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ANÁLISE DE RISCOS AMBIENTAIS AULA 5 Prof.a Cláudia Regina Bosa 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula teremos a oportunidade de aprofundar nossos conhecimentos relacionados à identificação de riscos em qualquer que seja a atividade humana realizada, e entenderemos um pouco mais sobre o processo de operabilidade desses riscos. Daremos destaque para a identificação de riscos individuais, sociais e enfatizaremos os riscos ambientais. Além disso, salientaremos a ocorrência de acidentes fatais e a sua adequada e importante prevenção e conheceremos alguns projetos desenvolvidos atualmente, os quais tratam sobre a sustentabilidade social e ambiental. CONTEXTUALIZANDO Imagine que você é um funcionário público que já está aposentado e que ao longo de sua vida, enquanto servidor, sempre esteve voltado para a elaboração de projetos e para o desenvolvimento de parcerias com empresários e a sociedade organizada de maneira geral. O trabalho que você desenvolvia estava relacionado à sensibilização da comunidade com relação às espécies nativas do Brasil ameaçadas de extinção, pois seu trabalho era realizado junto a um órgão público ambiental e focado na gestão ambiental. Apesar de sua aposentadoria e de seu afastamento das atividades, você continua ativo seguindo quase o mesmo ritmo de trabalho, mas agora de forma voluntária e sem a necessidade do cumprimento de horários e de algumas outras demandas inerentes ao órgão ambiental em questão; você no momento está mais inteirado com as Organizações não Governamentais (ONGs). Você tem percebido que muitas das atividades de extremo interesse para a comunidade, realizadas na sua época, tem sido deixadas de lado, e esse processo vem trazendo problemas relacionados à manutenção de algumas espécies, fato que tem sido comprovado junto às ONGs nas quais você vem atuando. O que você tem verificado é a falta de sensibilização da comunidade para com as questões de sustentabilidade e manutenção dos recursos naturais com consequente manutenção da espécie humana, trabalho que era árduo e muito bem desenvolvido por sua equipe anteriormente. Diante dessa situação, qual seria a sua atitude? Você enquanto idealista e apaixonado pela atividade 3 que desenvolvia antes de se aposentar entraria em contato com a antiga chefia e tentaria conversar e verificar a possibilidade de retomar a qualidade dos trabalhos? Ou junto com as pessoas engajadas nas causas defendidas pelas ONGs iria organizar protestos a fim de chamar a atenção da mídia e dos governantes para as questões que necessitam de melhorias e mais atenção? Ou ainda pensaria um pouco mais e deixaria isso de lado, pois sabe das grandes dificuldades que terá para enfrentar novamente, pois as questões de conservação da natureza sempre estão em segundo plano! O que você faria diante dessa situação que vem lhe trazendo grande desconforto? TEMA 1 – RISCOS DA OPERAÇÃO NORMAL Quando falamos sobre risco, estamos tratando de uma palavra que está presente em vários momentos de nosso cotidiano, o simples fato de estarmos vivos envolve uma série de riscos, pois, quando assumimos a direção de um carro, quando resolvemos fazer um esporte radical, lá estarão os riscos com maior ou menor probabilidade e magnitude de consequências caso se efetivem. Consideremos sempre que, quando tratamos de riscos, tratamos de algo que tem a possibilidade de ocorrer, não existindo a certeza de ocorrência. A utilização de procedimentos ou técnicas sistemáticas para identificação de perigos, cenários acidentais, consequências, frequências de ocorrência e estimativa de riscos a que se encontram submetidas as pessoas, o meio ambiente, as instalações ou os Elementos Críticos de Segurança de uma Instalação fazem parte de um processo conhecido como análise de risco. É muito importante saber diferenciar com clareza perigo de risco, para tratarmos do gerenciamento dos riscos, definição que já foi realizada em aulas anteriores. Para o bom andamento de qualquer atividade, em qualquer área do mercado há a necessidade de considerar a presença de riscos na operação normal dessa atividade, sendo assim, para o bom funcionamento de uma instituição em todos os aspectos, devemos salientar a importância de proteção adequada de suas informações dentro dos processos da operação normal, pois a informação dentro de qualquer que seja a instituição deve ser tratada como o seu maior patrimônio. Nos dias atuais, temos vários sistemas que podem ser utilizados com a finalidade de proteção das informações das instituições, inclusive o 4 crescimento pela demanda de profissionais na área de tecnologia da informação, o qual tem papel importante no sistema de gestão e proteção das informações. Todo o processo de gestão de qualquer ramo de atividade deve levar em consideração seus riscos de operação, pois, caso eles sejam negligenciados, perdas graves poderão ocorrer, inclusive a finalização da atividade. O risco operacional pode ser dividido em outras três categorias: organizacional, de operação e de pessoal. Risco organizacional Esse tipo de risco está intimamente ligado ao processo de gestão presente em uma empresa de qualquer ramo de atividade. Muitas vezes os gestores acabam compondo um sistema de gestão e organização da empresa de forma inconsistente, com grandes falhas, as quais por muitas vezes foram até observadas, mas negligenciadas; esse tipo de comportamento normalmente está associado ao desejo de conseguir lucro o mais rápido possível, sem pensar em longo prazo, pois o lucro poderá estar completamente comprometido. Esse tipo de acontecimento tem sido muito claro nos últimos tempos associado à crise mundial pela qual passamos, na qual as empresas que não consolidaram seu sistema de gestão de riscos de forma adequada tiveram na grande maioria de deixar de atuar. Dessa forma, toda e qualquer instituição de qualquer porte deve primar sempre por um bom processo de governança, no qual todos os envolvidos tenham o conhecimento da missão, objetivos e metas da organização, fato que reduzirá de forma evidente a efetivação de riscos em qualquer uma das esferas esperadas. Vamos definir o que é GOVERNANÇA? Governança deriva do termo governo, e pode ter várias interpretações, dependendo do enfoque. Segundo o Banco Mundial, “governança é a maneira pela qual o poder é exercido na administração dos recursos sociais e econômicos de um país visando o desenvolvimento, e a capacidade dos governos de planejar, formular e programar políticas e cumprir funções”. Governança pode ser sinônimo de governo, o órgão de soberania ao qual cabe a condução política geral de um país, sendo o órgão superior da administração pública. No entanto, governança também pode dizer respeito às medidas adotadas pelo governo para governar um país. Fonte: <https://www.significados.com.br/governanca/> São oito as principais características da boa governança: Estado de direito, transparência, responsabilidade, orientação por consenso, igualdade e inclusividade, efetividade e eficiência e prestação de contas. 5 Existem outras questões que podem levar a riscos graves no processo de operação normal de uma organização, sendo um dos mais preocupantes a dificuldade imensa de manter um sistema de comunicação fluente entre todos os setores de uma empresa. O fato das dificuldades e das falhas de comunicação pode levar à efetivação de diversos riscos que por muitas vezes passam a impressão de estarem sob controle. Outro tipode falha que pode comprometer a operação normal de uma organização é a dificuldade ou ausência de definição clara das responsabilidades de cada um dos indivíduos envolvidos nos processos. O fato de as responsabilidades não estarem claras pode levar a riscos de proteção das informações, pois os indivíduos podem ter acessos a informações que não lhes dizem respeito e, por falta de conhecimento, por muitas vezes não ter o devido cuidado com o uso delas, acabar colocando em risco o processo operacional normal de instituição, seja ela uma empresa do setor privado ou público. Deve-se dar especial atenção em caso de acessos indevidos de informações. Risco de operação O risco de operação, dentro dos procedimentos de operação normal de uma organização, está relacionado às falhas possíveis de ocorrer nos sistemas de gerenciamento de informações. Um exemplo que podemos dar seria o fato de que uma empresa foi pensada para ter um porte pequeno, mas, com o seu sucesso no mercado, houve um crescimento muito acima do esperado e ela passou para a categoria de médio porte, sendo assim, o seu sistema de gestão de informações pode entrar em colapso e falhas de comunicação podem ocorrer entre os dados dos computadores ligados em rede e até mesmo as questões de telefonia podem ser prejudicadas, o que pode levar à perda de alguns clientes em poucas horas, devido à dificuldade de agilidade nos atendimentos a serem realizados. Todos os sistemas de informação das organizações devem ser devidamente registrados e contar com a participação de profissionais específicos da área para as questões de modernização e gerenciamento das informações. Diante de qualquer falha no sistema de informações, os processos de gerenciamento devem ter capacidade de apresentar resiliência, com o intuito de não trazer consequências negativas para a instituição. 6 Risco de pessoal Podemos considerar esse como o risco com maiores dificuldades de ser trabalhado, pois, apesar de todas as Leis e Normas Regulamentadoras existentes, na maioria dos casos o que observamos é o não respeito à qualidade de vida e segurança dos trabalhadores, e, se a instituição não respeita às leis obrigatórias, como trata as questões de valorização das capacidades individuais de seus colaboradores? Provavelmente, quando a empresa tem esse tipo de comportamento, possui grande parte de seus colaboradores descontentes, estressados e grande rotatividade de pessoal, fato que pode aumentar as chances de efetivação dos riscos dentro dos sistemas de operação normal da empresa. O risco de pessoal deve ser tratado de forma muito minuciosa, isto é, dependendo de suas condições, a empresa deve constituir um comitê pensando na valorização das capacidades individuais de seus colaboradores, e pensar em formas de incentivar um processo de formação contínua destes dentro das áreas de interesse da empresa. Além disso, é muito importante a identificação de competência chave dentro do processo de operação normal, pois esse colaborador pode estimular os demais a tomar uma postura mais proativa e a entender as possibilidades de participar mais ativamente dos processos nos quais estão envolvidos, participando de reuniões de planejamento, de formação e de prevenção da efetivação de riscos. Agindo dessa forma, o risco pessoal é extremamente reduzido, fato que terá consequências positivas no desempenho da organização frente ao mercado, considerando tanto variáveis internas quanto externas. Os gestores não devem ter suas vistas voltadas somente para as questões que envolvem os lucros, devem de forma orquestrada verificar os riscos da operação normal presentes, a fim de geri-los de forma adequada e evitar a efetivação deles, pois, quando alguns dos riscos da operação normal ocorrem devido à falta de gerenciamento adequado, a empresa sofre consequências muito graves, havendo a necessidade de fechar as suas portas. TEMA 2 – ANÁLISE DE OPERABILIDADE E PERIGO Para que uma organização seja criada e desenvolva-se de modo adequado, deve-se prestar atenção nos riscos que as atividades que ela realiza possuem, muitas técnicas podem ser utilizadas no sentido de qualificar um 7 projeto e verificar se este tem potencial para seu desenvolvimento ou deve ser completamente reestruturado para tal. Infelizmente, em geral associado ao setor público, verificamos inúmeros projetos que nem mesmo conseguiram sair do papel e outros que saíram, porém não foram colocados em atividades, trazendo muito prejuízo ao erário público, fato que denota pouco conhecimento dos sistemas de gestão de risco. Atualmente, com toda a tecnologia de que podemos lançar mão, não é admissível que esse tipo de fato continue acontecendo, é necessário primar pela qualidade técnica dos participantes desses projetos, algo que parece ser mais incisivo no setor privado. Para o processo de análise de viabilidade de operação de um projeto, podemos lançar mão de uma metodologia denominada Hazard and Operability Study (HAZOP) ou Análise de Operabilidade e Risco. Essa metodologia tem como meta realizar um estudo detalhado e sistemático de todos os aspectos de um produto, processo ou procedimento em fase de experimentação ou já implantado. Ainda objetiva que a equipe envolvida nesse processo de análise tenha condições de indicar medidas para a redução dos riscos que forem elencados no decorrer das análises. O trabalho da HAZOP é realizado por meio da utilização de palavras-chave essenciais para verificação da viabilidade do processo, devendo ser realizado por uma equipe multiprofissional com a finalidade de ter variadas visões sobre um mesmo fator, característica que possibilita a aquisição de dados mais confiáveis. Essa forma de análise tem algumas semelhanças com a FMEA, porém essa trabalha diretamente com as falhas e aquela trabalha com os desvios, os resultados indesejados e por fim chega a falhas. As análises citadas têm objetivos bastante similares, porém um formato de ação sem sentidos opostos. Como a FMEA devido a eficiência nos resultados obtidos a HAZOP também teve a ampliação de sua aplicação original, pois inicialmente fora pensada para ser utilizada em sistemas de processos químicos e, com o passar do tempo, sua utilização de expandiu e hoje é utilizada em todo tipo de processo com as devidas adequações. Pode, portanto, tratar de todas as formas de desvio das intenções de um projeto, seus componentes e procedimentos e, inclusive, trabalhar sobre as ações humanas. A análise HAZOP é realizada quando o projeto está em fase de detalhamento e ainda oferece a possibilidade de mudanças, o procedimento de alimentação desse tipo de análise e o seu sucesso dependem diretamente da 8 qualidade das informações que dão entrada durante a realização da análise, as quais devem ser atualizadas e de fontes confiáveis, a fim de reduzir falhas do processo de planejamento, desse modo, quanto maior o detalhamento das informações utilizadas e o histórico delas, maior a possibilidade de verificação de possíveis desvios que poderão comprometer o desenvolvimento do processo. Na análise HAZOP, todas as partes do projeto são analisadas de forma criteriosa com a finalidade de observar a presença de possíveis desvios do objetivo que se pretende alcançar; são listadas as causas potenciais e as consequências de cada um dos possíveis desvios identificados, e cada parte do sistema deve ser conhecida de forma satisfatória, para que possamos identificar os desvios, portanto há a necessidade do envolvimento de toda a equipe de forma efetiva. Esse processo de busca de possíveis desvios é facilitadocom a utilização de palavras guia que devem ser personalizadas para cada tipo de projeto, processo ou procedimento que está em análise. Uma análise no formato HAZOP é normalmente dividida nas seguintes etapas: escolha de um coordenador da análise que tenha perfil de liderança e que garanta a conclusão do processo de análise, definição clara dos objetivos do projeto, processo ou procedimentos em questão, lista de um conjunto de palavras-chave para a efetivação da análise e pôr fim a constituição de uma equipe multidisciplinar que participará de forma ativa de todas as etapas da análise. Também é importante a realização de reuniões sistemáticas com a finalidade principal de avaliar de forma crítica os desvios encontrados. A análise HAZOP tem diversos pontos positivos listados até o momento, mas também apresenta algumas dificuldades, como a necessidade de despender de mais recursos para a composição de uma equipe multidisciplinar com competências técnicas adequadas para a função, maior exigência de análise de documentos, os quais por algumas vezes não existem, colocando em risco a qualidade da análise e, por fim, um maior dispêndio de tempo, que por algumas vezes não existe naquele momento para determinado processo ao qual a empresa está submetida. Mesmo diante das dificuldades citadas, a análise HAZOP é muito utilizada e tem norteado os trabalhos de diversas empresas nos mais variados ramos de atividade. 9 TEMA 3 – RISCOS INDIVIDUAIS E SOCIAIS Ao longo de nossas aulas, realizamos a definição do que é risco para os projetos, processos e procedimentos que podem ser realizados nas mais variadas áreas de atividades humanas. Chegou o momento de levar em consideração o que são os riscos sociais e os riscos individuais. Quando tratamos dos riscos denominados sociais, estamos tratando de riscos que, caso se efetivem, atingirão um grupo de pessoas, portanto, quando trabalhamos sob a ótica de riscos sociais, devemos pensar da seguinte forma: para a atividade em questão, quantas pessoas estariam em risco? Quais seriam os efeitos da efetivação desse risco para a comunidade em questão? Como exemplo podemos citar novamente o caso do rompimento da barragem de dejetos em Mariana (MG); quando essa barragem foi construída, deveriam ter sido pensados de forma mais criteriosa os riscos sociais, caso o rompimento da barragem ocorresse, fato que infelizmente se consumou e verificaram-se as amplas consequências do risco social não somente para as pessoas que moravam no entorno do empreendimento, portanto o risco social do exemplo dado envolve milhares de pessoas, pois uma das consequências que podemos citar foi a contaminação da água de consumo de diversas cidades. Sendo assim, quanto maior a população exposta ao risco, maior o risco social em questão. Já os riscos individuais estão relacionados com os riscos que cada um dos indivíduos da população exposta pode sofrer, e nele devemos pensar sobre quais as chances de um indivíduo ser afetado. Em alguns casos, temos riscos sociais que são muito baixos, pelo fato de estarmos tratando de uma população reduzida, porém, quando observamos os riscos individuais, eles podem ser altos, pois alguns indivíduos dessa população, devido à posição que ocupam, estão mais expostos que outros. A situação inversa também poderá ser observada individualmente, isto é, as pessoas de uma população apresentam baixo risco de exposição, mas, quando levamos em consideração a população devido ao grande número de pessoas que a constituem, temos um risco social mais elevado quando comparado ao social. Portanto, quando formos realizar um levantamento de riscos em uma comunidade, as duas variáveis (social e individual) são importantes para o planejamento do processo de gerenciamento de riscos. 10 Podemos lançar mão da utilização de indicadores quantitativos para os riscos aos quais a população está exposta, e eles podem auxiliar para o processo de avaliação de cenários em maior escala. São eles: Risco Social Médio (trabalha com as médias de riscos), porém há necessidade de usar fatores de correção para possíveis distorções da média, e Curva FN, com a qual é confeccionado um gráfico com a curva da frequência de acidentes ocorridos em determinada população. Para o risco individual também temos variáveis quantitativas que podem ser trabalhadas como: Risco Individual Médio (RIM) e o contorno de risco individual. O RIM pode ser calculado por meio da utilização da fórmula a seguir: Quando tratamos do contorno de risco individual, estamos considerando pontos de risco no ambiente em que o indivíduo se encontra, o principal objetivo é realizar o levantamento de pontos de iso-riscos, ou seja, pontos nos quais os riscos são os mesmos, pois com esse tipo de marcação é possível ter uma visão de um mapa de riscos das mais variadas localizações aos quais os indivíduos potencialmente podem estar expostos. Nesse momento de nossa aula, cabe comentar também sobre alguns indicadores de risco ambiental, os quais, se utilizados de forma adequada, podem ajudar na redução tanto dos riscos individuais quanto sociais. Podemos utilizar indicadores de magnitude dos danos ambientais e ainda com indicadores de sensibilidade das áreas atingidas. Como exemplo podemos citar um acidente com vazamento de óleo, no qual a magnitude dos danos ambientais dependerá de que tipo de ambiente foi afetado pelo derramamento, podendo ser tanto um rio de pequena extensão, como um oceano. Também existem variações com relação aos indicadores de sensibilidade das áreas atingidas, pois o derramamento pode ter ocorrido em um rio muito poluído ou em uma região de manguezal em ótimas condições de conservação, então fica clara a diferença de sensibilidade entre as áreas hipoteticamente atingidas. Podemos perceber diante do exposto que a identificação dos riscos individuais, sociais e ambientais é de grande importância para os processos de gerenciamento deles e para evitar ou mitigar riscos em várias escalas. RIM = Risco Social Médio População Exposta 11 Devemos lembrar que a mitigação de riscos ambientais envolve um processo mais complexo, pois inclui diversos fatores e inclusive a capacidade de regeneração da natureza. Podemos citar como exemplo o vazamento de óleo combustível nos oceanos, processo catastrófico que pode se espalhar por uma área imensa, levando anos para o processo de despoluição, com graves consequências para a saúde humana e para os ecossistemas tanto aquáticos quanto terrestres. TEMA 4 – TAXAS DE ACIDENTES FATAIS Antes do início da época industrial, não se ouvia falar sobre acidentes de trabalho (o que não significa dizer que eles não ocorriam), a maioria das atividades realizadas pelos trabalhadores era desenvolvida de forma artesanal e não havia uma legislação específica tratando sobre esse tipo de ocorrência no ambiente de trabalho. Com a modernização das condições de trabalho e surgimento de leis regendo as questões trabalhistas, começam a ser efetuados os primeiros registros referentes aos acidentes considerados de trabalho. Quando falamos de acidente de um modo geral, rapidamente vem a nossa mente algo que não é positivo, um acontecimento que independe de nossa vontade, algo fortuito e prejudicial. Quando tratamos de acidentes de trabalho, estamos nos referindo a um evento prejudicial que ocorreu no desenvolvimento das atividades laborais de um colaborador, causando-lhe lesão ou não, permanente ou transitória, ou ainda lhe custando a própria vida. As causas de um acidente de trabalho podem ser internas, externas, súbitas,fortuitas. Os acidentes de trabalho podem ser divididos em três principais tipos: 1. Acidente típico – aquele acidente relacionado diretamente com as atribuições do trabalho realizado pelo colaborador, o qual pode ou não causar lesão, temporária ou permanente, e ainda com risco de morte. 2. Acidente "in itinere" ou de trajeto – é um tipo de acidente de trabalho caracterizado por danos que o colaborador venha a sofrer durante o seu trajeto do trabalho para casa ou de casa para o trabalho. Esse tipo de acidente inclui viagens de trabalho, os horários de descanso estabelecidos por leis e ainda a ação de terceiros, como a sabotagem de um maquinário no setor de produção. 3. Doenças profissionais – são também considerados acidentes de trabalho, quando o colaborador desenvolve alguma atividade que lhe imprime 12 risco para a saúde, as quais, segundo as leis, devem receber adicionais de função, ou ainda quando não são respeitados os processos corretos do uso de equipamentos de proteção individual ou coletiva e, por esse motivo, algumas doenças podem se instalar entre os trabalhadores. Também devemos levar em consideração as doenças psicológicas que podem ser adquiridas, devido a trabalhos estressantes, como a Síndrome de Burnout, muito comum entre profissionais da saúde e da educação. Em todas as empresas há a necessidade da implantação das regras de segurança do trabalho, com a finalidade básica de evitar injúrias para a saúde dos colaboradores. Eles devem estar cientes dos riscos a que estão expostos diante da atividade que desempenham e da importância de utilizar de forma correta os equipamentos de proteção individual e coletiva, para o bem-estar de todos os envolvidos no processo. A não observância dessas questões pode levar ao aumento do número de acidentes e inclusive ao aumento do número de acidentes com mortes relacionadas. A seguir são listados alguns aspectos que são negligenciados por algumas empresas que podem levar a acidentes fatais: falta de equipamentos de segurança, recusa do colaborador em usar o equipamento de segurança, negligência do trabalhador, defeitos nos equipamentos (falta de manutenção, equipamentos obsoletos) e ainda falta de uma equipe de profissionais especializados em medicina e segurança do trabalho. Devemos salientar que as empresas devem seguir criteriosamente as leis relacionadas a medicina e segurança do trabalho. Antes de iniciar suas atividades na empresa, o colaborador deve passar por exame médico e quando for demitido deverá passar novamente por um exame médico a fim de comprovar que o labor realizado não lhe trouxe consequência à saúde. Portanto, as atividades realizadas em qualquer setor de uma empresa devem ser muito bem observadas no sentido de contribuir para a manutenção da saúde dos colaboradores. Pensar na prevenção e mitigação de acidentes é essencial para as empresas que desejam conseguir confiabilidade no mercado. A intenção é sempre evitar os acidentes por meio do uso de EPIs/EPCs e ainda por meio de sistemas reguladores internos e externos a fim de evitar riscos que podem ocorrer e ser fatais. Não é possível permitir empregadores que pensem em economizar nessa área, pois devemos entender que o capital humano é o principal dentro de uma empresa. 13 TEMA 5 – SUSTENTABILIDADE E GESTÃO AMBIENTAL Atualmente, o mundo passa por várias discussões tratando processos relativos a sustentabilidade, principalmente no que se refere às questões que envolvem o meio ambiente e a utilização dos recursos naturais. Temos hoje um aumento significativo no número de consumidores conscientes que buscam produtos com menor capacidade de agressão ao meio ambiente, e, diante dessas novas premissas colocadas no mercado, há a premente necessidade de que as empresas inovem as suas formas de produção e tenham produtos que atendam prontamente a esse novo nicho de consumidores. Para tal as empresas devem ter um programa de Gestão Ambiental coerente que se preocupe com as questões de sustentabilidade, poluição, aquecimento global, dentre muitas outras. Não se pode mais aceitar no mercado empresas que não tenham, por exemplo, um programa efetivo de gerenciamento de resíduos. O objetivo principal de um sistema de Gestão Ambiental é a redução máxima de impactos negativos ao meio ambiente. Relembrando alguns conceitos: Impacto ambiental – quando falamos de impacto ambiental, grande parte das pessoas tem a tendência de pensar em coisa negativas. É importante salientar que um impacto ambiental trata de qualquer modificação que ocorra no ecossistema em questão, portanto um impacto ambiental pode ser positivo ou negativo, infelizmente na maioria das vezes os impactos ambientais são causados pelos seres humanos e têm consequências negativas para o meio. Recursos Naturais – Podem ser considerados benefícios presentes no ambiente natural dos quais os seres humanos aprenderam a tirar proveito. Existem recursos naturais que são chamados renováveis (água) e outros considerados não renováveis (petróleo). Atualmente, grande parte das atenções do nosso planeta estão voltadas para as questões que envolvem a gestão desses recursos para a garantia de sobrevivência das gerações vindouras. Se uma empresa adotar um sistema de gestão ambiental eficiente, pode fazer uso disso na venda de sua imagem, atingindo vários nichos do mercado consumidor e ainda contribuindo para a longevidade de sua atividade por meio da sustentabilidade na utilização dos recursos naturais que utiliza na confecção de seu produto ou serviço. 14 Deve-se salientar que atualmente os consumidores estão cada vez mais exigentes e que há um novo nicho a ser explorado, aquele das pessoas extremamente preocupadas com a questão do consumo consciente, esse mercado de consumidores tem mudado o perfil de muitas empresas que vêm adaptando seus modos de produção, como o tipo de produto para esse novo público muito mais exigente. Uma empresa que apresenta um efetivo sistema de gestão ambiental pode pleitear uma certificação pela ISO 14000 que estabelece parâmetros e diretrizes para a gestão ambiental de empresas dos setores privado e público. É importante destacar que, mesmo não tendo a certificação da ISO 14000, as empresas devem se preocupar com o sistema de gestão ambiental dentro de todos os circuitos que envolvem o produto que ela oferece para a sociedade como bem de consumo. Há necessidade, dentro de um sistema de gestão ambiental, de preocupar-se com a procedência da matéria-prima utilizada, se vem de uma fonte limpa de resíduos, se não houve destruição de florestas, perda de espécies, modificações de cursos de rios, dentre muitos outros impactos que podem levar a sérias consequências para diversos ecossistemas. Em seguida, a empresa necessita dispensar atenção para o seu próprio modo de produção, tipos de resíduos produzidos, como são tratados e se há formas alternativas para a redução deles, para o tratamento ou até uma forma de eliminar com emissão zero de resíduos. Após a confecção do produto, a empresa deve ter seus olhares voltados para o consumo do produto, se ele pode ser reciclado na indústria quando da sua inutilização, se a embalagem que o contém é a mais adequada em termos de gestão ambiental. Enfim, em todos os momentos há necessidade de preocupar-se com os impactos possíveis que o produto possa causar no meio ambiente e sempre pensar medidas de mitigação deles, pois é sabido da necessidade de reduzir a emissão de gases de efeito estufa, a fim de reduzirmos as mudanças climáticas que hoje podem ser mensuradas de forma efetiva por todas as populações domundo. FINALIZANDO Nesta aula tratamos sobre os riscos que podem estar presentes dentro de uma operação normal e de como evitá-los ou mitigá-los. Lembramos também que o risco é iminente em qualquer tipo de atividade que se esteja 15 realizando. Também destacamos a importância de um bom processo de governança para o sucesso das gestões em todos os aspectos. Destacamos a importância da análise HAZOP para as organizações, tratamos sobre as questões que envolvem os riscos individuais, sociais e ambientais. Comentamos sobre os acidentes de trabalho, sua gravidade e a necessidade de mitigação destes. Por fim, comentamos sobre a necessidade de programas efetivos de gestão ambiental em qualquer que seja a área de trabalho humano envolvido, pois é sabido que a sociedade está mais consciente quando se trata do consumo de produtos e da gestão de resíduos. Voltando ao tema da contextualização, o que você faria diante da observação de que o trabalho que você desenvolveu durante toda a sua vida profissional, em uma empresa pública que respeitava as questões de gestão ambiental, está sob risco? Você enquanto idealista e apaixonado pela atividade que desenvolvia antes de se aposentar entraria em contato com a antiga chefia e tentaria conversar e verificar a possibilidade de retomar a qualidade dos trabalhos? Ou junto com as pessoas engajadas nas causas defendidas pelas ONGs com as quais trabalha atualmente iria organizar protestos a fim de chamar a atenção da mídia e dos governantes para as questões que necessitam de melhorias e mais atenção? Ou ainda pensaria um pouco mais e deixaria isso de lado, pois sabe das grandes dificuldades que terá para enfrentar novamente, pois as questões de conservação da natureza sempre estão em segundo plano! O que você faria diante dessa situação que lhe vem trazendo grande desconforto? REFERÊNCIAS DIAS, R. Gestão ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. JABBOUR, A. B. L. S.; JABBOUR,C. J. C. Gestão ambiental nas organizações: fundamentos e tendências. São Paulo: Atlas, 2013. PHILIPPI, A. Curso de gestão ambiental. 2. ed. Barueri: Manole, 2014. SEIFFERT, M. E. B. ISO 14001 Sistema de Gestão Ambiental. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2011. 16 VIANNA, C. S. V. Acidente do trabalho: abordagem completa e atualizada. São Paulo: LTR, 2015.