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Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Conceitos importantes • O controle do crescimento microbiano tem inúmeras aplicações práticas: Necessidade de fazer o controle em relação a equipamentos médicos, medicamentos, alimentos... • Conceitos importantes relacionados: Tabela 7.1, pág. 185, Microbiologia, Tortora, 10 ed. Obs: forma vegetativa é a forma ativa do patógeno. Agentes químicos antimicrobianos • Tratamentos que causam a morte do microrganismo recebem o sufixo -cida, o que significa morte. Ex: bactericida elimina bactérias. • Tratamentos que inibem o crescimento recebem o sufixo -stático ou -stase, que significa parar ou diminuir. Quando o tratamento é removido, o crescimento é retomado. Figura 5.39, pág. 176, Microbiologia de Brock, 14 ed. • Em relação a ambiente microbiostático: - A linha verde representa a contagem de células viáveis e a vermelha representa a contagem de células totais. - O agente bacteriostático é aquele que inibe o crescimento, mas não mata. Quando ele é inserido, o crescimento para. O número de células vivas será igual ao número de células totais. Ao remover o agente, as células voltam a se duplicar. • Ambiente microbicida: - Quando o agente é colocado, as células morrem. Sendo assim, o número de células viáveis diminui e o número total permanece, já que mesmo mortas a estrutura ainda permanece no meio. • Ambiente bacteriolítco: - Causa lise das bactérias. - Quando o agente entra, ele destrói a estrutura das bactérias vivas e das mortas também. Com isso, há queda de ambas. Taxa de morte microbiana • O controle de crescimento desses microrganismos e a efetividade dos tratamentos antimicrobianos é influenciado por vários fatores: - Número de microrganismos: Se há muitos microrganismos, há mais dificuldade para que esse antimicrobiano seja eficaz. Figura 7.1, pág. 187, Microbiologia, Tortora, 10 ed. - Influências ambientais. - Tempo de exposição: se o tempo for muito curto, pode não haver eficácia. - Características microbianas: Os microrganismos possuem características específicas, que o tornará mais virulento ou menos. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez • Dentre as bactérias que consegue esporolar, a temperatura na qual os esporos precisam alcançar para morrer varia: - Bacillus cereus: 12 segundos a 105 graus; - Clostridium botulinum: 28 segundos a 106 graus; Isso varia de acordo com a temperatura e o tempo. • Esses fatores influenciam na efetividade do tratamento. Influências ambientais • Diversos fatores afetam a eficiência dos agentes antimicrobianos químicos. • Por exemplo, a desinfecção de uma bancada de cozinha repleta de alimentos derramados é mais difícil do que a desinfecção de uma bancada limpa. • As bactérias frequentemente formam biofilmes – redes de polissacarídeos, revestindo as superfícies de tecidos ou os dispositivos médicos com camadas de células microbianas embebidas em polissacarídeos. • Os biofilmes podem retardar ou mesmo impedir totalmente a penetração dos agentes antimicrobianos, reduzindo ou anulando sua eficiência. Ações dos agentes microbianos • Alteração da permeabilidade da membrana; • Danos às proteínas; • Danos aos ácidos nucléicos. Controle de populações microbianas • Pode ser feito através de métodos físicos: - Ajustando as condições ambientais – temperatura, irradiação, dessecação, pressão osmótica – para valores não tolerados por um microrganismo. • Métodos químicos: - Também conhecidos como biocidas. Acima de determinada concentração, inativam os microrganismos. - Utilizados em situações que impede o uso de métodos físicos. - Muito empregados no controle e prevenção de infecções hospitalares. Métodos físicos • Calor: Método mais empregado para matar microrganismos. - Calor úmido: Realiza a desnaturação proteica e fluidificação de lipídeos. 1. Fervura (100 graus): Mata todas as formas vegetativas dos patógenos, muitos vírus, fungos em até 15 min. Alguns vírus e endósporos bacterianos são resistentes: o vírus da hepatite morre depois de 30 minutos e endósporos em até 20 horas. Não é um método de esterilização confiável, pois mata a maioria dos patógenos e não todos. 2. Autoclave: Temperatura acima de 100 grus. Método preferencial de esterilização. Material não pode sofrer alterações pelo calor ou umidade, precisa ser de um tipo específico. Quanto maior a pressão interior, maios a temperatura. Na temperatura de 121 graus, usa-se vapor saturado sob pressão por 15 a 20 minutos para matar endósporos. O volume do líquido também tem impacto no tempo de esterilização: Tabela 7.4, pág. 189, Microbiologia, Tortora, 10 ed. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Figura 5.33, pág. 173, Microbiologia de Brock, 14 ed. Exemplo de autoclave. Há métodos que indicam se o material foi realmente autoclavado – fitas colocadas no material. Se elas listram é que foi autoclavado adequadamente; Há outras que ficam com a coloração azul quando esterilizados. Figura 7.3, pág. 190, Microbiologia, Tortora, 10 ed. Também á saquinhos específicos resistentes à autoclave para embrulhar o material. A autoclave é como uma grande panela de pressão, tendo riscos, sendo necessário um manejo profissional para evitar acidentes. 3. Pasteurização: É quando o produto é aquecido a uma alta temperatura, num dado tempo, e a seguir resfriar bruscamente. Aquecimento leve para matar microrganismos patogênicos e reduz a carga microbiana total. Não esteriliza. Há a pasteurização de alta temperatura e curto tempo (HTST): 72 graus por 15 s. Também a esterilização por temperatura ultra elevada (UHT): eleva a temperatura a 74 graus, seguida de 140 graus por 4 segundos, seguido de resfriamento imediato em câmara de vácuo. - Calor seco: Realiza a oxidação dos constituintes celulares orgânicos e a desnaturação das proteínas. 1. Chama direta: Utilização do bico de Bunsen. Coloca-se o objeto em contato com a chama do bico. Utilizada para diminuir a população microbiana de um objeto. 2. Incineração: Utiliza-se um incinerador para queimar tudo. 3. Esterilização em ar quente: Vai depender do volume colocado dentro da estufa, da temperatura e o tempo programado. Mais coisas demoram mais tempo para esterilizar. • Radiações: Os efeitos dependem do comprimento de onda, da intensidade, da duração e da distância da fonte: - Ionizantes: Comprimento de onda mais curto que as não ionizantes e carregam mais energia: 1. Ionização da água com formação de superóxidos. 2. Raios gamas, raios X ou feixes de elétrons de alta energia. - Não ionizantes: comprimento de onda mais longo. 1. Luz ultravioleta (UV). Bastante utilizada em fluxos laminares, nas câmaras estéreis utilizadas para manusear culturas de células, microrganismos, de modo que aqueles presentes no ar não contaminem a amostra. Essa câmara é esterilizada com a luz ultravioleta. É necessário desligar os raios UV antes de manusear. Figura 5.34, pág. 174, Microbiologia de Brock, 14 ed. 2. Podem induzir a formação de dímeros de pirimidina no DNA. - Micro-ondas: outro tipo de radiação utilizada. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez • Em relação aos métodos físicos existem indicadores biológicos: Vão dizer se o método físico está funcionando ou não. Eles são: - Suspensões-padrão de esporos bacterianos, dos quais se sabe a temperatura e o tempo necessários para que sejam eliminados. Com isso, pode-se testar o aparelho para ver se está funcionando ou não. - Esses esporos são submetidos a esterilização junto com os materiais a serem processados. - Terminadaa esterilização, os indicadores são colocados em meios de cultura adequados. Se o microrganismo não morrer, significa que os métodos não estão funcionando. Se os esporos não se transformam para a forma vegetativo, eles foram - Isso é um controle de qualidade periódico, para saber se os equipamentos estão funcionando de forma adequada. - Bactérias utilizadas como padrão para fazer o controle de qualidade: Geobacillus stearotermophilus – calor úmido; Bacillus athrophaeus – calor seco; • Filtração: utilização de poros suficientemente pequenos que retêm microrganismos, como bactérias e fungos. Figura 7.4, pág. 191, Microbiologia, Tortora, 10 ed. - Realiza a esterilização de soluções termo-sensíveis, que não podem ser autoclavas. - A solução passa pela membrana, filtra e no outro recipiente cai o líquido já esterilizado. - Pode haver esses filtros na entrada de ambientes onde qualquer microrganismo do ar é indesejável. Por exemplos, filtros de partículas de ar de alta eficiência (HEPA). • Pressão osmótica: Forma de controle do crescimento microbiano, através da retirada de água. Exemplos: Frutas em conserva, peixes e carnes salgadas. • Dessecação: - Um exemplo é a liofilização, retirada de água da amostra em baixa temperatura. • Baixas temperaturas: - Refrigerados comuns (0 a 7 graus) – reduz a taxa metabólica dos microrganismos. Saem da temperatura ótima para replicação. - Acontece na maioria dos microrganismos. - Efeitos bacteriostáticos: diminui o crescimento, enquanto a temperatura se mantiver estável. Métodos químicos • Esterilizantes: matam todos os microrganismos em um ambiente ou material. • Desinfetantes: reduzem a carga microbiana de forma que o material deixe de representar risco de disseminação de microrganismos. Não esteriliza. • Desinfetantes vs Antissépticos: - Devem possuir alta eficácia germicida. - Devem apresentar estabilidade química. - Inodoro ou apresentar odor agradável. - Incolor. - Não produzir manchas. - Os desinfetantes (atuam em superfícies) possuem boa capacidade de penetração na matéria e não corrosivo. Os antissépticos (atuam em tecidos vivos) não pode ser irritante nem absorvidos na pele. • Principais grupos: - Alcoóis: Baratos, facilmente obtidos e bactericidas para formas vegetativas. Tem atividade bactericida. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Realiza a desnaturação de proteínas e solubilização de lipídeos. 1. Etanol. 2. Isopropanol. É importante utilizar a diluição adequada em água de modo que o etanol não seja tão volátil (ex. 100%) e nem tão diluído que perca sua eficácia (ex. 40%). Ação biocida em diferentes concentrações de álcool e tempo de exposição: Tabela 7.6, pág. 198, Microbiologia, Tortora, 10 ed. ©: houve crescimento bacteriano; (NC): Não houve crescimento. O 100 não é eficaz pois é necessário que haja um tempo mínimo de exposição para matar o microrganismo. Por ele ser muito volátil, evapora muito rápido. - Aldeídos e derivados: Desnaturam proteínas. 1. Aldeído fórmico, formol: forma de solução aquosa de 3% a 8%. Utilizado associado a outros desinfetantes. 2. Aldeído glutárico: mais tóxico ainda. - Fenóis e derivados: Possuem poder biocida, com ampla aplicação na indústria de alimentos, ração, cosméticos, perfumarias e áreas médicas. Precipitam e denaturam proteínas. 1. Fenol. 2. Cresóis – creolina. 3. Timol. 4. Derivados halogenados. 5. Triclosan (bisfenol): bacteriostático e fundistático. - Halogênios e derivados: 1. Iodo: Bactericida, fungicida, esporocida. Combina-se irreversivelmente com proteínas. 2. Cloro gasoso: Potente ação germicida. Ação sobre proteínas. Ação germicida causada pelo ácido hipocloroso (HOCL) que se forma quando o cloro é adicionado à água. - Agentes de superfície: 1. Sãbão – ação limitada. 2. Detergentes catiônicos: derivados de amônia: Cloreto de benzalcônio, cloreto de benzentônio, cetrimida. Seu modo de ação é pouco esclarecido. Alguns estudos apontam que causam a alteração de permeabilidade de membrana e inibem a respiração células e glicólise. - Biguanidas (dentre elas a clorexidina, bastante utilizada em ambientes hospitalares). Bastantes utilizados para antissepsia da pele: Lavagem das mãos dos profissionais de saúde; Preparo pré- cirúrgico; Urologia, ginecologia e obstetrícia; Queimados. Em determinada concentração pode ser bactericida. Caso se encontre em uma menor concentração, pode ser bacteriostático. - Metais pesados e derivados: 1. Sais de mercúrio: Predominantemente bacteriostático e atua nas proteínas. 2. Sais de prata – nitrato: Utilizados em soluções oftálmicas. Fazem controle de infecções. 3. Sais de cobre: Utilizados em águas de piscinas. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Figura 7.8, pág. 198, Microbiologia, Tortora, 10 ed. Placa com meio de cultura. Onde a moeda estava não cresceu a bactéria. - Agentes oxidantes: Liberam oxigênio nascente. São reativos e oxidam as enzimas. 1. Água oxigenada, permanganato de potássio, ozônio. • Esterilizantes gasosos: - Oxido de etileno – possui uma atividade lenta e inflamável. Diferentes eficácias Figura 7.10, pág. 200, Microbiologia, Tortora, 10 ed. • Sempre tem que ser avaliado e considerado as diferentes eficácias desses agentes microbianos. • O gráfico apresenta a porcentagem de bactérias sobreviventes dependendo do tempo de contato com o agente. • Por exemplo, água e sabão possuem ação limitada. Observa-se que há uma grande porcentagem de bactérias sobreviventes depois de sua utilização. • Já uma tintura de cloreto de benzalcônio possui uma melhor eficácia. • A substância com melhores resultados é a de 1% de iodo em 70% de etanol (tintura de iodo). Essa solução é bastante eficiente. Tabela 7. 7, pág. 203, Microbiologia, Tortora, 10 ed. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez • Nessa tabela é possível observar a eficácia dos antimicrobianos químicos contra endósporos e as micobactérias (grupo de bactéria específico com parede celular mais resistente). • Em relação a esses seres, muitos químicos têm baixa eficácia. • Há diferentes nas eficácias, tanto por causa das características dos agentes como as características dos microrganismos. Figura 7. 11, pág. 203, Microbiologia, Tortora, 10 ed. • Os príons são proteínas muito resistentes e difíceis de eliminar. Avaliando um desinfetante • Para essa avaliação, a análise química não é suficiente, é necessário realizar uma avaliação microbiológica. • No Brasil, é utilizada a diluição de uso. - Faz-se a avaliação microbiológica de desinfetante para efeito de registro e as informações do rótulo dos produtos. - Pelo menos 59 dos 60 cilindros testados devem dar negativo. - Para os desinfetantes domésticos, utilizam-se duas espécies bacterianas padronizadas. Se depois da exposição dessas duas espécies ao desinfetante – como está indicado no rótulo – permanecerem as espécies vivas, significa que o desinfetante não é efetivo. - Para desinfetantes institucionais, são utilizadas 3 espécies bacterianas padronizadas. - Para desinfetantes hospitalares, 4 espécies bacterianas padronizadas e 1 fungo filamentoso. • Outra forma de fazer a avaliação de um desinfetante é utilizando a técnica Disco-difusão. - Os discos são embebidos em sustâncias antimicrobianas. Figura 7. 6, pág. 196, Microbiologia, Tortora, 10 ed. - São placas com culturas de bactérias semeadas em discos. - Onde a bactéria não cresceu, com determinada substância, é um desinfetante eficaz. - Nas gram-positivas mostra-se mais eficácia, ou seja, as gram-negativas são mais resistentes(dependendo da espécie e da substância).
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