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ESTUDO DIGITALIZADO PELO SITE WWW.SEMEANDOVIDA.ORG Projeto exclusivo de resgate de revistas antigas de Escola Bíblica Dominical. Para mais estudos visite o nosso site. P á g i n a | 1 Para mais estudos visite o site www.semeandovida.org MARANATA! VEM,JESUS! Texto da lição: 1 Tessalonicenses 1.9,10 Introdução Com tanta gente prevendo o fim do mundo, esse assunto já virou piada. Especialmente com a aproximação do último ano do século (ano 2000) e a chegada do novo século (2001), os videntes e gurus de plantão estão mais ativos do que nunca. Mas não confunda todo esse agito de fim de século com a sublime esperança cristã do retorno de Jesus. Até porque, conversão tem tudo a ver com essa expectativa. E o que o estudo bíblico de hoje nos ensina. I. O caráter do apóstolo Paulo diante dos convertid os (1 Ts 2.1-12) O evangelho pregado por Paulo chega a Tessalônica. Após uma tumultuada estadia em Filipos, onde sua cidadania romana fora desrespeitada (At 17.35-40), Paulo e sua equipe anunciam o evangelho com ousadia aos tessalonicenses (1 Ts 2.2). Nos enganamos se imaginamos que Paulo e sua equipe eram os únicos pregadores da época. Como hoje, havia muitos propagadores de ideias religiosas e filosóficas bastante diversificadas nas principais cidades do império romano, todas buscando a conversão de suas audiências. Sendo uma cidade portuária e cortada por uma importante estrada (Via Egnatia), Tessalônica era alvo de muitos pregadores. Paulo era um deles. E por isso mesmo poderia ser confundido com os pregadores que infestavam as cidades buscando obter lucro, enganando assim a população. Para se distinguir desse tipo de fraudadores, Paulo enfatiza o caráter de suas intenções e procedimento ao evangelizar os tessalonicenses. Faz isso de duas maneiras: A. Negativamente: "pois a nossa exortação não procede de engano, nem de impureza, nem se baseia em dolo" (v.3); "falamos não para que agrademos a homens " (v. 4b); "nunca usamos de linguagem de bajulação... nem de intuitos gananciosos" (v.5); "...jamais... buscando glória de homens" (v.6); "...não vivermos à custa de nenhum de vós..." (v.9). B. Positivamente: "...fomos aprovados por Deus [agradando-o]..." (v.4); "...tornamos dóceis entre vós..." (v.7); "...prontos para oferecer-vos... a própria vida..." (v.8); "...vos recordais... do nosso labor e fadiga.,, noite e dia labutando..." (v.9); "...piedosa, justa e irrepreensivelmente procedemos..." (v.10). Em outras palavras, Paulo quis deixar bem claro que não foi motivado por motivos escusos ou de lucro ao pregar o evangelho aos tessalonicenses. Acima de tudo foi sincero e honesto em suas intenções e comportamento. Mas por que enfatizar tudo isso? Porque o conteúdo do evangelho se relaciona com o caráter do pregador. O pregador do evangelho não pode ser um anunciante desligado de sua pregação. Pregação e vida estão intimamente relacionadas. Por isso Paulo pôde chamar sua audiência à conversão, porque era um homem de caráter honrado. P á g i n a | 2 Para mais estudos visite o site www.semeandovida.org II. A Conversão dos tessalonicenses (1 TS 1.9,10) A igreja tessalonicense provavelmente era formada em sua maioria por pessoas provenientes da gentilidade. Sua característica principal é a de que haviam sido adoradores de outros deuses (v.9). Como centro cosmopolita, Tessalônica apresentava uma rica variedade de cultos religiosos. O culto imperial era praticado na cidade. Um templo fora dedicado ao culto do imperador e à deusa Roma, constando de um sacerdócio especializado. Percebe-se claramente que política e religião estavam intimamente relacionadas em solo tessalonicense. Além do culto imperial, a arqueologia revelou a prática de cultos mistériosos. Citaremos apenas dois: o de Dioniso e o de Serapis. Dioniso era o deus do vinho (Baco), de experiências extáticas, da vegetação e do renascimento. Em alguns grupos de devotos, o culto dionísico assumia celebrações orgiásticas (o termo "bacanal" procede desses cultos). O culto a Serapis era sincrético. Tratava-se da mistura do boi sagrado Apis (grego) e do deus Osíris (egípcio). Curas eram forjadas a fim de valorizar o culto a Serapis. Ao aceitar o evangelho, os tessalonicenses abandonam toda essa religiosidade idolátrica e se voltam ao Deus vivo e verdadeiro para o servir (v.9). Temos aqui a essência do ensino sobre o Senhor Deus revelado a Israel. Em Êxodo 20.2-6, em primeiro lugar é declarado que Deus não admite concorrência. Pelo contrário, exige exclusividade. Em segundo, o homem não tem direito de criar um deus segundo a sua imaginação. A criatura não pode criar Deus (Criatura não cria o Criador). A capacidade de dar vida às suas criaturas também é exclusiva de Deus. E, finalmente, o serviço de adoração só faz sentido ao Deus que cria e redime (Êx 20.1). Consequentemente os tessalonicenses se tornam abençoados (Êx 20.6). Ao se converterem, os tessalonicenses são inundados com uma nova esperança, o retorno de Jesus Cristo (1.10). O conteúdo dessa esperança é claro. Jesus é o Filho de Deus que ressuscitou dentre os mortos e que livra da ira vindoura. Assim, os tessalonicenses se desvencilham dos "senhores" falsos dos cultos circundantes para servir o Senhor verdadeiro. III. As consequências da conversão dos tessalonicen ses A conversão ao cristianismo produziu uma série de consequências para os leitores de Paulo. Na verdade, a conversão é também o abandono da identidade anterior e a aquisição de uma nova ética, mais gloriosa, que traz consigo atitudes práticas, somando-se a isso o antagonismo dos de fora. A. Uma nova identidade A partir da experiência comum de conversão, os tessalonicenses tornaram- se filhos da luz (5.5), tiveram sua eleição reconhecida (1.4), não são mais como os de fora que não conhecem a Deus e não têm esperança (4.5,13). São, de agora em diante, soldados espirituais (5.8) aguardando a concretização da salvação (5.9), que acontecerá plenamente com a vinda do Senhor dos céus a qualquer momento (1.10; 3.13; 4.15,17; 5.13,23). P á g i n a | 3 Para mais estudos visite o site www.semeandovida.org B. Uma ética distintiva Sabendo quem são, os crentes de-vem agora agir consoante essa nova identidade. Assim, os convertidos devem ter uma nova postura diante da sexualidade (4.1-8), distinguindo-se dos "gentios" (4.5). Devem procurar amar a todos (4.9,10), serem responsáveis, trabalhadores e auto- suficientes, principalmente em relação aos de fora (4.11,12). Devem viver uma vida sensata e temperante (5.4-11), abandonar a vingança (5.15) e evitar qualquer tipo de mal (5.22), atitudes que podem ser encontradas aqui e acolá nos indivíduos, mas que Paulo postula deva ser a característica da igreja como um todo. O comportamento desviante desequilibra a distinção ética e, por conseguinte, deve ser rejeitado ("admoesteis os insubmissos" - 5.14). Notamos, de imediato, que o cristianismo apresenta uma rica proposta de vida prática. Essas atitudes práticas visam agradar a Deus numa vida santificada (4.1-3). C. Antagonismo A nova identidade e as implicações práticas oriundas da conversão podem provocar um certo antagonismo, uma oposição real dos que não conhecem a Jesus Cristo. Essa realidade não pode ser evitada, mas tem de ser enfrentada. Por estar engajado num projeto que visa a glória de Deus, o cristão passa a viver numa cultura distintiva de seu mundo circundante. Chama-se isso "contracultura". Os valores, posicionamentos e a fé dos cristãos de tempos em tempos batem de frente com toda a ideologia vigente na sociedade na qual a igreja está inserida. Paulo tinha consciência disso e sabia que isso poderia perturbar seu grupo de novos convertidos. Lembremo-nos que escrevemos cartas por sermos impedidos de estarmos presentes diante da outra pessoa. Em 1 Tessalonicenses 2.17,18 somos informados de que Paulo tentou rever os tessalonicenses pelo menos duasvezes, mas sem sucesso. Não podendo estar pessoalmente com seu rebanho, se mostra apreensivo com a situação de sua comunidade da fé ("...não podendo suportar mais o cuidado por vós... " 3.1). O que teria levado Paulo a ficar tão preocupado assim pelos tessalonicenses? A resposta é: a perseguição. Perseguição sofrida tanto pelos missionários (3.3) como pela própria igreja (2.14). O texto pretende deixar claro que aquele que se converte a Jesus Cristo deve estar pronto para também como ele suportar oposição e tribula- ção. Mais tarde, em 2 Timóteo 3.12 veremos a afirmação: "Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos". Assim, a comunidade se torna imitadora de Jesus e dos apóstolos (1.6) e das demais igrejas perseguidas (2.14). Tendo em conta que a tribulação e perseguição são decorrentes de seu compromisso com Cristo Jesus, Paulo deixa claro, como foi exposto acima, que ninguém deve ficar abatido ou impressionado com isso (3.3). Por outro lado, o apóstolo fornece subsídios para que os crentes se comportem adequadamente em relação aos de fora. Devem demonstrar que são merecedores de dignidade e respeito (4.11,12), fazendo o bem para com todos (5.4), evitando a todo custo retribuir o mal recebido (5.15). P á g i n a | 4 Para mais estudos visite o site www.semeandovida.org Aplicação • Após aprendermos sobre o papel chave que desempenha a primeira carta aos tessalonicenses, devemos fazer a pergunta: como este estudo nos afeta? • Inicialmente devemos entender que uma conversão real abrange pleno envolvimento com o Deus vivo e verdadeiro. Isto é, Deus quer exclusividade em nossa vida. O Senhor Deus não aceita compartilhar ou dividir nosso carinho, atenção e serviço com qualquer outro deus, seja humano, material, imaginário ou ideológico. Em outros termos, nada pode ocupar o lugar de Deus na nossa vida. • A conversão verdadeira produz em nós o anseio real pela vinda do Senhor Jesus. O anseio era tão grande na comunidade cristã de Tessalônica que muitos de seus membros ficaram perplexos quando alguns irmãos faleceram sem presenciar o retorno do Senhor (4.13). Por causa dessa preocupação somos informados de que os que morreram não serão esquecidos pelo Senhor em sua vinda (4.14-18). O cristão é chamado para viver numa certa tensão entre a ardente expectativa pela vinda do Senhor e a tranquilidade do dia-a-dia em cumprir suas obrigações (4.11). • A conversão ao Evangelho produz em nós uma identidade nova. Somos filhos da luz (5.5) e a nossa vocação nos leva a agradar a Deus (4.1). Ao assumirmos isso, estamos desfrutando da gratificante vida que Deus nos proporciona em Cristo Jesus. Engana-se aquele que entende que a felicidade seja proporcionada pela identidade adversa a Deus. Quando somos o que Deus quer que sejamos, aí então cumprimos a nossa finalidade. • Somos antes de fazermos. Nossa nova identidade deve levar-nos a agir. Essa ação se denomina santificação. Mas ela não depende exclusivamente de nós. Deus nos dá o seu Espírito que em nós habita e nos qualifica para a ação (4.8). E o amor que é a maior expressão da ação do Espírito Santo em nós, é ensinado pelo próprio Deus e não pelos homens (4.9). • Toda essa ação advinda da real conversão manifesta-se em atitudes distintivas do mundo ao redor. Não deixo de fazer alguma coisa porque a minha religião não permite, mas por que tal coisa não é compatível com a minha identidade cristã. • Vivemos num período da história da igreja em que alguns ensinam que o cristão não passa por contrariedades, deve ser próspero e assim por diante. A situação real dos crentes tessalonicenses, e na qual nos espelhamos, nos mostra que o cristão é passível de contrariedades, de adversidades, de oposições. Se realmente somos convertidos, devemos estar prontos para sofrer o antagonismo da sociedade que nos cerca, seja de forma declarada ou velada. Conversão verdadeira não é julgada pela religiosidade externa mas pela fidelidade verdadeira que somente o Deus que sonda os corações pode constatar. AUTOR: REV. JOSÉ ROBERTO CORRÊA CARDOSO