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Daniela Luiza Dorini – Bioquímica Geral - Farmácia Os carboidratos são as biomoléculas mais abundantes da Terra. São poli-hidroxialdeídos ou poli-hidroxicetonas, ou substâncias que, quando hidrolisadas, geram esses compostos. Muitos possuem a formula empírica (CH2O)n, alguns possuem nitrogênio, fósforo ou enxofre. Há três classes principais de carboidratos: 1. Monossacarídeos – uma única unidade poli-hidroxialdeídos ou poli- hidroxicetonas, o mais abundante é o açúcar de 6 carbonos D-glicose, chamado de dextrose. 2. Oligossacarídeos – cadeias curtas de unidades de monossacarídeos, ou resíduos, ligados por ligações glicosídicas, os mais abundantes são os dissacarídeos, com duas unidades. a. Um exemplo é a sacarose, constituído por D-glicose e D-frutose. 3. Polissacarídeos – polímeros de açúcar que contêm mais de 20 unidades. Alguns possuem cadeias lineares como a celulose, outros são ramificados, como o glicogênio. MONOSSACARÍDEOS E DISSACARÍDEOS Os monossacarídeos são aldeídos ou cetonas com dois ou mais grupos hidroxila. POLIHIDROXICETONA ou POLIHIDROXIALDEÍDO POLI – vários, no caso dois ou mais HIDROXI – grupos hidroxila CETONA ou ALDEÍDO – grupamento funcional que varia As duas famílias de monossacarídeos são aldoses e cetoses. Os esqueletos dos monossacarídeos comuns são compostos por: Cadeias de carbono não ramificadas, em que todos os átomos de carbono estão unidos por ligações simples Um dos átomos de carbono está ligado por ligação dupla a um átomo de oxigênio, formando um grupo carbonil. Carbonil na extremidade – é uma aldose. Carbonil em qualquer outro carbono – é uma cetose. Os outros átomos de carbono estão ligados, cada um, a um grupo hidroxila. Os monossacarídeos mais simples são as trioses de três carbonos: Gliceraldeídos (aldotrioses) Di-hidroxiacetona (cetotriose) Daniela Luiza Dorini – Bioquímica Geral - Farmácia Outros monossacarídeos: Tetroses – quatro carbonos Pentoses – cinco carbonos Hexoses – seis carbonos Heptoses – sete carbonos Há aldoses e cetoses para cada um dos comprimentos de cadeia: Aldotetroses e cetotetroses. Aldopentoses e cetopentoses. Daniela Luiza Dorini – Bioquímica Geral - Farmácia Enantiômeros Com exceção da di-hidroxiacetona, todos os monossacarídeos possuem um ou mais carbonos quirais, ocorrendo formas isoméricas opticamente ativas. Uma molécula com n centros quirais pode ter 2n estereoisômeros O gliceraldeído tem 21 = 2 As aldo-hexoses possuem quatro centros quirais, têm 24 = 16. Para cada comprimento de cadeia os estereoisômeros podem ser divididos em dois grupos, os quais diferem quanto a configuração do centro quiral mais distante do carbono do carbonil: Isômero D – configuração é mesma daquela do D-gliceraldeído, o grupo hidroxila do carbono de referência está à direita. Isômero L – configuração é mesma daquela do L-gliceraldeído, quando o grupo hidroxila está à esquerda. Das 16 hexoses possíveis, 8 estão na forma D e oito na forma L. Representações cíclicas Monossacarídeos de 5 ou mais carbonos estão na forma cíclica: Furanoses Piranoses O grupo carbonil forma uma ligação covalente com o oxigênio de um grupo hidroxila. A ciclilização faz com que o carbono do grupo carbonila fique assimétrico, sendo assim, dependendo da posição da hidroxila ele pode ser ou . Daniela Luiza Dorini – Bioquímica Geral - Farmácia As estruturas cíclicas dos açúcares são representadas mais corretamente pelas fórmulas em perspectiva de Haworth do que pelas projeções de Fisher. DISSACARÍDEOS São oligossacarídeos formados por dois monossacarídeos, por meio de uma ligação glicosídica. Grupo hidroxila de uma molécula reage com o carbono anomérico de outra. São prontamente hidrolisadas por ácido, mas resistem à clivagem por base. Daniela Luiza Dorini – Bioquímica Geral - Farmácia Estrutura dos dissacarídeos mais comuns Daniela Luiza Dorini – Bioquímica Geral - Farmácia Dissacarídeo Composição Enzima Maltose Glicose + glicose Maltase Sacarose Glicose + frutose Sacarase Lactose Glicose + galactose Lactase Nomenclatura de dissacarídeos Por convenção, o nome descreve o composto a partir de seu terminal não-redutor colocado à esquerda, sendo, então, construído na seguinte ordem: 1. A configuração (α ou β) do átomo de carbono anomérico que reúne a primeira unidade de monossacarídeo (à esquerda) à segunda unidade deve ser determinada; 2. É escrito o nome da unidade da extremidade não-redutora. Para distinguir as estruturas dos anéis, cinco ou seis átomos, adiciona-se ao nome os termos “furano” ou “pirano”. Para a primeira unidade de monossacarídeo, devemos adicionar a terminação osil; 3. Os dois átomos de carbono reunidos pela ligação glicosídica devem ser indicados entre parênteses, com uma seta conectando os dois números (1→4) ou separados por vírgula (1,4). 4. Escreve-se o nome da segunda unidade, designando por meio das terminações ose ou osídeo quando ela for um açúcar redutor ou não-redutor, respectivamente. a. Açúcar redutor: é o dissacarídeo que possui uma hidroxila livre no C-1 (nas aldoses, por exemplo) ou no C-2 (nas cetoses, por exemplo). Para eles, faz-se uso da terminação ose. Deste modo, receberão o sufixo ose os Daniela Luiza Dorini – Bioquímica Geral - Farmácia dissacarídeos que apresentarem a ligação glicosídica 1→4 ou 1→6, uma vez que os carbonos 1 e 2 apresentarão suas hidroxilas livres. Ex1: β-D-Galactopiranosil-(1 4) -α-D-Glicopiranose ou Lactose. b. Açúcar não-redutor: é o dissacarídeo que não possui hidroxila livre no C-1 ou no C-2. Para eles, faz-se uso da terminação osídeo. Deste modo, receberão o sufixo osídeo os dissacarídeos que apresentarem a ligação glicosídica 1→1 ou 1→2, uma vez que as hidroxilas dos carbonos 1 e 2 estarão envolvidos na ligação glicosídica e, portanto, não estarão livres. Ex2: α-D-Glicopiranosil-(1 1) -α-D-Glicopiranosídeo ou Trealose. Ex3: α-D-Glicopiranosil-(1 2) -β-D-Frutofuranosídeo. Açúcar Ligação Sufixo Redutor (1 4) e (1 6) Ose Não redutor (1 1) e (1 2) Osídeo POLISSACARÍDEOS São polímeros de média a alta massa molecular (M > 20000). São também chamados de glicanos. Diferem-se uns dos outros na: Identidade das unidades de monossacarídeos repetidas. Comprimento das cadeias. Tipos de ligações unindo as unidades. Grau de ramificação. Homopolissacarídeos – somente uma espécie monomérica. Ex.: amido, glicogênio, celulose, quitina. Heteropolissacarídeos – dois ou mais tipos diferentes. Ex.: peptídeoglicanos. Daniela Luiza Dorini – Bioquímica Geral - Farmácia Polissacarídeos de armazenamento Os polissacarídeos de armazenamento mais importantes são: Amido – em células vegetais Glicogênio – em células animais. Amido Possui dois tipos de polímero de glicose: Amilose – cadeias longas não ramificadas de resíduos de D-glicose conectadas por ligações (1 4) Amilopectina – cadeia com ligações (1 4), é altamente ramificada e nos pontos de ramificação são ligações (1 6). Daniela Luiza Dorini – Bioquímica Geral - Farmácia Glicogênio Estrutura similar a amilopectina, com maior número de ramificações (a cada 8 a 12 resíduos). É um polímero de subunidades de glicose ligadas por ligações (1 4), com ligações (1 6) nas ramificações. O fato de as células armazenarem uma reserva nutritiva na forma de polissacarídeo (glicogênio) e não na forma de monossacarídeo (glicose) se dá por uma questão de osmolaridade, de forma que a glicose livre em abundância no Daniela Luiza Dorini – Bioquímica Geral - Farmácia citoplasma celular aumenta a osmolaridade do citoplasma, o que pode levar ao rompimento celular. Polissacarídeos estruturais Celulose Substância fibrosa, resistente e insolúvel em água. Encontrada na parede celular de plantas. É constituído por 10000 a 15000 unidades de D-glicose. A D-glicose é do tipo . Resíduos se ligam por ligações glicosídicas (1 4) Quitina Principal componente dos exoesqueletos duros de cerca de 1 milhão de espécies de artrópodes. Homopolissacarídeo linear, composto por resíduos de N-acetilglicosamina em ligações (1 4). Diferença química em relação a celulose é a substituição de um grupo hidroxila em C-2 por um grupo de amina acetilado.
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