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AULA 6 - INTERPRETAÇÃO R ANÁLISE DOS DADOS DA AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL

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AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL
INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS DA 
AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL
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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1- Reconhecer a importância da construção de um indicador nacional de qualidade para identificar a qualidade
do desempenho do aluno e da ação pedagógica da escola brasileira;
2- Apresentar a composição do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB para possibilitar o
entendimento, a análise e a interpretação dos dados divulgados pelo MEC;
3- Relacionar os resultados divulgados dos exames nacionais e o IDEB da escola com os conteúdos curriculares e
a proposta pedagógica da instituição de ensino.
1 Introdução
Nesta aula, você pode iniciar se perguntando:
Realizado o trabalho avaliativo é simples elaborar o relatório de todas as fases executadas: desde a concepção do
modelo até à da aplicação e correção da prova?
O relatório deve ser apenas composto pela apresentação das tabelas e números encontrados? Nada se pode fazer
para mudar o resultado de um município, do aluno ou da escola?
Esses são os pontos que desejamos discutir nesta aula. O que podemos fazer com os dados para que os
interessados e os envolvidos na prática avaliativa, possam se valer das informações obtidas e possam adotar as
medidas importantes para solucionar os problemas encontrados. Possam melhorar a proposta pedagógica de
uma escola ou mudar a feição de um sistema de ensino.
Podemos alterar os currículos colocando-os de acordo com o que é incluído nos exames nacionais?
2 Cuidados necessários para análise e interpretação dos 
dados
0 que representam os dados revelados no desempenho do aluno na prova e nas respostas às questões dos
formulários preenchidos na escola ou sistema em que me encontro?
Na verdade, quem avalia não pode manipular os dados e favorecer alunos ou uma determinada escola.
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2.1 Censo escolar
Deve primeiro ter o cuidado de pesquisar como o dado foi gerado, quais as medidas de segurança adotadas pelo
responsável pelo exame para garantir que as informações colhidas representam a realidade do aluno ou da
escola?
A elaboração e a aplicação dos questionários aos alunos sem a observação da forma como eles os preenche pode
enviesar os dados, distorcendo a realidade e mascarando a real situação do educando.
A comparação com as respostas dos professores e dos diretores deve ser procedida com o maior rigor. As
respostas do avaliador que estará presente, no momento da aplicação dos exames, nas escolas, podem esclarecer
possíveis dúvidas e distorções.
0 Censo Escolar completa a fase de verificação das informações sobre os alunos e a escola e devem ser
consideradas no relatório. Tomando esses cuidados podemos ficar mais tranquilos para analisar e interpretar de
forma fidedigna os dados da avaliação.
Ao analisar os dados dos exames e dos questionários respondidos por alunos, professores, diretores e pela
equipe de avaliadores temos que compará-los com um padrão considerado ideal e necessário para atribuir o
valor de qualidade ao ensino e a aprendizagem do aluno. Devemos construir um quadro que sirva de referência a
nossa análise e que me permita ter esse padrão considerado o ideal.
3 A sociedade brasileira e sua escola: um quadro teórico
Esse quadro teórico deve conter com muita clareza o modelo de sociedade que se pretende construir. Uma
extensa reflexão sobre o papel da educação no desenvolvimento dos sujeitos e um detalhamento dos objetivos e
finalidades da escola no mundo atual e conter um diagnóstico sobre a realidade brasileira. Deve especificar os
recursos físicos e financeiros que possuímos que nos possibilitarão resolver os problemas apontados na
avaliação.
O quadro teórico que deve servir de base para realizar um estudo sobre a qualidade existente na educação
brasileira pode ser referendado no Plano Nacional de Educação porque nele encontramos as metas e as
estratégias que devem direcionar a transformação do nosso país e da nossa escola.
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Concluindo esse tópico, temos com base na Constituição Federal, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, no
Plano Nacional de Educação, um rico material de análise que nos permite ter um olhar mais abrangente sobre as
situações encontradas que nos possibilitam escolher entre as alternativas existentes quais as que se aplicam a
uma determinada escola.
Você entende que os documentos mencionados servem como subsídios para a escola elaborar um
quadro teórico interpretativo que permita analisar os dados decorrentes da avaliação nacional?
4 Realizando a análise: o relatório do MEC/Inep
Para se realizar a avaliação é necessário construir um quadro teórico nacional que represente o nível de
qualidade do processo educacional desejável nos sistemas, nas escolas e mesmo no aluno, permitindo que todos
os que participam do processo avaliativo, possam compreender a importância das informações para a escolha
das alternativas que permitirão resolver os problemas encontrados.
Por que afirmamos que todos podem analisar e interpretar os dados?
Saiba mais
Clique aqui e leia mais sobre Plano Nacional de Educação.
Plano Nacional de Educação
O primeiro Plano Nacional de Educação executado no período de 2001 a 2011, foi elaborado
pelo próprio MEC e aprovado no Senado resultando na Lei 10.172/01. Os estados e os
municípios deveriam fazer os seus planos em coordenação com o plano nacional. Esse
processo demorou e variou de um local para outro. O panorama não era o mais promissor, pois
nem todos os entes federados conseguiram harmonizar a comunidade educacional e mobilizar
os sujeitos para a realização das discussões necessárias para a elaboração de um documento
contendo a visão da sociedade que desejavam construir.
Pode ser entendido que, no Brasil, no período de 2010 a 2011, com a Conferência Nacional de
Educação – CONAE -, essa reflexão foi feita com ampla participação dos sistemas, das escolas e
dos professores e das entidades representantes das categorias profissionais e está desenhada
no Plano Nacional de Educação em fase de tramitação no Senado e que, após aprovado, deve
vigorar de 2012 a 2022, visto ser decenal.
Vale a pena esclarecer que os conflitos e as divergências existentes entre os segmentos
representativos não impediu o desenrolar do processo democrático e foi possível obter um
consenso pela votação dos participantes sobre as metas que deveriam compor o PNE. Ainda
existe um movimento de alerta para a votação no Senado e a principal dificuldade se encontra
na aprovação do aumento da parcela do PIB (Produto Interno Bruto) que será destinada à
educação nos próximos 10 anos.
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Porque o MEC/Inep, após finalizar a etapa dos exames nacionais, disponibiliza um relatório aos participantes da
avaliação contendo os dados já analisados e interpretados o que permite uma reflexão na própria escola,
envolvendo professores e alunos para a identificação de metas e objetivos, para decidir no coletivo quais as
medidas importantes para que a escola melhore o seu resultado.
Na escola privada essa tem sido a lógica dos gestores: buscar melhorar as notas de seus alunos. Na escola
pública, o gestor ao receber o relatório, deveria se preocupar com a análise das possibilidades que permitirão ao
aluno de origem social humilde, receber um ensino de qualidade, atualizado, pertinente e que o liberte de suas
condições de atraso em relação ao panorama mundial e do próprio pais, região e município onde reside.
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Saiba mais
Clique aqui e conheça mais sobre a análise e interpretação dos dados do relatório do MEC/Inep.
Análise e interpretação do relatório do MEC/Inep
Todas as escolas deveriam iniciar pela reflexão: melhorar em que sentido? Quais as mudanças
devem ser discutidas para que o projeto da escola se aproxime do ideal expresso na
Constituição Federal para termos uma educação plena, revestida dos princípios democráticos,
que resultem na formação de um homem produtivo, cidadão cumpridor dos seus deveres e
capaz de exigir os seus direitos nas situações em que se sentirprejudicado?
O aluno, por sua vez, deve receber a sua nota e analisar os próprios erros sob a orientação da
escola ou individualmente, levando em conta que pode obter sucesso em outras oportunidades
estabelecendo um plano pessoal de trabalho para corrigir as suas deficiências e lacunas
relativas aos conteúdos em que não foi bem.
No entanto, observa-se que é comum a escola não trabalhar as informações recebidas ou
considerar apenas os aspectos quantitativos, as tabelas apresentadas no relatório. Falando de
aprendizagem de qualidade, a leitura que normalmente a escola faz, inclui apenas os dados de
desempenho em números: nota do aluno, média do Saeb, aprovação no vestibular etc. A escola
se prende às notícias divulgadas e com o fato de ter se saído bem com a média de seus alunos.
Quando seu resultado é negativo, procura ignorar e nega ter conhecimento do fato.
Pedro Demo (2002), em seu livro, observa que há em geral, uma precariedade metodológica na
análise dos dados apresentados. Para ele qualquer análise deve extrapolar a questão
quantitativa, no entanto, ele aponta que o conceito de qualidade é variável. Quase sempre é
definida pelo que ela não é. Dificilmente há clareza de parâmetros para aferição da qualidade.
O autor destaca que a qualidade tem uma característica mais perceptível que é o seu sentido
de intensidade e isto a distingue da quantidade. Ele inclui um exemplo esclarecendo o seu
pensamento:
“Saber pensar” também exige tempo de estudo, mas é, sobretudo qualidade da aprendizagem
ligada a habilidades básicas do ser humano, à capacidade de aprofundamento e raciocínio
completo, à versatilidade da argumentação e do espírito crítico, à criatividade de propostas
próprias e autônomas, à conquista da emancipação, e assim por diante. (p. 69)
Continuando essa reflexão, entendemos como ele que o fato do aluno permanecer na escola
por um tempo maior não garante que tenha desenvolvido as competências necessárias para
que possa ser considerado um aluno crítico ou reflexivo. Para sabermos, a partir do seu nível
de escolarização e das suas notas, se ele realmente atendeu às características apontadas por
Demo (2002), teremos que realizar uma análise do significado qualitativo das suas
aprendizagens. Ele sugere haver caminhos que possibilitam uma análise da qualidade,
pautando-se na quantidade sem, no entanto, ficar preso no universo dos dados concretos, mas
principalmente, elaborando-se interpretações a partir desses dados.
A escola deve pautar o seu currículo em conteúdos e atividades que possibilitem ao aluno
desenvolver plenamente as suas capacidades e talentos, deve oportunizar ações em que
desperte um sentido de humanidade e compreensão com a fraqueza do outro, que ele entenda
o valor do trabalho como realização pessoal.
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5 Os indicadores Nacionais: a qualidade da educação
Antes de deter na análise da importância política das avaliações procedidas com base em parâmetros nacionais
precisamos refletir sobre o significado da educação como indicador do nível de desenvolvimento de um país.
Devemos esclarecer que a vinculação entre desenvolvimento e educação foi influenciada pelo resultado de
estudos realizados a partir da década de 1990, financiados pelos organismos internacionais que queriam saber
como poderiam diminuir a pobreza no mundo, dentro de uma lógica capitalista. Os estudos apontam a educação
como a instituição social que pode mudar a realidade de um povo, de uma localidade. (Coraggio, 1999)
Sem essa reflexão não dá para explicar toda a complexidade que envolve a decisão de se construir um índice
nacional de qualidade da educação. Ler um relatório de avaliação possibilita dimensionar o patamar educacional
em que nos encontramos e os desafios a enfrentar para um futuro mais promissor.
Podemos considerar que é necessário construir um indicador em números, que dê significado ao cenário
descrito por meio das palavras para a população em geral?
Considerando que através da avaliação se pode proceder a uma interpretação reflexiva da situação existente e
obter dados concretos que sintetizados possibilitam um amplo conhecimento sobre o que fazer na busca da
qualidade do processo ensino-aprendizagem é importante definir primeiro o modelo de sociedade que se deseja
construir.
Mas esse modelo de sociedade pode ser representado por um índice nacional?
Você deve entender que a necessidade de se ter um indicador nacional provocou a criação do IDEB pelo MEC
com o objetivo de estabelecer as metas e estratégias políticas para o Brasil alcançar o padrão educacional das
nações mais desenvolvidas através do aperfeiçoamento da educação oferecida a seu povo.
O indicador é calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar, constantes no Censo Escolar e médias de
desempenho no Saeb e na Prova Brasil.
O IDEB é mais que um indicador estatístico. Ele nasceu como condutor de política pública pela melhoria da
qualidade da educação, tanto no âmbito nacional, como nos estados, municípios e escolas. Sua composição
possibilita não apenas o diagnóstico atualizado da situação educacional em todas essas esferas, mas também a
projeção de metas individuais intermediárias rumo ao incremento da qualidade do ensino.
6 Como o Ideb é calculado
Você sabe como o Ideb é calculado?
Caro aluno, você pode achar que é complicado calcular o índice, mas nesse momento o importante é saber o que
ele representa como medida de comparação. Existe uma fórmula, mas não temos a pretensão de ensinar a
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calcular o Ideb. Caso tenha interesse e curiosidade em aprender, acesse o site do Inep e lá vai encontrar a
fórmula e as explicações de como proceder.
Para o objetivo dessa aula precisa somente entender que o Ideb é calculado a partir de dois componentes: taxa
de rendimento escolar (aprovação) e as médias de desempenho - as médias de desempenho utilizadas são as da
Prova Brasil (para Idebs de escolas e municípios) e do Saeb (no caso dos Idebs dos estados e nacional) – nos
exames Saeb e Prova Brasil.
A periodicidade das metas a serem alcançadas (índice previsto) é de 2 em 2 anos, a partir de 2007 até 2021.
Estamos partindo de um índice nacional de 3,8 devendo atingir o índice considerado ideal de 6,0 no ano de 2022.
Os índices de aprovação são obtidos a partir do Censo Escolar, realizado anualmente pelo Inep diretamente com
todas as escolas do pais, sejam públicas ou privadas.
0 Ideb não lança mão de um novo exame nacional, ele leva em conta as medias obtidas nos dois exames citados e
os dados do Censo Escolar.
De acordo com o Inep "A definição de um Ideb nacional igual a 6,0 teve como referência a qualidade dos sistemas
em países da OCDE. Essa comparação internacional só foi possível graças a uma técnica de compatibilização
entre a distribuição das proficiências observadas no Pisa (Programme for Internacional Student Assessment) e
no Saeb."
Os índices – médias nacionais – se transformaram nas metas que o governo federal, estados e municípios devem
atingir até 2022.
O que significa essa meta como política pública?
7 O efeito dos exames nacionais nos currículos e propostas 
pedagógicas das escolas
Caro aluno, vamos nos deter agora, na análise dos efeitos provocados na escola pela divulgação dos resultados
dos exames nacionais nos veículos de informação, jornais escritos ou televisivos.
O Saeb, a Prova Brasil e o Provinha Brasil não recebem a mesma atenção do que o Enem ou o Enade. Por
que existe essa distinção?
É fácil de entender. O Enem, embora não seja obrigatório, vem sendo muito procurado por todos que desejam
ingressar em um curso superior.
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Fique ligado
O MEC estabeleceu duas ações com o objetivo de aumentar o número de vagas para os alunos
carentes desejosos de ingressar no nível superior: o Sistema de Seleção Unificado e o Programa
Universidade para Todos.
Saiba mais
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Leia aqui o texto Interesse no Enem: o acesso ao ensino superior público ou privado.
Enem: o acesso ao ensino superior público ou privado
A vinculação dos resultados obtidos no Enempara ampliar o acesso ao ensino superior,
motivou uma grande demanda pela participação no exame. O MEC estabeleceu vários
incentivos para as instituições de ensino superior, públicas e privadas, para que utilizassem o
Enem como critério para a seleção dos candidatos.
O primeiro programa com esse objetivo foi o Sisu- Sistema de Seleção Unificada, lançado pelo
MEC em 2007 (Decreto nº 6096/ 07), permitindo aos que não tiram zero na redação e
conseguem alcançar um bom número de acertos nas questões do Enem, a concorrer a uma
vaga nas universidades públicas federais.
O outro programa denominado Prouni (Programa Universidade para Todos) foi lançado em
2004, pelo MEC e tem por objetivo conceder bolsa de até 100% para os alunos que
participaram do Enem, em cursos oferecidos pelas instituições superiores privadas.
As escolas de ensino médio entenderam que ter um bom índice de aprovação dos seus alunos
no Enem era uma propaganda gratuita, um marketing valioso para a sua escola. Passaram a
investir nos bons alunos oferecendo, sem custo para eles, outras atividades de reforço aos
conteúdos do currículo escolar.
O Enem é uma prova contextualizada e a sua redação tem um formato próprio que cobra do
aluno uma escrita ortográfica correta, coerência nas ideias apresentadas, conteúdo específico
sobre o tema sugerido e uma sugestão apropriada para a intervenção em situações propostas
ou na realidade existente.
O que aconteceu com a escola de ensino médio?
A equipe pedagógica cuidou de realizar as adequações à proposta pedagógica do colégio e se
estabeleceu um clima de competição entre as escolas de uma mesma comunidade. Várias
foram as alterações positivas, pois cuidaram de equipar a escolas com os aparelhos mais
modernos, muitas se transformaram em bilíngues, investiram pesado na contratação de
professores com doutorado e mestrado, compraram livros aumentando o acervo da biblioteca,
colocaram a internet e disponibilizaram o acesso aos alunos e aos professores.
Porém, tem um efeito que precisa ser pensado com mais cuidado: as alterações realizadas nos
currículos escolares e nas propostas pedagógicas não podem ser dirigidas ou motivadas
apenas pelo desejo de aumentar a nota do aluno pelo treinamento das capacidades e
habilidades deles em resolver as questões das provas.
A função social da escola extrapola essa relação que se estabeleceu entre o Enem e o acesso ao
ensino superior. Esse fato é a repetição do que ocorria com o vestibular, quando as escolas
passavam, principalmente em seu último ano do ensino médio a preparar os alunos para os
exames de admissão às universidades. Logicamente, existiam escolas, que se preocupavam
mais com a formação de seu aluno e consideravam que “passar no vestibular” era decorrência
de um ensino de qualidade.
A reflexão que as escolas e todos os envolvidos na dinâmica da avaliação institucional devem
se empenhar em realizar é ter clareza sobre o tipo de homem necessário para que o Brasil
tenha uma sociedade mais justa e mais igual.
Não se pode mais admitir os fatos que se repetem envolvendo a elite política do país em
esquemas de corrupção com o esbanjamento do dinheiro público em detrimento das camadas
mais pobres da população.
Existe ainda no Brasil a pobreza extrema, o trabalho infantil, o trabalho em regime de
escravidão.
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Como preparar nossos jovens para ao assumir o comando do país, seja como político, empresário ou
profissional liberal, se preocupe com uma economia mais humana, pautada na participação da
população pobre e na solidariedade entre os povos?
Edgar Morin quando responde - em entrevista realizada na Escola de Ensino Medi° do SESC, por ocasião da RIO +
20, evento internacional ocorrido no Rio de Janeiro, de 17 a 22 de junho de 2012, publicada no jornal 0 GLOBO
de 21 de junho de 2012, Caderno Especial – sobre como diminuir a pobreza no mundo ele ressalta a importância
da participação. A sua resposta contém uma missão para todas as escolas, do Brasil ou do mundo:
“Com um modelo de educação que ensine as crianças a viver, a ter mais compreensão dos outros, entender o
significado do valor do conhecimento para enfrentar as questões que se impõem. As crianças e os jovens
precisam pensar o que significa ser humano no contexto de sua época para que fiquem aptos a pensar soluções
para os desafios que virão. Esses ensinamentos ajudam a constituir o valor da solidariedade e, hoje, para
combater a pobreza, é preciso ser solidário. Falo de solidariedade entre pessoas e, sobretudo, entre países.”
(Morin, 2012 )
Você concorda com Morin sobre a importância da educação para construirmos uma sociedade mais
solidária e humana?
8 Influência do ENADE na reformulação dos currículos dos 
cursos de graduação
Após a publicação nos jornais dos conceitos recebidos no ENADE escalonando os melhores e os piores cursos
com o nome da instituição, ocorre um movimento de busca da superação da avaliação negativa, no sentido de
providenciar os recursos necessários para a compra de equipamentos e livros, assinatura de periódicos, reforma
em prédios etc., o que é muito positivo para a aprendizagem do aluno.
Todas as universidades querem obter os melhores conceitos. As federais naturalmente se destacam no ENADE,
pois seus alunos são sempre aqueles que obtiveram as melhores notas nos vestibulares e no Enem. Eles
representam a elite de uma geração.
Cabe esclarecer que há vários anos o MEC e seus organismos de fomento incentivam a formação continuada,
estabelecendo metas de desempenho e escolaridade para o corpo docente das universidades. O que favorece um
ensino de qualidade. Mesmo com esse panorama de incentivo a um aperfeiçoamento dos professores
universitários existe uma disputa no campo acadêmico e as universidades brigam entre si por um lugar ao sol.
Através do Conselho Nacional de Educação - CNE - normatizam as graduações e estabelecem as diretrizes
curriculares para todas elas. Estabelecem as competências e as habilidades que devem ser desenvolvidas com os
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alunos ao longo dos diferentes cursos. Dessa forma, as instituições não podem alterar os seus currículos sem
submeterem a uma avaliação da própria Secretaria de Educação Superior do MEC.
É importante ressaltar que por uma questão de vinculação das instituições de nível superior ao sistema federal
de ensino, o MEC tem grande influência na condução das políticas educacionais voltadas para a educação
superior.
As universidades possuem autonomia didático-pedagógica, mas devem estabelecer os seus currículos dentro das
normas estabelecidas pelo CNE. Podem solicitar a abertura de cursos em caráter experimental, mas mediante
analise e aprovação dos colegiados da universidade e posterior parecer de aprovação do CNE.
Assim, os currículos do ensino superior foram sendo mudados de acordo com os encaminhamentos dados ao
processo avaliativo e não por iniciativa autônoma das universidades e instituições de nível superior.
Clique aqui e veja a Lei 10 681/ 2004 que trata do SINAE.
Lei 10 681/ 2004
De acordo com a Lei 10 681/ 2004 que trata do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAE -
no seu art. 4º, fica determinado que:
Art. 4º A avaliação dos cursos de graduação tem por objetivo identificar as condições de ensino oferecidas aos
estudantes, em especial as relativas ao perfil do corpo docente, às instalações físicas e à organização didático-
pedagógica.
§ 1º A avaliação dos cursos de graduação utilizará procedimentos e instrumentos diversificados, dentre os quais
obrigatoriamente as visitas por comissões de especialistas das respectivas áreas de conhecimento.
§ 2º A avaliação dos cursos de graduação resultará na atribuição de conceitos, ordenados em uma escala com 5
níveis, a cada uma das dimensões avaliadas.
Chamamos a sua atenção para o que diz a lei sobre as comissões de especialistas porque elas exercem uma
grande influência na regulação do sistema de educação superior visto que o seu relatório, junto com os
resultados obtidos pelos alunos no ENADE, é consideradona avaliação dos cursos e na atribuição do conceito
que recebem do MEC.
A comissão é soberana em apresentar o seu parecer, mas existe na Portaria Normativa no 40, de 12/1212007, as
normas para que a visita se de dentro de determinados parâmetros.
Aqui cabe uma ressalva sobre a composição das comissões de especialistas, pois são normalmente constituídas
por professores com Mestrado ou Doutorado, que se candidataram a participar do processo avaliativo e a
maioria oriunda das universidades públicas.
Eles, sem dúvida, possuem um grande conhecimento sobre o curso que estarão analisando. Porém o MEC não se
dá conta de que, em um país tão extenso, com regiões de difícil acesso, com as disparidades existentes entre as
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Regiões Norte/Nordeste e as Regiões Sul/Sudeste. Não há como comparar, sem considerar as especificidades de
cada uma. No entanto, os formulários usados por eles são iguais. Os critérios são os mesmos para todo o Brasil.
A lei determina, no art. 3°, que nas avaliações procedidas in loco, no tocante a análise das dimensões, devem
sempre ser "consideradas de modo a respeitar a diversidade e as especificidades das diferentes organizações
acadêmicas...", porem isto depende da comissão de especialista e do olhar que adotar.
Pode ser de estranhamento ao encontrarem uma instituição de ensino superior que apresenta um bom ensino e
não tem atividades de extensão ou de pesquisa, mas por estar interiorizada em um município carente, exerce
uma função democrática de oferecer uma oportunidade a quem nunca teve nenhuma.
São avaliadas de acordo com os mesmos parâmetros e podem até sofrer penalidades como a diminuição do
número de vagas concedidas no processo de autorização ou reconhecimento do curso, fechamento da instituição.
9 Conclusão
Concluindo essa aula, basta dizer que a avaliação externa realizada pelo MEC, através dos exames nacionais na
Educação Básica e Superior, contribui para a identificação dos pontos positivos e negativos existentes nos
sistemas de ensino e permitem a reformulação e o aperfeiçoamento dos currículos, de metas e objetivos
mediante o estabelecimento de políticas públicas, que solucionem ou diminuam os efeitos negativos, ainda
presentes na sociedade contemporânea, de um capitalismo centrado no ganho financeiro.
Não há como aperfeiçoar a educação básica ou superior sem refletir seriamente em seus currículos, definir o
perfil de seu egresso, e criar uma frente de resistência à tendência atual de colocar a educação a serviço do
mercado financeiro. Pense sobre essas ideias.
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você estudará sobre:
• A cultura de avaliação: quem são os interessados?;
• Constituição dos Sujeitos Sociais: a importância da participação;
• Responsabilidade Social.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Compreendeu que a fidedignidade dos dados dos exames nacionais e a aplicação dos formulários e 
questionários, dependem de controle na concepção e elaboração dos instrumentos;
• Estabeleceu que devem ser analisados com rigor e relacionados a outros dados do formulário 
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• Estabeleceu que devem ser analisados com rigor e relacionados a outros dados do formulário 
preenchido pelo diretor e por professores da escola;
• Entendeu que o IDEB foi criado pelo MEC para ter um referencial único que caracterizasse a qualidade 
da educação no país permitindo uma comparação com outras nações e entre as regiões, estados e 
municípios brasileiros;
• Identificou a influência dos resultados divulgados na mídia na adoção de políticas e pedagogias para a 
melhoria dos indicadores.
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	Olá!
	1 Introdução
	2 Cuidados necessários para análise e interpretação dos dados
	2.1 Censo escolar
	3 A sociedade brasileira e sua escola: um quadro teórico
	4 Realizando a análise: o relatório do MEC/Inep
	5 Os indicadores Nacionais: a qualidade da educação
	6 Como o Ideb é calculado
	7 O efeito dos exames nacionais nos currículos e propostas pedagógicas das escolas
	8 Influência do ENADE na reformulação dos currículos dos cursos de graduação
	9 Conclusão
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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