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NUTRICÃO EQUINA – REVISÃO DE LITERATURA FERRARI, Priscila Aparecida Penteado Acadêmicos do curso de medicina veterinária da FAMED/ACEG – Garça – SP. e-mail: pri_ferrari27@hotmail.com Élio Docente do curso de medicina veterinária da FAMED/ACEG – Garça – SP. e-mail: helioar@zootecnista.com.br RESUMO Os eqüinos são animais herbívoros não ruminantes, que possuem estômago simples, que digerem principalmente os carboidratos não estruturais como amido, maltose e sacarose no intestino delgado e intestino grosso. Novas fontes de alimentos volumosos devem ser propostas, na tentativa de buscar alimentos de maior digestibilidade. Se os potros sofrerem restrição alimentar dos três aos seis meses de idade, época em que ocorre a desmama pode desenvolver anormalidade ortopédica. A pastagem de boa qualidade tem condições de suprir as necessidades nutritivas dos eqüinos. Palavras Chave: animais herbívoros, forrageiras, carboidrato Tema Central: Medicina Veterinária ABSTRACT Horses are not ruminants grazing animals, which have simple stomach that digest mainly the non- structural carbohydrates such as starch, maltose and sucrose in the small intestine and large intestine. New sources of forages should be proposed in an attempt to find food more digestible. If the foals suffering food restriction from three to six months of age, when weaning occurs that can develop orthopedic abnormality. The pasture of good quality is capable of meeting the nutritional requirements of horses. Keywords: herbivorous animals, forage, carbohydrate 1. INTRODUCÃO No Brasil, a população de equídeos é estimada atualmente em 7.986.023 cabeças, sendo 5.541.702 equinos, 1.130.795 asininos e 1.313.526 muares. A população nacional de equinos é a quarta maior do mundo, com cerca de 5.600.000 animais, que tem se mantida estável na última década. A equideocultura brasileira gerou 3,2 milhões de empregos diretos e indiretos, e movimentou 7,5 bilhões de reais por ano no complexo do agronegócio cavalo. Muito embora, a contribuição econômica do setor tenha sido expressiva na agropecuária, são poucos os estudos desenvolvidos com a nutrição equina visando explorar o potencial forrageiro de alimentos volumosos alternativos e adaptados às condições nacionais (SILVA, 2010). Os eqüinos são animais herbívoros não ruminantes, que possuem estômago simples, que digerem principalmente os carboidratos não estruturais como amido, maltose e sacarose no intestino delgado e intestino grosso altamente desenvolvido, com câmara de fermentação comparada ao rúmen de bovinos, onde a presença de grande população de microorganismos possibilita a utilização dos carboidratos mailto:elioar@zootecnista.com.br estruturais presentes na parede celular das forrageiras para obtenção de energia, sendo sua natureza e concentração os principais determinantes da qualidade dos alimentos volumosos, especialmente de forragens, sendo extremamente importantes nas dietas dos eqüinos (MORGADO; GALZERANO, 2008). Os carboidratos são extremamente importantes na dieta dos eqüinos. Os monossacarídeos são as únicas formas de carboidratos que podem ser absorvidos pelo intestino delgado e os carboidratos mais complexos devem ser metabolizados em açúcares simples antes serem absorvidos e utilizados pelo animal. Os equinos digerem mais de 95% dos carboidratos não estruturais e, aproximadamente, 40 a 50% da parede celular. O consumo de volumoso é essencial para os eqüinos, pois a fibra promove o funcionamento normal do trato digestório e previne distúrbios comportamentais que ocorrem em função da redução dos níveis de fibra (MORGADO; GALZERANO, 2008). Novas fontes de alimentos volumosos devem ser propostas, na tentativa de buscar alimentos de maior digestibilidade, que sejam de crescimento perene e de menor custo, de forma que aumentem as possibilidades de estratégia alimentar nas propriedades de criação de equinos. Entretanto, para o emprego correto desses alimentos às dietas, são necessários estudos específicos quanto à determinação do consumo voluntário, composição química bromatológica e digestibilidade dos nutrientes. Somente após a caracterização do consumo do volumoso será possível a avaliação efetiva da qualidade química e da digestibilidade do alimento sugerido. Neste caso, de acordo com a evolução da nutrição na espécie, somente a estimativa dos coeficientes de digestibilidade não são suficientes para a perfeita compreensão da cinética de todo o complexo processo digestivo dos equinos (SILVA, 2010). O presente trabalho tem o objetivo de desenvolver uma revisão de literatura sobre como a nutrição interfere na vida do equino. 2. CONTEÚDO A pastagem de boa qualidade tem condições de suprir as necessidades nutritivas dos eqüinos, para as categorias menos exigentes, por exemplo, cavalos adultos em descanso, potros de ano e éguas na primeira fase da gestação. Quando os animais são submetidos a algum trabalho, a pastagem de boa qualidade permite que a alimentação tenha custos menores, uma vez que é menor o gasto com suplementação. Quando se fala em pastagem de boa qualidade, fala-se, especialmente, em manejo e fertilidade, além da escolha correta da espécie vegetal. Podemos incluir aqui as leguminosas, que há alguns anos foram utilizadas em consorciação, especialmente a soja perene e trevo, e gradativamente foram desaparecendo das pastagens de uso mais intensivo, talvez por deficiência de manejo (VICTOR; ASSEF; PAULINO, 2007). Na espécie equina, a compreensão da qualidade dos carboidratos que têm acesso ao ceco cólon e a avaliação da sua forma de fermentação é de fundamental importância, uma vez que os equinos utilizam os produtos finais da fermentação para o suprimento de sua demanda energética (SILVA, 2010). Se os potros sofrerem restrição alimentar dos três aos seis meses de idade, época em que ocorre a desmama, e passarem a receber boa reposição energética e protéica, podem desenvolver anormalidade ortopédica, conhecida como “deformidade flexural dos membros”, os tendões não contraem, apenas não acompanham o desenvolvimento ósseo com a mesma velocidade, também que a deformidade acontece após plano nutricional restritivo, com subseqüente alimentação ad libitum, o que pode acarretar crescimento extremamente rápido. Os potros que receberam ração continuamente não apresentaram qualquer deformidade do esqueleto. Pesquisas realizadas com potros lactentes, desmamados e de 1 ano demonstraram que a melhoria do plano nutricional não interfere no desenvolvimento destes animais, quando se refere à altura na cernelha ( REZENDE; SAMPAIO; LEGORRETA; MOREIRA, 2000). Oxalatos são sais ou ésteres de ácido oxálico que na presença de íons de cálcio, formam oxalato de cálcio, que é pouco solúvel e tende a se acumular no organismo. São encontrados nas gramíneas e várias gramíneas têm oxalato em excesso e fica indisponível para o animal, o que pode provocar deficiências na formação óssea, especialmente nos animais novos. A “cara inchada”, que se caracteriza por inchaço nos ossos da face, é uma das conseqüências, ou seja, a diminuição do cálcio no sangue provoca a retirada de cálcio dos ossos, cálcio que é substituído por tecido fibroso que aumenta o volume da face (VICTOR; ASSEF; PAULINO, 2007). A esofagôstomia pode ser usada como uma via para a nutrição enteral de eqüinos com disfagia. A técnica é relativamente simples e consiste na criação de uma abertura temporária no esôfago cervical e na introdução de uma sonda no segmento caudal do esôfago (LOPES; POMPERMAYER; FELIPE; ARAUJO, 2001). Outros fatores como sexo, idade e manejo também influem no tempo de pastejo. Deste modo, garanhões pastam por períodos menores que éguas, como potros pastam menos que cavalos adultos (CROWELL-DAVIS et al., 1985, ZANINE et al, 2006). Além disso, cavalos sozinhos pastaram por menores períodos quandocomparados com animais em grupo (AFONSO, 2010). A utilização de suplemento mineral formulados para bovinos para os eqüinos tem deficiências em cálcio e têm excesso de fósforo. Outro fator agravante da deficiência mineral é o fornecimento de ração concentrada com muito fósforo e pouco cálcio. Sabemos que os eqüinos necessitam de cálcio e de fósforo na proporção já conhecida: não deve estar abaixo de 1:1, nem acima de 3:1 (VICTOR; ASSEF; PAULINO, 2007). O alimento concentrado é, muitas vezes, fornecido de maneira inadequada, sem respeitar a relação volumoso/concentrado necessária para o bom funcionamento do organismo equino. Provavelmente, as razões para este tipo de manejo utilizado sejam a falta de conhecimento de outros modelos alimentares que possam suprir as necessidades nutricionais, comportamentais e psicológicas destes animais (AFONSO, 2010). 3. CONCLUSÃO A nutrição equina interfere em vários aspectos na vida de um animal. Uma má alimentação causa contratura dos tendões flexores e o alimento deve ser corretamente balanceado para alimentar o equino. 4. REFERÊNCIAS MORGADO, Eliane; GALZERANO, Leandro. A Importância dos Carboidratos na Alimentação dos Eqüinos. REDVET. Revista eletrônica de Veterinária 1695-7504, Vol. IX Nº 10 Outubro/2008. SILVA, Vinicius Pimentel. Avaliação nutricional de fenos de estilosantes e de alfafa em equinos. Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária, Programa de pós-graduação em zootecnia, belo horizonte UFMG – escola de veterinária. 2010 VICTOR, Rodolfo Pedro; ASSEF, Luiz Carlos; PAULINO, Valdinei Tadeu. Forrageiras para equinos. Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Nutrição Animal e Pastagens, 2007. LOPES, Marco Aurélio Ferreira; POMPERMAYER,Luiz Gonzaga; FELIPE, Aécio Henrique Barbosa; ARAUJO, Isabela Ciniello. Nutrição De Equinos Via Esofagostomia. Universidade Federal de Santa Maria, Brasil, Ciência Rural, vol. 31, núm. 1, p. 135-139, febrero, 2001, REZENDE, Adalgiza Souza Carneiro; SAMPAIO, Ivan Barbosa Machado; LEGORRETA, Guilherme Laguna; MOREIRA, Dalton Colares de Araújo. Efeito de Dois Diferentes Programas Nutricionais sobre o Desenvolvimento Corporal de Potros Mangalarga Marchador. Rev. bras. zootec., 29(2):495-501, 2000. AFONSO, Amanda Moser Coelho Da Fonseca. Comportamento Alimentar De Equinos Em Treinamento Submetidos A Três Manejos .Universidade Federal Do Paraná, Curitiba, 2010.
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