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PROVA TRIBUTÁRIO II

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1- Conceitue e diferencie: imunidade, isenção, alíquota 0%, não incidência 
moratória, remissão e anistia 
Imunidade 
Imunidade, limitação ao poder de tributar elencada, elegida, trazida pelo legislador 
constitucional, de acordo com os termos do art. 150, VI, não fazem contra ela fato 
gerador ou hipótese de incidência, não tem obrigação tributária, não existe tributo ou 
imposto em face dessas entidades, é uma exoneração constitucional. A Carta 
Magna coloca de fora do campo tributário determinados bens, patrimônio, serviços 
ou pessoas. Como exemplo, temos o art. 150, VI, b, que trata da imunidade dos 
templos de qualquer culto em relação à instituição de impostos. A imunidade é 
incondicional e sempre indeterminada, a imunidade está prevista na constituição. 
Isenção 
 Está previsto no art. 175, I do CTN com cláusula de exclusão, quer dizer que a 
obrigação tributária vai nascer do encontro do fato gerador com hipótese de 
incidência, no entanto outra lei prevista no art. 150, VI da CF, diz que irá afastar 
essa obrigação ,ou seja afasta-se a possibilidade de lançamento, desde que o 
contribuinte cumpra alguns requisitos, a isenção é condicional, que poderá ser dada 
por tempo determinado ou por tempo indeterminado e sempre prevista em lei, ou 
seja renúncia fiscal de parcela tributária vincenda. 
Segundo o art. 175, I do CTN, a Isenção é uma das modalidades de exclusão do 
crédito tributário. Para o STF trata-se da incidência de uma norma tributária sobre o 
fato gerador, fazendo nascer a obrigação tributária, porém esta é remida pela 
atuação posterior de uma norma isencional. Em outras palavras, para a Suprema 
Corte, a isenção é a dispensa legal de um tributo devido. 
Remissão 
Renúncia fiscal de parcela tributária vencida, por tanto a remissão não é cláusula de 
exclusão, sim extinção do crédito tributário atingindo única e exclusivamente o 
imposto atrasado, os juros e a correção, está prevista em lei, poderá ter força total 
ou parcial, não se fala sobre multa. consiste em uma das formas de extinção do 
crédito tributário (art. 156, IV). Trata-se do perdão fazendário de um débito tributário 
– é o perdão do tributo lançado e seus acréscimos legais moratórios. Ou seja, é o 
perdão legal do débito tributário ou dispensa legal do pagamento de valor 
superveniente. 
Alíquota 0% 
É permissão dada pela constituição em favor do poder executivo quando estiver 
diante de impostos de natureza extra fiscal previstos no 153,III da constituição, é 
instrumento de benefício fiscal dado via decreto e medida provisória, portanto não é 
necessário passar pelo processo administrativo, por existir autorização legal, para 
estimular o comportamento da economia, temos fatos gerador e hipótese de 
incidência, obrigação tributária e lançamentos este com crédito no valor de 0% pois 
a alíquota que o gera é de 0%. A alíquota corresponde ao percentual %de sobre a 
base de cálculo, para se determinar o valor de um tributo. não significa não 
incidência ou isenção, apenas que o ente tributante (Governo Federal, Estado ou 
Município) definiu que a tributação daquela operação ou produto seria zerada, 
visando uma política econômica provisória de incentivo ao consumo 
Não incidência 
São todos os atos e fatos de negócio jurídico praticados pelo contribuinte não 
previstos em qualquer regra de incidência tributária, determinado ato praticado pelo 
contribuinte que não esteja previsto em uma hipótese de incidência. a não-incidência 
é a impossibilidade de abrangência no que diz respeito ao aspecto material de se 
constituir o tributo, podendo, e devendo, ser deduzida por tão-somente uma simples 
questão explicativa. Não há a ocorrência do fato gerador, consequentemente, 
portanto não enseja a relação-jurídico tributária. 
Moratória 
Prevista no art. 154, CTN, diz que, em regra, a moratória só se aplica aos créditos já 
constituídos quando da data da moratória. não aproveita aos casos de dolo, fraude 
ou simulação do sujeito passivo ou do terceiro em benefício daquele (art. 154, 
parágrafo único do CTN) e em caso de moratória individual, a concessão não 
constitui direito adquirido (art. 155 do CTN). Logo, pode ser revogada quando 
descumpridos os requisitos. versa sobre a dilação do prazo para pagamento do 
tributo. Logo, uma vez concedida, tem-se a extensão do prazo para adimplemento 
da obrigação tributária. Temos por espécies de moratória: Moratória geral, especial, 
autônoma, heterônoma. 
Anistia 
Está previsto no art. 175, II CTN, decorre de lei, o perdão da falta cometida pelo 
infrator de deveres tributários e da penalidade a ele imposta por ter infringido 
mandamento legal, também é uma modalidade de exclusão do crédito tributário. 
Aqui, quando há inadimplemento por parte do contribuinte, haverá a ocorrência da 
multa e, a anistia consiste justamente no perdão dessa multa. 
 
2- A União concedeu à empresa Madeira Boa S.A., a partir de 1.º/1/2005 e com base 
em lei então vigente, a isenção de determinado imposto, pelo período de 10 anos, 
sob a condição de que a empresa mantivesse projeto de reflorestamento de mil 
hectares de terra por ano. Nessa situação, caso a União tivesse revogado, em julho 
de 2008, a mencionada lei, a partir de que mês a empresa deixaria de gozar da 
mencionada isenção? Fundamente sua resposta. 
R- A empresa Madeira Boa S.A. tem o direito adquirido de usufruir da isenção 
concedida pela União pelo período de 10 anos, desde que cumpra com a condição 
prevista na lei. A isenção concedida, foi por prazo certo 10 anos e sob determinadas 
condições manutenção de projeto de reflorestamento de mil hectares de terra por 
ano. É a isenção onerosa. Eventual revogação da isenção será aplicável à 
contribuinte somente após esse período (depois de 01/01/2015), observado o 
princípio da anterioridade, no caso de impostos sobre a renda ou sobre a 
propriedade, art. 104, III, do CTN. A regra geral é a isenção poder ser revogada por 
lei a qualquer tempo conforme dispõe o art. 178 do CTN. Já no tocante às isenções 
onerosas, o entendimento do STF é que referidas isenções não podem ser 
livremente suprimidas (Súmula 544), pois conferidas por prazo certo e sob 
determinadas condições geram direito adquirido à fruição do benefício pelo prazo 
estipulado para aqueles que cumpram as condições previstas na lei. 
3 – (1,5 PONTOS) Pela análise do art. 40 e §§, da Lei nº. 6830/80 (LEF), bem como, 
o REsp Repetitivo nº. 1.340.553, responda aos seguintes questionamentos: 
A) A suspensão da execução fiscal e a contagem do prazo de prescrição 
intercorrente são decretados a partir de despacho do Juiz neste sentido? 
Fundamente. (0,5 ponto). 
O prazo de 5 anos tem início imediato a partir do escoamento do prazo de 1 ano de 
suspensão da Execução Fiscal; e uma vez transcorrido o prazo prescricional, depois 
de ouvida a Fazenda Pública, o juiz poderá reconhecer a prescrição de ofício. 
Passado o prazo de 1 ano da determinação de suspensão dos autos, inicia-se o 
prazo de 5 anos, após o qual será considerada a prescrição intercorrente da 
execução fiscal, conforme Súmula nº 314 do Superior Tribunal de Justiça: 
Súmula 314 do STJ: Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, 
suspende-se o processo por um ano, findo o qual se inicia o prazo da prescrição 
quinquenal intercorrente. 
Se, dentro do prazo de 5 anos, contados após findo o prazo de suspensão de 1 ano 
do despacho que determinou o arquivamento do feito, a Fazenda, enquanto 
Exequente, não requereu o seu desarquivamento, nem solicitou nenhuma nova 
providência para localização de bens do devedor, fica caracterizada a sua falta de 
interesse em dar andamento ao feito, fundamento da prescrição intercorrente. 
B) Em que momento será determinado o prazo de suspensão da execução fiscal de 
1 (um) ano? (0,5 ponto). 
Desde que não seja possível encontrar o devedor ou bens sobre os quais poderia 
recair a penhora, a Fazenda Pública poderáse utilizar da prerrogativa inserida no 
caput do seu art. 40, requerendo a suspensão do processo. 
C) Os pedidos realizados pela Fazenda Pública para fins de constrição patrimonial 
(BACEN-JUD, RENAJUD, INFOJUD, Cartório de Registro de Imóveis) em face do 
devedor (contribuinte executado), que não resultem frutíferos, ou seja, que não 
conseguem mapear possibilidade de penhora são suficientes para a interrupção do 
prazo de suspensão da execução fiscal ou de prescrição intercorrente? (0,5 ponto). 
 Assim, decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano da suspensão da execução, o 
juízo poderá ordenar o arquivamento dos autos em cartório, nos termos do 
parágrafo 2º do artigo 40 da lei 6830/80, até o momento em que fossem encontrados 
o devedor ou seus bens, ocasião em que os autos seriam desarquivados dando-se 
prosseguimento normal à execução. (parágrafo 3º do artigo 40 da lei 6830/80). 
 
4 – (2,0 PONTOS) Em 15/05/2010, a pessoa jurídica “BETA” foi autuada pelo Fisco 
Estadual pela falta de declaração e não recolhimento (nada recolheu) de ICMS, 
referente ao mês de 02/2005, tendo prazo de 30 dias para pagamento ou 
apresentação de “impugnação ao lançamento” que venceria em 16/06/2010. 
Entretanto, em 15/06/2010 a empresa optou por apresentar a respectiva defesa, 
sendo que em 22/08/2018, houve o trânsito em julgado administrativo, que manteve 
o lançamento por seus próprios fundamentos. Logo, em 30/08/2018, a empresa foi 
notificada da constituição definitiva do crédito tributário. Dessa maneira, o Fisco 
Estadual promoveu a inscrição em dívida ativa em 30/12/2018, sendo que a 
Procuradoria Estadual ajuizou a respectiva execução fiscal em 25/06/2020. O 
despacho que ordena a citação se deu 29/07/2025. Devidamente citada, a empresa 
apresenta garantia ao Juízo de Execução e oferece embargos à execução fiscal 
alegando, entre outros pontos, a preliminar de prescrição do direito de cobrar o 
crédito tributário, nos termos do art. 174, do CTN. Tendo em vista que a situação 
hipotética acima responda: 
A) Como se dá a contagem do prazo decadencial no caso acima? Por quê? 
Fundamente. (0,5 ponto). 
Não tem mais o direito, pois já prescreveu, tendo passado o prazo de 5 anos 
contados da data de sua constituição definitiva. No entendimento da súmula 555 do 
STJ, quando não houver declaração do débito, o prazo decadencial quinquenal para 
o fisco constituir o crédito tributário conta-se exclusivamente na forma do art. 173,I 
do CTN nos casos em que a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de 
antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa. 
B) O que houve com o crédito tributário (ICMS) entre 15/06/2010 e 30/08/2018?Por 
quê? Fundamente. (0,5 ponto). 
Como já houve a prescrição do direito de pedir o ICMS, nada aconteceu, pois já 
ocorreu o prazo prescricional. 
C) Analisando a peça de defesa (embargos à execução) apresentada pela pessoa 
jurídica “BETA”, assiste razão quanto a alegação de prescrição, nos termos do art. 
174, do CTN? Fundamente. (1,0 ponto). 
Nesse caso assiste razão quanto a alegação da prescrição, pois já passou o 5 anos 
na qual prescreveu o direito de pedir conforme o art.175 do CTN. 
5 – (2,5 PONTOS) O Fisco Federal apresentou execução fiscal em face da pessoa 
jurídica “ABC”, no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), na data de 22/06/2020. Ao 
realizar o RENAJUD (pesquisa de veículos cadastrados – RENAVAM - no CNPJ da 
empresa), encontrou caminhão “SCANIA” no valor de R$ 70.000,00 (setenta mil 
reais). Devidamente intimada da penhora, a pessoa jurídica “ABC” se dirigiu à 
Receita Federal do Brasil e ao portal “REGULARIZE” da Procuradoria Geral da 
Fazenda Nacional – PGFN e realizou o parcelamento da dívida total em 60 
(sessenta) meses. Ato contínuo, peticionou junto ao Juízo da Execução Fiscal e 
requereu a liberação do veículo penhorado, uma vez que, confessou e parcelou o 
montante devido. Diante da situação hipotética, responda: 
A) Tomando por base que a penhora realizada teve resultado parcial – de R$ 200 
mil executados penhoraram bem de R$ 70 mil – corre prazo prescricional em face do 
saldo remanescente(R$ 130.000,00)? Por quê? (0,5 ponto). 
Nesse caso não corre o prazo prescricional, pois ocorreu o parcelamento da dívida. 
B) Qual o efeito gerado na execução fiscal e no crédito tributário executado pelo 
Fisco Federal, na hipótese do parcelamento? A execução fiscal poderá ser extinta? 
(1,0 ponto). 
De acordo com o art. 916 do CPC, o executado, no prazo para opor embargos, 
poderá reconhecer o crédito do exequente e, comprovando o depósito de 30% (trinta 
por cento) do valor da dívida, poderá requerer seja permitido pagar o valor restante 
em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e de juros de 
1% (um por cento) ao mês. 
A opção do executado pelo parcelamento importa renúncia ao direito de opor 
embargos à execução (CPC, art. 916, § 7º). Sendo assim, o executado deve optar 
entre a oposição dos embargos ou o pedido de parcelamento, uma vez que uma 
conduta exclui a outra. O parcelamento é causa de suspensão do processo 
execução fiscal, independentemente da natureza tributária ou não tributária da 
dívida. 
O descumprimento do acordo de parcelamento cessa a suspensão da exigibilidade 
do crédito, e não havendo outra hipótese de suspensão, o prosseguimento da 
execução é retomado. Portanto não existe vedação legal quanto ao parcelamento do 
débito na ação de execução fiscal. 
C) O parcelamento realizado pela empresa “ABC” tem o condão de desconstituir a 
penhora realizada sobre o veículo “SCANIA”? Porquê? (1,0 ponto). 
Nesse entendimento não tem condão para destituir a penhora do veículo, uma vez 
que o proprietário realizou o parcelamento da dívida total, e esta foi feita após a 
execução da dívida para isso ele precisa dentro do prazo comprovar o depósito de 
no mínimo 30%da dívida. 
Nesse sentido o entendimento da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça 
reconhece a constitucionalidade dos artigos 10 e 11 da Lei 11.941/2009, que 
estabelece condições para parcelamentos. A maioria dos ministros avaliou que a 
liberação só é possível quando ainda não tenha sido aplicada a execução judicial.

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