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ANÁLISE DE RISCOS 
AMBIENTAIS 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.a Cláudia Regina Bosa 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Nesta aula teremos a oportunidade de aprofundar nossos 
conhecimentos relacionados à identificação de riscos em qualquer que seja a 
atividade humana realizada, e entenderemos um pouco mais sobre o processo 
de operabilidade desses riscos. Daremos destaque para a identificação de 
riscos individuais, sociais e enfatizaremos os riscos ambientais. Além disso, 
salientaremos a ocorrência de acidentes fatais e a sua adequada e importante 
prevenção e conheceremos alguns projetos desenvolvidos atualmente, os 
quais tratam sobre a sustentabilidade social e ambiental. 
 
CONTEXTUALIZANDO 
Imagine que você é um funcionário público que já está aposentado e que 
ao longo de sua vida, enquanto servidor, sempre esteve voltado para a 
elaboração de projetos e para o desenvolvimento de parcerias com 
empresários e a sociedade organizada de maneira geral. O trabalho que você 
desenvolvia estava relacionado à sensibilização da comunidade com relação 
às espécies nativas do Brasil ameaçadas de extinção, pois seu trabalho era 
realizado junto a um órgão público ambiental e focado na gestão ambiental. 
Apesar de sua aposentadoria e de seu afastamento das atividades, você 
continua ativo seguindo quase o mesmo ritmo de trabalho, mas agora de forma 
voluntária e sem a necessidade do cumprimento de horários e de algumas 
outras demandas inerentes ao órgão ambiental em questão; você no momento 
está mais inteirado com as Organizações não Governamentais (ONGs). Você 
tem percebido que muitas das atividades de extremo interesse para a 
comunidade, realizadas na sua época, tem sido deixadas de lado, e esse 
processo vem trazendo problemas relacionados à manutenção de algumas 
espécies, fato que tem sido comprovado junto às ONGs nas quais você vem 
atuando. O que você tem verificado é a falta de sensibilização da comunidade 
para com as questões de sustentabilidade e manutenção dos recursos naturais 
com consequente manutenção da espécie humana, trabalho que era árduo e 
muito bem desenvolvido por sua equipe anteriormente. Diante dessa situação, 
qual seria a sua atitude? Você enquanto idealista e apaixonado pela atividade 
 
 
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que desenvolvia antes de se aposentar entraria em contato com a antiga chefia 
e tentaria conversar e verificar a possibilidade de retomar a qualidade dos 
trabalhos? Ou junto com as pessoas engajadas nas causas defendidas pelas 
ONGs iria organizar protestos a fim de chamar a atenção da mídia e dos 
governantes para as questões que necessitam de melhorias e mais atenção? 
Ou ainda pensaria um pouco mais e deixaria isso de lado, pois sabe das 
grandes dificuldades que terá para enfrentar novamente, pois as questões de 
conservação da natureza sempre estão em segundo plano! O que você faria 
diante dessa situação que vem lhe trazendo grande desconforto? 
 
TEMA 1 – RISCOS DA OPERAÇÃO NORMAL 
Quando falamos sobre risco, estamos tratando de uma palavra que está 
presente em vários momentos de nosso cotidiano, o simples fato de estarmos 
vivos envolve uma série de riscos, pois, quando assumimos a direção de um 
carro, quando resolvemos fazer um esporte radical, lá estarão os riscos com 
maior ou menor probabilidade e magnitude de consequências caso se 
efetivem. Consideremos sempre que, quando tratamos de riscos, tratamos de 
algo que tem a possibilidade de ocorrer, não existindo a certeza de ocorrência. 
A utilização de procedimentos ou técnicas sistemáticas para 
identificação de perigos, cenários acidentais, consequências, frequências de 
ocorrência e estimativa de riscos a que se encontram submetidas as pessoas, 
o meio ambiente, as instalações ou os Elementos Críticos de Segurança de 
uma Instalação fazem parte de um processo conhecido como análise de risco. 
É muito importante saber diferenciar com clareza perigo de risco, para 
tratarmos do gerenciamento dos riscos, definição que já foi realizada em aulas 
anteriores. 
Para o bom andamento de qualquer atividade, em qualquer área do 
mercado há a necessidade de considerar a presença de riscos na operação 
normal dessa atividade, sendo assim, para o bom funcionamento de uma 
instituição em todos os aspectos, devemos salientar a importância de proteção 
adequada de suas informações dentro dos processos da operação normal, pois 
a informação dentro de qualquer que seja a instituição deve ser tratada como o 
seu maior patrimônio. 
Nos dias atuais, temos vários sistemas que podem ser utilizados com a 
finalidade de proteção das informações das instituições, inclusive o 
 
 
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crescimento pela demanda de profissionais na área de tecnologia da 
informação, o qual tem papel importante no sistema de gestão e proteção das 
informações. Todo o processo de gestão de qualquer ramo de atividade deve 
levar em consideração seus riscos de operação, pois, caso eles sejam 
negligenciados, perdas graves poderão ocorrer, inclusive a finalização da 
atividade. O risco operacional pode ser dividido em outras três categorias: 
organizacional, de operação e de pessoal. 
 
Risco organizacional 
Esse tipo de risco está intimamente ligado ao processo de gestão 
presente em uma empresa de qualquer ramo de atividade. Muitas vezes os 
gestores acabam compondo um sistema de gestão e organização da empresa 
de forma inconsistente, com grandes falhas, as quais por muitas vezes foram 
até observadas, mas negligenciadas; esse tipo de comportamento 
normalmente está associado ao desejo de conseguir lucro o mais rápido 
possível, sem pensar em longo prazo, pois o lucro poderá estar completamente 
comprometido. Esse tipo de acontecimento tem sido muito claro nos últimos 
tempos associado à crise mundial pela qual passamos, na qual as empresas 
que não consolidaram seu sistema de gestão de riscos de forma adequada 
tiveram na grande maioria de deixar de atuar. Dessa forma, toda e qualquer 
instituição de qualquer porte deve primar sempre por um bom processo de 
governança, no qual todos os envolvidos tenham o conhecimento da missão, 
objetivos e metas da organização, fato que reduzirá de forma evidente a 
efetivação de riscos em qualquer uma das esferas esperadas. 
Vamos definir o que é GOVERNANÇA? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Governança deriva do termo governo, e pode ter várias interpretações, 
dependendo do enfoque. Segundo o Banco Mundial, “governança é a maneira 
pela qual o poder é exercido na administração dos recursos sociais e 
econômicos de um país visando o desenvolvimento, e a capacidade dos 
governos de planejar, formular e programar políticas e cumprir funções”. 
Governança pode ser sinônimo de governo, o órgão de soberania ao qual 
cabe a condução política geral de um país, sendo o órgão superior da 
administração pública. No entanto, governança também pode dizer respeito às 
medidas adotadas pelo governo para governar um país. 
Fonte: <https://www.significados.com.br/governanca/> 
São oito as principais características da boa governança: Estado de direito, 
transparência, responsabilidade, orientação por consenso, igualdade e 
inclusividade, efetividade e eficiência e prestação de contas. 
 
 
 
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Existem outras questões que podem levar a riscos graves no processo 
de operação normal de uma organização, sendo um dos mais preocupantes a 
dificuldade imensa de manter um sistema de comunicação fluente entre todos 
os setores de uma empresa. O fato das dificuldades e das falhas de 
comunicação pode levar à efetivação de diversos riscos que por muitas vezes 
passam a impressão de estarem sob controle. Outro tipode falha que pode 
comprometer a operação normal de uma organização é a dificuldade ou 
ausência de definição clara das responsabilidades de cada um dos indivíduos 
envolvidos nos processos. O fato de as responsabilidades não estarem claras 
pode levar a riscos de proteção das informações, pois os indivíduos podem ter 
acessos a informações que não lhes dizem respeito e, por falta de 
conhecimento, por muitas vezes não ter o devido cuidado com o uso delas, 
acabar colocando em risco o processo operacional normal de instituição, seja 
ela uma empresa do setor privado ou público. Deve-se dar especial atenção 
em caso de acessos indevidos de informações. 
 
Risco de operação 
O risco de operação, dentro dos procedimentos de operação normal de 
uma organização, está relacionado às falhas possíveis de ocorrer nos sistemas 
de gerenciamento de informações. Um exemplo que podemos dar seria o fato 
de que uma empresa foi pensada para ter um porte pequeno, mas, com o seu 
sucesso no mercado, houve um crescimento muito acima do esperado e ela 
passou para a categoria de médio porte, sendo assim, o seu sistema de gestão 
de informações pode entrar em colapso e falhas de comunicação podem 
ocorrer entre os dados dos computadores ligados em rede e até mesmo as 
questões de telefonia podem ser prejudicadas, o que pode levar à perda de 
alguns clientes em poucas horas, devido à dificuldade de agilidade nos 
atendimentos a serem realizados. Todos os sistemas de informação das 
organizações devem ser devidamente registrados e contar com a participação 
de profissionais específicos da área para as questões de modernização e 
gerenciamento das informações. Diante de qualquer falha no sistema de 
informações, os processos de gerenciamento devem ter capacidade de 
apresentar resiliência, com o intuito de não trazer consequências negativas 
para a instituição. 
 
 
 
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Risco de pessoal 
Podemos considerar esse como o risco com maiores dificuldades de ser 
trabalhado, pois, apesar de todas as Leis e Normas Regulamentadoras 
existentes, na maioria dos casos o que observamos é o não respeito à 
qualidade de vida e segurança dos trabalhadores, e, se a instituição não 
respeita às leis obrigatórias, como trata as questões de valorização das 
capacidades individuais de seus colaboradores? Provavelmente, quando a 
empresa tem esse tipo de comportamento, possui grande parte de seus 
colaboradores descontentes, estressados e grande rotatividade de pessoal, 
fato que pode aumentar as chances de efetivação dos riscos dentro dos 
sistemas de operação normal da empresa. 
O risco de pessoal deve ser tratado de forma muito minuciosa, isto é, 
dependendo de suas condições, a empresa deve constituir um comitê 
pensando na valorização das capacidades individuais de seus colaboradores, e 
pensar em formas de incentivar um processo de formação contínua destes 
dentro das áreas de interesse da empresa. Além disso, é muito importante a 
identificação de competência chave dentro do processo de operação normal, 
pois esse colaborador pode estimular os demais a tomar uma postura mais 
proativa e a entender as possibilidades de participar mais ativamente dos 
processos nos quais estão envolvidos, participando de reuniões de 
planejamento, de formação e de prevenção da efetivação de riscos. Agindo 
dessa forma, o risco pessoal é extremamente reduzido, fato que terá 
consequências positivas no desempenho da organização frente ao mercado, 
considerando tanto variáveis internas quanto externas. 
Os gestores não devem ter suas vistas voltadas somente para as 
questões que envolvem os lucros, devem de forma orquestrada verificar os 
riscos da operação normal presentes, a fim de geri-los de forma adequada e 
evitar a efetivação deles, pois, quando alguns dos riscos da operação normal 
ocorrem devido à falta de gerenciamento adequado, a empresa sofre 
consequências muito graves, havendo a necessidade de fechar as suas portas. 
 
TEMA 2 – ANÁLISE DE OPERABILIDADE E PERIGO 
Para que uma organização seja criada e desenvolva-se de modo 
adequado, deve-se prestar atenção nos riscos que as atividades que ela realiza 
possuem, muitas técnicas podem ser utilizadas no sentido de qualificar um 
 
 
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projeto e verificar se este tem potencial para seu desenvolvimento ou deve ser 
completamente reestruturado para tal. Infelizmente, em geral associado ao 
setor público, verificamos inúmeros projetos que nem mesmo conseguiram sair 
do papel e outros que saíram, porém não foram colocados em atividades, 
trazendo muito prejuízo ao erário público, fato que denota pouco conhecimento 
dos sistemas de gestão de risco. Atualmente, com toda a tecnologia de que 
podemos lançar mão, não é admissível que esse tipo de fato continue 
acontecendo, é necessário primar pela qualidade técnica dos participantes 
desses projetos, algo que parece ser mais incisivo no setor privado. 
Para o processo de análise de viabilidade de operação de um projeto, 
podemos lançar mão de uma metodologia denominada Hazard and Operability 
Study (HAZOP) ou Análise de Operabilidade e Risco. Essa metodologia tem 
como meta realizar um estudo detalhado e sistemático de todos os aspectos de 
um produto, processo ou procedimento em fase de experimentação ou já 
implantado. Ainda objetiva que a equipe envolvida nesse processo de análise 
tenha condições de indicar medidas para a redução dos riscos que forem 
elencados no decorrer das análises. O trabalho da HAZOP é realizado por 
meio da utilização de palavras-chave essenciais para verificação da viabilidade 
do processo, devendo ser realizado por uma equipe multiprofissional com a 
finalidade de ter variadas visões sobre um mesmo fator, característica que 
possibilita a aquisição de dados mais confiáveis. Essa forma de análise tem 
algumas semelhanças com a FMEA, porém essa trabalha diretamente com as 
falhas e aquela trabalha com os desvios, os resultados indesejados e por fim 
chega a falhas. As análises citadas têm objetivos bastante similares, porém um 
formato de ação sem sentidos opostos. 
Como a FMEA devido a eficiência nos resultados obtidos a HAZOP 
também teve a ampliação de sua aplicação original, pois inicialmente fora 
pensada para ser utilizada em sistemas de processos químicos e, com o 
passar do tempo, sua utilização de expandiu e hoje é utilizada em todo tipo de 
processo com as devidas adequações. Pode, portanto, tratar de todas as 
formas de desvio das intenções de um projeto, seus componentes e 
procedimentos e, inclusive, trabalhar sobre as ações humanas. 
A análise HAZOP é realizada quando o projeto está em fase de 
detalhamento e ainda oferece a possibilidade de mudanças, o procedimento de 
alimentação desse tipo de análise e o seu sucesso dependem diretamente da 
 
 
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qualidade das informações que dão entrada durante a realização da análise, as 
quais devem ser atualizadas e de fontes confiáveis, a fim de reduzir falhas do 
processo de planejamento, desse modo, quanto maior o detalhamento das 
informações utilizadas e o histórico delas, maior a possibilidade de verificação 
de possíveis desvios que poderão comprometer o desenvolvimento do 
processo. 
Na análise HAZOP, todas as partes do projeto são analisadas de forma 
criteriosa com a finalidade de observar a presença de possíveis desvios do 
objetivo que se pretende alcançar; são listadas as causas potenciais e as 
consequências de cada um dos possíveis desvios identificados, e cada parte 
do sistema deve ser conhecida de forma satisfatória, para que possamos 
identificar os desvios, portanto há a necessidade do envolvimento de toda a 
equipe de forma efetiva. Esse processo de busca de possíveis desvios é 
facilitadocom a utilização de palavras guia que devem ser personalizadas para 
cada tipo de projeto, processo ou procedimento que está em análise. 
Uma análise no formato HAZOP é normalmente dividida nas seguintes 
etapas: escolha de um coordenador da análise que tenha perfil de liderança e 
que garanta a conclusão do processo de análise, definição clara dos objetivos 
do projeto, processo ou procedimentos em questão, lista de um conjunto de 
palavras-chave para a efetivação da análise e pôr fim a constituição de uma 
equipe multidisciplinar que participará de forma ativa de todas as etapas da 
análise. Também é importante a realização de reuniões sistemáticas com a 
finalidade principal de avaliar de forma crítica os desvios encontrados. A 
análise HAZOP tem diversos pontos positivos listados até o momento, mas 
também apresenta algumas dificuldades, como a necessidade de despender 
de mais recursos para a composição de uma equipe multidisciplinar com 
competências técnicas adequadas para a função, maior exigência de análise 
de documentos, os quais por algumas vezes não existem, colocando em risco 
a qualidade da análise e, por fim, um maior dispêndio de tempo, que por 
algumas vezes não existe naquele momento para determinado processo ao 
qual a empresa está submetida. Mesmo diante das dificuldades citadas, a 
análise HAZOP é muito utilizada e tem norteado os trabalhos de diversas 
empresas nos mais variados ramos de atividade. 
 
 
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TEMA 3 – RISCOS INDIVIDUAIS E SOCIAIS 
Ao longo de nossas aulas, realizamos a definição do que é risco para os 
projetos, processos e procedimentos que podem ser realizados nas mais 
variadas áreas de atividades humanas. Chegou o momento de levar em 
consideração o que são os riscos sociais e os riscos individuais. Quando 
tratamos dos riscos denominados sociais, estamos tratando de riscos que, 
caso se efetivem, atingirão um grupo de pessoas, portanto, quando 
trabalhamos sob a ótica de riscos sociais, devemos pensar da seguinte forma: 
para a atividade em questão, quantas pessoas estariam em risco? Quais 
seriam os efeitos da efetivação desse risco para a comunidade em questão? 
Como exemplo podemos citar novamente o caso do rompimento da barragem 
de dejetos em Mariana (MG); quando essa barragem foi construída, deveriam 
ter sido pensados de forma mais criteriosa os riscos sociais, caso o 
rompimento da barragem ocorresse, fato que infelizmente se consumou e 
verificaram-se as amplas consequências do risco social não somente para as 
pessoas que moravam no entorno do empreendimento, portanto o risco social 
do exemplo dado envolve milhares de pessoas, pois uma das consequências 
que podemos citar foi a contaminação da água de consumo de diversas 
cidades. Sendo assim, quanto maior a população exposta ao risco, maior o 
risco social em questão. 
Já os riscos individuais estão relacionados com os riscos que cada um 
dos indivíduos da população exposta pode sofrer, e nele devemos pensar 
sobre quais as chances de um indivíduo ser afetado. 
Em alguns casos, temos riscos sociais que são muito baixos, pelo fato 
de estarmos tratando de uma população reduzida, porém, quando observamos 
os riscos individuais, eles podem ser altos, pois alguns indivíduos dessa 
população, devido à posição que ocupam, estão mais expostos que outros. A 
situação inversa também poderá ser observada individualmente, isto é, as 
pessoas de uma população apresentam baixo risco de exposição, mas, quando 
levamos em consideração a população devido ao grande número de pessoas 
que a constituem, temos um risco social mais elevado quando comparado ao 
social. 
Portanto, quando formos realizar um levantamento de riscos em uma 
comunidade, as duas variáveis (social e individual) são importantes para o 
planejamento do processo de gerenciamento de riscos. 
 
 
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Podemos lançar mão da utilização de indicadores quantitativos para os 
riscos aos quais a população está exposta, e eles podem auxiliar para o 
processo de avaliação de cenários em maior escala. São eles: Risco Social 
Médio (trabalha com as médias de riscos), porém há necessidade de usar 
fatores de correção para possíveis distorções da média, e Curva FN, com a 
qual é confeccionado um gráfico com a curva da frequência de acidentes 
ocorridos em determinada população. 
Para o risco individual também temos variáveis quantitativas que podem 
ser trabalhadas como: Risco Individual Médio (RIM) e o contorno de risco 
individual. 
O RIM pode ser calculado por meio da utilização da fórmula a seguir: 
 
 
 
Quando tratamos do contorno de risco individual, estamos considerando 
pontos de risco no ambiente em que o indivíduo se encontra, o principal 
objetivo é realizar o levantamento de pontos de iso-riscos, ou seja, pontos nos 
quais os riscos são os mesmos, pois com esse tipo de marcação é possível ter 
uma visão de um mapa de riscos das mais variadas localizações aos quais os 
indivíduos potencialmente podem estar expostos. 
Nesse momento de nossa aula, cabe comentar também sobre alguns 
indicadores de risco ambiental, os quais, se utilizados de forma adequada, 
podem ajudar na redução tanto dos riscos individuais quanto sociais. Podemos 
utilizar indicadores de magnitude dos danos ambientais e ainda com 
indicadores de sensibilidade das áreas atingidas. Como exemplo podemos citar 
um acidente com vazamento de óleo, no qual a magnitude dos danos 
ambientais dependerá de que tipo de ambiente foi afetado pelo derramamento, 
podendo ser tanto um rio de pequena extensão, como um oceano. Também 
existem variações com relação aos indicadores de sensibilidade das áreas 
atingidas, pois o derramamento pode ter ocorrido em um rio muito poluído ou 
em uma região de manguezal em ótimas condições de conservação, então fica 
clara a diferença de sensibilidade entre as áreas hipoteticamente atingidas. 
Podemos perceber diante do exposto que a identificação dos riscos 
individuais, sociais e ambientais é de grande importância para os processos de 
gerenciamento deles e para evitar ou mitigar riscos em várias escalas. 
RIM = Risco Social Médio 
 População Exposta 
 
 
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Devemos lembrar que a mitigação de riscos ambientais envolve um processo 
mais complexo, pois inclui diversos fatores e inclusive a capacidade de 
regeneração da natureza. Podemos citar como exemplo o vazamento de óleo 
combustível nos oceanos, processo catastrófico que pode se espalhar por uma 
área imensa, levando anos para o processo de despoluição, com graves 
consequências para a saúde humana e para os ecossistemas tanto aquáticos 
quanto terrestres. 
 
TEMA 4 – TAXAS DE ACIDENTES FATAIS 
Antes do início da época industrial, não se ouvia falar sobre acidentes de 
trabalho (o que não significa dizer que eles não ocorriam), a maioria das 
atividades realizadas pelos trabalhadores era desenvolvida de forma artesanal 
e não havia uma legislação específica tratando sobre esse tipo de ocorrência 
no ambiente de trabalho. Com a modernização das condições de trabalho e 
surgimento de leis regendo as questões trabalhistas, começam a ser efetuados 
os primeiros registros referentes aos acidentes considerados de trabalho. 
Quando falamos de acidente de um modo geral, rapidamente vem a 
nossa mente algo que não é positivo, um acontecimento que independe de 
nossa vontade, algo fortuito e prejudicial. 
Quando tratamos de acidentes de trabalho, estamos nos referindo a um 
evento prejudicial que ocorreu no desenvolvimento das atividades laborais de 
um colaborador, causando-lhe lesão ou não, permanente ou transitória, ou 
ainda lhe custando a própria vida. As causas de um acidente de trabalho 
podem ser internas, externas, súbitas,fortuitas. 
Os acidentes de trabalho podem ser divididos em três principais tipos: 
1. Acidente típico – aquele acidente relacionado diretamente com as 
atribuições do trabalho realizado pelo colaborador, o qual pode ou não causar 
lesão, temporária ou permanente, e ainda com risco de morte. 
2. Acidente "in itinere" ou de trajeto – é um tipo de acidente de trabalho 
caracterizado por danos que o colaborador venha a sofrer durante o seu trajeto 
do trabalho para casa ou de casa para o trabalho. Esse tipo de acidente inclui 
viagens de trabalho, os horários de descanso estabelecidos por leis e ainda a 
ação de terceiros, como a sabotagem de um maquinário no setor de produção. 
3. Doenças profissionais – são também considerados acidentes de 
trabalho, quando o colaborador desenvolve alguma atividade que lhe imprime 
 
 
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risco para a saúde, as quais, segundo as leis, devem receber adicionais de 
função, ou ainda quando não são respeitados os processos corretos do uso de 
equipamentos de proteção individual ou coletiva e, por esse motivo, algumas 
doenças podem se instalar entre os trabalhadores. Também devemos levar em 
consideração as doenças psicológicas que podem ser adquiridas, devido a 
trabalhos estressantes, como a Síndrome de Burnout, muito comum entre 
profissionais da saúde e da educação. 
Em todas as empresas há a necessidade da implantação das regras de 
segurança do trabalho, com a finalidade básica de evitar injúrias para a saúde 
dos colaboradores. Eles devem estar cientes dos riscos a que estão expostos 
diante da atividade que desempenham e da importância de utilizar de forma 
correta os equipamentos de proteção individual e coletiva, para o bem-estar de 
todos os envolvidos no processo. A não observância dessas questões pode 
levar ao aumento do número de acidentes e inclusive ao aumento do número 
de acidentes com mortes relacionadas. 
A seguir são listados alguns aspectos que são negligenciados por 
algumas empresas que podem levar a acidentes fatais: falta de equipamentos 
de segurança, recusa do colaborador em usar o equipamento de segurança, 
negligência do trabalhador, defeitos nos equipamentos (falta de manutenção, 
equipamentos obsoletos) e ainda falta de uma equipe de profissionais 
especializados em medicina e segurança do trabalho. 
Devemos salientar que as empresas devem seguir criteriosamente as 
leis relacionadas a medicina e segurança do trabalho. Antes de iniciar suas 
atividades na empresa, o colaborador deve passar por exame médico e quando 
for demitido deverá passar novamente por um exame médico a fim de 
comprovar que o labor realizado não lhe trouxe consequência à saúde. 
Portanto, as atividades realizadas em qualquer setor de uma empresa 
devem ser muito bem observadas no sentido de contribuir para a manutenção 
da saúde dos colaboradores. Pensar na prevenção e mitigação de acidentes é 
essencial para as empresas que desejam conseguir confiabilidade no mercado. 
A intenção é sempre evitar os acidentes por meio do uso de EPIs/EPCs e ainda 
por meio de sistemas reguladores internos e externos a fim de evitar riscos que 
podem ocorrer e ser fatais. Não é possível permitir empregadores que pensem 
em economizar nessa área, pois devemos entender que o capital humano é o 
principal dentro de uma empresa. 
 
 
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TEMA 5 – SUSTENTABILIDADE E GESTÃO AMBIENTAL 
Atualmente, o mundo passa por várias discussões tratando processos 
relativos a sustentabilidade, principalmente no que se refere às questões que 
envolvem o meio ambiente e a utilização dos recursos naturais. Temos hoje um 
aumento significativo no número de consumidores conscientes que buscam 
produtos com menor capacidade de agressão ao meio ambiente, e, diante 
dessas novas premissas colocadas no mercado, há a premente necessidade 
de que as empresas inovem as suas formas de produção e tenham produtos 
que atendam prontamente a esse novo nicho de consumidores. Para tal as 
empresas devem ter um programa de Gestão Ambiental coerente que se 
preocupe com as questões de sustentabilidade, poluição, aquecimento global, 
dentre muitas outras. Não se pode mais aceitar no mercado empresas que não 
tenham, por exemplo, um programa efetivo de gerenciamento de resíduos. O 
objetivo principal de um sistema de Gestão Ambiental é a redução máxima de 
impactos negativos ao meio ambiente. 
Relembrando alguns conceitos: 
Impacto ambiental – quando falamos de impacto ambiental, grande 
parte das pessoas tem a tendência de pensar em coisa negativas. É importante 
salientar que um impacto ambiental trata de qualquer modificação que ocorra 
no ecossistema em questão, portanto um impacto ambiental pode ser positivo 
ou negativo, infelizmente na maioria das vezes os impactos ambientais são 
causados pelos seres humanos e têm consequências negativas para o meio. 
Recursos Naturais – Podem ser considerados benefícios presentes no 
ambiente natural dos quais os seres humanos aprenderam a tirar proveito. 
Existem recursos naturais que são chamados renováveis (água) e outros 
considerados não renováveis (petróleo). Atualmente, grande parte das 
atenções do nosso planeta estão voltadas para as questões que envolvem a 
gestão desses recursos para a garantia de sobrevivência das gerações 
vindouras. 
Se uma empresa adotar um sistema de gestão ambiental eficiente, pode 
fazer uso disso na venda de sua imagem, atingindo vários nichos do mercado 
consumidor e ainda contribuindo para a longevidade de sua atividade por meio 
da sustentabilidade na utilização dos recursos naturais que utiliza na confecção 
de seu produto ou serviço. 
 
 
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Deve-se salientar que atualmente os consumidores estão cada vez mais 
exigentes e que há um novo nicho a ser explorado, aquele das pessoas 
extremamente preocupadas com a questão do consumo consciente, esse 
mercado de consumidores tem mudado o perfil de muitas empresas que vêm 
adaptando seus modos de produção, como o tipo de produto para esse novo 
público muito mais exigente. 
Uma empresa que apresenta um efetivo sistema de gestão ambiental 
pode pleitear uma certificação pela ISO 14000 que estabelece parâmetros e 
diretrizes para a gestão ambiental de empresas dos setores privado e público. 
É importante destacar que, mesmo não tendo a certificação da ISO 
14000, as empresas devem se preocupar com o sistema de gestão ambiental 
dentro de todos os circuitos que envolvem o produto que ela oferece para a 
sociedade como bem de consumo. Há necessidade, dentro de um sistema de 
gestão ambiental, de preocupar-se com a procedência da matéria-prima 
utilizada, se vem de uma fonte limpa de resíduos, se não houve destruição de 
florestas, perda de espécies, modificações de cursos de rios, dentre muitos 
outros impactos que podem levar a sérias consequências para diversos 
ecossistemas. Em seguida, a empresa necessita dispensar atenção para o seu 
próprio modo de produção, tipos de resíduos produzidos, como são tratados e 
se há formas alternativas para a redução deles, para o tratamento ou até uma 
forma de eliminar com emissão zero de resíduos. Após a confecção do 
produto, a empresa deve ter seus olhares voltados para o consumo do produto, 
se ele pode ser reciclado na indústria quando da sua inutilização, se a 
embalagem que o contém é a mais adequada em termos de gestão ambiental. 
Enfim, em todos os momentos há necessidade de preocupar-se com os 
impactos possíveis que o produto possa causar no meio ambiente e sempre 
pensar medidas de mitigação deles, pois é sabido da necessidade de reduzir a 
emissão de gases de efeito estufa, a fim de reduzirmos as mudanças climáticas 
que hoje podem ser mensuradas de forma efetiva por todas as populações domundo. 
 
FINALIZANDO 
Nesta aula tratamos sobre os riscos que podem estar presentes dentro 
de uma operação normal e de como evitá-los ou mitigá-los. Lembramos 
também que o risco é iminente em qualquer tipo de atividade que se esteja 
 
 
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realizando. Também destacamos a importância de um bom processo de 
governança para o sucesso das gestões em todos os aspectos. Destacamos a 
importância da análise HAZOP para as organizações, tratamos sobre as 
questões que envolvem os riscos individuais, sociais e ambientais. 
Comentamos sobre os acidentes de trabalho, sua gravidade e a necessidade 
de mitigação destes. Por fim, comentamos sobre a necessidade de programas 
efetivos de gestão ambiental em qualquer que seja a área de trabalho humano 
envolvido, pois é sabido que a sociedade está mais consciente quando se trata 
do consumo de produtos e da gestão de resíduos. 
Voltando ao tema da contextualização, o que você faria diante da 
observação de que o trabalho que você desenvolveu durante toda a sua vida 
profissional, em uma empresa pública que respeitava as questões de gestão 
ambiental, está sob risco? Você enquanto idealista e apaixonado pela atividade 
que desenvolvia antes de se aposentar entraria em contato com a antiga chefia 
e tentaria conversar e verificar a possibilidade de retomar a qualidade dos 
trabalhos? Ou junto com as pessoas engajadas nas causas defendidas pelas 
ONGs com as quais trabalha atualmente iria organizar protestos a fim de 
chamar a atenção da mídia e dos governantes para as questões que 
necessitam de melhorias e mais atenção? Ou ainda pensaria um pouco mais e 
deixaria isso de lado, pois sabe das grandes dificuldades que terá para 
enfrentar novamente, pois as questões de conservação da natureza sempre 
estão em segundo plano! O que você faria diante dessa situação que lhe vem 
trazendo grande desconforto? 
 
REFERÊNCIAS 
DIAS, R. Gestão ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. 2. ed. 
São Paulo: Atlas, 2011. 
 
JABBOUR, A. B. L. S.; JABBOUR,C. J. C. Gestão ambiental nas 
organizações: fundamentos e tendências. São Paulo: Atlas, 2013. 
 
PHILIPPI, A. Curso de gestão ambiental. 2. ed. Barueri: Manole, 2014. 
 
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