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BBPM4 - Tutoria 4 (13/11/2020) F.G., caucasiano, 26 anos, refere, há aproximadamente 2 anos, ideações suicidas 1 espontâneas, abruptas e de duração curta, de caráter egodistônico (inclusive sem 2 elaboração de qualquer tipo de plano de execução ou comportamento de autolesão). 3 Inicialmente raros, esses episódios se tornaram muito frequentes, ocorrendo até 5x por 4 semana. Em avaliações psiquiátricas, não apresentou qualquer alteração relacionada ao 5 humor, ansiedade, eventos psicóticos ou traumáticos, transtornos de personalidade ou 6 abuso de drogas associados a esse sintoma, atual ou prévia. Não apresenta histórico 7 familiar importante de transtornos psiquiátricos e encontra-se em estado de saúde geral 8 adequado, embora seu receio sobre as ideações suicidas recorrentes tenha aumentado. 9 Após passar por tratamento com alguns antidepressivos diferentes ao longo desses 2 10 anos, sem resposta ao tratamento e com piora na frequência das crises, foi 11 encaminhado ao neurologista para exames adicionais. 12 Ao exame neurológico, apresentava-se consciente e orientado, sem 13 anormalidades motoras aparentes ou alterações na reatividade pupilar à luz. Ao ser 14 questionado sobre outros sintomas, relatou ocorrência de cefaleia forte e frequente 15 “quase sempre” após as crises de ideação suicida, que ele imaginava estar relacionado 16 ao estresse causado pelo evento. A cefaleia acompanhava foto- e fonofobia, alterações 17 visuais (aparecimento de pontos e focos de luminosidade), náusea e vômito, refratária 18 ao paracetamol, AAS, dipirona, ibuprofeno e diclofenaco. F.G. foi instruído a manter um 19 diário de ocorrência dos eventos de ideação suicida e cefaleia por 2 semanas e realizar 20 exames de neuroimagem. No retorno, os exames de imagem não evidenciaram sinais 21 de malformação encefálica, edema e hemorragias em tomografia ou estenose, 22 aneurismas, oclusões encefálicas ou outras alterações nos leitos vasculares encefálicos 23 avaliadas em angiograma. Contudo, foi observada a ocorrência de 1:1 nos eventos de 24 ideação suicida e cefaleia, estabelecendo uma relação temporal típica de enxaqueca 25 com aura. 26 Foi iniciado o uso de topiramato (50 mg/dia) cronicamente e sumatriptana (50 27 mg) agudamente, somente frente à ocorrência da aura e em doses repetidas até cessar 28 a cefaleia (dose máxima diária de 300 mg). Somente se necessário, o uso de naproxeno 29 (500 mg) podia ser associado para efeito analgésico adicional, frente à resposta 30 insatisfatória da triptana. Na ocorrência de náusea e/ou vômito, metoclopramida (10 31 mg) poderia ser utilizada. F.G. relatou redução significativa na ocorrência de ideação 32 suicida e cefaleia com o uso do topiramato, com frequência menor que 2 eventos/mês. 33 Nesses casos, o uso da sumatriptana isoladamente se mostrava efetiva, em uma única 34 tomada. 35
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