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Resenha - Processos Grupais

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
MBA EM PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E INSTITUCIONAL 
 
 
Resenha Crítica de Caso 
Juliana Maria Rodrigues 
 
 
 
Trabalho da disciplina Processos Grupais 
 
 Tutor: Prof. Flaviany Ribeiro Da Silva 
 
 
Belo Horizonte 
2020 
http://portal.estacio.br/
 
 
 
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A técnica de grupos-operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri Wallon 
 
Referência: 
BASTOS, Alice Beatriz B. Izique. A técnica de grupos-operativos à luz de Pichon-
Rivière e Henri Wallon . São Paulo, v. 14, n. 14, p. 160-169, out. 2010. Disponível 
em:<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141588092010000
100010&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 02 maio 2020. 
 
INTRODUÇÃO 
 
O médico psiquiatra Pichon-Rivière começou a sistematizar a técnica de grupos 
operativos no hospital de Las Mercedes, em Buenos Aires após uma greve de 
enfermeiras. Diante da greve não havia possibilidade de atendimento aos pacientes 
portadores de doenças mentais e por falta de pessoal de enfermagem, foi proposta 
por Pichon-Rivière uma assistência aos pacientes menos comprometidos. O 
resultado da experiência foi positivo, pois resultou em maior identificação entre 
cuidadores e os cuidados de forma mais integrada. 
 
 
DESENVOLVIMENTO 
 
Pichon-Rivière teve sua prática psiquiátrica subsidiada pela psicanálise e psicologia 
social, tendo fundado Escola Psicanalítica Argentina (1940) e o Instituto Argentino 
de Estudos Sociais (1953). De acordo com o autor, a aprendizagem é sinônimo de 
mudança uma vez que a deve existir uma relação entre o sujeito e o objeto. 
O objetivo do trabalho com grupos operativos é proporcionar um processo de 
aprendizagem para os indivíduos envolvidos, através de leitura crítica da realidade, 
uma atitude investigadora, uma abertura para as dúvidas e para as novas 
inquietações. 
 
 
 
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A psicologia social sob o olhar de Gayotto [1992], é o estudo do sujeito a parti de 
sua interação entre a vida psíquica e a estrutura social. Para satisfazer suas 
necessidades, o sujeito precisa vincula-se ao outro e interagir externamente com o 
mundo. 
De acordo com Henri Wallon (1968), o meio é um fator indispensável ao ser 
humano, uma vez que as interações são importantes para que o sujeito possa 
adquirir conhecimento e se desenvolver com suas condições orgânicas, motoras, 
afetivas, intelectuais e socioculturais. 
Portanto, podemos afirmar que existe uma rede de interação entre as pessoas e a 
partir disso, o sujeito pode se referenciar no outro, bem como encontrar-se e 
diferenciar-se para que possa transformar a si e ser transformado um pelo outro. 
Para Wallon (1975), a criança vai progressivamente colocando a questão do seu eu 
em relação aos outros e assim vai estabelecendo uma referencia de conjunto na 
interação com a família, no qual tem o seu papel definido. 
Temos além da família, grupos como a escola que são fundamentais para a 
evolução psíquica da criança, pois a diversidade do meio oportuniza em 
convivências que até então ela tinha somente com a família. 
Em seus estudos sobre a influência dos grupos na evolução do sujeito, Wallon 
(1979), relata que os grupos são importantes para o aprendizado social da criança, 
pois nessa interação ela tem a possibilidade de diferenciar-se do eu-outro com vistas 
à construção da sua personalidade. 
A teoria do vínculo de acordo com Pichon-Rivière (1988) tem um caráter social, pois 
há figuras internalizadas a partir da relação entre as pessoas, sendo o vínculo bi-
corporal e tripessoal onde existe a presença sensorial corpórea dos dois e que 
sempre há uma interferência sensorial de um personagem terceiro. 
Ao convivermos com o outro, vamos nos constituindo por meio de uma história 
vincular tecida nessa relação. 
O estudo da psicologia social privilegia o grupo como unidade de interação, 
considerando o grupo operativo como uma estrutura operativa que possibilita meios 
de interação no relacionamento uns com os outros. (GAYOTTO, [1992]). 
 
 
 
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A técnica do grupo operativo presume a tarefa explícita (aprendizagem, diagnóstico 
ou tratamento), a tarefa implícita (o modo como cada integrante vivencia o grupo) e 
o enquadre que são os elementos fixos (o tempo, a duração, a frequência, a função 
do coordenador e do observador). 
Para mostrar o movimento de estruturação, desestruturação e reestruturação de um 
grupo, o autor utiliza o cone invertido. 
O cone invertido trata-se de um instrumento com representação gráfica onde 
constam seis vetores de análise articulados entre si e que permitem a verificação 
dos efeitos na mudança. 
O objetivo principal do grupo operativo é a mudança, pois consiste em todo o 
processo gradativo em que os integrantes do grupo assumem diferentes papéis de 
acordo com a tarefa. 
 Tarefa é a trajetória percorrida pelo grupo para atingir seus objetivos e está 
relacionada ao modo de interação de cada participante em relação as suas próprias 
necessidades. O compartilhamento dessas necessidades em prol dos objetivos 
comuns pressupõe flexibilidade na abertura para o novo. A partir do momento que o 
grupo aprende a problematizar as dificuldades surgidas no momento da sua 
realização, pode-se dizer que a tarefa está em propósito comum e o grupo pode 
exercer um projeto de mudanças. 
 Na relação de grupos os papéis de alguns são fixos como por exemplo o 
coordenador e o observador, que se articulam entre as necessidades pessoais e 
grupais. O porta voz é responsável por explicitar o que está implícito. O bode 
expiatório surge quando explicita algo que não tem a aceitação do grupo. O líder 
contribui para o movimento dialético do grupo quando o porta voz é aceito. (GAYOTTO, 
[1992]). 
Os grupos operativos tem caráter terapêutico, mas nem todo grupo terapêutico pode 
ser considerado operativo. 
No grupo o exercício da escuta apurada pode auxiliar os coordenadores nas suas 
pontuações de forma a melhorar os conflitos, promover insights e transformações 
positivas. 
 
 
 
 
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CONCLUSÃO 
 
Corroboro minha opinião com Pichon-Rivière, quando ressalta que a saúde mental e 
a aprendizagem andam juntas à medida que a partir da sua apropriação, passam a 
integrar um novo estilo de aprender. 
As técnicas de grupo operativo podem ajudar aos psicólogos e psicopedagogos no 
ato de refletir sobre a aprendizagem numa nova ótica e no sentido de promover 
saúde e mudanças aos indivíduos em suas dificuldades e conflitos.

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