 13. Problemas de concentração. 14. Resposta de sobressalto exagerada. C. A duração da perturbação (sintomas do Critério B) é de três dias a um mês depois do trauma. Nota: Os sintomas começam geralmente logo após o trauma, mas é preciso que persistam no mínimo três dias e até um mês para satisfazerem os critérios do transtorno. D. A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo e prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. E. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., medicamento ou álcool) ou a outra condição médica (p. ex., lesão cerebral traumática leve) e não é mais bem explicada por um transtorno psicótico breve. Tratamento Quando um clínico se defronta com um paciente que vivenciou um trauma significativo, as principais abordagens são apoio, encorajamento para discutir o evento e educação sobre uma variedade de mecanismos de enfrentamento. Algumas não estarão dispostas a falar até que o evento tenha passado, e sua vontade deve ser respeitada. Pressionar uma pessoa que está relutante em falar sobre um trauma provavelmente aumente, em vez de reduzir, o risco de desenvolvimento de TEPT. Quando um paciente passou por um acontecimento traumático e desenvolveu TEPT, a ênfase deve ser na educação sobre o transtorno e seu tratamento, tanto farmacológico quanto psicoterápico. Farmacoterapia Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs), como sertralina e paroxetina, são considerados tratamentos de primeira linha para TEPT devido a seus índices de eficácia, tolerabilidade e segurança. A buspirona é serotonérgica e também pode ser útil. Os pacientes que respondem bem devem provavelmente continuar a farmacoterapia por pelo menos um ano antes que seja tentada a retirada da droga. Alguns estudos indicam que a farmacoterapia é mais efetiva no tratamento de depressão, ansiedade e hiperexcitação do que no tratamento de evitação, negação e entorpecimento emocional. Outras substâncias que podem ser úteis no tratamento de TEPT incluem os inibidores da monoaminoxidase (IMAOs) (p. ex., fenelzina), trazodona e os anticonvulsivantes (p. ex., carbamazepina, valproato). Psicoterapia A psicoterapia após acontecimentos traumáticos deve seguir um modelo de intervenção em crise com apoio, educação e desenvolvimento de mecanismos de enfrentamento e aceitação do evento. Depois que se desenvolveu TEPT, duas principais abordagens terapêuticas podem ser seguidas. A primeira é a terapia de exposição, na qual o paciente revive o evento traumático por meio de técnicas de imaginação ou exposição in vivo. As exposições podem ser intensas, como na terapia implosiva, ou graduais, como na dessensibilização sistemática. A segunda abordagem é ensinar ao paciente técnicas e abordagens cognitivas para enfrentamento do estresse. Alguns dados preliminares indicam que, embora as técnicas de manejo do estresse sejam efetivas mais rapidamente do que as de exposição, os resultados das técnicas de exposição são mais duradouros. Além das técnicas de terapia individual, terapia de grupo e terapia familiar também foram reportadas como eficazes nos casos de TEPT. As vantagens da terapia de grupo incluem o compartilhamento das experiências traumáticas e o apoio dos outros membros do grupo. Os transtornos de adaptação são caracterizados por uma resposta emocional a um evento estressante. Contudo, a gravidade do estressor ou dos estressores nem sempre prediz a gravidade do transtorno. Ele é uma das poucas entidades diagnósticas nas quais um evento estressante externo está associado ao desenvolvimento de sintomas. Em geral, o estressor envolve problemas financeiros, uma doença clínica ou problemas de relacionamento. Por definição, os sintomas devem se iniciar no período de três meses após o estressor. Estima-se que a prevalência do transtorno seja de 2 a 8% da população em geral. As mulheres são diagnosticadas com o transtorno duas vezes mais que os homens, e mulheres solteiras costumam ser excessivamente representadas como em maior risco. Os transtornos podem ocorrer em qualquer idade, mas são mais frequentes em adolescentes. Entre adolescentes de ambos os sexos, os estresses precipitantes comuns são problemas escolares, rejeição e divórcio parental e abuso de substância. Fundamental para entender os transtornos de adaptação é o conhecimento de três fatores: a natureza do estressor, os significados conscientes e inconscientes do estressor e a vulnerabilidade preexistente do paciente. Diagnóstico e Características clínicas Embora, por definição, os transtornos de adaptação ocorram após um estressor, nem sempre os sintomas se iniciam imediatamente. Podem decorrer até três meses entre um estressor e o surgimento de sintomas. O transtorno pode ocorrer em qualquer idade, e seus sintomas variam de modo considerável, com características depressivas, de ansiedade e mistas sendo mais comuns em adultos. Critério diagnóstico DSM-V A. Desenvolvimento de sintomas emocionais ou comportamentais em resposta a um estressor ou estressores identificáveis ocorrendo dentro de três meses do início do estressor ou estressores. B. Esses sintomas ou comportamentos são clinicamente significativos, conforme evidenciado por um ou mais dos seguintes aspectos: 1. Sofrimento intenso desproporcional à gravidade ou à intensidade do estressor, considerando-se o contexto cultural e os fatores culturais que poderiam influenciar a gravidade e a apresentação dos sintomas. 2. Prejuízo significativo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. C. A perturbação relacionada ao estresse não satisfaz os critérios de outro transtorno mental e não é meramente uma exacerbação de um transtorno mental preexistente. D. Os sintomas não representam luto normal. E. Uma vez que o estressor ou suas consequências tenham cedido, os sintomas não persistem por mais de seis meses. Determinar o subtipo: 309.0 (F43.21) Com humor deprimido: Humor deprimido, choro fácil ou sentimentos de desesperança são predominantes. 309.24 (F43.22) Com ansiedade: Nervosismo,preocupação, inquietação ou ansiedade de separação são predominantes. 309.28 (F43.23) Com misto de ansiedade e depressão: Predomina uma combinação de depressão e ansiedade. 309.3 (F43.24) Com perturbação da conduta: Predomina a perturbação da conduta. 309.4 (F43.25): Com perturbação mista das emoções e da conduta: Tanto sintomas emocionais (p. ex., depressão, ansiedade) como perturbação da conduta são predominantes. 309.9 (F43.20): Não especificado: Para reações mal-adaptativas que não são classificáveis como um dos subtipos específicos do transtorno de adaptação. A presença de sintomas emocionais ou comportamentais em resposta a um estressor identificável é o aspecto essencial dos transtornos de adaptação (Critério A). O estressor pode ser um único evento (p. ex., o término de um relacionamento afetivo), ou pode haver múltiplos estressores (p. ex., dificuldades profissionais acentuadas e problemas conjugais). Os estressores podem ser recorrentes (p. ex., associados a crises profissionais cíclicas, relacionamentos sexuais insatisfatórios) ou contínuos (p. ex., uma doença dolorosa persistente com incapacidade crescente, morar em área de alta criminalidade) e podem afetar um único indivíduo ou uma família inteira, um grupo maior ou uma comunidade (p. ex., um desastre natural). Alguns estressores podem acompanhar eventos específicos do desenvolvimento (p. ex., ir para a escola, deixar a casa dos pais, voltar para a casa dos pais, casar-se, tornar-se pai/mãe, fracassar em metas profissionais, aposentadoria). Diagnóstico Diferencial Embora o luto não complicado com frequência produza funcionamento social e profissional temporariamente prejudicado, a disfunção do indivíduo permanece nos limites esperados de uma reação à perda de uma pessoa amada e, assim, não é considerado transtorno de adaptação. Outros transtornos dos quais o transtorno de adaptação deve ser diferenciado incluem os transtornos depressivo maior, psicótico breve, de ansiedade generalizada, relacionado ao uso de substâncias, da conduta e TEPT. A presença de um estressor é uma exigência nos diagnósticos de transtorno de adaptação, TEPT e transtorno de estresse agudo. O TEPT e o transtorno de estresse agudo têm a natureza do estressor mais bem caracterizada e são acompanhados de uma constelação de sintomas afetivos e autonômicos definidos. No entanto, o estressor no transtorno de adaptação pode ter qualquer grau de gravidade, com uma ampla variação dos possíveis sintomas. Quando a resposta a um estressor extremo não corresponde ao limiar de estresse agudo ou transtorno pós-traumático, o diagnóstico de transtorno de adaptação é apropriado. Tratamento A psicoterapia continua sendo o tratamento de escolha para transtornos de adaptação. Nenhum estudo avaliou a eficácia das intervenções farmacológicas em indivíduos com transtorno de adaptação, mas poderá ser adequado usar medicação para tratar sintomas específicos por um curto espaço de tempo. O uso criterioso de medicamentos pode ajudar pacientes com esses transtornos, mas eles devem ser prescritos por curtos períodos. Dependendo do tipo de transtorno de adaptação, um paciente pode responder a um agente antiansiedade ou a um antidepressivo.
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