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Maicon José Evaristo Fabello FCM-TR Psiquiatria - Aula 01 / caso 01 Fonte: Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais - P. Dalgalarrondo, 3ªed. Cap 1, 2 & 8 01 - O QUE É SEMIOLOGIA? Semiologia ciência dos signos geral, não apenas médica surge da linguística (Saussure) não se limita a ela Psicopatológica estudo dos sinais e sintomas dos transtornos mentais 3 campos distintos (Charles Morris) Semântica = estudo das relações entre os signos e os objetos a que se referem Sintaxe = regras e leis que regem as relações entre os signos do sistema pragmática = relações entre os signos e seus usuários Signo elemento básico da semiologia um tipo de sinal sempre significativo Signos de maior interesse na psicopatologia: sinais comportamentais objetivos (observáveis diretamente no paciente) sintomas = vivências subjetivas relatadas pelos pacientes Sá Júnior: sintomas objetivos = observados pelo examinador sintomas subjetivos = percebidos apenas pelo paciente sinais = dados elementares das doenças provocados pelo examinador (sinal de Romberg, sinal de Babinski,etc) Roman Jakobson estoicos signans = significante signatum = significado ! Todo signo tem significante = parte material significado = o que o signo designa Charles S. Peirce: 3 tipos de signo, conforme a relação entre significado (conteúdo) e significante (suporte material) ícone = significante evoca imediatamente o significado, pois se parece com ele indicador/índice = relação de contiguidade, um aponta para o outro (nuvem e chuva,eg) símbolo = significante e significado distintos em aparência e sem relação de contiguidade. relação convencional e arbitrária DIMENSÃO DUPLA DO SINTOMA PSICOPATOLÓGICO: INDICADOR E ELEMENTO SIMBÓLICO AO MESMO TEMPO Sintoma médico e psicopatológico é: índice ==> sugere disfunção em outro local do organismo, aponta o que está errado símbolo ==> significado simbólico e cultural do sintoma DIVISÕES DA SEMIOLOGIA 2 grandes áreas: Semiotécnica Semiogênese Semiotécnica técnicas e procedimentos específicos de observação e coleta de sinais e sintomas descrição dos sintomas psiquiátrica: entrevista direta com o paciente, familiares, e pessoas de convívio coleta dos sinais ==> formular as perguntas adequadas "como" e "quando" observação minuciosa, atenta e perspicaz do comportamento do paciente conteúdo do discurso modo de falar mímica postura vestimenta forma de reagir relacionamento com o entrevistador, familiares e outros pacientes Semiogênese investigar a origem, mecanismos de produção, significado e valor diagnóstico e clínico dos sinais e sintomas SÍNDROMES E ENTIDADES NOSOLÓGICAS (TRANSTORNOS ESPECÍFICOS) Sintomas e sinais não ocorrem aleatoriamente ==> grupos frequentes = síndromes Síndrome: grupo relativamente constante e estável de sinais e sintomas definição descritiva de um conjunto momentâneo e recorrente de sinais e sintomas Delimitar síndrome não envolve: identificação de causas específicas, curso e evolução homogêneos estrutura básica de processo patológico Entidades nosológicas/doenças/transtornos específicos fenômenos mórbidos em que se identifica ou presume: causas (etiologia), curso, padrões evolutivos estados terminais típicos busca-se identificar: mecanismos psicológicos e psicopatológicos característicos antecedentes genético-familiares específicos respostas a tratamentos intervenções previsíveis !!! Psicopatologia e psiquiatria ==> trabalha com síndromes e não com entidades nosológicas. (diagnóstico é difícil ou incerto) 02 DEFINIÇÃO DE PSICOPATOLOGIA E ORDENAÇÃO DOS SEUS FENÔMENOS Campbell: psicopatologia = ciência da essência da doença/transtorno mental causas mudanças estruturais e funcionais formas de manifestação psicopatologia não é hard science apenas conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental do ser humano se esforça em ser sistemático, elucidativo e desmistificante !não inclui critérios de valor, dogmas, verdades a priori sempre revisada Karl Jaspers: limites da psicopatologia = nunca reduzir o humano a conceitos psicopatológicos psicopatologia = ciência que exige pensamento conceitual, sistemático e que possa ser comunicado de modo inequívoco !!! nem tudo pode ser conceitualizado ==> psiquiatria como arte, manejo clínico, intuição do profissional. os diagnósticos do paciente nunca poderão explicar o todo de sua vida. FORMA E CONTEÚDO DOS SINTOMAS: PATOGÊNESE E PATOPLASTIA Sintomas psicopatológicos tem 2 coisas: Forma = estrutura básica, semelhante nos diversos pacientes e nas sociedades alucinação delírio idéia obsessiva fobia etc Conteúdo = o que preenche a estrutura da forma pelo que se sente culpa o que se vê na alucinação etc. Karl Birbaum: forma se relaciona com patogênese (processo de formação e estruturação dos sintomas) conteúdo se relaciona com patoplastia (configuração e preenchimento dos conteúdos dos sintomas) depende da história de vida particular do paciente patogênese = universal, geral patoplastia = individual, extraídos dos temas centrais da existência humana (sobrevivência/segurança, sexualidade, ameaças e temores) A ORDENAÇÃO DOS FENÔMENOS EM PSICOPATOLOGIA 3 tipos de fenômenos humanos em psicopatologia: Fenômenos semelhantes em todas ou quase todas as pessoas "normal" - psicológico e fisiológico fome, sede, sono, etc. Fenômenos em parte semelhantes, em parte diferentes comum aos seres humanos, mas experimentados alterados no paciente tristeza (comum) vs (depressão) medo (comum) vs (fobia) etc Fenômenos qualitativamente novos, distintos das vivências normais característico da vivência psicopatológica experimentado apenas pelo paciente fenômenos psicóticos alucinações, etc 08 - A AVALIAÇÃO DO PACIENTE Feita principalmente pela entrevista Entrevista permite: anamnese = histórico dos sinais e sintomas, antecedentes pessoais e familiares, conhecimento da família e meio social exame psíquico = exame do estado mental atual AVALIAÇÃO FÍSICA importante para avaliação global do indivíduo Pacientes com transtorno mental grave tem doenças física mais frequentemente que a população geral dificuldades para o acesso ao cuidado mortalidade precoce expectativa de vida 15 à 20 anos menor subdiagnosticadas Comorbidades mais frequentes ao paciente com transtorno mental grave: diabetes tipo II / resistência à insulina dislipidemia doenças cardiovasculares neoplasias malignas HIV/aids Hepatite C Osteoporose Hiperprolactinemia Obesidade Tabagismo Uso de álcool e outras substâncias Efeitos colaterais de psicofármacos. Exame físico do paciente com transtorno mental é importante patologias físicas subdiagnosticadas clínico geral não examina, pois é do psiquiatra psiquiatra não examina, pois é médico de cabeça pacientes com dificuldades de acessar os serviços gerais pacientes com dificuldade de comunicar suas queixas somáticas paciente não adequadamente ouvido, devido ao estigma de "louco" preconceito em relação ao paciente, levando à negligência exame físico como forma de aproximação afetiva AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA como a do cliente geral depende de anamnese bem colhida e exame neurológico objetivo topografar lesão ou disfunção de SNC/SNP Exame neurológico sinais patológicos claros e assimetrias são mais relevantes assimetrias: força muscular reflexos miotáticos profundos reflexos musculocutâneos superficiais alterações sensitivas Sinais e reflexos primitivos ==> indicam lesão cortical difusa / encefalopatia reflexo de preensão reflexo de sucção reflexo orbicular dos lábios reflexo palmomentual AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA: O PSICODIAGNÓSTICO EXAMES COMPLEMENTARES exames laboratoriais, neurofisiológicos e de neuroimagem detecção de disfunções e patologias neurológicas e sistêmicas que produzem síndromes e sintomas psiquiátricos mais comuns: hemograma completo glicemia hormônio tireoestimulante (TSH) creatinina dosagem de vitamina B12 e D sorologia para lues, hepatite e HIV
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