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FACULDADE DE ENGENHARIA “CONSELHEIRO ALGACYR MUNHOZ MAEDER” ENGENHARIA CIVIL ANÁLISE ESTRUTURAL DE UM EDIFÍCIO COM SEIS PAVIMENTOS EM CONCRETO PRÉ-FABRICADO BRUNO RODRIGUES DE BRITO ERICO WILLIAM S. FRANCISCO KAYNAN YUITI S. OKIMATO Presidente Prudente - SP 2016 FACULDADE DE ENGENHARIA “CONSELHEIRO ALGACYR MUNHOZ MAEDER” ENGENHARIA CIVIL ANÁLISE ESTRUTURAL DE UM EDIFÍCIO COM SEIS PAVIMENTOS EM CONCRETO PRÉ-FABRICADO BRUNO RODRIGUES DE BRITO ERICO WILLIAM S. FRANCISCO KAYNAN YUITI S. OKIMATO Trabalho de Conclusão, apresentado a Faculdade de Engenharia “Conselheiro Algacyr Munhoz Maeder” Curso de Engenharia Civil, Universidade do Oeste Paulista, como parte dos requisitos para a sua conclusão. Orientador: Prof. Me. Filipe Bittencourt Figueiredo Presidente Prudente - SP 2016 BRUNO RODRIGUES DE BRITO ÉRICO WILLIAM S. FRANCISCO KAYNAN YUITI S. OKIMATO ANÁLISE ESTRUTURAL DE UM EDIFÍCIO COM SEIS PAVIMENTOS EM CONCRETO PRÉ-FABRICADO Trabalho de Conclusão, apresentado a Faculdade de Engenharia “Conselheiro Algacyr Munhoz Maeder” Curso de Engenharia Civil, Universidade do Oeste Paulista, como parte dos requisitos para a sua conclusão. Presidente Prudente, 24 de Novembro de 2016 BANCA EXAMINADORA _______________________________________________ Prof. Me. Orientador Filipe Bittencourt Figueiredo Universidade do Oeste Paulista – Unoeste Presidente Prudente-SP _______________________________________________ Prof. Me. Amaro Dos Santos Universidade do Oeste Paulista – Unoeste Presidente Prudente-SP _______________________________________________ Prof. Me. Carlos Roberto Souza e Filho Universidade do Oeste Paulista – Unoeste Presidente Prudente-SP DEDICATÓRIA Este trabalho é dedicado aos nossos pais, que desde o ventre nos amaram e depositaram toda a confiança em nós, sempre nos apoiando incondicionalmente, nos dando sabedoria para lutarmos e chegarmos aonde chegamos. Não há satisfação maior que formarmos e podermos dizer que conseguimos graças a vocês. Obrigado por tudo. AGRADECIMENTOS Primeiramente queremos agradecer a Deus, pois, tudo o que somos, conquistamos e aprendemos, devemos a ele, o maior mestre que alguém pode conhecer. Agradecemos ao nosso orientador, Prof. Me. Filipe Bittencourt Figueiredo, pela paciência, dedicação e suas valiosas orientações que fizeram possível a realização desse trabalho. Agradecemos ao Prof. Esp. Erickson de Lima Arving pela extensa experiência passada em aulas e visitas técnicas, por todo o apoio em tempo integral, se prontificando a sempre ajudar com toda a dedicação. Agradecemos a todos os Professores que nos proporcionaram conhecimentos para a formação profissional, pela paciência e persistente vontade em nos ensinar tudo o que precisamos, mostrando o valor do caráter na formação profissional, aos nossos queridos mestres, o nosso eterno agradecimento. Agradecemos aos nossos pais, por todo apoio, cuidado, incentivo e amor nos dado não só ao longo de toda nossa formação acadêmica, mas também, ao longo de nossas vidas, por existirem e possibilitarem sermos reflexos dos maiores heróis que conhecemos, vocês. Agradecemos a todos os familiares, que sempre nos deram forças em momentos de dificuldades, e entenderam a nossa ausência quando tivemos por prioridades os estudos. Nossos agradecemos a todos os nossos amigos de longa data, e aos amigos que fizemos ao longo da formação acadêmica, com toda certeza queremos que continuem presentes em nossas vidas. A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da nossa formação, o nosso muito obrigado. “Numa sociedade com base no conhecimento, por definição é necessário que você seja estudante a vida toda”. (Tom Peters) RESUMO Análise estrutural de um edifício com seis pavimentos em concreto pré- fabricado Com o crescimento da busca por novas tecnologias na área da construção civil, o uso do concreto pré-fabricado ganhou muito espaço nos sistemas construtivos, principalmente por sua rapidez de aplicação e controle qualidade adquirida pela industrialização do mesmo, com o intuito de analisar o comportamento de estruturas com esse tipo de sistema, o presente trabalho realiza uma análise de caso de um edifício de seis pavimentos em concreto pré-fabricado, verificando o comportamento de uma viga isoladamente, sendo esta, a viga mais crítica da estrutura, e o comportamento da estabilidade global dessa estrutura, verificando o seu deslocamento. Para elaboração deste estudo, foi feito uma revisão bibliográfica do histórico do concreto pré-fabricado, sistemas estruturais, particularidades do projeto de estruturas, ligações entre elementos estruturais e por fim, particularidades da análise estrutural, como, modelo estrutural, condições básicas para análise, estados limites, equilibro estático externo, estabilidade das estruturas e método dos elementos finitos. Após toda a fundamentação teórica, foi descrito o edifício em estudo para a posterior análise da estrutura, na execução da análise da viga foi usado o software Abaqus® FEA Finite Element Analysis, onde se verificou os deslocamentos pelo método dos elementos finitos, já na análise da estabilidade global da estrutura, foi utilizado o software Cypecad®, onde, após criar o modelo da estrutura, a mesma foi submetida à análise global conhecendo-se os deslocamentos provenientes das combinações de ações do vento, peso próprio, cargas permanentes e sobrecargas. Finalizadas as análises computacionais, alcançaram-se os objetivos do trabalho, conhecendo o comportamento da estrutura mais próximo da realidade na qual está empregado o edifício em concreto pré-fabricado. Palavras-chave: Análise Estrutural. Concreto Pré-Fabricado. Método dos Elementos Finitos. Estabilidade Global das Estruturas. ABSTRACT Structural analysis of a building with six prefabricated concrete floors With the growth of the search for new technologies in the field of civil construction, the use of precast concrete has gained much space on constructive systems, mainly by its speed of implementation and quality control acquired by industrialization, with the aim of analyzing the behavior of structures with this type of system, this work performs an analysis of the case of a building of six floors in precast concrete by checking the behaviour of a beam alone, being this, the beam more criticism of the structure, and the behavior of the overall stability of this structure by checking the displacement. For the preparation of this study, was made a bibliographical review of the history of precast concrete, structural systems, details of project structures, links between structural elements and finally, particularities of structural analysis, structural model, basic conditions for analysis, limits, States balance external static stability of structures and finite element method. After all the theoretical foundation, described the building in study for further analysis of the structure, in the execution of the analysis of the beam was used the software Abaqus® FEA Finite Element Analysis, where there has been movement by finite element method in analysis of the overall stability of the structure, was used the software Cypecad®, where, after creating the model of the structure the same was submitted to global analysis knowing the offsets from the combinations of wind actions self-weight, permanent loads and overloads. Finalized thecomputational analysis, reached the goals of the work, knowing the behavior of structure closer to the reality in which is employed in the building precast concrete. Keywords: Structural Analysis. Precast Concrete. Finite Element Method. Global Stability of Structures. LISTA DE SIGLAS BNH CP CRUSP Ed ELU ELS EESC FEA FUNDUSP MEF NBR NLF NLG MEF PP RJ RS SC SP UNESP UFSM V-x Vx V-y Vy – Banco Nacional de Habilitação – Carga Permanente – Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo – Edição – Estado Limite Último – Estado Limite de Serviço – Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo – Finite Element Analysis – Fundo de Construção da Universidade de São Paulo – Método dos elementos finitos – Norma Brasileira – Não Linearidade Física – Não Linearidade Geométrica – Método dos elementos finitos – Peso Próprio – Rio de Janeiro – Rio Grande do Sul – Sobre Carga – São Paulo – Universidade Estadual Paulista – Universidade Federal de Santa Maria – Vento na direção -Y – Vento na direção +Y – Vento na direção -X – Vento na direção +X LISTA DE SÍMBOLOS ® αr α γz m² m fck Mpa KN m³ E ν γc cm s VK V0 S1 S2 S3 Q Pa 3D mm % - Marca Registrada - Fator de restrição à rotação - Parâmetro de instabilidade alfa - Coeficiente Gama-z - Metro quadrado - Metro - Resistência característica do concreto - Mega Pascal - Quilo Newton - Metro cúbico - Módulo de elasticidade do concreto - Coeficiente de Poisson - Peso específico do concreto - Centímetros - Segundos - Velocidade Característica do vento - Velocidade básica do vento - Fator topográfico; - Fator considerando rugosidade do terreno, dimensões da edificação e altura sobre o terreno. - Fator estatístico S3 - Pressão dinâmica do vento - Pascal - 3 Dimensões - Milímetro - Por cento LISTA DE QUADROS QUADRO 1 - QUADRO 2 - QUADRO 3 - QUADRO 4 - QUADRO 5 - QUADRO 6 - QUADRO 7 - QUADRO 8 - QUADRO 9 - Condições para análise conforme a geometria........................ Condições para análise conforme os materiais e as ações..... Cargas nas lajes........................................................................ Cargas nas vigas....................................................................... Momentos de reviramento........................................................ Momento por tipo de cargas verticais....................................... Valores do coeficiente γz.................................................................................... Maiores flechas em vigas......................................................... Pilares com os maiores esforços desfavoráveis....................... 38 38 75 75 85 86 86 87 87 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - FIGURA 2 - FIGURA 3 - FIGURA 4 - FIGURA 5 - FIGURA 6 - FIGURA 7 - FIGURA 8 - FIGURA 9 - FIGURA 10 - FIGURA 11 - FIGURA 12 - FIGURA 13 - FIGURA 14 - FIGURA 15 - FIGURA 16 - FIGURA 17 - FIGURA 18 - FIGURA 19a - FIGURA 19b - FIGURA 20 - FIGURA 21 - FIGURA 22 - FIGURA 23 - FIGURA 24 - FIGURA 25 - FIGURA 26 - Sistema de estrutura aporticada.................................................... Sistemas de painéis estruturais combinado com estrutura esqueleto....................................................................................... Sistema de painéis de fachada..................................................... Pisos pré-fabricados e cobertura de grandes vãos para edifícios de uso geral.................................................................................. Sistema celular de concreto pré-fabricado.................................... Sistema estrutural esqueleto......................................................... Sistema estrutural esqueleto em múltiplos pavimentos................. Comportamento não linear das ações e deformações da estrutura......................................................................................... Efeitos de segunda ordem na estrutura......................................... definição de estrutura de nós fixos e nós móveis a partir dos resultados obtidos pelos Coeficientes Yz e α................................ Malha de Elementos Finitos (para problema plano)...................... Laje discretizada em diversas placas............................................ Diferentes tipos de elementos finitos............................................. Planta situação do edifício............................................................. Planta baixa do pavimento térreo.................................................. Planta baixa pavimento tipo (primeiro ao quarto pavimento)......... Planta baixa do quinto pavimento.................................................. Planta dos pilares do edifício......................................................... Foto do edifício em estudo............................................................. Foto do edifício em estudo............................................................. Dimensões da viga em estudo....................................................... Identificação da viga em estudo.................................................... Foto da viga em estudo................................................................. Modelagem da viga com carregamento e apoios.......................... Malha dos elementos finitos.......................................................... Deslocamentos no eixo X (U1)...................................................... Deslocamentos no eixo Y (U2)...................................................... 23 24 25 26 27 28 29 42 43 44 46 47 48 50 52 53 54 55 56 57 58 59 59 61 62 63 63 FIGURA 27 - FIGURA 28 - FIGURA 29 - FIGURA 30 - FIGURA 31 - FIGURA 32 - FIGURA 33 - FIGURA 34 - FIGURA 35 - FIGURA 36 - FIGURA 37 - FIGURA 38 - FIGURA 39 - FIGURA 40 - FIGURA 41 - FIGURA 42 - FIGURA 43 - Deslocamentos no eixo Z (U3)....................................................... Isopletas de velocidade básica...................................................... Introdução dos pisos..................................................................... Introdução de pilares..................................................................... Introdução de vigas e tubulões..................................................... Introdução das lajes...................................................................... Lançamentos das escadas............................................................ Dimensões para cálculo do vento................................................. Coeficiente de arrasto................................................................... Deformação em –Y (com a laje).................................................... Deformação em –Y (sem a laje).................................................... Deformação em +Y (com a laje).................................................... Deformação em +Y (sem a laje).................................................... Deformação em -X (com a laje)..................................................... Deformação em -X (sem a laje).................................................... Deformação em +X (com a laje)................................................... Deformação em +X (sem a laje)................................................... 64 66 70 71 72 73 74 76 76 78 79 80 81 82 83 84 85SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 15 2 JUSTIFICATIVA .................................................................................. 17 3 OBJETIVO ........................................................................................... 18 3.1 Objetivo geral ..................................................................................... 18 3.2 Objetivos específicos ........................................................................ 18 4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................ 19 4.1 História do concreto pré-fabricado ................................................... 19 4.1.1 Breve histórico ..................................................................................... 19 4.1.2 Concreto Pré-fabricado no Brasil ......................................................... 20 4.2 Diferença entre elementos Pré-fabricados e elementos Pré- moldados ............................................................................................ 22 4.3 Sistemas estruturais .......................................................................... 22 4.3.1 Sistema de estrutura aporticada .......................................................... 23 4.3.2 Sistemas de painéis estruturais combinado com estrutura esqueleto .. 24 4.3.3 Sistema de painéis de fachada ............................................................ 25 4.3.4 Sistemas de pisos pré-fabricados e cobertura de grandes vãos para edifícios de uso geral ........................................................................... 26 4.3.5 Sistema celular de concreto pré-fabricado ........................................... 27 4.3.6 Sistema estrutural esqueleto ................................................................ 28 4.4 Projeto de estruturas pré-fabricadas ................................................ 30 4.4.1 Particularidades do projeto ................................................................... 30 4.4.2 Princípios para projetos ........................................................................ 31 4.5 Ligações .............................................................................................. 33 4.5.1 Tipos de ligações ................................................................................. 35 4.6 Análise estrutural ............................................................................... 36 4.6.1 Modelo estrutural ................................................................................. 37 4.6.2 Condições básicas da análise estrutural .............................................. 38 4.6.3 Estados limites ..................................................................................... 39 4.6.4 Equilíbrio estático externo .................................................................... 40 4.6.5 Estabilidade das estruturas .................................................................. 41 4.6.6 Método dos Elementos Finitos ............................................................. 45 5 METODOLOGIA .................................................................................. 49 6 DESCRIÇÃO DO EDIFÍCIO ................................................................. 50 6.1 Localização do edifício ...................................................................... 50 6.2 Descrição do prédio ........................................................................... 51 7 ANÁLISES COMPUTACIONAIS ......................................................... 58 7.1 Análise da viga por elementos finitos. ............................................. 58 7.1.1 Modelagem e análise no Abaqus® ...................................................... 61 7.1.2 Análises dos resultados ....................................................................... 64 7.2 Análise da estabilidade global do edifício ....................................... 65 7.2.1 Ação do vento ...................................................................................... 65 7.2.2 Modelagem e análise no Cypecad® .................................................... 69 7.2.3 Análises dos resultados ....................................................................... 88 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................. 89 REFERÊNCIAS ................................................................................... 91 15 1 INTRODUÇÃO A industrialização do concreto pré-moldado vem ganhando cada vez mais espaço no mercado da construção civil, pois, comumente, aumenta-se o interesse por novas tecnologias que influenciam na eficiência do produto final, proporcionando uma melhor relação entre qualidade, custo e prazo. Além da sua forte característica de velocidade de aplicação, os elementos de concreto pré- fabricado, por receberem um rigoroso controle de qualidade em sua fabricação, proporcionam maior segurança à estrutura na qual serão empregados, qualificando ainda mais o uso desse método construtivo. Na concepção de um projeto de estruturas, no uso de qualquer método construtivo, é altamente necessária à realização da análise estrutural, a mesma, tem por objetivo, prever o comportamento da estrutura, com a finalidade de verificar suas condições de segurança. A segurança de uma estrutura é um ponto de extrema importância e deve ser tratado de forma a assegurar que nunca se ultrapassem os estados limites de utilização, pois, a ruína de uma estrutura, pode causar danos irreversíveis como a perda de vidas humanas. Por existirem poucos estudos em relação à análise estrutural em edifícios de concreto pré-fabricado, poucos engenheiros se preocupam com essa questão, ocasionando em um crescente número de erros no dimensionamento dessas estruturas. Kimura (2007, p. 38), ressalta que “A análise estrutural é uma etapa muito importante. De nada adianta dimensionar as armaduras de uma maneira extremamente refinada se os esforços calculados não traduzem a realidade que a estrutura estará sujeita”. Em circunstância do ganho de espaço do sistema construtivo em concreto pré-fabricado na construção civil, tendo em vista que há poucos estudos sobre a análise estrutural do mesmo, faz-se necessário um melhor entendimento sobre seu comportamento estrutural, a fim de obter informações que possam ser aplicadas na realização de projetos desse tipo de sistema. A fim de realizar estudos sobre o comportamento estrutural de um edifício de concreto pré-fabricado e ampliar o conhecimento sobre o assunto, o presente trabalho apresenta um estudo de caso, realizando uma análise estrutural 16 computacional com base no método dos elementos finitos, além de verificar a estabilidade global da superestrutura de um edifício de seis pavimentos em concreto pré-fabricado, localizado na cidade de Presidente Prudente - SP. Para realização de tal estudo, serão abordados temas sobre o concreto pré-fabricado em forma de revisão bibliográfica, tais como, históricos e conceitos sobre sistemas estruturais, ligações, projeto de estruturas e análise estrutural, com o intuito de fundamentar e adquirir um preparo teórico sobre o tema. Para a execução da análise estrutural serão utilizados dois o softwares, o software Abaqus® FEA - Finite Element Analysis, onde, será analisado o comportamento estrutural de uma viga do edifício em estudo, pelo método dos elementos finitos e o software Cypecad®, onde será analisada a estabilidade global da estrutura por meio de um modelo da mesma. O desenvolvimento do trabalho será dividido em cinco partes, onde, na primeira parte serão abordados conceitos sobre o concreto pré-fabricado, desde dados históricos no Brasil e no mundo, até as particularidades para concepção de um projeto de estruturas, bem como as ligações dos elementos deconcreto pré- fabricado; a segunda parte abordará os aspectos de uma análise estrutural, questões de segurança, estabilidade de estruturas e a descrição do método escolhido para análise; na terceira será descrito o edifício estudado nesse trabalho, apresentando dados gerais e desenhos do projeto do edifício; na quarta e quinta parte, respectivamente, será realizada a análise estrutural do edifício e a apresentação dos resultados obtidos. 17 2 JUSTIFICATIVA Com o crescimento populacional nas últimas décadas, principalmente em áreas urbanas, fez-se necessária a busca por novos métodos construtivos que atendessem a grande demanda por novas construções de maneira mais eficiente com relação aos aspectos de prazo, custo, qualidade e segurança (IGLESIA, 2006). O emprego do pré-fabricado vem sendo uma solução muito eficiente que atende tais aspectos, segundo Acker (2002, p. 2, grifo nosso): A indústria de pré-fabricados está continuamente fazendo esforços para atender as demandas da sociedade, como por exemplo: economia, eficiência, desempenho técnico, segurança, condições favoráveis de trabalho e de sustentabilidade. A industrialização do concreto pré-moldado oferece um rigoroso controle de qualidade e uma maior eficiência no produto final, o qual favorece a segurança da estrutura. A segurança é de suma importância, pois, está envolvida diretamente com vidas humanas e grandes investimentos financeiros, para garantir essa segurança, é fundamental que seja feita uma análise estrutural. Além de garantir a segurança, a análise estrutural proporciona aos projetistas conhecer com maior precisão o comportamento da estrutura, possibilitando assim um melhor dimensionamento da mesma. 18 3 OBJETIVO 3.1 Objetivo geral O objetivo geral do presente trabalho é apresentar uma análise do comportamento estrutural de um edifício com sistema construtivo em concreto pré- fabricado. 3.2 Objetivos específicos Fazer um levantamento bibliográfico sobre o sistema construtivo em concreto pré-fabricado apresentando seu histórico e conceitos sobre sistemas estruturais, ligações, concepção de projeto e análise estrutural. Descrever o edifício de 6 pavimentos no qual será realizado a análise estrutural. Avaliar o comportamento estrutural de uma viga do edifício em concreto pré- fabricado através de simulação computacional no software Abaqus® FEA - Finite Element Analysis. Avaliar a estabilidade global da superestrutura através de uma simulação computacional no software Cypecad®. 19 4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Neste capítulo é feito uma revisão bibliográfica sobre o concreto pré- fabricado, apresentando histórico e conceitos sobre sistemas estruturais, ligações, particularidades para concepção do projeto e análise estrutural. 4.1 História do concreto pré-fabricado 4.1.1 Breve histórico De acordo com Vasconcellos (2002), não se sabe exatamente a data que começou a utilizar o concreto pré-moldado. O surgimento do concreto armado ocorreu com a pré-moldagem de elementos, fora do local de sua aplicação final. Com isso, pode-se dizer que o pré-moldado começou com a criação do concreto armado. Depois que surgiram as estruturas de concreto moldadas no local de seu uso. Segundo Senden (2015) foi após a Segunda Guerra Mundial, principalmente na Europa, que surgiu a necessidade de reconstrução rápida, o que impulsionou a utilização de pré-fabricado nas construções. A necessidade de reconstruir em grande escala escolas, hospitais, entre outros, levou a escolha do uso de pré-fabricados pela sua velocidade de construção. Para Sirtoli (2015) para atender a demanda uma das soluções encontradas era deslocar as operações que ocorriam no canteiro de obra para fora do local da construção, na indústria, com isso surgindo a pré-fabricação dos elementos. Salas (apud Senden, 2015, p. 3) divide a utilização do concreto pré- fabricado em três etapas: De 1950 a 1970 – Período em que a devastação ocasionada pela Segunda Guerra Mundial, houve a necessidade de rápida reconstrução de diversos tipos de edifícios, como escolas, residências, comércios, indústrias e hospitais. Em razão a sua velocidade de construção e racionalização o sistema construtivo de pré-fabricados fez com que a Europa começasse a utiliza-lo nas construções dessa época. De modo que os elementos eram do mesmo fornecedor ficou conhecido como ciclo fechado. 20 De 1970 a 1980 – Época em que aconteceram inúmeros acidentes em construções com grandes painéis pré-fabricados. Desta maneira originou uma rejeição para este sistema construtivo, além de uma revisão do processo construtivo de grandes elementos pré-fabricados, tendo o começo da queda deste tipo de sistema construtivo. Pós 1980 – Surgimento do sistema de pré-fabricação de ciclo aberto, criando componentes padronizados que seriam compatíveis com elementos de fabricantes diferentes. Serra, Ferreira e Pigozzo (2005) ainda falam sobre um novo sistema chamado de ciclo flexibilizado que apresenta características do ciclo fechado e do ciclo aberto. Segundo Oliveira (2002) as pesquisas e desenvolvimento para novos processos construtivos em pré-fabricados na América do Norte aconteceram a partir das experiências europeias após a Segunda Guerra Mundial. Com isso os prédios de múltiplos pavimentos com elementos pré-fabricados só vieram ser viável após 1960. Aplicações comerciais de construção modular como hotéis, escritórios, hospitais e escolas começou a surgir ao longo dos anos 70, dos anos 80, dos anos 90, e na década de 2000. 4.1.2 Concreto Pré-fabricado no Brasil Segundo Oliveira (2002) no Brasil não houve uma crise de falta de edificações em grande escala, pois não sofreu devastações devido à Segunda Guerra Mundial, como corrido na Europa. No entanto, surge no final da década de 50 a preocupação com a racionalização e a industrialização de processos construtivos. De acordo com Vasconcellos (2002) a primeira grande obra que se tem noticia no Brasil de utilização de elementos pré-moldados é o hipódromo da Gávea, no Rio de Janeiro. A obra foi executada em 1926 pela firma construtora dinamarquesa Christiani-Nielsen, com sucursal no Brasil. Dentre os elementos pode- se citar as estacas, que sua quantidade constituiu em um recorde sul-americano. Conforme Vasconcellos (2002) na cidade de São Paulo, alguns anos depois, a Construtora Mauá, especializada em construções industriais, executou, nos próprios canteiros das obras, diversos galpões pré-moldados. Em alguns foi 21 utilizado o processo de executar as peças deitadas umas sobre as outras verticalmente, separadas apenas por um papel parafinado. Era um procedimento que economizava tempo e espaço, pois não precisava esperar que o concreto endurecesse para executar a próxima camada, podendo ser empilhadas até 10 peças. Serra, Ferreira e Pigozzo (2005) afirmam que a construtora Mauá iniciou com a construção da fábrica do Curtume Franco-Brasielira a pré-fabricação no canteiro de obras. A estrutura tinha tesouras em forma de viga vierendeel curva. Vasconcellos (2002) relata que a primeira tentativa de pré-fabricação de edifícios de vários pavimentos, com estrutura reticulada, foram alguns prédios da cidade universitária Armando Salles de Oliveira (CRUSP), em São Paulo, conjunto habitacional da USP de 1964, que abrigava estudantes de outras cidades que ingressavam na universidade. O projeto inicial era de 12 prédios de 12 pavimentos, projetados pelo FUNDUSP. Desconfiados da novidade o FUNDUSP dividiu a construção dos prédios para duas firmas, uma executando 6 prédios pelo sistema de concreto armado tradicional e outra executando 6 prédios em pré-fabricados. O resultado foi que os 6 prédios do sistema tradicional foram entregues primeiro, a empresa que executou os pré-fabricados fizeram um trabalho perfeitomas tiveram que resolver diversos problemas decorrentes da falta de experiência dos operários, que nunca tinham trabalho com esse tipo de construção. Segundo Serra, Ferreira e Pigozzo (2005) na década de 50 houve um crescimento demasiado da população urbana, chegando a obter índices nunca antes vistos, causando enormes problemas de déficit habitacional, fazendo com que o governo em 1966 criasse o Banco Nacional de Habitação (BNH), que tinha como objetivo reduzir esse déficit e impulsionar a construção civil. Conforme Oliveira (2002) no inicio de sua atuação o BNH adotou uma politica para desestimular o pré-fabricado no setor de habitação, tentando privilegiar a mão-de-obra não qualificada no canteiro. Em meados dos anos 70, o banco mudou suas diretrizes para o setor, passando a estimular e patrocinar pesquisas e o desenvolvimento de novas tecnologias como a construção com elementos pré- fabricados de concreto. De acordo com Serra, Ferreira e Pigozzo (2005) após vários problemas de construção com o uso de pré-fabricados, sendo recomendados até a demolição 22 de algumas edificações, eles praticamente deixaram de existir nas décadas de 80, retornando apenas da década de 90. Atualmente, com os investidores buscando por projetos com grande velocidade de execução que viabilizem seus investimentos, podemos notar um grande crescimento na demanda e utilização do concreto pré-fabricado em diversos tipos de edificações comerciais, residenciais, hotéis e edifícios industriais. 4.2 Diferença entre elementos Pré-fabricados e elementos Pré-moldados Ainda que sejam expressões semelhantes, seus significados são distintos, principalmente no que se refere à qualidade. A NBR 9062/2006 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2001, p. 3), define elementos de concreto pré-moldado como sendo: “Elemento que é executado fora do local de utilização definitiva na estrutura, com controle de qualidade [...].” A mesma NBR 9062/2006 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2006, p. 3), define também elementos de concreto pré-fabricado como sendo: “Elemento pré-moldado, executado industrialmente, mesmo em instalações temporárias em canteiros de obra, sob condições rigorosas de controle de qualidade [...].” Ou seja, a maior diferença entre elementos de concreto pré-fabricado e elementos de concreto pré-moldado se dá pelo maior controle de qualidade que é possibilitado pela industrialização desses elementos. Transferir a elaboração de elementos de concreto dos canteiros de obras para a indústria também possibilita economia de mão de obra, eficiência no produto final, redução no tempo de serviço, além do rigoroso controle de qualidade que as fabricas oferecem através dos seus profissionais qualificados (ACKER, 2002). 4.3 Sistemas estruturais Segundo El Debs (2000), em pré-fabricados de concreto, os sistemas estruturais se atentam mais nos aspectos construtivos do que nos estruturais, dando 23 foco na maior facilidade do manuseio, transporte, montagem e execução das ligações dos elementos que irão compor a estrutura. Para e escolha do sistema estrutural a ser utilizado em concreto pré- fabricado, é necessário analisar diversos fatores construtivos que implicam diretamente na sua escolha, podendo ser definidos a partir da tipologia da edificação. Segundo Acker (2002), a indústria pré-moldada oferece aparentemente um grande número de soluções construtivas, que fazem parte de um número limitado de sistemas estruturais básicos, os tipos mais comuns de sistemas estruturais de concreto pré-moldado são: Estruturas aporticadas, estruturas em esqueleto, estrutura em painéis estruturais, estrutura para pisos, sistemas para fachada e sistema celulares. A seguir, serão apresentados os sistemas estruturais citados a cima. 4.3.1 Sistema de estrutura aporticada Constituído por elementos estruturais lineares como vigas de fechamento, pilares e lajes, o sistema estrutural aporticado é mais utilizado em construções industriais e comerciais, como armazéns, por possibilitar maiores vãos e maiores espaços sem interferência de pilares e paredes (ACKER, 2002). A Figura 1 apresenta um exemplo do sistema de estrutura aporticada. FIGURA 1 – Sistema de estrutura aporticada. Fonte: Acker (2002). 24 4.3.2 Sistemas de painéis estruturais combinado com estrutura esqueleto Os painéis estruturais combinado com o sistema em esqueleto tem como função principal o fechamento interno e externo, além de ser utilizados em caixas de elevadores, núcleos centrais, etc. Esse tipo de sistema é mais utilizado em residências, tanto casas, como apartamentos, podendo ser painéis de fechamentos e também portantes, estes, possui superfície lisa nos dois lados, dando praticidade por poder receber diretamente a pintura, oferecendo maior rapidez na construção, acabamento liso, além de obter um bom isolamento acústico e resistência ao fogo (ACKER, 2002). A Figura 2 apresenta um exemplo de sistemas de painéis estruturais combinado com estrutura esqueleto. FIGURA 2 – Sistemas de painéis estruturais combinado com estrutura esqueleto. Fonte: Acker (2002). 25 4.3.3 Sistema de painéis de fachada Os sistemas de painéis de fachada podem ter função estrutural como também de fechamento, os painéis de fachada estrutural substitui os pilares na borda e as vigas de sustentação dos pisos, se tornando uma solução econômica, podem até ser usados em qualquer tipo de construção, fixados tanto em elementos pré-fabricados, como também em estruturas de concreto moldado no local ou estruturas metálicas (ACKER, 2002). A Figura 3 apresenta um exemplo de sistema de painéis de fachada. FIGURA 3 – Sistema de painéis de fachada. Fonte: Acker (2002). 26 4.3.4 Sistemas de pisos pré-fabricados e cobertura de grandes vãos para edifícios de uso geral Sendo esses uns dos sistemas de pré-moldados mais antigos, o sistema de pisos pré-fabricados e sistemas de coberturas em pré-fabricado são compreendidos por uma grande variedade de sistemas, destacando os cincos principais como sendo: sistemas de painéis alveolares protendidos; sistemas de painéis com nervuras protendidas; sistemas de painéis maciços de concreto, sistema de lajes mistas, sistemas de laje com vigotas pré-moldadas. Esses sistemas possuem vantagens em relação à rapidez de construção, a alta capacidade de alcançar maiores vãos e por não necessitar de escoramento ocasionando assim maior economia em custo e tempo (ACKER, 2002). A Figura 4 apresenta um exemplo de sistema de painéis de fachada. FIGURA 4 - Pisos pré-fabricados e cobertura de grandes vãos para edifícios de uso geral. Fonte: Acker (2002). 27 4.3.5 Sistema celular de concreto pré-fabricado O sistema celular de concreto pré-fabricado pode ser utilizado em algumas partes das construções, como garagens, banheiros, cozinhas, etc. É o sistema mais vantajoso em relação à rapidez, em sua fabricação à industrialização ocorre até no termino da mesma, além de poder ser montados completamente ainda na fabrica, entretanto, esse sistema apresenta grande dificuldade no transporte e menor flexibilidade arquitetônica, na qual implica de poder ser executados apenas em algumas partes das construções (ACKER, 2002). A Figura 5 apresenta um exemplo de sistema celular de concreto pré-fabricado. FIGURA 5 – Sistema celular de concreto pré-fabricado. Fonte: Acker (2002). 28 4.3.6 Sistema estrutural esqueleto O sistema estrutural esqueleto, também possui elementos lineares em sua estrutura, tais como, vigas, pilares e lajes, esse sistema normalmente é independente dos outros subsistemas da edificação, como sistema hidráulico, elétrico e de fechamento, possibilitando alterações com maior facilidade no uso da edificação.Caracterizado também por oferecer maior flexibilidade de projeto arquitetônico, esse tipo de sistema é mais utilizados em construções de escritórios, escolas, hospitais, estacionamentos, etc. (ACKER, 2002). A Figura 6 apresenta um exemplo do sistema estrutural em esqueleto. FIGURA 6 – Sistema Estrutural em esqueleto. Fonte: Acker (2002). O sistema fornece maiores vãos, número reduzido de pilares internos, dando assim maior flexibilidade arquitetônica, esse sistema oferece a possibilidade de fechamento com qualquer tipo de material, além de combinações com outros sistemas e elementos de pré-moldados industrializados, por exemplo; Lajes alveolares protendidas, painéis pré-moldados para pisos e fachadas (ACKER, 2002). 29 Escadas e poços de elevadores são elementos que fazem parte da estrutura desse sistema, contudo, é possível empregar esse sistema estrutural para edificações com até 20 ou mais pavimentos (ACKER, 2002). Acker (2002) ressalta que, as caixas de escadas e de elevadores têm razões funcionais no sistema esqueleto em estrutura de concreto pré-fabricado, dão auxilio no sistema de contraventamento dessa estrutura, minimizando custos adicionais com a estabilização da mesma. A Figura 7 a seguir apresenta um exemplo de sistema estrutural esqueleto em múltiplos pavimentos FIGURA 7 – Sistema estrutural esqueleto em múltiplos pavimentos. Fonte: Azumbuja Pré-Moldados (2016). Adaptado pelos autores. 30 4.4 Projeto de estruturas pré-fabricadas 4.4.1 Particularidades do projeto O projeto da estrutura de pré-fabricados em concreto, assim como todo sistema estrutural, visa garantir a estabilidade global e a rigidez do edifício, possuindo particularidades que devem ser previstas e analisadas. A pré-fabricação de elementos estruturais em concreto não deve ser vista como uma variante técnica de estruturas em concreto convencional. Pois, assim como todo sistema construtivo, a pré-fabricação de estruturas de concreto possui suas próprias características. Diferente do projeto das estruturas de concreto moldado no local, em projetos de pré-fabricados, além da análise final da estrutura, as situações transitórias também devem ser consideradas. Da mesma forma, as ligações entre as peças pré-fabricadas devem ser alvos de análises em projetos de pré-fabricados (EL DEBS, 2000). As situações transitórias, anteriormente citadas, são aquelas pelas quais os elementos podem passar e que podem submetê-los a situações mais desfavoráveis que às definitivas, correspondem basicamente às fases de desmoldagem, transporte, armazenamento e montagem. A estrutura antes das ligações definitivas entre os elementos, também deve ser alvo de verificações. Tal análise, exige do projetista conhecimento sobre todas as fases envolvidas na produção (EL DEBS, 2000). Quanto à ligação entre os elementos, Nobrega (2004) afirma que, em relação ao comportamento estrutural, sua presença é a principal diferença entre estruturas de pré-fabricados e estruturas monolíticas de concreto convencional. Ainda sobre ligações, Almeida (2010) relata que: Elas são de fundamental importância tanto no que se refere à sua produção (execução de parte dos elementos adjacentes às ligações, montagem da estrutura, execução das ligações propriamente ditas e serviços complementares no local) como para o comportamento geral da estrutura. Portanto, pode-se afirmar que as ligações são um dos aspectos mais importantes a serem considerados em projetos de pré-fabricados. 31 A escolha do tipo de sistema estrutural se dá através da análise dos aspectos estruturais e construtivos. El Debs (2000, p.24) afirma que: “No caso das estruturas de concreto pré-moldado, muitas vezes, os aspectos construtivos preponderam sobre os aspectos estruturais”. Ou seja, a escolha do sistema estrutural de pré-fabricado tende a priorizar, aspectos como o manuseio, transporte, montagem e ligação. Como em projetos de concreto pré-fabricado, o consumo de materiais e o custo da estrutura, não são diretamente correspondentes, o projetista deve atentar-se a outras parcelas de custo, como o transporte e montagem (EL DEBS, 2000). El Debs (2000), ainda destaca que, estruturas de pré-fabricados não são compatíveis com improvisações. Portanto, uma atenção especial deve ser dada ao detalhamento dos desenhos e das especificações do projeto, com a finalidade de reduzir este tipo de prática. 4.4.2 Princípios para projetos El Debs (2000, p. 63), indica princípios, que devem servir como diretrizes gerais para projetos de pré-fabricados. São eles: a) Conceber o projeto da obra visando a utilização do concreto pré- moldado. b) Resolver as interações da estrutura com as outras partes da construção. c) Minimizar o número de ligações. d) Minimizar o número de tipos de elementos. e) Utilizar elementos de mesma faixa de peso. Nos parágrafos a seguir serão apresentadas as discussões sobre cada principio acima relacionado. a) Conceber o projeto da obra visando a utilização do concreto pré- moldado. Segundo El Debs (2000), o projeto deve prever a utilização da pré- fabricação desde sua concepção. Possibilitando assim, tirar-se melhor proveito do potencial oferecido pelo concreto pré-fabricado. 32 Reforçando a tese anteriormente apresentada Acker (2002) afirma que: É muito importante compreender que é possível se obter um melhor projeto para a estrutura pré-moldada, se a estrutura for concebida com a pré- moldagem desde o projeto preliminar e não meramente adaptada de um método tradicional de concreto moldado no local. Apesar de existirem prejuízos ao não se prever em projetos o uso de pré-fabricados na construção, essa prática é muito comum, tanto no Brasil como em países mais desenvolvidos (ACKER, 2002). b) Resolver as interações da estrutura com as outras partes da construção. A estrutura pré-fabricada deve ser concebida, prevendo a interação com as instalações prediais (hidráulicas, elétricas, ar-condicionado, etc.). Esta previsão se dá com o intuito de evitar improvisações no decorrer da obra. O projetista deve tirar proveito da pré-fabricação de elementos para facilitar e racionalizar as demais instalações do edifício e não apenas resolver interações (EL DEBS, 2000). c) Minimizar o número de ligações. O princípio de minimizar o número de ligações está diretamente relacionado às dificuldades na execução das ligações entre elementos. Este princípio depende diretamente das limitações de transporte, equipamento de montagem disponível e aos custos ligados a estas etapas (EL DEBS, 2000). d) Minimizar o número de tipos de elementos. Segundo El Debs (2000), este princípio não está relacionado com a padronização da estrutura ou da construção, e sim a padronização da produção, com a possibilidade de uso de mesmas fôrmas para elementos diferentes e a possibilidade de se utilizar elementos que desempenham mais de uma função na construção, como painéis alveolares que podem ser utilizados tanto em lajes quanto em paredes. 33 e) Utilizar elementos de mesma faixa de peso. Com a utilização de equipamentos com mais de uma capacidade, este princípio pode deixar de ser válido. Pois este está relacionado à montagem dos elementos e a necessidade do dimensionamento dos equipamentos para peças com faixas de pesos diferentes (EL DEBS, 2000). El Debs (2000) complementa que tais princípios têm como principal prioridade a industrialização da construção e não a racionalização de materiais. Também frisa que não são regras na elaboração do projeto, mas sim, diretrizes gerais, e o fato de não seguir essas diretrizes não necessariamente ocasiona uma solução inapropriada ou ineficaz. 4.5 Ligações O presente subcapítulo inicialmente apresenta uma breve introdução as principais informações e consideraçõessobre as ligações entre vigas e pilares pré-fabricados, pois “são estas que determinam o funcionamento estrutural previsto na modelagem” (MUNTE CONSTRUÇÕES INDUSTRIALIZADAS, 2007, p. 41). Segundo Acker (2002, p.33): O assunto de ligações constitui-se em um dos tópicos mais importantes com relação às estruturas pré-moldadas. O papel das ligações é fazer uma interligação racional entre os elementos pré-moldados para compor um sistema estrutural capaz de resistir a todas as forças atuantes [...]. A presença de ligações entre as peças é basicamente o que diferencia estruturas de concreto pré-fabricado das de concreto moldado no local (monolíticas). Podendo ser consideradas regiões de descontinuidades na estrutura, onde existem concentrações de tensões. Sua presença pode provocar deslocamentos na estrutura e também mobilizar e redistribuir esforços aos elementos por elas interligados (NOBREGA, 2004). Com relação a projetos estruturais de pré-fabricados, em geral, pode- se classificar as ligações como a parte mais importante a ser analisada. Sua 34 importância está ligada diretamente tanto com processo de montagem, quanto ao comportamento final da estrutura (EL DEBS, 2000). Teoricamente a função das ligações na estrutura seria a de incorporar a estrutura de concreto pré-fabricado, o mesmo conceito de monoliticidade de uma estrutura de concreto moldado no local. Entretanto esta solução pode fazer com que várias das vantagens oferecidas pela pré-fabricação sejam perdidas, principalmente pelo alto custo e as dificuldades na execução. A complexidade e eficiência da ligação, assim como o seu custo estão diretamente relacionados. Munte Construções Industrializadas (2007, p. 41) deixa clara a maneira como essa relação se estabelece, no seguinte trecho: As ligações são diretamente proporcionais, no que se refere à complexidade, ao custo e à eficiência estrutural. Quanto mais eficiente é a ligação, melhor partido estrutural é atingido. Entretanto, seu custo e possíveis cuidados na execução também serão maiores. Por conseguinte, é muito importante a definição correta do tipo de ligação a ser usada, para a determinação do custo do empreendimento. Segundo Acker (2002), no projeto estrutural de ligações deve-se ter como princípio a busca constante por soluções simples na medida do possível. Para garantir a máxima economia na utilização de estruturas pré-fabricadas, é imprescindível a utilização de ligações com detalhes simples, desempenho apropriado e rápida montagem. Além do que, quanto mais complexas as ligações mais difíceis tornam-se os projetos das mesmas, assim como a sua fabricação e execução. Tais características podem favorecer atrasos na montagem e até mesmo um comportamento menos eficiente da estrutura. Com isso, é importante citar a afirmação feita por El Debs (2000, p. 27, grifo nosso) no trecho: As ligações entre os elementos se constituem em uma das dificuldades do emprego da pré-moldagem. Normalmente, ligações mais simples acarretam estruturas mais pobres em relação às solicitações, enquanto ligações que procuram reproduzir o monolitismo das estruturas de concreto moldado no local são, em geral, mais trabalhosas ou mais caras [...]. Esse aspecto não deve ser considerado uma restrição ao uso da técnica da pré- moldagem, mas, sim, o preço que se paga para ter as facilidades na execução dos elementos. 35 4.5.1 Tipos de ligações Segundo Munte Construções Industrializadas (2007), podem ser classificados, para efeito didático, quatro tipos de ligações entre vigas e pilares segundo o seu fator de restrição à rotação: Isostática, Rotulada, Semirrígida e Engastada. A restrição à rotação que cada ligação apresenta deve ser definida segundo o parâmetro αr introduzido pela NBR 9062:2006, onde, αr possui valores entre 0 a 1, sendo 0 correspondente a totalmente livre de restrição e 1 a totalmente restrito (perfeitamente engastado). “É importante salientar que as ligações são classificadas e consideradas no modelo estrutural conforme sua resposta às solicitações e não conforme sua execução [...]” (MUNTE CONSTRUÇÕES INDUSTRIALIZADAS, 2007, p. 53). 4.5.1.1 Ligações isostáticas Para que uma ligação seja isostática ela não deve transmitir momentos fletores e esforços horizontais entre os elementos, entretanto, os aparelhos de apoio mais usuais, como o Neoprene, acabam por transmitir esforços horizontais. Ou seja, na prática, os métodos construtivos utilizados, normalmente não conseguem reproduzir o funcionamento isostático, fazendo com que este tipo de ligação seja considerado apenas teórico (MUNTE CONSTRUÇÕES INDUSTRIALIZADAS, 2007). 4.5.1.2 Ligações rotuladas Segundo Munte Construções Industrializadas (2007), além de cargas verticais, ligações do tipo rotuladas são projetadas para transmitirem esforços horizontais entre os elementos, considerando que tal transmissão é feita pela resistência do apoio ao cisalhamento. Neste tipo de ligação a capacidade resistente ao momento é desprezada. O fator de restrição à rotação deve estar inserido no parâmetro: αr < 0,15 36 4.5.1.3 Ligações semirrígidas Ligações semirrígidas são equivalentes a ligações rotuladas tecnicamente aprimoradas, na consideração na estrutura. Podem ser consideradas opções mais favoráveis e eficientes que as anteriores, pois, neste tipo de ligação a capacidade de transmissão de momento fletores não é ignorada, como nas rotuladas, com isso, pode-se valer da condição de semiengastamento (MUNTE CONSTRUÇÕES INDUSTRIALIZADAS, 2007). O fator de restrição à rotação deve estar inserido no parâmetro: 0,15< αr <0,85 É importante ressaltar, que “Todas as ligações apresentam alguma capacidade de restrição ao momento e poderia ser englobadas como semi-rígidas” (MUNTE CONSTRUÇÕES INDUSTRIALIZADAS, 2007, p. 46). 4.5.1.4 Ligações engastadas Segundo Munte Construções Industrializadas (2007), ligações engastadas podem ser consideradas equivalentes as de concreto moldado no local, devido ao elevado fator de restrição à rotação apresentado. O fator de restrição à rotação deve estar inserido no parâmetro: αr >0,85 4.6 Análise estrutural Dentre inúmeras etapas complexas que compreendem ao projeto estrutural, está à análise estrutural, nesta etapa, obtém-se a previsão do comportamento da estrutura, verificando assim se corresponde com as condições exigidas de segurança prevista para a estrutura (MARTHA, 2010). 37 De acordo com o item 14.2.1 da NBR 6118:2004 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004, p. 73). O objetivo da análise estrutural é determinar os efeitos das ações em uma estrutura, com a finalidade de efetuar verificações de estados limites últimos e de serviço. A análise estrutural permite estabelecer as distribuições de esforços internos, tensões, deformações e deslocamentos, em uma parte ou em toda a estrutura. A análise estrutural é realizada por meio de um modelo de análise, rígido por equações matemáticas, os resultados obtidos da análise por meio deste modelo, devem ser próximo à realidade que a estrutura será empregada. Inúmeros softwares tem a eficiência para elaborar este modelo, realizar a análise estrutural deste, podendo até fornecer o dimensionamento de acordo com os resultados, porém, é de suma importância que para utilizar estes softwares, o profissional tenha conhecimento para uma avaliação crítica dos resultados fornecidos (SORIANO e LIMA, 2006). 4.6.1 Modelo estrutural A modelagem em equações estruturais é uma tentativa de se explicar matematicamente como uma estrutura se comporta em relação a testes de variáveis latentes (observadas) e fatores (não observadas). Segundo Melo (2007), definir o melhor e mais conveniente modelo matemático é a principal e primeira etapa para transformar o projeto da edificaçãoa ser construída em uma realidade aproximada, a partir da concepção arquitetônica e do cálculo estrutural. Conforme Martha (2010), para idealizar o comportamento da estrutura através de um modelo estrutural, algumas hipóteses são adotadas, baseado no paradigma dos quatros universos da modelagem em computação gráfica. Conforme Martha (2010, p. 3), esses são: Hipóteses sobre a geometria do modelo; Hipóteses sobre as condições de suporte (ligação com o meio externo, por exemplo, com o solo); Hipóteses sobre o comportamento dos materiais; Hipóteses sobre as solicitações que atuam sobre a estrutura (cargas de ocupação ou pressão de vento, por exemplo). 38 4.6.2 Condições básicas da análise estrutural A partir das hipóteses adotadas na concepção do modelo estrutural, se resultam os procedimentos matemáticos responsáveis pela determinação dos esforços internos, das reações de apoio, deslocamentos, rotações, tensões e deformações (MARTHA, 2010). Para aplicação dos procedimentos matemáticos, é necessário que estejam definidos a geometria da estrutura, as cargas solicitantes, as condições de suporte ou ligação com outros sistemas e as leis constitutivas dos materiais (MARTHA, 2010). A seguir, os Quadros 1 e 2 detalharam as condições para realizar uma análise estática de estruturas. QUADRO 1 – Condições para análise conforme a geometria. coordenadas dos pontos nodais Condições para análise conforme a geometria condições de apoio propriedades de seções transversais definição das barras e elementos articulações em extremidades de barras dependências entre deslocamentos Fonte: Soriano e Lima (2016). Adaptado pelos autores. QUADRO 2 – Condições para análise conforme os materiais e as ações. Condições para análise conforme os materiais e as ações Materiais Propriedades elásticas Propriedades Térmicas Peso específico Em ponto Ações Força Deslocamento prescrito Combinação de carregamentos Em barra Força Variação de temperatura Deformação prévia ou protensão Fonte: Soriano e Lima (2016). Adaptado pelos autores. 39 4.6.3 Estados limites A segurança das estruturas é uma questão de extrema importância, principalmente na concepção do projeto estrutural, pois, a possibilidade de uma estrutura entrar em colapso, é de alto grau de periculosidade, por envolver vidas humanas, além de perdas financeiras por danos causados aos materiais (BASTOS, 2006). Os estados limites relacionam os aspectos principais que uma estrutura deve apresentar para garantir que a mesma seja segura, sendo o primeiro e principal, o Estado Limite Último (ELU), são os aspectos que asseguram que uma estrutura nunca alcance a ruptura. O segundo, o Estado Limite de Serviço (ELS), são os aspectos em ralação ao conforto do usuário na utilização da construção (BASTOS, 2006). 4.6.3.1 Estados Limites Último (ELU) O item 3.2 da NBR 6118/2014, define Estados Limites últimos (ELU) como sendo: “Estado-limite relacionado ao colapso, ou a qualquer outra forma de ruína estrutural, que determine a paralisação do uso da estrutura” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014, p. 4). Na concepção do projeto estrutural, o dimensionamento é feito no Estado Limite Último (ELU), onde o dimensionamento dos elementos estruturais são feitos submetidos às situações críticas prestes a romper (BASTOS, 2006). Para contrapor estas situações, o dimensionamento é feito com uma margem de segurança, onde são usados coeficientes que majoram as ações e que minoram as resistências, sendo assim, para que uma estrutura submetida a esse dimensionamento entre em ruínas, são necessários carregamentos bem superiores para os quais a estrutura foi projetada (BASTOS, 2006). 40 4.6.3.2 Estados Limites de Serviço (ELS) O item 10.4 da NBR 6118/2014 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014, p. 55) define Estados Limites de Serviço (ELS) como sendo: Estados-limites de serviço são aqueles relacionados ao conforto do usuário e à durabilidade, aparência e boa utilização das estruturas, sejam em relação aos usuários, sejam em relação às maquinas e aos equipamentos suportados pela estrutura. Conforme Bastos (2006), as estruturas devem ser também analisadas em relação as suas deformações excessivas, fissurações e vibrações, para garantir a durabilidade da estrutura, não comprometer o conforto do usuário na sua utilização e a estética da construção. Quando uma estrutura alcançar os Estados Limites de Serviço (ELS), o seu uso não oferece mais condições de conforto e durabilidade, impossibilitando o uso da estrutura mesmo não tendo chegado à ruína, pois esses limites são alcançados antes que se esgote a total capacidade de resistência da estrutura (BASTOS, 2006). 4.6.4 Equilíbrio estático externo Segundo Rebello (2000), para um elemento estrutural estar em equilíbrio estático (estrutura isostática) são necessárias três condições mínimas, evitar que ele se desloque na horizontal, na vertical e não gire. Quando a estrutura cumprir exatamente essas três condições ela será considerada uma estrutura isostática. Também pode se dizer que é quando o número de reações é exatamente igual ao número de equações da estática (REBELLO, 2000). Se o elemento ganhar um novo suporte ele irá passar destas três condições e estará acima das condições mínimas de equilíbrio estático e será considerada uma estrutura hiperestática. Quando o número de reações é maior que o número de equações da estática. 41 Quando a estrutura estiver abaixo das condições de equilíbrio estático ela se tornará uma estrutura instável, estando abaixo da estabilidade necessária, sendo assim, será considerada uma estrutura hipoestática. É quando o número de reações é menor que o número de equações da estática. Para Rebello (2000) nas construções se usa estruturas isostáticas ou hiperestáticas, se evita usar estruturas hipoestáticas, pois não são estáveis. Segundo Rebello (2000, p. 48), “as estruturas de concreto armado moldado “in-loco”, devido ao próprio processo construtivo, são em sua grande maioria hiperestáticas”. Ainda com Rebello (2000, p.48), os pré-moldados de concreto pelo seu processo industrializado, são geralmente estruturas isostáticas. 4.6.5 Estabilidade das estruturas O item 6.1 da NBR 6118/2014 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014, p. 15, grifo nosso) diz que: As estruturas de concreto devem ser projetadas e construídas de modo que, sob as condições ambientais previstas na época do projeto e quando utilizadas conforme preconizado em projeto, conservem sua segurança, estabilidade e aptidão em serviço durante o prazo correspondente a sua vida útil. Na análise de uma estrutura, a partir da sua geometria inicial, calculando os esforços sem que na estrutura ocorra deformação, obtemos os efeitos de primeira ordem, a partir da deformação da estrutura, os esforços calculados são considerados efeitos de segunda ordem (CARVALHO; FIGUEIREDO FILHO, 2008). Alcançando-se os efeitos de segunda ordem, após a deformação da geometria inicial da estrutura, conduzem-se uma consideração da Não Linearidade Geométrica (NLG) entre as ações e deformações na estrutura, à medida que um carregamento é aplicado na estrutura, gerando efeitos de segunda ordem, os mesmos podem alterar as propriedades dos materiais que compõe essa estrutura, conduzindo assim a Não Linearidade Física (NLF) entre as ações e deformações na estrutura (CARVALHO; FIGUEIREDO FILHO, 2008). A Figura 8 mostra o comportamento não linear das ações e deformações da estrutura. 42 FIGURA 8 – Comportamento não linear das ações e deformações da estrutura Fonte: Kimura (2007). O item 15.4.1 da NBR 6118/2014 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014, p. 102) classifica os efeitos de segundaordem em efeitos globais, locais e localizados, e os define como: Sob a ação das cargas verticais e horizontais, os nós da estrutura deslocam-se horizontalmente. Os esforços de segunda ordem decorrentes desses deslocamentos são chamados efeitos globais de 2ª ordem. Nas barras da estrutura, os respectivos eixos não se mantêm retilíneos, surgindo aí efeitos locais de 2ª ordem que, em princípio, afetam principalmente os esforços solicitantes ao longo delas. Em pilares parede (simples ou compostos) pode-se ter uma região que apresenta não retilineidade maior do que a do pilar como um todo. Nestas regiões surgem efeitos de 2ª ordem maiores, chamados de efeito de 2ª ordem localizados [...]. O efeito de 2ª ordem localizado além de aumentar nesta região a flexão longitudinal, aumenta também a flexão transversal, havendo a necessidade de aumentar os estribos nestas regiões. 43 A Figura 9 a seguir, mostra exemplos dos efeitos de segunda ordem em uma estrutura. FIGURA 9 – Efeitos de segunda ordem na estrutura Fonte: Kimura (2007). 4.6.5.1 Estabilidade global das estruturas De acordo com Kimura (2007), a estabilidade global de um edifício refere-se à estrutura como um todo, analisando na mesma, os efeitos globais de segunda ordem. Essa estabilidade, é inversamente proporcional aos efeitos de segunda ordem, assim sendo, quanto mais estável for à estrutura, menores serão os efeitos de segunda ordem (KIMURA, 2007). Ainda com Kimura (2007), existem duas formas mais utilizadas que permite medir a estabilidade global dos edifícios, o parâmetro de instabilidade α, e o coeficiente γz. A partir dos resultados obtidos no cálculo do parâmetro de instabilidade α, e/ou o coeficiente γz, possibilita a definição da estrutura como sendo nós fixos ou nós moveis. A Figura 10, mostrará as definições da estrutura de nós fixos e móveis, a partir dos resultados obtidos pelos Coeficiente γz e α. 44 FIGURA 10 – definição de estrutura de nós fixos e nós móveis a partir dos resultados obtidos pelos Coeficientes γz e α. Fonte: Kimura (2007). O item 15.4.2 da NBR 6118/2014 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014, p. 103), define estruturas de nós fixos e estruturas de nós móveis: As estruturas são consideradas, para efeito de cálculo, de nós fixos, quando os deslocamentos horizontais dos nós são pequenos e, por decorrência, os efeitos globais de 2ª ordem são desprezíveis (inferiores a 10% dos respectivos esforços de 1ª ordem). Nessas estruturas, basta considerar os efeitos locais e localizados de 2ª ordem. As estruturas de nós móveis são aquelas onde os deslocamentos horizontais não são pequenos e, em decorrência, os efeitos globais de 2ª ordem são importantes (superiores a 10% dos respectivos esforços de 1ª ordem). Nessas estruturas devem ser considerados tanto os esforços de 2ª ordem globais como os locais e localizados. 4.6.5.2 Estabilidade local e localizada das estruturas De acordo com Moncayo (2011), a estabilidade local geralmente está relacionada ao cálculo de um lance isolado do pilar, e a global, do edifício como um todo. Conforme a Associação Brasileira de Normas técnicas (2014, p. 59), nos casos de imperfeições locais no item 11.3.3.4.2 tem-se que: No caso de elementos que ligam pilares contraventados a pilares de contraventamento, usualmente vigas e lajes, deve ser considerada a tração decorrente do desaprumo do pilar contraventado. No caso do dimensionamento ou verificação de um lance de pilar, deve ser considerado o efeito do desaprumo ou da falta de retilineidade do eixo do pilar. 45 Ainda segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2014), nos casos usuais de estruturas reticuladas, o uso considerado apenas da falta de retilineidade ao longo do pilar já chega ser o suficiente. Para Kimura (2007), os efeitos locais são relacionados a uma parte isolada da estrutura. Como um lance do pilar que recebe atuação de momentos fletores nas suas extremidades se deforma. Por isso, são criados efeitos de segunda ordem por causa da presença simultânea da carga normal de compressão. De acordo Covas e Kimura (2003) na análise de primeira ordem, consegue obter a força normal e os momentos de primeira ordem nas extremidades de cada um dos lances dos pilares. Na análise global de segunda ordem fornecerá esforços apenas nas extremidades das barras, enquanto o local de segunda ordem fornecerá esforços ao longo dos lances das barras. Os efeitos locais de segunda ordem dependem dos esforços de primeira ordem, assim como dos esforços globais de segunda ordem. Com isso, é de grande importância utilizar um modelo estrutural adequado para adaptar a realidade da estrutura (COVAS; KIMURA, 2003). Kimura (2007) afirma, os efeitos localizados referem-se a uma região especifica de um elemento onde a uma concentração de tensões. Um exemplo de efeito localizado é quando um pilar parede que recebe atuação de momento fletor segundo sua direção mais rígida se deforma mais em uma de suas extremidades. A consequência disso é um efeito de segunda ordem por causa da presença de uma carga normal de compressão mais significativa nessa região. 4.6.6 Método dos Elementos Finitos Segundo Costa (2013), o Método dos Elementos Finitos (MEF) é um procedimento numérico para análises que se resume em discretizar ou dividir o meio contínuo em pequenos elementos finitos, sem mudar suas propriedades. Ele é descrito como um método matemático para a solução de equações diferenciais, essas equações que descrevem os elementos. O desenvolvimento desse método teve origens no final do século XVIII, contudo, apenas após a invenção dos computadores tornou-se possível a sua viabilidade, simplificando a resolução das imensas equações algébricas. 46 “O MEF pode ser utilizado em varias áreas das ciências exatas e biológicas, e devido a sua aplicabilidade e eficiência é muito utilizado quando se deseja analisar cargas, tensões e deslocamentos” (COSTA, 2013, p.1). Conforme Souza (2003, p. 1), “a ideia principal do Método dos Elementos Finitos consiste em se dividir o domínio (meio contínuo) do problema em sub-regiões de geometria simples (formato triangular, quadrilateral, cúbico, etc.)”. Ainda com Souza (2003), o MEF é uma prática muito utilizada na engenharia, para resolver um problema complexo, divide-se ele em vários problemas mais simples. “No âmbito da Engenharia de Estruturas, o MEF tem como objetivo a determinação do estado de tensão e de deformação de um sólido de geometria arbitrária sujeito a ações exteriores” (AZEVEDO, 2003, p. 1). Segundo Azevedo (2003), o Método dos Elementos Finitos consiste na divisão de um domínio que se quer analisar em vários subdomínios, chamados de elementos finitos devido ao fato de os subdomínios apresentarem dimensões finitas, que se ligam entre si em pontos chamados de nós ou pontos nodais, formando uma malha, denominada malha de elementos finitos. As soluções são formuladas para cada um dos elementos com a finalidade de depois encontrar a solução completa do domínio. A Figura 11 apresenta um exemplo de malha de elementos finitos para problema pano. FIGURA 11 – Malha de Elementos Finitos (para problema plano). Fonte: Souza (2003). 47 Para Kimura (2007), o MEF é um método numérico consagrado e eficiente, que pode ser utilizado na análise de diversos tipos de estruturas de concreto armado, por exemplo, no estudo de edifícios, pontes e barragens. Conforme Kimura (2007), existem diversos tipos de elementos finitos já desenvolvidos, cada um com sua própria formulação. As barras utilizadas nos modelos de grelhas e pórticos espaciais são elementos finitos lineares (elementos de barra). Existem também elementos finitos bidimensionais (placas, chapas e cascas), como elementos finitos tridimensionais (sólidos). As vigassão representadas por barras e as lajes por placas. Cada laje é subdividida ou discretizada em diversas placas. A Figura 12 apresenta exemplo de laje discretizada em diversas placas. FIGURA 12 – Laje discretizada em diversas placas. Fonte: Kimura (2007). Segunda Kimura (2007), as placas podem ter qualquer formato, mas usualmente os mais utilizados são triangulares ou quadriculares. Sobre os formatos que apresentam maior aceitação Azevedo (2003, p. 5) comenta, “[...] inicialmente os elementos finitos mais comuns eram os triangulares e os tetraédricos, passando-se mais tarde a dar preferência aos quadriláteros e aos hexaedros [...]”. Para Souza (2003), diversos tipos de elementos finitos já foram desenvolvidos, que apresentam várias formas geométricas dependendo do tipo e da 48 dimensão do problema a resolver. A Figura 13 apresenta a geometria de diferentes tipos de elementos finitos. FIGURA 13 – Diferentes tipos de elementos finitos Fonte: Souza (2003). Conforme Malaguti (2013), atualmente o MEF está presente na maioria dos softwares comerciais para análise de estruturas e encontra-se muito difundidos, principalmente pela sua eficiência, simplicidade e por abranger varias áreas de atuação. Segundo Souza (2003), existe alguns fatores que influenciam na precisão do método que são a quantidade de nós e elementos, do tamanho e do tipo dos elementos presentes na malha. Um dos fatores de grande importância do MEF é a respeito de sua convergência. Ao passo que o tamanho dos elementos tende a zero e o número de nós tende ao infinito, a solução obtida chega o mais próximo da solução exata do problema. Ou seja, quanto menor for o tamanho dos elementos e maior sua quantidade, mais preciso serão os resultados. Em consequência dessa melhor precisão dos resultados se dá pelo aumento no tempo para o processamento dos dados e um aumento do custo computacional. 49 5 METODOLOGIA Para fundamentação teórica do trabalho, foi escolhida como metodologia a revisão bibliográfica, no qual consiste em pesquisas, leituras e interpretação de livros, teses, dissertações, revistas cientificas eletrônicas, artigos, normas técnicas e monografias, foram citados grandes nomes de autores da área do tema do estudo abordado, tais como, EL Debs, Acker, Kimura, Munte, Martha, Soriano e Lima, entre outros que compõe o acervo de citações usadas no presente trabalho. Após a revisão bibliográfica, realizou-se a descrição do edifício em estudo, onde foram apresentados dados de localização do edifício, áreas dos pavimentos, composição da fundação e superestrutura, além de apresentar as plantas baixas e fotos do edifício. A análise por elementos finitos foi realizada através do software Abaqus® - Finite Element Analysis, com o intuito verificar o comportamento teórico de uma viga, por meio de um modelo gerado a partir de informações reais do edifício estudado e algumas adaptações necessárias. Para a análise da estabilidade global do edifício o software escolhido foi o Cypecad®, software utilizado para dimensionamentos e análises. Na análise foram consideradas as cargas de peso próprio do edifício, cargas permanentes e sobrecargas, e ação do vento na estrutura, todas definidas a partir de normas específicas. As solicitações foram aplicadas a um modelo criado com base nos projetos originais do edifício. A partir dos resultados foi realizada a verificação do ELU. 50 6 DESCRIÇÃO DO EDIFÍCIO Neste capítulo serão apresentados dados gerais do edifício em estudo, geometria, dimensões, número de pavimentos, além de ilustrações das plantas do mesmo, baseados em um edifício existente e em construção, com algumas adaptações necessárias adotadas para análise. 6.1 Localização do edifício Rua: Siqueira Campos, Nº 1.263, Lote 00, Quadra 07. Bairro: Vila Nova. Cidade: Presidente Prudente – SP. FIGURA 14 – Planta situação do edifício. Fonte: Os autores (2016). 51 6.2 Descrição do prédio O edifício em estudo possui seis pavimentos, sendo o pavimento Térreo com área de 208,78 m², do primeiro ao quarto pavimento tipo, abrange uma área de 835,12 m², o quinto apresenta uma área de 80,61 m², totalizando a estrutura em 1.124, 51 m². A fundação do edifício é indireta profunda sendo esta tubulões, com diâmetros de base que variam de 1,70m a 2,90m todos possuindo profundidade de 5m. A superestrutura do edifício é em sua totalidade composta por elementos de concreto pré-fabricados, vigas, pilares e lajes com fck = 40 Mpa, possuindo uma caixa de escada e uma caixa de elevador. A seguir, serão mostradas nas Figuras 15, 16 e 17 ilustrações das plantas baixas do edifício. 52 FIGURA 15 – Planta baixa do pavimento térreo. Fonte: Os autores (2016). 53 FIGURA 16 – Planta baixa pavimento tipo (primeiro ao quarto pavimento). Fonte: Os autores (2016). 54 FIGURA 17 – Planta baixa do quinto pavimento. Fonte: Os autores (2016). 55 A Figura 18 a seguir mostra a planta dos pilares do edifício. FIGURA 18 – Planta dos pilares do edifício. Fonte: Os autores (2016). 56 As fotos do edifício descrito serão apresentadas pelas Figuras 19a e 19b a seguir. FIGURA 19a – Foto do edifício em estudo. Fonte: Os autores (2016). 57 FIGURA 19b – Foto do edifício em estudo. Fonte: Os autores (2016). 58 7 ANÁLISES COMPUTACIONAIS 7.1 Análise da viga por elementos finitos. A viga em estudo foi escolhida por possuir maior dimensão e maior vão, além de apresentar as maiores solicitações. Para a realização da análise, não foi considerado a armação da viga, pois, a mesma não é possível se conhecer por questões de normas da empresa que projetou e fabricou a mesma, sendo assim, considerou-se apenas a geometria real, a resistência do concreto e as cargas atuantes na viga, que serão apresentados a seguir: Viga com seção em perfil I, comprimento de 10,97m e dimensões apresentadas na ilustração: FIGURA 20 – Dimensões da viga em estudo. Fonte: Os autores (2016). 59 O material da viga é concreto com fck = 40 Mpa e peso específico de 25KN/m³. FIGURA 21 – Identificação da viga em estudo. Fonte: Os autores (2016). FIGURA 22 – Foto da viga em estudo. Fonte: Os autores (2016). 60 As cargas utilizadas no dimensionamento da estrutura foram as de peso próprio, calculado pelo próprio software; Carga da laje pré-fabricada de 6KN/m² disponibilizado na planta de lajes do edifício; Carga de uso de 2KN/m² especificado para edifícios com finalidade de uso de escritórios, segundo a NBR 6120/1980 conforme a ilustração a seguir: TABELA 1 – Valores mínimos de cargas verticais. Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1980, p3). 61 7.1.1 Modelagem e análise no Abaqus® Dando início a modelagem da viga, criou-se a mesma a partir da geometria real a viga, e então estabelecemos as seguintes características à viga: E – Módulo de elasticidade do concreto = 5600 x fck ¹/² v – Coeficiente de Poisson do concreto = 0,2 Carga da laje + carga de utilização = 8 KN/m² γc – Peso específico do concreto = 25 KN/m³ Após caracterizar a viga e criar as solicitações (carregamentos), foram inseridos apoios à viga, tornando-a bi apoiada, na extremidade esquerda foi usado apoio de segundo gênero restringindo as direções Y e Z (U2 e U3), na extremidade direita foi usado apoio de primeiro gênero restringindo a direção Y (U2). A combinação usada para a análise define a viga como sendo isostática, que é o conceito teórico para fins de estudo em estruturas de concreto pré-fabricado conforme citado no item 4.6.4. FIGURA 23 – Modelagem da viga com carregamento
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