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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ Curso Letras - Português Disciplina: Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem Título do Relatório: O Desenvolvimento Infantil e Aprendizagem no 2º estágio das Estruturas Cognitivas Aluna: Ana Paula Tavares Silva – mat.: 20180840765-2 Professor: Felipe Tonial Data: 10/10/2019 OBJETIVO O objetivo desse relatório é evidenciar a importância da construção de um desenvolvimento saudável em crianças, tendo como estrutura pilar o seu ambiente familiar e social, sem descartar é claro, os fatores biológicos. Como objeto de estudo foi observada uma criança de 6 anos de idade, que estuda em uma escola do Estado e possui uma estrutura familiar acolhedora e estruturada. INTRODUÇÃO TEÓRICA O estudo do desenvolvimento da criança examina as mudanças físicas, cognitivas e psicossociais que as crianças sofrem a partir do momento da concepção. Segundo o filósofo John Locke, a mente da criança é uma folha em branco sobre a qual a experiência escreve a sua história. Para ele as crianças nasciam com temperamentos e inclinações diferentes e aconselhava que a instrução fosse adaptada para que se adequasse a essas diferenças, uma visão que permanece mesmo diante das modernas teorias da educação. Porém Locke alega que a educação é o fator principal na criação das principais diferenças entre as pessoas. Já o filósofo Jean Jacques Rousseau afirma que as diferenças entre as pessoas são principalmente resultado da experiência. Diz que o homem nasce puro, mas ao ser exposto à civilização moderna, este seria corrompido, ou seja, considera que a criança nasce sem a percepção do que é virtude, mas que se desenvolveria com o tempo, não fosse sua exposição à civilização. A pesquisa moderna deixa claro que não somos folhas em branco, quando nascemos já possuímos cérebros estruturados. O processo de industrialização também transformou o papel das crianças na sociedade, pois ao invés de crescerem em fazendas, começavam a trabalhar nas fábricas. Foi a partir daí, que o ensino foi difundido. As escolas foram criadas para aumentar o controle sobre as crianças e, tinham como objetivo supervisionar o desenvolvimento delas, quando nem os pais nem os empregadores estavam por perto. O trabalho das crianças em fábricas ou minas, sob condições perigosas e insalubres se tornou um problema social. Então, em 1833 o Comitê de Investigação das Fábricas na Inglaterra realizou um estudo para descobrir se as crianças conseguiam trabalhar 12 horas por dia sem sofrerem danos. Essa pesquisa trouxe à tona os problemas sociais existentes e, com a publicação de “A Origem das Espécies” de Charles Darwim, despertou-se ainda mais o interesse no estudo científico das crianças, pois este acreditava que os seres humanos evoluíram a partir de espécies previamente existentes. Buscou-se a partir daí, a busca de evidências da evolução. Os psicólogos do desenvolvimento moderno estudam as origens do comportamento humano e as mudanças físicas, cognitivas e psicossociais que as crianças sofrem à medida que vão crescendo. Acredita-se que as pesquisas científicas sobre crianças seja uma boa maneira de tornar o mundo melhor. Uma das preocupações dos psicólogos do desenvolvimento é o nível de interação dos fatores biológicos - geneticamente determinados, com os fatores ambientais. Sabemos que as predisposições biológicas são herdadas, enquanto que os ambientais são obtidos através da influencia, por exemplo, da família e da comunidade, considerando então, que a estabilidade psicológica das crianças, dá-se em função do ambiente e da composição genética. Jean Piaget, pesquisador e cientista no estudo do desenvolvimento da inteligência, assegura que o ser humano constrói sua estrutura cognitiva no período de Zero a Quinze anos. De acordo com Piaget (1972), cada etapa da vida da criança a prepara para o próximo nível, tendo como figuras fundamentais a presença dos pais, familiares e educadores, e é necessário que estes, reconheçam esse processo, para que saibam definir as formas de condução e preparação para a vida de uma criança. Os psicólogos modernos consideram que não é possível delinear o desenvolvimento considerando de forma isolada a natureza ou a educação, uma vez que o organismo e seu ambiente são um único processo de vida (Gottlieb, 1996). Apesar das variadas vertentes de pesquisas, há um ponto comum entre todas, que é o reconhecimento da existência de uma essência humana que se forma e se desenvolve ao longo da vida. Piaget, embora não possa ser qualificado como psicólogo do desenvolvimento, representa o que de mais importante se produziu no campo da psicologia do desenvolvimento infantil. Piaget definiu quatro grandes estágios no desenvolvimento das estruturas cognitivas, ligados ao desenvolvimento da afetividade e da socialização da criança: 1º estágio - Sensório-motor (0 a 2 anos); 2º estágio: Pré-operatório (2 a 7 anos); 3º estágio: Operações concretas (7 a 11 ou 12 anos); 4º período: Operações formais (11 ou 12 anos em diante). O estágio da criança observada neste relatório é o segundo - o estágio pré- operatório, sendo o momento onde a criança começa a definir melhor seu território de desejos e necessidades. Inicia o processo de imitação e de busca pela compreensão do seu ambiente. A criança considera as imagens como substitutos do objeto e pensa fazendo relações entre imagens. A melhor maneira e mais direta de reunir informações objetivas sobre as crianças é estudá-las através de observações, preferencialmente durante suas atividades diárias e registrar os acontecimentos. METODOLOGIA Este relatório foi produzido com base na observação da Aluna Elisa Rodrigues Lopes em sala de aula durante os dias 07 e 08 de outubro de 2019, após solicitados aos responsáveis pela criança o consentimento para a observação. A aluna de 06 anos de idade cursa o 1º ano da EMEF Dom José Mauro Pereira Bastos – Serra/ES. RESULTADOS E CONCLUSÃO Elisa é uma criança doce e carinhosa. Relaciona-se bem com os amigos na escola, e quando há alguma desavença sempre acaba voltando a brincar com o colega. É sempre prestativa com os outros. Em relação ao seu desenvolvimento escolar, a aluna apresenta a grafia embolada, copia errado do quadro, pula letras, linhas, palavras e até mesmo atividades, sem sequer perceber que está transcrevendo errado. Não tem cuidado com os seus materiais e tem dificuldades de usar a cola. Normalmente, não consegue concluir as atividades na sala de aula, pois se distrai facilmente com qualquer estímulo vindo dos colegas, ou até mesmo com seus próprios materiais, e só volta à tarefa quando é lembrada pela professora. Elisa demonstra desinteresse nos momentos de leitura de sala, tem dificuldades de juntar sílabas e nos momentos de leitura com a professora, tenta adivinhar as palavras, demonstrando não ter paciência para juntar as sílabas e formar palavras. Quando é questionada pela professora sobre a escrita errada e lhe é pedido que veja a letra que escreveu, ela não percebe o seu erro. Só após muita insistência da professora, que identifica o erro. Nas atividades com livro, a aluna também tem dificuldade de localizar onde inserir as respostas. Elisa faz todas as atividades de casa propostas pela professora e demonstra ter apoio da família para executar e cumprir as datas de entrega dos trabalhos. De acordo com a professora, a mãe da aluna incentiva muito o aprendizado, fazendo exercícios que encontra na internet e que estimulam/ensinam a sua alfabetização, porém é uma criança que falta muito por ficar doente com frequência. Devido a sua idade, ainda é prematuro fazer um diagnóstico. Os pais dela já a levaram ao neurologista particular, que afirmou que a mesma apresentadéficit de atenção, mas não passou medicação. Inicialmente apenas passou exames clínicos, e irá monitorá-la. Segundo a professora, é possível que essa criança apresente dislexia, no entanto, ainda é cedo para diagnosticá-la. É certo que, se esta criança for diagnosticada com dislexia, o apoio da família e da educadora no planejamento e oferecimento de estímulos ao seu desenvolvimento, além do acompanhamento médico, serão suficientes para que ela se desenvolva, seja alfabetizada e torne-se um adulto saudável. Quanto à escola, não há receita para trabalhar com alunos disléxicos. É preciso tempo e troca de informações, planejamento de atividades e elaboração de instrumentos de avaliação específicos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAVICCHIA, Durlei de Carvalho. O desenvolvimento da criança nos primeiros anos de vida. In: CADERNO DE FORMAÇÃO. Formação de professores educação infantil: Princípios e fundamentos. Universidade Estadual Paulista, Pró- Reitoria de Graduação – Universidade Virtual do Estado de São Paulo – São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. Disponível em: https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/224/1/01d11t01.pdf. Acesso em: 09 out. 2019. COLE, Michael. O desenvolvimento da criança e do adolescente. Michael Cole e Sheila R. Cole. Trad. Magda França Lopes. – 4 ed – Porto Alegre: Artmed, 2003. COLL, C. As contribuições da Psicologia para a Educação: teoria Genética e Aprendizagem Escolar. In: LEITE, L.B. (Org.) Piaget e a Escola de Genebra. São Paulo: Editora Cortez, 1992. GOTTLIEB, G. Developmental psychobiologicaltheory. Em R.B. Cairns, G.H, Elder & E.J.Costello (Orgs.), Developmental science. New York: Cambridge UniversityPress, 1996. PAPALIA, Diane E; FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento Humano. 12ª Edição. Porto Alegre: AMGH, 2013. Disponível em: http://sandrachiabi.com/wp-content/uploads/2017/03/desenvolvimento-humano.pdf. Acesso em: 10 out. 2019. PIAGET, J. A Vida e o Pensamento do Ponto de Vista da Psicologia Experimental e da Epistemologia Genética. In.: Piaget. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1972. PIAGET, J. A Epistemologia Genética. Trad. Nathanael C. Caixeira. Petrópolis: Vozes, 1971. https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/224/1/01d11t01.pdf http://sandrachiabi.com/wp-content/uploads/2017/03/desenvolvimento-humano.pdf PIAGET, Jean. Seis estudos de Psicologia. 21 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.
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