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1. DESCREVA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DOS RINS E URETERES. Desenvolvimento de Rins e Ureteres Três conjuntos de rins sucessivos desenvolvem-se nos embriões. O primeiro conjunto, os pronefros, é rudimentar e não é funcional. O segundo conjunto, os mesonefros, funciona brevemente durante o período fetal inicial. O terceiro conjunto, os metanefros, forma os rins permanentes. Pronefro: São estruturas transitórias bilaterais que aparecem inicialmente na quarta semana. Eles são representados por algumas coleções de células e estruturas tubulares na região do pescoço em desenvolvimento. Os ductos pronéfricos percorrem caudalmente e se abrem dentro da cloaca, a câmara dentro da qual o intestino posterior e o alantoide se esvaziavam. Os pronefros logo degeneram; no entanto, a maioria das partes dos ductos persiste e é usada pelo segundo conjunto de rins. Figura 1. Ilustrações dos três conjuntos de sistemas néfricos em um embrião durante a quinta semana. A, Vista lateral. B, Vista ventral. 11. MOORE et al. Embriologia Clínica. 10ª ed, 2016 Mesonefro: São órgãos excretores grandes, alongados, aparecem ao final da quarta semana, caudais aos pronefros. Os mesonefros funcionam como rins temporários durante aproximadamente 4 semanas, até que os rins permanentes se desenvolvam e funcionem. Os rins mesonéfricos consistem em glomérulos (10-50 por rim) e túbulos mesonéfricos. Os túbulos se abrem para dentro de ductos mesonéfricos bilaterais, os quais eram originalmente os ductos pronéfricos. Os ductos mesonéfricos se abrem dentro da cloaca. Os mesonefros degeneram em torno do final da 12ª semana; entretanto, os túbulos metanéfricos se tornam os dúctulos eferentes dos testículos. Os ductos mesonéfricos têm diversos derivados adultos nos homens. Figura 2. A, Vista lateral de um embrião de 5 semanas (mesonefro inicial); broto uretérico e o primórdio do metanefro. B, Secção transversal do embrião, mostrando os cordões nefrogênicos a partir dos quais se desenvolvem os túbulos mesonéfricos. MOORE et al, 2016 Figura 3. C-F, Estágios sucessivos no desenvolvimento dos túbulos mesonéfricos entre a 5ª e a 11ª semanas. A extremidade medial expandida do túbulo mesonéfrico é invaginada por vasos sanguíneos para formar uma cápsula glomerular. MOORE et al, 2016 Metanefro ou os primórdios dos rins permanentes: começam a se desenvolver na quinta semana e se tornam funcionais aproximadamente 4 semanas mais tarde. A formação de urina continua durante toda a vida fetal; a urina é excretada para dentro da cavidade amniótica e forma um dos componentes do líquido amniótico. Os rins se desenvolvem a partir de duas fontes: o broto uretérico (divertículo metanéfrico) e o blastema metanefrogênico (massa metanéfrica de mesênquima). O broto uretérico é um divertículo (evaginação) do ducto mesonéfrico próximo da sua entrada na cloaca. O blastema metanefrogênico é derivado da parte caudal do cordão nefrogênico. À medida que o broto uretérico se alonga, ele penetra no blastema, uma massa de mesênquima metanéfrica. O pedículo do broto uretérico se torna o ureter. A parte cranial do broto sofre ramificação repetitiva, resultando na diferenciação do broto nos túbulos coletores. As quatro primeiras gerações de túbulos aumentam e se tornam confluentes para formar os cálices maiores. As segundas quatro gerações coalescem para formar os cálices menores. A extremidade de cada túbulo coletor arqueado induz uma coleção de células mesenquimais no blastema metanefrogênico a formarem pequenas vesículas metanéfricas. Essas vesículas se alongam e se tornam túbulos metanéfricos. Figura 4. Desenvolvimento do rim permanente. A, Vista lateral de um embrião de 5 semanas, mostrando o broto uretérico, o primórdio do metanefro. B-E, Estágios sucessivos do desenvolvimento do broto uretérico (quinta à oitava semanas). Observe o desenvolvimento do rim, ureter, pelve renal, cálices e túbulos coletores. MOORE et al, 2016 À medida que ocorre ramificação, algumas das células do mesênquima metanéfrico se condensam e formam uma capa de células de mesênquima; estas sofrem transição de mesenquimais para epiteliais e se desenvolvem na maior parte do epítélio do néfron. As extremidades proximais dos túbulos são invaginadas pelos glomérulos. Os túbulos se diferenciam em túbulos contorcidos proximal e distal; a alça do néfron (alça de Henle) e, junto com o glomérulo e a cápsula glomerular, constituem um néfron. Cada túbulo contorcido distal faz contato com um túbulo coletor arqueado e os túbulos se tornam confluentes. Um túbulo urinífero consiste em duas partes embriologicamente diferentes: um néfron, derivado do blastema metanefrogênico e um túbulo coletor, derivado do broto uretérico. Entre a 10ª e a 18ª semanas, o número de glomérulos aumenta gradualmente e a seguir aumenta rapidamente até a 36ª semana, quando atinge um limite superior. A formação de néfrons está completa ao nascimento, com cada rim contendo até 2 milhões de néfrons, embora esse número possa variar por um fator de 10 Figura 5. Desenvolvimento dos néfrons. A, nefrogênese começa na 8ª semana. B/C, túbulos metanéfricos se conectam com os túbulos coletores para formar os túbulos uriníferos. D, os néfrons são derivados do blastema metanefrogênico e os túbulos coletores são derivados do broto uretérico. MOORE et al, 2016 2. DESCREVA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DA BEXIGA E DA URETRA. Para fins descritivos, o seio urogenital é dividido em três partes: uma parte vesical que forma a maior parte da bexiga urinária e é contínua com a alantoide; uma parte pélvica que se torna a uretra no colo da bexiga (a parte prostática da uretra em homens e a uretra inteira em mulheres); uma parte fálica que cresce na direção do tubérculo genital primórdio do pênis ou do clitóris A bexiga se desenvolve principalmente a partir da parte vesical do seio urogenital. O epitélio inteiro da bexiga é derivado do endoderma da parte vesical do seio urogenital, ou parte ventral da cloaca. As outras camadas da sua parede se desenvolvem do mesênquima esplâncnico adjacente. Inicialmente, a bexiga é contínua com a alantoide, a membrana fetal desenvolvida a partir do intestino posterior. A alantoide logo se constringe e se torna um cordão fibroso espesso, o úraco. Ele se estende do ápice da bexiga ao umbigo. Em adultos, o úraco é representado pelo ligamento umbilical mediano. Figura 6. A, Vista lateral (5ª semana) divisão da cloaca pelo septo formando o seio urogenital e o reto. C, E, G e H (12ª semana), Vistas laterais mostrando o desenvolvimento dos rins e da bexiga e as mudanças na localização dos rins. MOORE et al, 2016 À medida que a bexiga aumenta, partes distais dos ductos mesonéfricos são incorporadas à sua parede dorsal. Esses ductos contribuem para a formação do tecido conjuntivo no trígono da bexiga. Como esses ductos são absorvidos, os ureteres se abrem separadamente para dentro da bexiga urinária. Em parte, por causa da tração exercida pelos rins à medida que eles ascendem, os orifícios dos ureteres se movem superolateralmente e entram obliquamente através da base da bexiga. Nos homens, os orifícios dos ductos movem-se juntos e entram na parte prostática da uretra à medida que as extremidades caudais dos ductos se tornam os ductos ejaculatórios. Nas mulheres, as extremidades distais dos ductos mesonéfricos degeneram-se. Em bebês e crianças, a bexiga urinária, mesmo quando vazia, situa-se no abdome. Ela começa a entrar na pelve maior por volta dos 6 anos de idade; entretanto, a bexiga só entra na pelve menor e se torna um órgão pélvico após a puberdade. O ápice da bexiga em adultos é contínuo com o ligamento umbilical mediano, que se estende posteriormenteao longo da superfície posterior da parede abdominal anterior URETRA O epitélio da maior parte da uretra masculina e da uretra feminina inteira é derivado do endoderma do seio urogenital. A parte distal da uretra na glande do pênis é derivada de um cordão sólido de células ectodérmicas, o qual cresce para dentro a partir da extremidade da glande do pênis e se une ao resto da uretra esponjosa. Consequentemente, o epitélio da parte terminal da uretra é derivado do ectoderma da superfície. O tecido conjuntivo e o músculo liso da uretra em ambos os sexos são derivados do mesênquima esplâncnico. Figura 7. Secções longitudinais esquemáticas do pênis em desenvolvimento ilustrando o desenvolvimento do prepúcio e a parte distal da uretra esponjosa. A, 11 semanas. B, 12 semanas. C, 14 semanas. MOORE et al, 2016 3. DESCREVA O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DAS GLÂNDULAS SUPRARRENAIS. O córtex e a medula das glândulas suprarrenais (glândulas adrenais) têm origens diferentes. O córtex se desenvolve a partir do mesênquima e a medula se desenvolve a partir de células da crista neural. Durante a sexta semana, o córtex começa como uma agregação de células mesenquimais em cada lado do embrião entre a raiz do mesentério dorsal e a gônada em desenvolvimento. As células que formam a medula são derivadas de um gânglio simpático adjacente, o qual é derivado de células da crista neural. Figura 8. Desenvolvimento das adrenais. A, 6 semanas, primórdio mesodérmico do córtex embrionário. B, 7, mostrando a adição de células da crista neural. C, 8, córtex fetal e o córtex permanente inicial começando a encapsular a medula. D e E, posterior encapsulação da medula pelo córtex. F, Glândula de um recém- nascido. G, com 1 ano, o córtex quase desapareceu. H, aos 4 anos; padrão adulto das zonas corticais. Note que o córtex desapareceu e a glândula é muito menor do que era ao nascimento (F). MOORE et al, 2016 Inicialmente, as células da crista neural formam uma massa no lado medial do córtex embrionário. À medida que elas são rodeadas pelo córtex, as células se diferenciam nas células secretoras da medula suprarrenal. Posteriormente, mais células mesenquimais se originam do mesotélio (uma camada única de células achatadas) e envolvem o córtex. Essas células dão origem ao córtex permanente da glândula suprarrenal. Estudos imuno-histoquímicos identificaram uma “zona transicional” que é localizada entre o córtex permanente e o córtex fetal. Foi sugerido que a zona fasciculada é derivada dessa terceira camada. A zona glomerulosa e a zona fasciculada estão presentes ao nascimento, mas a zona reticular não é reconhecível até o término do terceiro ano. Em relação ao peso corporal, as glândulas suprarrenais do feto são 10 a 20 vezes maiores que as glândulas adultas e são grandes em comparação com os rins. Essas grandes glândulas resultam do tamanho extenso do córtex fetal, o qual produz precursores esteroides que são usados pela placenta para síntese de estrogênio. A medula suprarrenal permanece relativamente pequena até o nascimento. A glândulas suprarrenais rapidamente se tornam menores à medida que o córtex fetal regride durante o primeiro ano da infância. As glândulas perdem aproximadamente um terço do seu peso durante as primeiras 2 a 3 semanas do período neonatal, e elas não recuperam o seu peso original até o fim do segundo ano. 4. COM RELAÇÃO AS ANOMALIAS CONGÊNITAS RENAIS, AS MAIS COMUNS SÃO AS ALTERAÇÕES NA FORMA E NA POSIÇÃO RENAIS. EXPLIQUE A BASE EMBRIOLÓGICA DAS SEGUINTES ALTERAÇÕES: - AGENESIA RENAL (UNILATERAL E BILATERAL) Agenesia (ausência) renal unilateral ocorre aproximadamente uma vez em cada 1.000 recém-nascidos. Homens são afetados mais frequentemente que mulheres, e o rim esquerdo é, em geral, o que está ausente. A agenesia renal unilateral muitas vezes não causa sintomas e, geralmente, não é descoberta durante a infância porque o outro rim usualmente sofre hipertrofia compensatória e executa a função do rim que está faltando. Deve-se suspeitar de agenesia renal unilateral em bebês com uma única artéria umbilical Figura 9. 1º Raio X abdominal, detectando agenesia unilateral. 2º Raio X abdominal, detectando agenesia bilateral (Fonte: Malformaciones congénitas: Diagnóstico y manejo neonatal) C, feto masculino dissecado com agenesia bilateral (Fonte: MOORE et al, 2016) Agenesia renal bilateral é associada ao oligoidrâmnio, uma condição que se desenvolve porque pouca ou nenhuma urina é excretada para a cavidade amniótica. Essa condição ocorre aproximadamente uma vez em 3.000 nascimentos e é incompatível com a vida pós-natal. Cerca de 20% dos casos de síndrome de Potter são causados por agenesia renal bilateral. Bebês com agenesia renal bilateral geralmente morrem logo após o nascimento de hipoplasia pulmonar que leva à insuficiência respiratória. A agenesia renal resulta quando os brotos uretéricos não se desenvolvem ou os primórdios (pedículos dos brotos) dos ureteres degeneram. A falha dos brotos em penetrar no blastema metanefrogênico resulta em falha do desenvolvimento do rim porque os néfrons não são induzidos pelos túbulos coletores a se desenvolverem a partir do blastema. A agenesia renal provavelmente tem uma causa multifatorial. Há evidência clínica de que a involução in utero completa de rins policísticos (muitos cistos) poderia levar à agenesia renal, com um ureter com uma terminação cega no mesmo lado. - RIM ECTÓPICO Um ou ambos os rins podem estar em posição anormal. A maioria dos rins ectópicos estão localizados na pelve, mas alguns ficam na parte inferior do abdome. Rins pélvicos e outras formas de ectopia resultam da falha dos rins em ascender. Rins pélvicos são próximos um do outro e usualmente se fundem para formar um rim discoide (“panqueca”). Rins ectópicos recebem seu suprimento sanguíneo de vasos sanguíneos perto deles (artérias ilíacas internas ou externas e/ou aorta abdominal). Eles são frequentemente supridos por vários vasos. Às vezes, um rim cruza para o outro lado, resultando em ectopia renal cruzada e 90% desses rins são fundidos. Um tipo incomum de rim anormal é o rim fundido unilateral. Nesses casos, os rins em desenvolvimento se fundem após deixarem a pelve, e um rim atinge sua posição normal, carregando consigo o outro rim Figura 10. Fonte: Kenneth L. Botrager, MA, RT (R) Tratado de Técnica Radiológica e Base Anatômica. - RIM EM FERRADURA Em 0,2% da população, os polos dos rins são fundidos; usualmente são os polos inferiores que se fundem. O grande rim em forma de U geralmente se localiza na região púbica, anterior às vértebras lombares inferiores. A ascensão normal dos rins fundidos é impedida porque eles ficam presos pela raiz da artéria mesentérica inferior Figura 11. Seta amarela: Rim em ferradura, imagem por ressonância (fonte desconhecida). A, Rim em ferradura no abdome inferior de um feto. B, TC com contraste do abdome de um bebê com rim em ferradura. Istmo (vascular) de tecido renal (linha vertical grossa) conectando os rins direito e esquerdo imediatamente anterior à aorta (seta) e veia cava inferior (Fonte: MOORE et al, 2016) - DUPLICAÇÃO DE URETER E PELVE RENAL Duplicações da parte abdominal do ureter e pelve renal são comuns. Esses defeitos resultam da divisão anormal do broto uretérico. A divisão incompleta resulta em um rim dividido com um ureter bífido. A divisão completa resulta em um rim duplo com um ureter bífido ou ureteres separados. Um rim supranumerário com seu próprio ureter, o que é raro, provavelmente resulta da formação de dois brotos uretéricos Figura 12. Um rim duplo com dois ureteres e duas pelves renais. C, urografia intravenosa mostrando duplicação do rim e ureter direitos em um menino de 10anos. As extremidades distais do ureter direito são fundidas ao nível da primeira vértebra sacral. (Fonte: MOORE et al, 2016)
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