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Anestésicos Inalatórios

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 A anestesia tem como objetivo minimizar a reposta 
neuroendócrina ao trauma de uma cirurgia. 
 O que caracteriza o estado anestésico? 
 Imobilidade e amnesia: inconsciência total do 
ato operatório 
 Analgesia: bloqueio total de percepção da dor e 
atenuação da resposta autonômica ao estímulo 
álgico. 
 Relaxamento muscular esquelético: 
movimentos de todos os segmentos corporais 
inibidos e não somente o local a ser operado. 
Contudo, a dose necessária para produzir 
relaxamento muscular profundo com os anestésicos 
inalatórios é muito maior do que aquela suficiente 
para provocar amnésia, hipnose e analgesia. 
Sendo assim, para que o paciente não corra riscos 
desnecessários, o uso de bloqueadores 
neuromusculares é prática difundida na anestesia 
geral. 
 As solubilidades sanguínea e tecidual determinam 
as velocidades da elevação e da queda da 
concentração alveolar do agente durante a indução 
e a recuperação da anestesia, as quais são 
influenciadas secundariamente pela ventilação e 
pela circulação. 
 Baixas solubilidades no sangue e nos tecidos 
resultam numa elevação mais rápida da 
concentração alveolar na direção da inspiração 
durante a administração, bem como no declínio 
mais rápido da concentração alveolar durante a 
eliminação. 
 Coeficiente de partição sangue/gás 
 Para um anestésico inalatório, a solubilidade é 
definida como a afinidade relativa dele por duas 
fases no ponto de equilíbrio. Por exemplo, 
sangue/gás,óleo/gás, tecido/gás. 
 O ponto de equilíbrio é a condição na qual não 
ocorre transferência do anestésico entre as duas 
fases, ou seja, na qual a pressão parcial do 
anestésico é a mesma nas duas fases. 
 As concentrações relativas do anestésico nas 
duas fases refletem suas afinidades por elas. 
Assim, se a concentração na fase sangue é três 
vezes maior do que a concentração na fase gás, 
seu coeficiente de partição sangue/gás será três. 
 Quanto mais solúvel ele for, mais lenta vai ser a 
indução. 
 O Halotano é o mais solúvel (2,5), por isso sua 
indução é mais lenta do que com os demais. 
 Essa solubilidade está relacionada com a ligação 
proteica da droga com a corrente sanguínea. 
 Concentração alveolar mínima (CAM) 
 Está relacionada com a potência do anestésico. 
 É a concentração alveolar mínima necessária 
para que 50% dos pacientes não sintam dor a um 
estímulo doloroso padrão. 
 É inversamente proporcional à sua potência, ou 
seja, quanto menor a CAM, maior a potência. 
 O Halotano é o mais potente, por ter a menor 
CAM (0,7). 
 Redução da CAM: hipóxia, anemia grave, 
hipotensão, hioponatremia, hipercabia 
acentuada, hipotermia, idade, gestação, 
hipercalemia, alfa 2 agonista, Diazepam, 
alnagésico/opioide e álcool (agudo). 
 Aumento da CAM: recém-nascido, puberdade, 
hipertermia, álcool (crônico), cocaína (crônica), 
hipernatremia. 
 Transmissão sináptica: agem ao nível de cérebro e 
medula. 
 O mecanismo de ação dos anestésicos inalatórios é 
múltiplo, mas predomina a ativação da 
neurotransmissão gabaérgica (receptores GABA-A) 
em diversas regiões do sistema nervoso central. 
 Com exceção do óxido nitroso, este grupo de drogas 
é capaz de produzir os três componentes da 
anestesia geral (inconsciência, analgesia e 
relaxamento muscular). 
 A captação e distribuição dos agentes inalatórios 
depende, incialmente, do gradiente de pressão 
parcial que é criado entre o sistema ventilatório da 
máquina da anestesia e alvéolo, sangue e tecidos. 
 Inicialmente, há uma concentração maior alveolar e 
menor concentração sanguínea e, posteriormente, 
maior concentração na corrente sanguínea. 
 Na corrente sanguínea, o anestésico segue a 
seguinte ordem: tecido mais vascularizado → 
tecido menos vascularizado → tecido adiposo. 
É importante lembrar que no momento que o paciente 
entra na anestesia, a concentração alveolar (pressão 
alveolar) é IGUAL a concentração (pressão) cerebral. 
 Fatores que determinam a pressão alveolar 
 A pressão parcial administrada o fluxo de gases 
frescos, também descrita como fração inspirada. 
 A ventilação alveolar. 
 As características do sistema ventilatória 
utilizado. 
 A capacidade residual funcional. 
 O coeficiente de partição sangue-gás. 
 O débito cardíaco. 
 Diferença de pressão parcial alvéolo-venosa. 
 É absorção nos alvéolos pulmonares. 
 É medida pela análise do gás expiado final. 
 Lembrando que a concentração alveolar espelha a 
concentração cerebral. 
 Concentração inspirada: concentração 
administrada pelo vaporizador. 
 A retirada do anestésico dos alvéolos retarda o 
equilíbrio entre a Fração alveolar e Fração Inspirada. 
Essa retirada é feita pela corrente sanguínea. 
 O anestésico muito solúvel, se liga mais rápido aos 
seus receptores, e sua fração livre se acumula com 
mais lentidão. Já o anestésico pouco solúvel, se 
acumula mais rápida. Por isso a indução é mais 
rápida com o anestésico pouco solúvel. 
 A captação será tanto maior quanto maior for a 
solubilidade e quanto maior for o fluxo sanguíneo 
pulmonar. 
 Coeficiente S/G = 0,47 
 É flexível, ou seja, tem um bom controle de 
administração. 
 Possui ausência de odor ou de irritação. 
 Reduz a CAM dos anestésicos. 
 Ausência de hepato/nefrotoxicidade. 
 Pequeno impacto cardio-respiratório. 
 O óxido nitroso é administrado combinado a 
anestésicos voláteis potentes, o que permite uma 
redução da dose destes últimos, medida que 
diminui a probabilidade de efeitos colaterais 
indesejáveis. 
 Devido à sua grande capacidade de se difundir em 
espaços fechados que contenham gás, o óxido 
nitroso é contraindicado na presença de 
pneumotórax, obstrução intestinal de delgado, 
cirurgias do ouvido médio e da retina (podem ser 
formadas bolhas de gás locais). 
 Possui baixa potência analgésica, não tem efeito 
relaxante muscular, não tem risco de hipertermia 
maligna. 
 Possui grande incidência de náuseas e vômitos. 
 Sua recuperação anestésica é mais rápida, pois sua 
solubilidade é baixa, e, consequentemente, indução 
mais rápida. 
 O óxido nitroso se difunde muito rapidamente 
pelos alvéolos. Na recuperação da anestesia, o 
extravasamento de grandes volumes de óxido 
nitroso pode produzir hipóxia por difusão. 
 O tratamento é O2 a 100% nos primeiros 5-10 
minutos de recuperação. 
 A administração de altas concentrações 
inspiradas de óxido nitroso resulta na captação 
de grandes volumes de gás. Essa captação 
concentra os gases remanescentes nos alvéolos e 
cria também uma pressão negativa que pode 
aumentar o volume de gás inspirado. 
 Tanto a elevação da concentração dos gases 
residuais como o aumento do volume inspirado 
aceleram a elevação da concentração dos outros 
gases, bem como do óxido nitroso. 
 No caso do óxido nitroso, o fenômeno é 
denominado efeito da concentração e, no caso 
dos outros gases, efeito do segundo gás. 
 
 É o anestésico que chega mais próximo ao ideal, 
contudo, é muito caro. 
 Embora seja o anestésico volátil de maior potência, 
a medicação possui alguns efeitos cardiovasculares 
graves como depressão da função miocárdica e 
sensibilização do miocárdio às catecolaminas 
(predispondo a arritmias). 
 Possui ação direta nas fibras miocárdicas, 
promovendo grandes arritmias. 
 Atualmente está em desuso. 
 
o Costuma ser fulminante e indistinguível 
microscopicamente da hepatite viral. 
o A incidência desta complicação aumenta mais 
ainda quando o paciente adulto volta a se expor 
novamente à droga, principalmente dentro do 
primeiro ano, entre uma anestesia e outra; nesse 
período de um ano, uma nova anestesia com 
halotano está formalmente contraindicada. 
o Este fenômeno de reexposição não é encontrado 
em crianças com menos de oito anos de idade (o 
halotano pode ser usado com segurança nesta 
faixa etária). 
 
 Embora apresente menos efeitos colaterais graves 
do que ohalotano, esta droga pode levar a 
disfunção renal (acúmulo de flúor do seu 
metabolismo) e também predispor a alterações 
epileptiformes no eletroencefalograma; sendo 
assim, é contraindicada em pacientes com qualquer 
desordem convulsiva. 
 O enflurano também caiu em desuso, com o 
advento de agentes como isoflurano e sevoflurano. 
 É um dos anestésicos inalatórios mais utilizados 
hoje em dia em substituição ao halotano. 
 Mais seguro ainda em relação às alterações 
cardíacas, porém causa potente vasodilatação 
periférica e roubo de fluxo coronariano. 
 Como efeito indesejável, o isoflurano pode 
ocasionar um discreto aumento no fluxo sanguíneo 
cerebral (elevando a PIC), um evento muitas vezes 
catastrófico em pacientes com hipertensão 
intracraniana (vítimas de TCE, por exemplo). 
 Outra desvantagem é seu odor insuportável; isso faz 
com que não seja usado isoladamente na indução 
anestésica, ou seja, é necessário o uso de um 
anestésico intravenoso antes. 
 Esta droga induz mais rapidamente a anestesia (um 
aspecto vantajoso em cirurgias de emergência), 
apresenta menor duração e possui uma menor 
incidência de sonolência e náusea na sala de 
recuperação anestésica e nas primeiras 24 horas 
(em comparação ao isoflurano). 
 É um anestésico usado com frequência na 
manutenção da anestesia em pacientes asmáticos 
ou com DPOC. 
 Possui odor agradável. 
 É um vasodilatador coronariano, mas não produz 
efeito de roubo coronariano. 
 Pode interagir com o CO2 e gerar temperaturas 
muito altas e até fogo quando combinadas com O2. 
 Como o sevoflurano, possui ação mais rápida, assim 
como a duração de seu efeito anestésico. 
 Não é aconselhável como droga única na indução 
anestésica, pois seu cheiro é intolerável. 
 Diminui a RVP, eleva FC, causa pequena alteração 
da resistência vascular coronariana. 
 A rápida recuperação tem implicações importantes 
em anestesia: 
1. Indica capacidade precoce de manter vias aéreas 
livres, proteção contra aspiração de vômitos e 
secreções, manutenção da oxigenação. 
2. Pode proporcionar retorno mais rápido da função 
cardiovascular normal 
3. Permite liberação mais rápida da sala de cirurgia. 
4. Acelera a alta da sala de recuperação pós-
anestésica (SRPA). 
5. Atividades que requerem coordenação podem 
ser reassumidas mais rapidamente. 
 Fatores que interferem na regressão de anestesia 
 Duração da administração de anestésicos 
inalatórios. 
 Massa corporal, especialmente a gordurosa 
(tecido de depósito). 
 Solubilidade do agente: quanto mais solúvel, 
mais lenta a indução e mais lenta a recuperação.

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