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ASPECTOS ANATÔMICOS • O apêndice cecal é um pequeno órgão de 5 a 10 cm de comprimento. • Canto inferior direito do abdômen. • Comunica com a primeira porção do intestino grosso (ceco) em fundo cego, como uma via sem saída. • Tem formato cilíndrico com diâmetro de 7 mm. • Função é controversa, sendo parte do sistema de defesa do organismo contra infecções, mas tendo uma função apenas residual quando comparado aos nossos antepassados e outros animais onde importanta no processo da digestão dos alimentos. CAUSAS DA APENDICITE AGUDA • Inflamação aguda (recente) do apêndice cecal. • Obstrução da parte interna (luz). • É uma das principais causas de dor abdominal, sendo a causa mais frequente de cirurgia de urgência em todo o mundo. • Fezes entram e saem do apêndice sem problemas, porém às vezes pode ocorrer uma obstrução da comunicação do apêndice com o intestino grosso. (coprolito ou fecalito). • Sementes de frutas, pequenos vermes ou, mais raramente, alguns tumores. • Obstrução do apêndice - bactérias no seu interior se multiplicam - inflamam - apendicite. • Apendicite: resultado da obstrução da luz do apêndice, tipicamente por hiperplasia linfoide, mas ocasionalmente por fecálito, corpo estranho ou até mesmo helmintos. • Distensão, hipercrescimento bacteriano, isquemia e inflamação: necrose, gangrena e perfuração. • Perfuração for contida pelo omento: abscesso local. SINTOMAS • Mal estar, náuseas. • Anorexia (perda do apetite). • Dor abdominal alta: inicialmente mal localizada e difusa, que com o passar das horas se localiza bem no quadrante inferior direito do abdômen (quadro clínico típico). • Prostração e febre (quadros mais avançados em geral). • O quadro clínico: perda do apetite, seguido de dor abdominal difusa e mal localizada. O intestino reduz seus movimentos e se distende por gases, podendo surgir náuseas e cólicas abdominais. Após 12-24h a dor passa a se localizar no quadrante inferior direito do abdome. • Sem tratamento: febre pode indicar apendicite supurada, e ocorre em geral nos casos de doença mais avançada. • A seguir, se houver contaminação de toda a cavidade abdominal com o processo infeccioso (peritonite difusa), o paciente apresentará dor abdominal difusa mais forte, que piora aos movimentos bruscos ou ao caminhar. EPIDEMIOLOGIA • Principal causa de abdômen agudo. • Aumento da incidência entre 15 e 19 anos. • 1,4 (homens) : 1 (mulheres) . • Risco durante a vida: 8,6% (homens) e 6,7 % (mulheres). SINAIS • Ponto de Mcburney: Dor à palpação e à descompressão no quadrante inferior direito (junção dos terços médio e lateral da linha que parte da cicatriz umbilical até a crista ilíaca superior). • Sinal de Rovsing: dor no quadrante inferior direito à palpação do quadrante inferior esquerdo. • Sinal do Psoas: aumento da dor causada pela extensão passiva da articulação do quadril direito que estica o músculo iliopsoas. • Sinal do Obturador: dor causada pela rotação interna passiva da coxa flexionada. • Febre baixa (temperatura retal de 37,7 a 38,3° C • < 50% dos pacientes • Dor pode não ser localizada, em particular em crianças e lactentes. Pode ser difusa ou, em raras ocasiões, ausente. • As evacuações costumam ser menos frequentes ou ausentes. • Diarreia é um sinal: suspeitar de apêndice retrocecal. • Pode haver leucocitúria e hematúria. • Sintomas atípicos: comuns em idosos e grávidas; particularmente, a dor é menos intensa e a dor à descompressão localizada é menos frequente. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Enterite bacteriana ou viral • Adenite mesentérica • Pielonefrite • Litíase renal • Doença de Crohn • Colecistite • Diverticulite de Meckel • Diverticulite cecal • Diverticulite sigmoide • Pancreatite aguda • Gravidez ectópica • Cisto ovariano roto • Torção ovário • Salpingite aguda • Abscesso tubo-ovariano CONTEXTUALIZAÇÃO Apendicite aguda: principal causa de abdome agudo cirúrgico em todo o mundo, com uma prevalência de aproximadamente 7% na população. Pico de incidência: 10-14 anos no sexo feminino e entre 15- 19 anos no sexo masculino. Tratamento escolha: APENDICECTOMIA. • Diagnóstico definitivo. • Reduz risco de complicações: perfuração, sepse e óbito. O fator causal: • Obstrução luminal: hiperplasia linfoide mais comum < 20 anos. • Obstrução por fecalito: Idosos. DIAGNÓSTICO • História clínica • Exames de laboratório: leucocitose com desvio, infecção urinária • Ecografia abdominal • Tomografia computadorizada de abdômen • Sinal de Blumberg caracterizado por dor ou piora da dor à compressão e descompressão súbita no ponto de McBurney (localizado no entre os terços médio e distal de uma linha traçada da cicatriz umbilical até a crista ilíaca anterossuperior). • Sinal de Rovsing, ou seja, dor em quadrante inferior direito após compressão do quadrante inferior esquerdo. EXAME FÍSICO Sinal do Psoas: Sinal do Obturador: EXAMES LABORATORIAIS • Hemograma: o Leucocitose – 11000 a 17000 mm3 o Desvio à esquerda o 80% dos pacientes, baixa especificidade • Urina I: o Leucocitúria o Hematúria • PCR: ↑↑ na perfuração • Βhcg • Amilase RADIOGRAFIA DE ABDÔMEN • Fecalito em fossa ilíaca direita (FID) • Alça sentinela • Apagamento da sombra do psoas direito ECOGRAFIA DE ABDÔMEN • Alça cega ≥ 7 mm • Não compressível • Coprólito • Inflamação pericecal • Coleção pericecal CONSIDERAÇÕES SOBRE APENDICITE AGUDA • Desafio clínico • Inúmeros diagnósticos diferenciais • Urgência no diagnóstico • Evolução natural → perfuração • Apresentação clínica clássica: 50 a 60% DOR ATÍPICA Dor pode ser referida em outros locais dependendo da localização da ponta do apêndice inflamado. • 2/3 retrocecal intraperitoneal • 1/4 pélvico – dor suprapúbica e disúria • 5% retroperitoneal – dor lombar ou no flanco e alterações urinárias • Raro – quadrante inferior esquerdo APENDICECTOMIA – INDICAÇÕES • Apendicite aguda • Processos inflamatórios e crônicos do apêndice cecal • Carcinoides, câncer, adenoma viloso e divertículos. O apêndice pode também ser afetado por doença de Crohn ou retocolite ulcerativa com pancolite (doença intestinal inflamatória). • Obstrução da luz do apêndice: o Hiperplasia do tecido linfoide apendicular ▪ Crianças – infecções virais ou bacterianas o Fecalito ▪ Adultos o Corpos estranhos – sementes, fibras vegetais, projétil de arma de fogo ESTÁGIOS Apendicite aguda catarral: Moderada em 50% dos pacientes Obstrução da luz do apêndice Manutenção da secreção de muco pela mucosa apendicular Distensão do apêndice Aumento da pressão intraluminar Obstrução linfática e venosa Edema Ulcerações da mucosa Proliferação de bactérias residentes Apendicite aguda supurativa: • O processo inflamatório e a proliferação bacteriana estendem-se da parede do apêndice até a serosa. Apendicite aguda gangrenosa: • Pressão intraluminal aumentada • Trombose venosa – pressão arteriolar o Isquemia do apêndice ▪ Porção antimesentérica – região menos vascularizada ▪ Difusa Apendicite aguda perfurativa: • Necrose tecidual + hipertensão intraluminar = perfuração do apêndice e extravasamento de pus • 95% - Abscesso periapendicular o Bloqueio pelo omento e tecidos vizinhos • 5% - Peritônio livre o Crianças < 2 anos e idosos > 65 anos • Borda antimesentérica • Extravasamento de fezes – raro TRATAMENTO • Cirurgia convencional (aberta): pequenas incisões (corte) de aproximadamente 2 a 5 cm no canto inferior direito do abdome. • Quadros infecciosos mais duradouros e pacientes mais obesos: incisões maiores. • Anestesiologista: raquianestesia, peridural ou ainda anestesia geral. • Videolaparoscopia:anestesia geral, é insuflado gás no abdome e, por meio de pequenos orifícios, posicionados duas pinças e uma pequena câmera que filma o interior do abdome, permitindo ao cirurgião operar olhando para um monitor. Esta modalidade de cirurgia apresenta menores incisões com melhor resultado estético e um retorno às atividades diárias mais precoce. • Obesos ou dúvida diagnóstica: cirurgia videolaparoscópica é em geral mais vantajosa, por se evitar grandes incisões e permitir uma investigação de toda a cavidade abdominal. APENDICECTOMIA LAPAROSCÓPICA • Dúvida diagnóstica o Permite a exploração do abdômen e pelve • Pacientes obesos o Necessita de grandes incisões • Mulheres em idade reprodutiva • Anestesia geral • 3 portais • Ligadura da artéria apendicular com clips • Ligadura do coto apendicular, com grampeador linear cortante APENDICECTOMIA ABERTA • Incisão de 4 cm no ponto de McBurney • Apêndice → junção das tênias • Ligadura da artéria apendicular • Ligadura do coto apendicular com fio absorvível • Sutura em bolsa com fio não absorvível CONDUTAS • Tratamento: apendicectomia aberta ou laparoscópica. • Atraso no tratamento aumenta a mortalidade: uma taxa de apendicectomias negativas de 15% é considerada aceitável. • Remover o apêndice, mesmo que perfurado. Ocasionalmente, o apêndice é difícil de ser localizado: nesses casos, geralmente se encontra atrás do ceco ou do íleo e do mesentério do cólon direito. • Uma contraindicação para apendicectomia é a doença inflamatória intestinal envolvendo o ceco. Contudo, nos casos de ileíte terminal e ceco normal, o apêndice deve ser removido. MEDICAMENTOS • Antibióticos intravenosos prévios: Cefalosporinas de terceira geração são as preferidas. Para apendicite não perfurada, a continuação da antibioticoterapia não é necessária. • Apêndice perfurado: antibióticos mantido até temperatura do paciente e a contagem de leucócitos estejam normalizadas ou mantidas por um prazo fixo, de acordo com a preferência do cirurgião. • Cirurgia não possível: antibióticos — embora não curativos — melhoram de maneira substancial a sobrevida. • Embora vários estudos sobre o tratamento conservador da apendicite (apenas com antibióticos) tenham mostrado altos índices de resolução durante a hospitalização inicial, um número significativo de pacientes apresenta recidiva e precisa fazer apendicectomia durante o ano seguinte. Portanto, a apendicectomia ainda é recomendada. Apendicite não perfurada: • Antibioticoterapia profilática: o Cefalosporina de 2ª geração o Profilaxia: ▪ Infecção da ferida operatória ▪ Abscesso intra-abdominal • Cirurgia aberta ou laparoscópica Apendicite perfurada: • Antibioticoterapia de largo espectro (7 a 10 dias) • Cirurgia aberta ou laparoscópica: o Lavagem da cavidade o Drenagem de abscessos o Drenos COMPLICAÇÕES Mortalidade: • Crianças e idosos • Infecção incontrolável (peritonite, abscesso, septicemia) • ↓ 0.1% nas apendicites não complicadas • 0.5% nas gangrenosas • 3 a 5% nas perfuradas Morbidade (10%): • Infecção da parede abdominal • Abscesso abdominal • Pileflebite • Abscessos hepáticos • Fístula fecal Apendicite incidental: • Realizada concomitantemente a outros procedimentos: o Ginecológicos o Colecistectomia o Colectomia MATERIAL PARA APENDICECTOMIA ABERTA • Anestesia Geral (preferência) ou Bloqueio Raquimedular • Bisturi • Par de afastadores Farabeuf • Pinça anatômica e dente de rato • Pinça anatômica vascular • Porta-Agulha Mayo Hegar • Tesoura Metzembaum curva e tesoura de Mayo • Pinças Crile • Pinça Allis • Pinça Babcock o Pinças de preensão atraumáticas o Servem para preensão de tecidos ou vísceras, tendo superfície ampla de contato com ranhuras • Fios • Aspirador • Sondas INCISÕES VIA DE ACESSO – MCBURNEY • Mais utilizada • Oblíqua: linha une a cicatriz umbilical com crista ilíaca anterossuperior direita • Pele e tecido subcutâneo • Músculo oblíquo externo - aberto de acordo com sentido das fibras e fáscia transversais • Peritônio incisado / cavidade abdominal • Identifica ceco-válvula ileocecal • Exteriorização do ceco e apêndice cecal • Ligadura artéria cística após Babcock para fixação apêndice cecal • Ligadura artéria com seda 2-0 Sutupak ou Vicryl 2-0 • Ligadura da base do apêndice cecal junto ao ceco • Ponto transfixante de Vicryl 2-0 ou seda 2-0 • Secção do apêndice – envio para exame anatomopatológico • Sutura em bolsa seromuscular do ceco – invaginação do coto do apêndice para dentro do ceco • Fechamento da bolsa • Lavagem da cavidade e revisão da hemostasia • Suturas: peritônio com Vicryl 3-0, músculo e aponeurose anterior com Vicryl 2-0 ou Prolene 2-0 com pontos separados • Pele com nylon 4-0 simples separados • Drenagem com dreno penrose – depende se abcesso • Curativo de pele
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