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Direito Tributário Trabalhista Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Tercius Zychan Revisão Textual: Prof.a Dr.a Selma Aparecida Cesarin O Direito do Trabalho – Conceitos Iniciais • O que é Direito do Trabalho? • Relação de Emprego X Relação de Trabalho • Fontes do Direito do Trabalho • Princípios do Direito do Trabalho • Empregador • Empregado • Empregado Rural • Obrigações Oriundas do Contrato de Trabalho • Empregado Doméstico • Jornada De Trabalho · Entender o que vem a ser o Direito Trabalho, e sua importância para a garantia da ordem social. · Conhecer seus principais conceitos e princípios, tornando o estudan- te apto a desenvolver um raciocínio sistêmico sobre esse importante “Ramo do Direito”. · Veremos conceitos importantíssimos, que asseguram a existência de uma relação de trabalho ou de emprego, bem como as responsabi- lidades e os direitos inerentes aos empregados e aos empregadores. OBJETIVO DE APRENDIZADO O Direito do Trabalho – Conceitos Iniciais Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE O Direito do Trabalho – Conceitos Iniciais O que é Direito do Trabalho? O conhecimento da Ciência é fundamental para direcionar a compreensão sobre ela. Preliminarmente, deve haver o conhecimento sistêmico, no qual está inserida, para assim poder ir à busca de reflexões e mudança de comportamento. Dessa forma, não poderia ser diferente com o Direito do Trabalho, tido como um dos ramos da Ciência Social denominada “Direito”. Mas, preliminarmente, o que é Direito? E o que são Ramos do Direito? Vamos responder à primeira indagação: O que é Direito? A resposta a essa indagação é uma das questões mais estudadas de nossa atualidade, pois quem já não se deparou, diante de certo conflito, e se colocando à frente disse: “Este é meu direito!”. Se um estudioso da Ciência Jurídica analisasse essa situação, diria que o autor da frase estaria tratando do chamado direito subjetivo, uma garantia que lhe é assegurada por determinada norma jurídica. Para não nos demorarmos demais nessa questão, vamos abraçar um conceito simples e prático, para podermos entender o que é o Direito: Pode-se afirmar que o Direito é formado por um conjunto de normas, criadas pelos Poderes estabelecidos de determinado Estado, ou seja, um conjunto de normas sociais obrigatórias a todos. Bem, passando pelo conhecimento do que vem a ser Direito, iremos continuar na busca de saber o que são os denominados “Ramos do Direito”. Ora, o Direito é uma Ciência única, porém, ampla e complexa. Assim, os operadores do Direito, os doutrinadores e o próprio Estado o dividem em subgrupos, denominando-os “Ramos”, com o objetivo de melhor estudá-lo e de melhor empregá-lo. Entre os Ramos do Direito está inserido o objeto de nosso estudo, o Direito do Trabalho. E como podemos conceituar “Direito do Trabalho”? Para responder à essa questão, iremos recorrer ao enunciado de Maurício Godinho Delgado:1 O Direito do Trabalho é ramo jurídico especializado, que regula certo tipo de relação laborativa na sociedade contemporânea. Seu estudo deve iniciar- -se pela apresentação de suas características essenciais, permitindo ao ana- lista uma imediata visualização de seus contornos próprios mais destacados. 1 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 14.ed. São Paulo: LTR, 2015. p. 45. 8 9 Podemos dizer, ainda, de modo mais objetivo, que o Direito do Trabalho tem por pretensão regular as relações de emprego e todas as situações que com ela estejam conexas, procurando a efetiva proteção à denominada “Relação Trabalhista”. Relação de Emprego X Relação de Trabalho A relação de emprego decorre de relação laboral de natureza não eventual, prestada por determinado empregado a certo empregador, sob a dependência deste último, sendo o empregado remunerado mediante salário. CLT Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e me- diante salário. Importante frisar que a relação de emprego pode ser chamada de contrato individual de trabalho, ou seja, trata-se de vínculo jurídico que liga o empregado ao empregador. Já a relação de trabalho existe quando não estiverem presentes os requisitos do mesmo Artigo 3º da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, de tal modo que, au- sente qualquer dos requisitos previstos no Artigo 3º da CLT, estaremos diante de uma relação de trabalho. Ou seja, sendo eventual a prestação de serviço, ou se não existe dependência em relação ao empregador, ou se a remuneração não se dá por inter- médio de salário, estaremos diante de uma relação de trabalho, e não de emprego. Ou seja, não sendo eventual a prestação de serviço, ou se não existe dependência em relação ao empregador, ou se a remuneração não se dá por intermédio de salário, estaremos diante de uma relação de trabalho, e não de emprego. Via de regra uma relação de trabalho é oriunda de uma obrigação, assumida por qualquer forma de contrato, na qual são descritos os direitos e os deveres das partes. Por exemplo, quando um determinado profissional de Arquitetura é contratado para a elaboração de um projeto específico de um prédio. Fontes do Direito do Trabalho Fonte do Direito é o nome que se dá à origem do Direito, ao seu nascedouro. Para o grande doutrinador Miguel Reale2, o conceito de fonte do Direito é: Por “fonte do direito”, designamos os processos ou meios em virtude dos quais as regras jurídicas se positivam com legítima força obrigatória, isto é, com vigência e eficácia no contexto de uma estrutura normativa. 2 REALE, Miguel. Lições preliminares de Direito. 27.ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 140. 9 UNIDADE O Direito do Trabalho – Conceitos Iniciais As principais fontes do Direito do Trabalho são enumeradas no Artigo 8º da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, sendo elas: a equidade, a analogia, a doutrina, a jurisprudência, os costumes e o Direito Comparado. O que é CLT? A sigla CLT significa Consolidação das Leis do Trabalho. Trata-se do conjunto de normas legais que tem por objetivo regular os direitos do cidadão brasileiro. Foi criada pelo então Presidente da República Getúlio Vargas,por intermédio do Decreto-lei nº 5.452, do dia 1º de maio de 1943. Agora, vamos conhecer um pouco mais sobre as fontes específicas do Direito do Trabalho. Podemos dizer que o Direito do Trabalho possui basicamente duas espécies de fontes: as materiais e as formais. No tocante às fontes materiais, elas são o conjunto de acontecimentos e fatores econômicos, culturais e sociais que contribuem para o surgimento das fontes formais do Direito do Trabalho. Podemos exemplificá-las como as greves ou outras formas de pressão, que dão origem às normas legislativas, que são criadas por processos formais criados pelo Estado. Decorrente das fontes materiais do Direito do Trabalho, temos as fontes formais, que podem ser divididas em duas espécies. As primeiras são as fontes formais de origem em processos peculiares do Estado, que são a Constituição, as Leis, os Regulamentos Normativos, os Tratados e as Convenções internacionais e, por fim, as sentenças normativas. Ainda com relação às fontes formais, existem as fontes de origem contratuais ou autônomas, como os usos e costumes, as denominadas Convenções Coletivas e os Acordos Coletivos de Trabalho. Podemos, ainda, evidenciar como fonte primária do Direito do Trabalho o “Contrato Individual de Trabalho”, no qual prevalece a vontade das partes envolvidas na relação de emprego. Quanto ao “Contrato de Trabalho”, é importante destacar que determinados direitos são indisponíveis junto aos Contratos de Trabalho, tais como 13º salário, férias etc. 10 11 Princípios do Direito do Trabalho Mas o que são princípios? Podemos, de forma mais simplista, entender princípio como o “início”, o ponto de partida de algo. Mas para o Direito do Trabalho, o que podemos entender por Princípio? Vejamos o que fala Mauricio Godinho Delgado3 sobre o tema: [...] princípio traduz, de maneira geral, a noção de proposições fundamentais que se formam na consciência das pessoas e grupos sociais, a partir de certa realidade, e que, após formadas, direcionam-se à compreensão, reprodução ou recriação dessa realidade. O certo é que, para o Direito do Trabalho, os princípios possuem papel fun- damental, por serem um ponto de referência para o Estado legislador, ou quando são utilizados como instrumento de interpretação e emprego do Direito do Traba- lho, especificamente. São Princípios básicos do Direito do Trabalho, na visão de Américo Plá Rodriguez:4 • proteção; • irrenunciabilidade de direitos; • continuidade da relação de emprego; • primazia da realidade, • razoabilidade; • boa-fé. Princípio da Proteção Inicialmente, tratando do princípio da proteção, é relevante dizer que, na visão do autor em comento, o objetivo desse princípio é proteger os direitos do trabalha- dor. Dessa forma, procura-se, por meio do princípio da proteção, compensar uma presumida desigualdade econômica, existente entre o trabalhador e seu empregador. O mesmo autor subdivide, ainda, o princípio da proteção em outras três possibilidades: in dubio pro operario, norma mais favorável e condição mais benéfica. 3 Op. cit., p.180 4 PLÁ RODRIGUEZ, Américo. Princípios do Direito do Trabalho. São Paulo: Ltr, 2000, p. 61. 11 UNIDADE O Direito do Trabalho – Conceitos Iniciais In dubio pro operário Quando da aplicação da norma pelo operador do Direito existir uma dúvida con- creta, ele deverá tender sua aplicação na defesa dos direitos em favor do trabalhador. Norma mais favorável Quando da aplicação da norma jurídica do trabalho, nos espaços, ou seja, em determinado lugar no qual existirem duas ou mais normas que possam ser empregadas de maneira simultânea, será aplicada a que mais favorecer o empregado em razão do empregador. Condição mais benéfica Essa possibilidade está ligada à ideia do emprego da norma no tempo, de tal sorte que, existindo duas ou mais normas que redundem em possibilidade ao tempo da aplicação do Direito, que possam ser empregadas, será utilizada a norma que garantir mais direitos ao empregador. Princípio da irrenunciabilidade de direitos Esse princípio impede que as partes possam transacionar alguns direitos que a ordem legal ou constitucional tipifica como irrenunciáveis, tais como, férias, 13º salário, licença gestante etc. Princípio da continuidade da relação de emprego Tal princípio também pode ser denominado “Princípio da permanência” e tem por perspectiva dar segurança econômica ao trabalhador, desde que não exista tempo certo da extinção do Contrato de Trabalho (como, por exemplo, o Contrato Temporário de Trabalho); assim, mantém o vínculo trabalhista entre empregador e empregado. Princípio da razoabilidade Na visão do jurista uruguaio Américo Plá Rodrigez5, o princípio da razoabilidade assim pode ser reconhecido: [...] o princípio da razoabilidade consiste na afirmação essencial de que o ser humano, em suas relações trabalhistas, procede e deve proceder conforme à razão. 5 Op. cit., p.393. 12 13 Podendo, segundo o mesmo autor, ser esse princípio aplicado de duas maneiras: a) para determinar a verdade em certas situações; b) como limitador do empregador, com o objetivo de conter determinados abusos. Princípio da boa-fé O princípio da boa-fé leva em conta tanto o fiel cumprimento das obrigações por parte do empregador, como por parte do empregado, guardando íntima ligação com o princípio geral do Direito, que é a moralidade, ou seja, um comportamento ético por parte dos polos da relação de emprego. Empregador Uma das fontes do Direito do Trabalho citadas anteriormente, a CLT (Consoli- dação das Leis do Trabalho), procura definir, em seu Artigo 2º, o que vem a ser a figura do “empregador”. Vejamos: Art. 2º Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que assumindo os riscos de atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. Uma crítica doutrinária, de maioria, ampla, é quanto à forma como a CLT considera a figura do empregador, ressaltando a figura da Empresa em desprezo à figura das Pessoas Físicas ou Jurídicas que podem fazer parte da relação de emprego, por serem aptas a contraírem direitos e obrigações. Mas, efetivamente, quem pode ser empregador? O importante é saber que qualquer pessoa, seja ela física, jurídica, ou até um ente jurídico despersonalizado poderá ser empregador. Assim, será empregador aquele que estiver do lado oposto ao empregado, na relação de emprego. 13 UNIDADE O Direito do Trabalho – Conceitos Iniciais Empregado Como já visto, o Direito do Trabalho, sobretudo, existe a fim de assegurar o respeito na relação de emprego à parte mais fragilizada, ou seja, o empregado. Existem vários conceitos do que vem a ser o empregado, mas é no Artigo 3º da CLT que encontraremos de forma precisa como o Estado reconhece a figura do empregado: Art. 3.º Considera-se empregado a pessoa física, que presta serviços de natureza não eventual a empregador, sob dependência deste e mediante salário. Como se nota, o próprio dispositivo de Lei que define empregado apresenta as características – ou requisitos – que devem estar preenchidos para que esse sujeito de uma relação de emprego efetivamente exista: pessoalidade, não eventualidade, onerosidade e subordinação. Mas, todos esses requisitos devem ser prestados por uma pessoa física. Segundo as palavras de Maurício Godinho Delgado6: A prestação de serviços que o Direito do Trabalho toma em consideração é aquela pactuada por uma pessoa física. Os bens jurídicos tutelados pelo Direito do Trabalho importam à pessoa física, não podendo ser usufruídos por pessoas jurídicas. Assim, a figura do trabalhador há de ser, sempre, uma pessoa natural. Pessoalidade Com relação a esse requisito, podemos entendê-lo aos observarmos duas de suas consequências, que são: a) o empregado deve ser uma pessoa física; b) a prestação de serviço deve ser feita pela própria pessoa física do empre- gado, vedando a substituição na prestação do serviço. Não eventualidade Para a existência desse requisito,é necessário que a relação de emprego, além de permanente, não seja eventual, devendo existir uma prestação periódica da prestação do serviço. 6 Op. cit., p. 270 14 15 Onerosidade A onerosidade também é um dos requisitos fundamentais para que exista a relação de emprego, pois determina que, pelo serviço prestado, exista uma compensação a ser atribuída ao empregado pelo empregador. Subordinação Esse requisito está ligado à forma pela qual a prestação do trabalho é realizada ao empregador, que dirige sua execução. Com relação a essa ligação, podemos afirmar ser ela uma consequência natural do próprio Contrato de Trabalho. Empregado Rural Para termos a exata compreensão do que vem a ser o empregado rural, devemos fazer uma conjunção de entendimentos. Preliminarmente, deve-se buscar o que a Lei nº 5.889/73, que “Estatui normas reguladoras do trabalho rural”, preconiza em seu Artigo 2º: Art. 2.º Empregado rural é toda pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual, a empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário. Vejamos: segundo a norma, o empregado rural deve prestar seus serviços em “propriedade rural ou prédio rústico”. Preliminarmente, o entendimento de propriedade rural, pode ser abstraído do que vem a ser um imóvel rural efetivamente, nos termos da Lei nº 8.629/93: Art. 4º Para os efeitos desta lei, conceituam-se: I- Imóvel Rural - o prédio rústico de área contínua, qualquer que seja a sua localização, que se destine ou possa se destinar à exploração agrícola, pecuária, extrativa vegetal, florestal ou agro-industrial; Para o empregado rural, são utilizadas as mesmas regras previstas na CLT, bem como os direitos fundamentais, equiparados aos dos empregados urbanos, na forma que descreve o caput do Artigo 7º da Constituição Federal de 1988: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) 15 UNIDADE O Direito do Trabalho – Conceitos Iniciais Obrigações Oriundas do Contrato de Trabalho Como todo e qualquer contrato, o denominado “Contrato de Trabalho” gera obrigações diversas entre as partes, no qual cada um busca, na forma permitida em Lei, a satisfação de interesses que lhes são peculiares. Em um “Contrato de Trabalho”, existem dois polos: num, encontramos o empregador, e no outro, o empregado. Ao polo denominado empregado, em razão do requisito da subordinação que, como já vimos, trata-se de um dos preceitos para qualificá-lo nessa condição, cabe o dever de fidelidade e obediência às determinações do empregador, respeitando o pactuado no contrato e as regras de ordem moral, que devem nortear essa relação. Parece óbvio que as ordens contrárias à Lei ou ao pactuado no Contrato de Traba- lho possam ser objeto de recusa pelo empregado, nesse caso podendo à ela resistir. Quanto à fidelidade à relação de emprego, esta pode ser objetivamente tida como importante na relação ora em estudo. Essa fidelidade é tão importante que a CLT, em seu Artigo 482, prevê hipóteses do rompimento da relação contratual por justa causa. Vejamos: Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador: (...) c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço; (...) g) violação de segredo da empresa; (...) Já, no próximo polo, encontramos o tomador da prestação do trabalho, o denominado “empregador”; para este, as normas trabalhistas conferem o poder de direção, fiscalização e disciplina, para o fiel cumprimento do que foi pactuado no “Contrato de Trabalho”. Quanto ao poder de direção, este é inerente à própria atividade, ou seja, do propósito a que se presta o trabalho, pois existem objetivos, por parte do empregador, que carecem da gestão dele para serem mantidos ou atingidos. Dessa forma, o empregador definirá, na medida do permissivo legal e do contido no Contrato, como e quando as atividades devem ser desenvolvidas. 16 17 Na decorrência do poder de direção do empregador, temos seu poder de fiscalizar o cumprimento das obrigações por parte do empregado, podendo, desde que respeitados os limites legais, acompanhar o desenvolvimento das atividades do empregado, podendo contar, inclusive, com dispositivos tecnológicos, tais, como relógios de monitoramento e câmera, entre outros. O poder disciplinar conferido pela Lei ao empregador se faz presente em diversas hipóteses legais, que lhe permitem aplicar sanções, como advertência, suspensão até 30 dias e rescisão do Contrato de Trabalho por justa causa Nessa relação de obrigações mútuas, cabe ao empregador a contraprestação ao trabalho, que se dá pela remuneração do empregado, bem como a satisfação de todas as obrigações tributárias e da seguridade social, decorrentes da atividade oriunda do “Contrato de Trabalho”. Empregado Doméstico Uma categoria de trabalhadores, denominados empregados domésticos, por muito tempo esteve desprovida de direitos, que eram inerentes às demais classes de trabalhadores. Entretanto, com a entrada em vigor da Lei Complementar nº 150/15, esses trabalhadores passaram a ter tratamento mais equânime ao dos demais. Por exemplo, não existia previsão que assegurasse ao empregado doméstico direito a horas extras, à jornada de trabalho. Vejamos, o conceito de empregado doméstico dado pela mencionada Lei, logo em seu Artigo 1º: Art. 1º Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana, aplica-se o disposto nesta Lei. Jornada De Trabalho A Lei Complementar 150/2015 deu à relação de empregado doméstico com seu empregador direitos que até então não eram a ela inerentes, como a denominada “Jornada de Trabalho”, que era fixada segundo à conveniência do empregador. A jornada de trabalho é de 8(oito) horas diárias e 44(quarenta e quatro) horas semanais, respeitando-se o limite mensal de 220(duzentas e vinte) horas. 17 UNIDADE O Direito do Trabalho – Conceitos Iniciais Intervalos para Descanso e Refeição Esse direito está estampado de maneira clara na Lei Complementar 150/2015, em seu Artigo 13: Art. 13. É obrigatória a concessão de intervalo para repouso ou alimentação pelo período de, no mínimo, 1 (uma) hora e, no máximo, 2 (duas) horas, admitindo-se, mediante prévio acordo escrito entre empregador e empregado, sua redução a 30 (trinta) minutos. § 1º Caso o empregado resida no local de trabalho, o período de intervalo poderá ser desmembrado em 2 (dois) períodos, desde que cada um deles tenha, no mínimo, 1 (uma) hora, até o limite de 4 (quatro) horas ao dia. (...) Férias No que se refere às férias, a Lei Complementar nº 150/2015 tratou delas da mesma forma que a CLT: Art. 17. O empregado doméstico terá direito a férias anuais remuneradas de 30 (trinta) dias, salvo o disposto no § 3º do art. 3º, com acréscimo de, pelo menos, um terço do salário normal, após cada período de 12 (doze) meses de trabalho prestado à mesma pessoa ou família. Contrato por Prazo Determinado Uma das questões abordadas pela atual Lei Complementar nº150/15, é quanto à possibilidade da contratação do “empregado doméstico” por prazo determinado. Porém, a presente alternativa somente será possível em duas modalidades de Contrato de Trabalho: a) Contrato temporário de trabalho; b) Contrato de Experiência. Quanto ao denominado Contrato de Experiência, a mencionada norma legal trata sobre ele em seu Artigo 5º, ao legislar sobre as condições de emprego: Art. 5º O contrato de experiência não poderá exceder 90 (noventa) dias. § 1º O contrato de experiência poderá ser prorrogado 1 (uma) vez, desde que a soma dos 2 (dois) períodos não ultrapasse 90 (noventa)dias. § 2º O contrato de experiência que, havendo continuidade do serviço, não for prorrogado após o decurso de seu prazo previamente estabelecido ou que ultrapassar o período de 90 (noventa) dias passará a vigorar como contrato de trabalho por prazo indeterminado. 18 19 Ainda sobre o “Contrato Temporário”, o Artigo 4º da norma em estudo consagra as possibilidades objetivas, para as quais se permite a sua celebração: a) para atender às necessidades familiares de natureza transitórias; b) para substituição temporária de empregado doméstico com o contrato de trabalho suspenso ou interrompido. Indenização Decorrente de Rescisão Contratual A Lei Complementar nº150/15 assegurou ao Empregado Doméstico indenização por sua demissão “sem justa causa”, assegurando uma multa correspondente à 40% dos depósitos feitos na conta do FGTS. Dessa forma, os empregadores deverão recolher 8% de seus proventos a uma conta vinculada ao FGTS, e seus Empregados Domésticos recolherão outro mon- tante de 3,2%, destinado ao pagamento de multa indenizatória. Quanto ao reco- lhimento da parcela do empregador, ela poderá a ele ser restituída, dependendo de como se der uma futura rescisão do Contrato de Trabalho. Em contraponto, a depender da forma de rescisão contratual, os valores recolhi- dos a título de multa rescisória serão convertidos em favor do empregador doméstico. 19 UNIDADE O Direito do Trabalho – Conceitos Iniciais Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites A Importância do Direito https://goo.gl/hW2nXq Consolidação das Leis do Trabalho – CLT https://goo.gl/cxHjb Constituição Federal de 1988 https://goo.gl/zaRrL Fontes do Direito https://goo.gl/gGKuWA Princípios do Direito do Trabalho: Uma Análise dos Preceitos Lógicos Aplicáveis na Justiça do Trabalho e sua atual Configuração https://goo.gl/pHeVZu 20 21 Referências BARROS, Alice Monteiro de. Contratos e Regulamentações Especiais de Trabalho. São Paulo: LTr, 2001. BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, de 1 mai. 1943. Senado Federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. ______. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 out. 1988. Senado Federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 2005. DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 14.ed. São Paulo: LTR, 2015. FERRARI, Irany; NASCIMENTO, Amauri Mascaro; MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. História do Trabalho, do Direito do Trabalho e da Justiça do Trabalho. São Paulo: LTr, 1998. PLÁ RODRIGUEZ, Américo. Princípios do Direito do Trabalho. São Paulo: Ltr, 2000. REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 27.ed. São Paulo: Saraiva. 2002. SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 3.ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991. 21
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