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Brenda Amengol 1 TRABALHO DE DIREITOS REAIS 1 – Hélio realizou um contrato de compra e venda com o José para aquisição de um lote de 500 metros quadrados na cidade de Lagoa Santa/MG. Foi combinado que esse lote seria pago pelo Hélio em 100 prestações de R$1.000,00, e que, uma vez quitado, José passaria a escritura para o devido registro da transferência do imóvel. Na 50° prestação o Hélio passou por dificuldades e parou de pagar o lote. Ocorre que, a essa altura, ele (Hélio) já havia adquirido materiais de construção e construído uma bela casa nesse lote. José, diante da inadimplência, pediu a rescisão do contrato e a restituição da posse do imóvel. - Qual é a possível defesa juridicamente viável para que o pedido inicial não seja acolhido e, com isso, Hélio permaneça com o direito de adquirir o lote? Fundamente. RESPOSTA: Poderá ser alegado pela defesa que o valor da construção da casa ultrapassou o valor do terreno, conforme previsão no artigo 1255, parágrafo único, do Código Civil, aquele que de boa-fé, edificou a propriedade, e a construção excedeu consideravelmente o valor do terreno, este adquirirá a propriedade, indenizando o proprietário do terreno, seja por uma valor fixado judicialmente ou por um acordo. 2 – Antônio, confundindo-se, estendeu a construção de sua casa pelo terreno do seu vizinho Joaquim. Essa área do vizinho afetada pela construção não ultrapassou nem 10 metros quadrados do total de 1000 metros quadrados do lote do Joaquim. - Joaquim exige que o Antônio desfaça a construção, ao menos na parte invadida. Joaquim pode exigir essa obrigação de Antônio? Fundamente. RESPOSTA: Não. Como bem disciplina o artigo 1.258 do Código Civil, Antônio, por ser construtor de boa-fé que invadiu terreno vizinho com edificação em área não superior a 5%, adquire a propriedade da parte do solo invadido mediante indenização que abarcará o valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente. Dessa forma, Joaquim pode exigir o pagamento da indenização devida. 3 – Aponte e explique os requisitos da usucapião especial urbana por abandono do lar conjugal. RESPOSTA: A lei 12. 424/2011, introduziu a Usucapião Especial Urbana por abandono do lar conjugal, ou Usucapião Familiar, ou até mesmo Usucapião de Meação ou Usucapião Sansão. O artigo1.240-A CC desta lei, foi advindo do programa “Minha casa. Minha vida”, que estabeleceu que aquela família que foi abandonada por seu cônjuge ou companheiro poderá pleitear o direito de usucapir o bem onde mora, afim de garantir uma moradia digna. Dessa forma, para sua caracterização é preciso que haja o respeito aos requisitos legais e aos princípios que dela decorrem. Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex- cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o Brenda Amengol 2 para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011) § 1o O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. Assim, seus requisitos são: área não superior a 250 m² (urbana), “posse ad usucapionem” direta que é de 2 (dois) anos, condomínio com ex-cônjuge ou companheiro (inclusive homoafetivo), imóvel destinado para moradia do possuidor ou de sua família, o possuidor não pode ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural e esse direito não pode ser reconhecido mais de uma vez ao mesmo possuidor. É perceptível que os requisitos são objetivos, entretanto, há discussões doutrinárias gerais, por exemplo, sobre a metragem em cidades grandes. Essa metragem possui grande valor imobiliário o que pode vir acarretar algumas discussões posteriores, basta a posse pelo período de dois anos, sendo o abandono do lar elemento essencial -há também discussões quanto a esse abandono, uma vez que não é o fato de simplesmente “sair de casa” é a conduta de deserção do lar conjugal-; o possuidor não poderá ser proprietário de outro imóvel, requisito esse que deixa claro se tratar de um único imóvel e somente será possível beneficiar uma vez com o instituto. Julgados: EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE DIVÓRCIO – REGIME DA COMUNHÃO PARCIAL DE BENS – PARTILHA DE IMÓVEL – ABANDONO DE LAR CONFIGURADO – DECURSO DE MAIS DE DOIS ANOS EM POSSE MANSA E PACÍFICA – DEFERIMENTO DO DOMÍNIO EXCLUSIVO EM FAVOR DA CÔNJUGE QUE PERMANECEU HABITANDO O IMÓVEL – MANUTENÇÃO DA SENTENÇA – RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO – DECISÃO UNÂNIME. (Tribunal de Justiça de Sergipe TJ-SE – Apelação Cível – AC 0006984-14.2017.8.25.0040 – 1ª CÂMARA CÍVEL – 13/08/2019). EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. EXTINÇÃO DE CONDOMÍNIO. USUCAPIÃO FAMILIAR. NÃO CABIMENTO AO CASO EM TELA. ABANDONO DO LAR NÃO CARACTERIZADO. EX CÔNJUGE QUE DEIXOU A RESIDÊNCIA APÓS HOMOLOGAÇÃO DA DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. UNANIMIDADE. (Tribunal de Justiça de Sergipe TJ-SE – Apelação Cível: AC 0000662- 41.2018.8.25.0040- 1ª CÂMARA CÍVEL– 12/02/2019). 4 – Hélio preenche, em tese, todos os requisitos da usucapião especial urbana individual, menos o que determina que ele não pode ser proprietário de outro Brenda Amengol 3 imóvel. Nessa situação, é correto afirmar que Hélio não poderá usucapir, de forma alguma, esse imóvel que hoje possui? RESPOSTA: A usucapião especial urbana individual, também conhecido como usucapião “pro misero”, é regulamentada pela CR/88, em seu artigo 183 e art. 1240, CC, onde colocam como requisitos a posse sem oposição do proprietário, prazo igual ou superior a 5 anos, área urbana de até 250m², não podendo Hélio ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural e utilizar o imóvel para a sua moradia ou de sua família. Ademais, há algumas vedações no que diz respeito à posse, proibindo que o novo possuidor, no caso Hélio, detenha esse direito mais de uma vez e que haja usucapião de bens públicos, no entanto, Hélio não poderá usucapir nesta modalidade outro imóvel urbano, mas se for em outra modalidade, poderá sim usucapir. 5 - Explique, de acordo com o Código Civil, como se dá a aquisição de imóveis através do registro. RESPOSTA: De acordo com os artigos 1245, 1246 e 1247 do Código Civil, a aquisição de propriedade imóvel através do registro do título se dá pela transferência entre vivos da propriedade mediante o registro do título no Registro de Imóveis competente. Enquanto não houver registro do título, o qual deve ser público, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel. Caso haja problema no registro, deverá o interessado pedir a retificação ou anulação do mesmo. Cancelado o registro, o proprietário poderá reivindicar o imóvel, independente da boa-fé ou da existência de título de terceiro adquirente.
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