PROJETO DE PRÁTICA - Educação de Crianças, Jovens e Adultos e Psicologia do Desenvolvimento - EJA - Ciclo 3

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CURSO: LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
CLARETIANO- CENTRO UNIVERSITÁRIO
DISCIPLINA: EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS, JOVENS E ADULTOS E PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO
Profa Dra. Lilian Paula D. Bérgamo
PROJETO DE PRÁTICA:
O CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO INFANTIL E O CUIDAR E EDUCAR COMO ASPECTOS INDISSOCIÁVEIS
SÃO PAULO – SÃO PAULO
2020
PROJETO DE PRÁTICA:
O CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO INFANTIL E O CUIDAR E EDUCAR COMO ASPECTOS INDISSOCIÁVEIS
Aluna: Nívea de Carvalho Moura Velloso
SÃO PAULO – SÃO PAULO
2020
Introdução
Falar em currículo no universo da Educação Infantil exige que entendamos de maneira clara que a criança é o sujeito do processo educacional. Também é necessário esclarecer que as instituições de educação infantil, creches e pré-escolas são espaços institucionais que além de promoverem a aprendizagem, também cuidam e educam.
Como qualquer etapa da educação, a elaboração de um currículo deve se basear em: metas e prioridades, levantar de recursos, definir etapas, atividade e avaliação. Porém quando falamos da educação infantil devemos lembrar que o principal ponto do currículo é a interação entre crianças e reconhecê-las como sujeitos ativos, históricos e de direitos próprios. 
Nesta momento do processo escolar, o currículo deve contribuir para o desenvolvimento das capacidades cognitivas, motriz, de linguagem, de relação interpessoal, de equilíbrio pessoal e auxiliar a aprendizagem de conhecimentos sobre o mundo ao seu redor. 
Vale lembrar que o currículo na educação infantil exige uma atenção maior pois segundo Oliveira (2005, p. 48) “um grande risco de uma proposta pedagógica para a educação infantil é o de “institucionalizar” a infância, regulá-la em excesso.”
Na busca por mitigar esse risco, o cenário ideal concilia a prática pedagógica com o “cuidar e educar” sempre presente, constituindo as funções essenciais da educação infantil. Para isto é necessário superar a dicotomia histórica das funções de creches e pré-escolas em que a primeira agia com um papel assistencialista enquanto a segunda agia como um papel educacional.
Em muitos municípios ainda vemos essa dissociação ao ver uma separação tendo responsáveis diferentes para o cuidado físico e para atividades “acadêmicas”. Essa separação é prejudicial pois não atinge a educação de qualidade que um profissional que atue de forma integrada poderia atingir. 
Desenvolvimento
Como falamos na introdução, o currículo é um guia. Oliveira (2005, p.171) afirma que o currículo é “trajetória de exploração partilhada de objetos de conhecimento de determinada cultura por meio de atividades diversificadas, constantemente avaliadas”. Mas não podemos esquecer que a educação infantil tem suas especificidades e precisa ser olhado com mais atenção. 
Para Andrade et Souza (2013 p.138):
O currículo, na etapa da educação infantil, deve, sobretudo, contribuir para o desenvolvimento das capacidades humanas (cognitivas, motriz, de linguagem, de relação interpessoal, de equilíbrio pessoal) infantis e favorecer a aprendizagem de determinados saberes culturais que contribuam para o conhecimento do mundo ao seu redor.
Os currículos geralmente devem ser construídos tendo como base a faixa etária da criança, bem como toda a realidade e condições do aluno. Na educação infantil é essencial que se atente ao fato do educando ser uma criança única e em formação e que portanto deve ser respeitado o seu momento de desenvolvimento. 
No documentário assistido sobre a linha pedagógica High Scope vemos que esse cuidado está por toda parte da pedagogia. Ao observar as crianças individualmente, em pequenos grupos ou no coletivo os professores conseguem ter uma visão de cada alunos em seu todo e dessa forma conseguem estruturar a melhor forma de agir e ensinar cada tópico desejado, conseguem avaliar se estão prontos ou se é necessário esperar mais. Com o momento de planejamento dos professores, é possível observar outras visões sobre o mesmo aluno e traçar o melhor caminho para a turma se desenvolver.
Este desenvolvimento deve ser o norte das atividades propostas em todo currículo, de toda linha pedagógica. Cada área de conhecimento sendo trabalhada, de forma natural, através do brincar e de atividades ao longo do dia-a-dia na escola. Linguagem, matemática e artes são trabalhadas desde o início da educação infantil. Todas as áreas de forma evolutiva e não apenas em um momento específico de um ritual preciso, mas ao longo de diversas atividades.
A linguagem é trabalhada em momentos esperados como a leitura, mas também deve ser estimulada ao longo de todo dia nos momentos em que as crianças se expressam, ensinando a elas novas palavras que expliquem os gestos feitos e aos poucos inserindo-as em uma sociedade letrada.
A matemática é também presente em todo nosso cotidiano. Não apenas com números, mas em situações que as crianças desde pequenas são capazes de vivenciar como por exemplo distribuir brinquedos; guarda-los no lugar entendendo seu grupo, forma e tamanho; separar por cores, entendendo as características etc. Neste momento da educação, os conteúdos desta área se referem à comparação, classificação e ordenação. E tais aprendizados podem acontecer com atitudes simples ou até um pouco mais complexas como um jogo direcionado pelo professor.
Artes já é uma área mais prazerosa para as crianças. Elas entendem que deixam marcas, que se expressam e assim vão evoluindo. Partindo de rabiscos, círculos até chegar a desenhos elaborados como uma pessoa. O evoluir no desenho acontece de forma evolutiva e o educador deve aproveitar esse momento para incentivar as crianças, para convidá-las a observarem a realidade, a respeitar suas produções, a expressarem seus pensamentos e sentimentos. É ao deixar o aluno livre que incentiva-se a criatividade e a capacidade de expressão da criança.
No documentário vemos isso o tempo todo ao analisarmos que os professores incentivam os alunos a se expressarem na hora de planejar, seja com palavras, seja com escrita ou com desenho. A matemática também está o tempo todo presente na hora do trabalho, em que as crianças realizam seus planos, resolvem problemas, pegam os materiais que querem e trabalham diversas áreas enquanto brincam como linguagem, matemática, ciências, estudos sociais, artes e desenvolvimento físico. A matemática é novamente trabalhada no hora da limpeza em que as crianças devolvem os materiais, o que os ajuda a entender organização do mundo, tamanhos e outras. Artes podemos ver em diversos momentos do dia, não apenas na hora do trabalho, quando assim desejado e planejado pela criança, mas também nos momentos de pequeno e grande grupo em que são trabalhadas atividades específicas dirigidas pelo professor, brincadeiras sugeridas, músicas, histórias ou movimentos. Através desses momentos os professores trabalham não apenas artes e criatividade dos alunos, mas também matemática, ciência e alfabetização.
Importante citar a relevância do cuidar e educar. Dois aspectos que devem estar sempre ligados na educação infantil. De acordo com a BNCC (2017), nas últimas décadas vem se consolidando na Educação Infantil, a concepção que vincula educar e cuidar, entendendo o cuidado como algo indissociável do processo.
Podemos avaliar isso ao vermos que o cuidar é a parte em que se entende o aluno, sua realidade e forma de ver o mundo. Ao entendermos a criança e tudo que a envolve podemos traçar um caminho cada vez melhor e atingir o educar de forma mais consistente. Por esse motivo esses dois aspectos devem estar sempre em sintonia.
No documentário isso fica claro ao vermos a reunião dos professores ao final do dia em que avaliam os alunos, bem como o momento em que os professores conversam com os pais na hora da saída. O cuidar passa por observações muito próximas do educando.
Outro aspecto que vemos ter influência direta na forma de educar é a organização do tempo e espaço dentro da educação infantil. Ambas as formas podem ser mais voltadas aos adultos ou às crianças e isso traz um impacto direto no aprendizado. 
Emrelação ao espaço a instituição deve ter uma organização do seu espaço físico de acordo com as concepções de desenvolvimento e de educação infantil da instituição, podendo ter uma organização mais voltada à criança ou centrada no adulto, o que permite com que este detenha o controle. Vale destacar o ponto levantado por Andrade et Souza (2013 p. 163): “Assim, os comportamentos infantis são influenciados pelo ambiente, que é organizado conforme os objetivos pessoais dos adultos.”
Já em relação ao tempo, é importante avaliar que este não deve levar em consideração apenas as necessidades biológicas, mas também o psicológico e por isso é essencial que se adeque a organização do tempo de acordo com a faixa etária da turma. O ideal é que esta organização contemple os quatro grupos de atividades: atividades de organização coletiva (arrumar sala, chegada na escola, festas etc), atividades de cuidado pessoal (relógio biológico), atividades dirigidas e atividades livres.
Nestes dois momentos de organização, o papel do pedagogo é fundamental pois é ele que conseguirá avaliar e adequar o que for necessário de acordo com a necessidade de seus alunos. Observação que só pode ser vista através da vivência. Por isso a importância do professor neste planejamento.
No documentário vemos o tempo dividido entre esses momentos e sempre com muito cuidado em respeitar cada aluno como ser único. Dentro do tempo proposto, caso o aluno não queira mais fazer o que planejou, o professor o aborda e juntos planejam uma nova atividade, por exemplo. Podemos ver a importância do educador, mesmo quando é o aluno o protagonista do roteiro do dia, como é no ensino ativo da High Scope. E principalmente, podemos ver a importância dada a organização do espaço de forma a estar ao alcance dos alunos e o impacto que isso tem no desenvolvimento da autonomia de cada aluno. 
Conclusão
Conforme estudamos, podemos ver muitos conceitos dentro da linha pedagógica do High Scope que nos trouxe uma visão do dia-a-dia de uma escola com ensino ativo e que respeita todos os conceitos trazidos pelo estudo.
Este projeto de prática me trouxe grande bagagem e vontade de começar a trabalhar. Meu desejo sempre foi trabalhar em educação infantil e ao ver os mesmos conceitos que sempre tive, me brilha os olhos. E mais interesse ainda me trouxe ter embasamento teórico para aquilo que sempre pensei mas não tinha estudos para afirmar. A evolução que vem acontecendo na educação infantil só nos mostra sua relevância e estudar nos faz evoluir.
Referências Bibliográficas
ANDRADE, L.; SOUZA, T. N. Fundamentos da Educação Infantil. Batatais: Claretiano, 2013
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base nacional comum curricular. Brasília/DF, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf – Acesso em: 08 de novembro de 2020
AUGUSTO, Silvana. A BNCC na prática #3 – Ed. Infantil. Disponível em < https://www.youtube.com/watch?v=IXOp8VE5lww&t=3019s >. Acesso em: 04 de novembro de 2020.
D13: Educação Infantil - High Scope - Rotina Diária. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=ByqEIMsjHng >. Acesso em: 06 de novembro de 2020