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Prévia do material em texto

Universidade do Sul de Santa Catarina
Palhoça
UnisulVirtual
2008
Leitura e Produção Textual
Disciplina na modalidade a distância
3ª edição revista e atualizada
Créditos
Unisul - Universidade do Sul de Santa Catarina
UnisulVirtual - Educação Superior a Distância
Campus UnisulVirtual
Avenida dos Lagos, 41 
Cidade Universitária Pedra Branca
Palhoça – SC - 88137-100
Fone/fax: (48) 3279-1242 e
3279-1271
E-mail: cursovirtual@unisul.br
Site: www.virtual.unisul.br
Reitor Unisul
Gerson Luiz Joner da Silveira
Vice-Reitor e Pró-Reitor 
Acadêmico
Sebastião Salésio Heerdt
Chefe de Gabinete da Reitoria
Fabian Martins de Castro
Pró-Reitor Administrativo
Marcus Vinícius Anátoles da Silva 
Ferreira
Campus Sul
Diretor: Valter Alves Schmitz Neto
Diretora adjunta: Alexandra 
Orsoni
Campus Norte
Diretor: Ailton Nazareno Soares
Diretora adjunta: Cibele Schuelter
Campus UnisulVirtual
Diretor: João Vianney
Diretora adjunta: Jucimara 
Roesler
Equipe UnisulVirtual
Avaliação Institucional
Dênia Falcão de Bittencourt
Biblioteca
Soraya Arruda Waltrick
Capacitação e Assessoria ao 
Docente
Angelita Marçal Flores 
(Coordenadora)
Caroline Batista
Elaine Surian
Enzo de Oliveira Moreira
Patrícia Meneghel
Simone Andréa de Castilho
Coordenação dos Cursos
Adriano Sérgio da Cunha
Aloísio José Rodrigues
Ana Luisa Mülbert
Ana Paula Reusing Pacheco
Bernardino José da Silva
Charles Cesconetto
Diva Marília Flemming
Eduardo Aquino Hübler
Fabiano Ceretta
Itamar Pedro Bevilaqua
Janete Elza Felisbino
Jucimara Roesler
Lauro José Ballock
Lívia da Cruz (auxiliar)
Luiz Guilherme Buchmann 
Figueiredo
Luiz Otávio Botelho Lento
Marcelo Cavalcanti
Maria da Graça Poyer
Maria de Fátima Martins (auxiliar)
Mauro Faccioni Filho
Michelle Denise Durieux Lopes Destri
Moacir Fogaça
Moacir Heerdt
Nélio Herzmann
Onei Tadeu Dutra
Patrícia Alberton
Rose Clér Estivalete Beche
Raulino Jacó Brüning
Rodrigo Nunes Lunardelli
Criação e Reconhecimento de 
Cursos
Diane Dal Mago
Vanderlei Brasil
Desenho Educacional
Daniela Erani Monteiro Will 
(Coordenadora)
Design Instrucional
Ana Cláudia Taú
Carmen Maria Cipriani Pandini
Carolina Hoeller da Silva Boeing
Flávia Lumi Matuzawa
Karla Leonora Dahse Nunes
Leandro Kingeski Pacheco
Luiz Henrique Queriquelli
Lívia da Cruz 
Lucésia Pereira
Márcia Loch
Viviane Bastos
Viviani Poyer
Acessibilidade
Vanessa de Andrade Manoel
Avaliação da Aprendizagem
Márcia Loch (Coordenadora)
Cristina Klipp de Oliveira
Silvana Denise Guimarães
Design Visual
Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro 
(Coordenador) 
Adriana Ferreira dos Santos
Alex Sandro Xavier
Evandro Guedes Machado
Fernando Roberto Dias 
Zimmermann
Higor Ghisi Luciano
Pedro Paulo Alves Teixeira
Rafael Pessi
Vilson Martins Filho
Disciplinas a Distância
Enzo de Oliveira Moreira 
(Coordenador)
Gerência Acadêmica
Márcia Luz de Oliveira Bubalo
Gerência Administrativa 
Renato André Luz (Gerente)
Valmir Venício Inácio
Gerência de Ensino, Pesquisa 
e Extensão
Ana Paula Reusing Pacheco
Gerência de Produção e 
Logística
Arthur Emmanuel F. Silveira 
(Gerente)
Francisco Asp 
Logística de Encontros 
Presenciais
Graciele Marinês Lindenmayr
(Coordenadora) 
Aracelli Araldi
Cícero Alencar Branco
Daiana Cristina Bortolotti
Douglas Fabiani da Cruz
Fernando Steimbach
Letícia Cristina Barbosa
Priscila Santos Alves
Formatura e Eventos
Jackson Schuelter Wiggers
Logística de Materiais
Jeferson Cassiano Almeida da 
Costa (Coordenador)
José Carlos Teixeira
Eduardo Kraus
Monitoria e Suporte
Rafael da Cunha Lara 
(Coordenador)
Adriana Silveira
Andréia Drewes
Caroline Mendonça
Cláudia Noemi Nascimento
Cristiano Dalazen
Dyego Helbert Rachadel
Edison Rodrigo Valim
Francielle Arruda
Gabriela Malinverni Barbieri
Jonatas Collaço de Souza
Josiane Conceição Leal
Maria Eugênia Ferreira Celeghin
Maria Isabel Aragon 
Priscilla Geovana Pagani 
Rachel Lopes C. Pinto
Tatiane Silva
Vinícius Maykot Serafi m
Relacionamento com o 
Mercado
Walter Félix Cardoso Júnior 
Secretaria de Ensino a 
Distância
Karine Augusta Zanoni 
Albuquerque (Secretária de 
ensino)
Ana Paula Pereira 
Andréa Luci Mandira
Andrei Rodrigues
Carla Cristina Sbardella
Deise Marcelo Antunes
Djeime Sammer Bortolotti 
Franciele da Silva Bruchado
James Marcel Silva Ribeiro
Janaina Stuart da Costa
Jenniff er Camargo
Lamuniê Souza
Liana Pamplona 
Luana Tarsila Hellmann
Marcelo José Soares
Marcos Alcides Medeiros Junior
Maria Isabel Aragon
Olavo Lajús
Priscilla Geovana Pagani
Rosângela Mara Siegel
Silvana Henrique Silva
Vanilda Liordina Heerdt
Vilmar Isaurino Vidal
Secretária Executiva
Viviane Schalata Martins
Tecnologia
Osmar de Oliveira Braz Júnior
(Coordenador)
Jeff erson Amorin Oliveira
Marcelo Neri da Silva
Pascoal Pinto Vernieri
Apresentação
Este livro didático corresponde à disciplina Leitura e Produção 
Textual.
O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma, 
abordando conteúdos especialmente selecionados e adotando uma 
linguagem que facilite seu estudo a distância. 
Por falar em distância, isso não signifi ca que você estará sozinho. 
Não esqueça que sua caminhada nesta disciplina também 
será acompanhada constantemente pelo Sistema Tutorial da 
UnisulVirtual. Entre em contato sempre que sentir necessidade, 
seja por correio postal, fax, telefone, e-mail ou Espaço 
UnisulVirtual de Aprendizagem. Nossa equipe terá o maior 
prazer em atendê-lo, pois sua aprendizagem é nosso principal 
objetivo.
Bom estudo e sucesso!
Equipe UnisulVirtual
Chirley Domingues
Mônica Mano Trindade
Palhoça
UnisulVirtual
2008
Design instrucional
Flávia Lumi Matuzawa
3ª edição revista e atualizada
Leitura e Produção Textual
Livro didático
410
D71 Domingues, Chirley
Leitura e produção textual : livro didático / Chirley Domingues, Mônica Mano 
Trindade ; design instrucional Flavia Lumi Matuzawa, [Carolina Hoeller da Silva 
Boeing]. – 3. ed. rev. e atual. – Palhoça : UnisulVirtual, 2008.
158 p. : il. ; 28 cm.
Inclui bibliografi a.
ISBN 978-85-7817-050-9
1. Língua e linguagem. 2. Leitura. 3. Produção de textos. I. Trindade, Mônica 
Mano. II. Matuzawa, Flavia Lumi. III. Boeing, Carolina Hoeller da Silva. IV. Título. 
Edição – Livro Didático
Professor Conteudista
Chirley Domingues
Mônica Mano Trindade
Design Instrucional
Flávia Lumi Matuzawa
Carolina Hoeller da Silva Boeing 
(3ª edição revista e atualizada)
Projeto Gráfi co e Capa
Equipe UnisulVirtual
Diagramação
Higor Ghisi Luciano
Vilson Martins Filho 
(3ª edição revista e atualizada)
Revisão Ortográfi ca
Carmen Maria Cipriani Pandini
Ficha catalográfi ca elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul
Copyright © UnisulVirtual 2007
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
Palavras das professoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
UNIDADE 1 – Linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
UNIDADE 2 – Leitura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
UNIDADE 3 – Texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
UNIDADE 4 – Textos acadêmicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
UNIDADE 5 – Tópicos gramaticais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145 
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
Sobre a professora conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . 149
Comentários e respostas das atividades de auto-avaliação . . . . . . . . . . . . 151
Sumário
Palavras das professoras
Informações excessivas, instantâneas e superfi ciais, 
características do século XXI, levam-nos a ter de fazer 
escolhas, defi nir e manifestar nossas opiniões diante dos 
acontecimentos do mundo e, especialmente, do nosso meio 
social. O fato é que, para sabermos nos posicionar ante esse 
dinamismo, precisamos aprimorar nossas habilidades de 
escuta, leitura e escrita, responsáveis pela nossa interação no 
mundo, o que somente se torna possível através de um estudo 
de língua portuguesa comprometido em nos preparar para a 
vida pessoal, acadêmica e profi ssional. 
Aqui, você está convidado a intensifi car as suas habilidades de 
leitura e escrita. Fará exercícios que o levarão a indagar sobre 
a intenção contida nos textos, possibilitando-lhe desenvolver 
uma postura mais crítica sobre a sua produção textual. De 
forma integrada à leitura, você desenvolverá a prática de 
produção de textos, possibilitando-lhe adequar a sua escrita ao 
contexto que se fi zer necessário.
Para desenvolver mais as suas habilidades na leitura e na 
escrita, dedique-se ao estudo de cada unidade e lembre-se 
da importância das atividades práticas, pois somente você 
poderá investir na sua formação como leitor e escritor, duas 
importantes funções que certamente exercerá ao longo da sua 
vida acadêmica e profi ssional.
Bom trabalho!
As autoras
Plano de estudo
O plano de estudo visa a orientá-lo(a) no desenvolvimento da 
disciplina. Nele, você encontrará elementos que esclarecerão 
o contexto da disciplina e sugerirão formas de organizar o seu 
tempo de estudos. 
O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva 
em conta instrumentos que se articulam e se complementam. 
Assim, a construção de competências se dá sobre a articulação 
de metodologias e por meio das diversas formas de ação/
mediação.
São elementos desse processo:
o livro didático; !
o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem - ! EVA; 
as atividades de avaliação (complementares, a distância !
e presenciais). 
Ementa
Níveis de linguagem: características dos diversos tipos 
de linguagem e suas funções. Leitura: compreensão e 
análise crítica de texto. Produção de texto: tipos e gêneros 
textuais; coerência e coesão; adequação à norma culta.
Carga horária
60 horas – 4 créditos
12
Universidade do Sul de Santa Catarina
Objetivo(s)
A disciplina visa ao desenvolvimento da competência do 
estudante na realização de atividades relacionadas ao uso da 
língua, tanto do ponto de vista da produção quanto da recepção. 
Portanto, são objetivos específi cos:
estimular o acadêmico à realização de atividades práticas !
de leitura e produção textual;
propiciar o conhecimento dos diversos gêneros textuais, !
com a identifi cação das características e da linguagem 
própria de cada um, bem como suas aplicações na 
sociedade;
possibilitar o estudo de regras específi cas para adequação !
do texto à modalidade culta da língua.
Conteúdo programático/objetivos 
Os objetivos de cada unidade defi nem o conjunto de 
conhecimentos que você deverá deter para o desenvolvimento de 
habilidades e competências necessárias à sua formação. Neste 
sentido, veja a seguir as unidades que compõem o livro didático 
desta disciplina, bem como os seus respectivos objetivos. 
Unidades de estudo: 5
Unidade 1 – Linguagem (10 h/a)
Esta unidade, de caráter introdutório, apresentará os conceitos 
de língua, linguagem e variação lingüística, defi nições básicas 
e essenciais ao desenvolvimento da disciplina, bem como um 
estudo sobre níveis de linguagem e funções de linguagem. 
Unidade 2 – Leitura (15 h/a)
Esta unidade abordará a importância da leitura e sua infl uência 
na escrita, as características dos textos literários e não-literários 
e os níveis de informação explícito e implícito, enfocando a 
13
Nome da disciplina
aplicação desses conceitos, a partir de atividades de leitura e 
interpretação textual.
Unidade 3 – Texto (15 h/a)
Nesta unidade, serão apresentados os conceitos essenciais à 
prática de produção de texto, como a defi nição de gêneros 
textuais, intertextualidade e polifonia, e os elementos 
responsáveis pela coerência e coesão dos enunciados, enfocando 
a aplicação desses conceitos, a partir de atividades de produção 
escrita. 
Unidade 4 – Textos acadêmicos (10 h/a)
Nesta unidade, serão apresentados alguns dos gêneros textuais 
que circulam no ambiente acadêmico, como resumo, resenha 
e relatório, focando o objetivo, as características e a linguagem 
adequada a cada um desses textos.
Unidade 5 – Tópicos gramaticais (10 h/a)
Nesta unidade, serão apresentados alguns tópicos gramaticais, 
enfocando a necessidade do conhecimento de tais regras para a 
adequação do texto à norma culta da língua.
 Agenda de atividades/ Cronograma 
Verifi que com atenção o EVA, organize-se para acessar !
periodicamente o espaço da disciplina. O sucesso nos seus 
estudos depende da priorização do tempo para a leitura, da 
realização de análises e sínteses do conteúdo, e da interação 
com os seus colegas e tutor. 
Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço !
a seguir as datas, com base no cronograma da disciplina 
disponibilizado no EVA.
Use o quadro para agendar e programar as atividades !
relativas ao desenvolvimento da disciplina.
14
Universidade do Sul de Santa Catarina
Atividades obrigatórias 
Demais atividades (registro pessoal)
UNIDADE 1
Linguagem
Objetivos de aprendizagem
 Ao fi nal da unidade você terá subsídios para compreender:
! A diferença entre língua e linguagem.
! As causas da variação lingüística.
! As situações de uso das modalidades da língua.
! As funções da linguagem.
Seções de estudo
 Nesta unidade você vai estudar os seguintes assuntos:
Seção 1 Língua, Linguagem e Variação.
Seção 2 Níveis de Linguagem.
Seção 3 Funções da Linguagem.
1
16
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de conversa
Durante muito tempo, acreditou-se que dominar a língua 
portuguesa era falar difícil, ou seja, empregar vocabulário culto 
e usar frases de efeito com estrutura mais complexa. Hoje, no 
entanto, sabemos que usar bem o português é, sobretudo, saber 
adequar a linguagem a diferentes situações sociais das quais 
participamos. Por exemplo, sabemos que é preciso ter um cuidado 
especial com a língua quando nos submetemos a uma entrevista 
de emprego, ou quando elaboramos um texto acadêmico. Mas, 
em uma conversa com amigos ou familiares, podemos usar uma 
linguagem mais coloquial. Assim sendo, pode-se dizer que a 
língua apresenta variações e o que determina a escolha de tal ou 
tal variedade é a situação concreta de comunicação. 
Esse é o tema da presente unidade, que tem como objeto o estudo 
da linguagem e suas variações. Aqui, você encontrará conceitos 
básicos de introdução para um trabalho de leitura e produção de 
textos. 
São conceitos essenciais, que serão retomados no decorrer das 
demais unidades, logo precisam ser bem compreendidos para 
facilitar o seu crescimento na disciplina.
Bons estudos!
Seção 1 – Língua, linguagem e variação
Comunicação provém de communicare, verbo latino que signifi ca 
pôr em comum. Para Medeiros (2000, p. 15), a fi nalidade da 
comunicação é pôr em comum não apenas as idéias, sentimentos, 
pensamentos, desejos, mas também compartilhar formas de 
comportamento, modos de vida determinados por regra de 
caráter social.
A comunicação implica, fundamentalmente, a utilização 
de uma linguagem. A linguagem humana, segundo 
Koch (1997a, p. 9), tem sido concebida de maneiras 
diversas, e a mais recente dessas concepções considera 
a linguagem como atividade, como forma de ação, como 
17
Leitura de Produção Textual
Unidade 1
lugar de interação que possibilita aos membros de uma sociedade 
a prática dosmais diversos tipos de atos.
A linguagem se materializa de duas formas. Na primeira, 
denominada de linguagem não-verbal, exploram-se sinais, 
gestos e imagens. Na segunda, denominada de linguagem 
verbal, utilizam-se signos, ou seja, é uma modalidade constituída 
de um sistema de sinais convencionados. Esse conjunto de signos 
é o que denominamos de língua. 
Bem, agora que já abordamos os conceitos básicos sobre a 
linguagem humana, vamos resumi-los para assimilá-los melhor.
 
 Resumindo:
Linguagem ! : capacidade do ser humano de se 
comunicar por meio de um língua.
Língua ! : código, sistema de signos convencionais 
usados pelos membros de uma mesma 
comunidade.
Linguagem verbal ! : constituída de um sistema de 
códigos convencionados.
Linguagem não-verbal ! : constituída por imagens, 
gestos, emoticons, expressão facial etc.
Para diferenciar melhor a linguagem verbal da linguagem não-verbal, 
observe os seguintes exemplos:
Texto A
Uma das maneiras de ver o mundo é sob a fi gura da antítese. 
Assim, as categorias que encontramos são: os ricos e os pobres, os 
brancos e os negros, os homens e as mulheres, os heterossexuais e 
os homossexuais etc. 
18
Universidade do Sul de Santa Catarina
Texto B
 Figura 1 – Ilustração sobre antítese. (Fonte: Platão e Fiorin. Lições de 
 texto: leitura e redação. São Paulo: Ática,1996.)
É fácil perceber que no primeiro exemplo, por meio da linguagem 
verbal, há uma afi rmação genérica entre as diferenças existentes 
no mundo. Da mesma forma, no segundo, essa temática aparece, 
uma vez que a fi gura pretende, através da oposição entre a cor e o 
tamanho das mãos, chamar a atenção para a fome e a desnutrição 
no continente africano.
Ainda, o texto pode ser elaborado pela associação dos dois tipos 
de linguagem, o que denominamos de linguagem mista. Observe 
a charge:
Texto C
 Figura 2 – charge do Lula Papai Noel. (Fonte: Folha de São Paulo, 18/11/2006). 
A compreensão desse texto de humor ocorre pela associação 
da imagem-fi gura de Papai Noel – com a linguagem verbal 
– o conteúdo das cartas e a fala da personagem. Inclusive a 
própria defi nição da personagem – Presidente Lula e Papai Noel 
– depende do conteúdo de sua fala.
19
Leitura de Produção Textual
Unidade 1
— Então, agora que você já sabe que língua é um código por meio do 
qual as pessoas se comunicam e interagem entre si, passemos ao seguinte 
questionamento: 
A língua portuguesa, no Brasil, é um código único a 
todos os falantes?
Para responder a pergunta, você deve levar em conta, por 
exemplo, a diferença que existe na linguagem em diversos 
níveis, como: a linguagem que você usa com o seu chefe não 
é a mesma que você usa com os seus amigos. Ou ainda, o 
vocabulário dos jovens está mais aberto às mudanças e novidades, 
diferente do que acontece com os mais idosos, que tendem a um 
conservadorismo. Aliás, causa-nos grande estranhamento ouvir 
pessoas idosas, por exemplo, usando uma gíria, não é mesmo? 
Isso acontece porque temos consciência de que há várias formas 
de usarmos a língua que falamos. 
Assim sendo, se você respondeu NÃO para a pergunta anterior, 
então você já está próximo do conceito de nosso próximo assunto, 
ou seja, Variação Lingüística. 
A língua portuguesa, como todas as línguas do mundo, não se 
apresenta de maneira uniforme em todo o território brasileiro. 
Aliás, assim como a cultura brasileira é plural, há também a 
pluralidade lingüística, o que é facilmente observado em nosso 
país. Essa pluralidade é o que denominamos variação lingüística, 
e esse é o tema que vamos abordar agora. 
Mas qual é o objetivo de estudarmos tal assunto?
Estudar a variação lingüística oportunizará você a perceber que 
diversos fatores, como região, faixa etária, classe social e profi ssão 
são responsáveis pela variação da língua. Devemos observar, no 
entanto, que não há um uso melhor que o outro. Em uma mesma 
comunidade lingüística, coexistem usos diferentes, não existindo 
um padrão de linguagem que possa ser considerado superior. 
20
Universidade do Sul de Santa Catarina
O que determina a escolha de tal ou tal variedade é a 
situação concreta de comunicação. 
Níveis de variação lingüística
É importante observar que o processo de variação ocorre em 
todos os níveis de funcionamento da linguagem, sendo mais 
perceptível na pronúncia ou no vocabulário. Também são vários 
os fatores que determinam a variação, entretanto, vamos dar 
ênfase à variação regional, à variação social e à variação por faixa 
etária, que serão explicadas a seguir.
1) Variação regional (territorial ou geográfi ca)
Ocorre entre pessoas de diferentes regiões em que se fala a mesma 
língua. Segundo Travaglia, essa variação normalmente acontece 
[...] pelas infl uências que cada região sofreu durante 
sua formação; porque os falantes de uma dada região 
constituem uma comunidade lingüística geografi camente 
limitada em função de estarem polarizados em termos 
políticos, econômicos, culturais e desenvolverem então 
um comportamento lingüístico comum que os identifi ca 
e distingue. (2002, p. 42).
Então, como você pode ver, são os diferentes falares que se 
encontram no Brasil como os falares gaúcho, nordestino, 
carioca, o chamado dialeto caipira etc. 
Essa diferença pode ser percebida em relação à pronúncia, 
como por exemplo, a diferença do r e do s, na fala de cariocas, 
gaúchos, paulistas. Além disso, também fi ca evidente a 
diferença em nível vocabular, pois temos várias palavras usadas 
para fazer referência ao mesmo objeto, e o uso de um ou outro 
vocábulo varia de região para região. É o que ocorre em:
pipa – papagaio – pandorga – maranhão; !
pão francês – pão de trigo – cacetinho; !
aipim – mandioca – macaxeira. !
21
Leitura de Produção Textual
Unidade 1
2) Variação social
Ocorre entre pessoas que pertencem a diferentes grupos sociais. 
Neste caso, podemos dividir a língua em vários “dialetos” ou 
“jargões” que, na dimensão social, representam as variações que 
ocorrem de acordo com a classe a que pertencem os usuários da 
língua.
Podemos, então, considerar como variedades dialetais de 
natureza social, os jargões profi ssionais (linguagem dos artistas, 
médicos, professores, operários), como também as gírias usadas 
por diversos grupos como: jogadores de futebol, cantores de Rap, 
freqüentadores de academias de ginástica etc. Assim, pessoas com 
relações bastante estreitas e interesses comuns tendem a usar uma 
linguagem mais específi ca.
Vejam os exemplos nos textos a seguir:
Então a nossa fi losofi a é mostrar pras pessoas, né, 
tentar passar pras pessoas que elas podem brilhar, 
que elas são importantes (...) Então nós viramos pro 
negro e falamos: pô, negócio seguinte, tu é bonito, tu 
não é feio como dizem que tu é feio. Teu cabelo não 
é ruim como dizem que teu cabelo é ruim, entendeu? 
Meu cabelo é crespo, entendeu? Existe cabelo crespo, 
existe cabelo liso. Não tem essa de cabelo bom, 
cabelo ruim. Por que que cabelo de branco é bom e 
meu cabelo é ruim?
(Fala de um cantor de Rap)
Outro dia o coruja estava batendo lata e encontrou 
um tatu. 
- E aí? Eles acertaram o pilão?
- Que nada, o espada abiu o caderno e passou o maior 
chapéu no piolho!
(FUSARO, Kárin. Gírias de todas as tribos. São Paulo: 
Panda, 2001)
22
Universidade do Sul de Santa Catarina
 Você entendeu os textos dos exemplos? Talvez você sinta 
difi culdades em relação ao segundo, caso você não compreenda a 
gíria dos taxistas. Releia o texto, considerando este vocabulário:
Quadro 01 – quadro de referência de gírias e seus signifi cados
Gíria Signifi cado
Abrir o caderno Falar demais, contar a vida.
Bater lata Andar com o carro vazio, à procura de passageiro.
Chapéu Golpe, ato de não pagar ao taxista.
Coruja Taxista que trabalha no período noturno.
Espada Passageiro difícil de enganar.
Pilão Corrida prefi xada.
Piolho Taxista queassalta o passageiro, até mesmo à mão armada.
Tatu Passageiro inocente, vítima fácil.
3) Variação por faixa etária
Os dialetos, na dimensão de idade, representam as variações 
decorrentes da diferença no modo de usar a língua de pessoas 
de idades diferentes, normalmente em faixas etárias 
diversas: crianças, jovens, adultos e velhos. 
Assim, seria um fato raríssimo presenciarmos uma pessoa 
idosa usando expressões como linkar (ligar um site a outro), 
subir um arquivo (mandar um arquivo para a internet), até 
mesmo pela pouca ou nenhuma intimidade que esse grupo 
de pessoas tem com o computador e, conseqüentemente 
com a internet.
— Até aqui você viu algumas variações lingüísticas. Na próxima 
seção, você verá a variação de registro, que também é um conceito 
importante no estudo da linguagem.
23
Leitura de Produção Textual
Unidade 1
Seção 2 – Níveis de linguagem
Na seção anterior, você estudou os conceitos de língua e 
linguagem, assim como as variações lingüísticas. Dando 
continuidade ao assunto, vamos abordar a variação de registro, 
que se defi ne pela forma de utilização da linguagem, levando em 
conta o contexto da situação. 
Um exemplo disso é a forma como falamos com 
um adulto ou com uma criança. Quando falamos 
com a criança, a nossa linguagem é mais gestual, 
mudamos o tom da voz, ou seja, imitamos as 
próprias crianças. 
Antes de estudar esse tipo de variação, que chamaremos de 
níveis de linguagem, é necessário que você refl ita um pouco 
sobre as características da língua falada e da língua escrita. Nas 
situações de fala, há um contato direto entre os interlocutores, 
isto é, falante e ouvinte, o que nos permite fazer repetições e 
explicações, caso nosso ouvinte não nos compreenda. 
Já nas situações de escrita, o contato entre autor e leitor é 
indireto, logo torna-se necessária a formulação de um texto claro, 
possível de ser compreendido pelo leitor, sem a possibilidade da 
intervenção simultânea do autor.
Isso desencadeia uma série de diferenças entre fala e escrita, 
em relação à estrutura e à organização do texto, que podem ser 
resumidamente apresentadas no quadro a seguir:
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Universidade do Sul de Santa Catarina
 Quadro 02 – Comparativo entre língua oral e escrita
Língua oral Língua escrita
Repetição de palavras Vocabulário amplo e variado.
Frases inacabadas e interrompidas Frases completas.
Seqüência de orações com ou sem conexão Orações coordenadas ou subordinadas. 
Frases feitas, clichês, provérbios, gírias Uso restrito de frases feitas, provérbios, gírias.
Marcas da oralidade, como daí, né, tá etc. Ausência desses marcadores.
As características do Quadro 02 são predominantes, mas não 
podem ser vistas como exclusivas do texto oral ou do texto 
escrito.
Você sabe que nossa produção oral não é sempre igual. 
Quando falamos, fazemos variações em função do contexto da 
conversação e de nossos interlocutores. Assim também a escrita 
não é uniforme. Podemos escrever de várias formas, considerando 
a fi nalidade do texto e o leitor a quem nos dirigimos, concorda?
Isso signifi ca que há outro tipo de variação, que pode ser 
registrado tanto na fala quanto na escrita. Por isso, mais 
importante que observar as variações entre fala e escrita é 
observar e fazer uso das diferenças entre os níveis de linguagem.
Perceba que no nosso dia-a-dia, em casa, no trabalho, no 
encontro com os amigos, expressamo-nos de diferentes 
formas, ou seja, não nos referimos ao nosso chefe da mesma 
maneira como nos dirigimos a um amigo, não é mesmo? Daí a 
necessidade de usar adequadamente os dois níveis de linguagem: 
culto e coloquial.
A modalidade culta é a língua padrão. É a variedade 
lingüística de maior prestígio social. É aquela usada 
nas situações formais tanto na fala quanto na escrita.
25
Leitura de Produção Textual
Unidade 1
É facilmente observada em um discurso de formatura, na 
apresentação de um projeto, na defesa de uma monografi a, ou 
ainda, na produção de textos acadêmicos, jurídicos, empresariais 
etc.
A modalidade coloquial é a linguagem que 
utilizamos no nosso cotidiano, para situações 
informais, tanto na fala quanto na escrita. 
É a linguagem que usamos no nosso dia-a-dia, nas conversas 
com os amigos, com a família, ou ainda, na produção de alguns 
textos, como bilhetes ou mensagens eletrônicas. 
A escolha das modalidades se dá, portanto, em função do nível de 
formalidade exigido no contexto. Assim, situações mais informais 
permitem o uso da modalidade coloquial e situações mais formais 
exigem o uso da modalidade culta. Veja os seguintes exemplos:
 Situação hipotética: confraternização entre os funcionários da empresa X. 
Contexto 1
Se você fi car encarregado de publicar um convite 
a todos os funcionários, você se preocupará em 
ser objetivo e, principalmente, ser compreendido 
por todos, até mesmo pelos que não o conhecem. 
Além disso, como pessoas que ocupam cargos 
hierarquicamente superiores ao seu também serão 
seus interlocutores, você tenderá à formalidade. 
Provavelmente, seu texto fi cará parecido com o que 
sugerimos abaixo.
“No espírito de encerramento de mais um ano de trabalho, 
convidamos a todos os colaboradores desta empresa para um 
jantar comemorativo. 
Local: Restaurante XXX
Data: 15/12/2006
Horário: 20 horas
É necessário confi rmar presença até dia 10/12/2006, pelo e-mail 
XXX@XX.br.”
26
Universidade do Sul de Santa Catarina
Contexto 2: 
Agora você é um dos funcionários da empresa 
que recebeu o convite. Seu interesse é saber se as 
pessoas que trabalham mais próximas de você, ou 
seja, aquelas com as quais você tem mais intimidade 
comparecerão. Muito provavelmente, você mandará 
a elas um e-mail, de forma descontraída, próximo ao 
sugerido:
“E aí, pessoal. Tô a fi m de ir no jantar do dia 15. Quem vai? Vamos 
combinar um esquema de carona? Tô esperando. Abração.”
Sabemos que a maioria das situações de fala tendem a ser mais 
informais que as situações de escrita, o que leva as pessoas a 
uma conclusão equivocada: é comum que as pessoas façam uma 
associação de conceitos e denominem uma modalidade como 
linguagem oral/coloquial e a outra como linguagem escrita/culta. 
No entanto, como você pode ver no exemplo acima, houve a 
ocorrência dos dois níveis – culto e coloquial – nos dois textos 
simulados, e ambos foram produzidos de forma escrita.
Além disso, lembre-se de que os conceitos anteriormente 
apresentados explicitam que tanto a modalidade culta quanto a 
coloquial aparecem em situações de fala e escrita. 
É importante não confudir essa diferença entre 
modalidade culta e coloquial com a diferença entre 
fala e escrita.
Para fi nalizar esta seção, gostaríamos de reforçar que o objetivo 
de estudar as modalidades que lhe foram apresentadas é fazer 
com que você fi que atento à necessidade de adequação de seu 
texto falado ou escrito à situação de uso. O ideal é que você se 
sinta apto a fazer uso da modalidade culta, quando isso se fi zer 
necessário, e da modalidade coloquial, em situações permitidas. 
Lembre-se disso, no decorrer da disciplina, em todas as 
atividades de produção textual.
A seguir, você estudará as funções da linguagem como um dos 
recursos disponíveis para marcar a intencionalidade de um texto.
27
Leitura de Produção Textual
Unidade 1
Seção 3 – Funções da linguagem
Como você já estudou na primeira seção, a linguagem é utilizada 
para que a comunicação se efetive. Para isso, em um processo de 
comunicação, alguns elementos são necessários, tais como: 
Emissor ! – aquele que emite, codifi ca a mensagem.
Receptor ! – aquele que recebe, decodifi ca a mensagem.
Mensagem ! – o conteúdo transmitido pelo emissor.
Código ! – o conjunto de signos usado na transmissão e 
na recepção da mensagem.
Referente ! – o contexto relacionado ao emissor e ao 
receptor.
Canal ! – o meio pelo qual a mensagem circula.
No processo de comunicação, todos esses elementos estão 
envolvidos, mas, em razãoda intencionalidade do texto, 
um ou outro elemento deve ser enfatizado, o que resulta 
nas funções da linguagem.
A seguir, apresentamos cada uma das funções, suas 
características e contextos de ocorrência, fi nalizando com 
um exemplo.
1. Função emotiva (ou expressiva)
É centralizada no emissor, revelando sua opinião ou emoção. 
Portanto, é notável no texto o uso da primeira pessoa do singular, 
das interjeições e exclamações. Predominante em textos literários, 
biografi as, memórias, cartas pessoais.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
O meu amor, o meu amor, Maria
É como um fi o telegráfi co da estrada
Aonde vêm pousar as andorinhas...
De vez em quando chega uma 
E canta
(Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá)
Canta e vai-se embora
Outra nem isso, Mal chega, vai-se embora.
A última que passou
Limitou-se a fazer cocô
No meu pobre fi o de vida!
No entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo:
As andorinhas é que mudam.
(POEMINHA SENTIMENTAL, Mário Quintana)
2. Função referencial (ou Denotativa)
É centralizada no referente, quando o emissor procura oferecer 
informações da realidade. A linguagem do texto é objetiva, direta 
e prevalece o uso da terceira pessoa do singular.
Predominante em textos acadêmicos, científi cos e em alguns 
textos jornalísticos como a notícia.
EDUCAÇÃO NÃO REDUZ DESIGUALDADE RACIAL
Estudo do IBGE revela que quanto maior a 
escolaridade do trabalhador brasileiro, maior é a 
diferença no salário dos brancos em relação ao dos 
pretos e pardos. O levantamento teve por base a 
Pesquisa mensal de Emprego do instituto, restrita às 
seis maiores regiões metropolitanas do país. (Folha de 
São Paulo, 18/11/2006, p. 01)
29
Leitura de Produção Textual
Unidade 1
3. Função apelativa (ou conativa)
É centralizada no receptor. Como o emissor se dirige ao receptor, 
é comum o uso dos pronomes tu e você, ou o nome da pessoa a 
quem o emissor se refere. 
Predominante em sermões, discursos e textos publicitários, já que 
estes se dirigem diretamente ao consumidor.
Celular de graça
 Na sua mão
CLARO
 A vida na sua mão
Você ainda ganha o dobro de minutos do seu 
plano por até 12 meses.
(Texto publicitário – NOKIA – publicado no Diário 
Catarinense em 19/11/2006)
4. Função fática
É centralizada no canal, tendo como objetivo prolongar ou 
não o contato com o receptor, ou testar a efi ciência do canal. 
Predominante na conversação, como saudações, falas informais 
e falas telefônicas, quando fazemos uso da linguagem mais 
por exigência das relações sociais do que pela necessidade de 
transmissão da mensagem.
No elevador:
- Bom dia!
- Bom dia!
- Que calor tem feito.
- Pois é.
- Até logo.
-Tchau.
 
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Universidade do Sul de Santa Catarina
5. Função poética
É centralizada na mensagem, revelando recursos imaginativos 
criados pelo emissor. Valorizam-se as palavras e suas 
combinações. Predominante em textos com linguagem fi gurada, 
como poemas, letras de música, textos publicitários. 
Quando os sapatos ringem
 - quem diria?
São os teus pés que estão cantando!
(QUINTANA, Mário. Verão. In: Mário Quintana de 
Bolso. Porto Alegre: L&M, 1997, p. 140.)
6. Função metalingüística
É centralizada no código. É quando a linguagem é usada para 
falar dela mesma. Ocorre quando um texto comenta outro texto, 
ou quando o poema fala do próprio poema ou quando o cinema 
explica como se faz um fi lme.
Predominante em dicionários.
As expressões são data venia, permissa venia, 
concessa venia. O senhor, para não usar de 
aspereza com o juiz, o senhor bota data venia, 
que quer dizer “com o devido respeito”, bota 
antes data venia e aí fala o que quiser para o juiz. 
Os sinônimos de data venia seriam permissa 
venia, concessa venia. Eu jamais repito data venia 
no mesmo processo. Só data venia, data venia, 
fi ca enfadonho, né? (Fala de um advogado no 
exercício de sua função).
É importante você observar que os textos selecionados 
apresentam como função predominante aquela que pretendemos 
exemplifi car, mas isso não exclui a possibilidade de um mesmo 
texto apresentar mais de uma função de linguagem, fato que 
ocorrerá na atividade proposta para este assunto. 
31
Leitura de Produção Textual
Unidade 1
Síntese
Ao término desta unidade, você deve ter compreendido alguns 
conceitos básicos para o estudo da língua portuguesa, os quais 
retomaremos aqui:
a) Linguagem deve ser defi nida como a capacidade de 
comunicação do ser humano. Manifesta-se tanto por signos 
lingüísticos, ou seja, por palavras, quando denominada de 
linguagem verbal, quanto por imagens, o que caracteriza a 
linguagem não-verbal.
b) Língua é um código, conjunto de signos, estabelecido por uma 
determinada sociedade, em um determinado espaço geográfi co.
c) As línguas não são uniformes. Elas variam, pois as pessoas 
falam de modo diferente em relação à pronúncia, ao vocabulário, 
ao uso de gírias e expressões e à estrutura gramatical. Vários 
fatores podem infl uenciar essa variação, mas apresentamos como 
os mais relevantes alguns fatores externos, tais como:
Geográfi co: ! variação decorrente do local onde o falante 
vive. 
Social ! : variação decorrente do grupo social ao qual o 
falante pertence, ou a profi ssão que exerce.
Idade ! : variação decorrente da faixa etária do falante, 
uma vez que as expressões coloquiais e as gírias mudam 
rapidamente com o decorrer do tempo.
d) Além da variação geográfi ca, social e etária, há a variação de 
registro. Trata-se das possibilidades de diferentes usos da língua 
por um mesmo falante. Em situações informais, tem-se a opção 
pelo nível coloquial; já em situações formais, pelo nível culto. 
Tais modalidades, coloquial e culta, são observadas tanto em 
textos falados quanto escritos. 
e) Seis elementos compõem o processo de comunicação: 
emissor, receptor, mensagem, código, contexto e canal. Quando 
produzimos nossos textos, enfatizamos um ou outro elemento, 
de modo intencional, o que resulta em seis diferentes funções da 
linguagem: emotiva, centrada no emissor; apelativa, centrada 
32
Universidade do Sul de Santa Catarina
no receptor; poética, centrada na mensagem; metalingüística, 
centrada no código; referencial, centrada no contexto, e fática, 
centrada no canal.
O objetivo de você ter estudado este conteúdo, aqui brevemente 
resumido, é adquirir conhecimentos básicos sobre a língua para 
que possa aplicá-los nos processos de leitura e produção textual, 
desenvolvidos nas unidades seguintes.
Atividades de auto-avaliação
1) Procure no seu cotidiano, exemplos de textos que são elaborados por 
meio de linguagem verbal, não-verbal e pela junção de ambas.
33
Leitura de Produção Textual
Unidade 1
2) Leia o texto de apoio e busque exemplos de variação percebidos por 
você no seu dia-a-dia, na sua comunidade.
NÃO EXISTEM LÍNGUAS UNIFORMES
Sírio Possenti
 Alguém que estivesse desanimado pelo fato de que parece que 
as coisas não dão certo no Brasil e que isso se deve ao “povinho” que 
habita esse país (conhecem a piada?), poderia talvez achar que tem um 
argumento defi nitivo, quando observa que “até mesmo para falar somos 
um povo desleixado”. Esse modo de encarar os fatos da linguagem é 
bastante comum, infelizmente. Faz parte da visão de mundo que as 
pessoas têm a respeito dos campos nos quais são especialistas. Em outras 
palavras, é uma avaliação falsa. Mas como existe, e como também é um 
fato social associado à linguagem, deve ser levado em conta. Por isso, para 
quem pretende ter uma visão mais adequada do fenômeno da linguagem, 
especialmente para os profi ssionais, dois fatos são importantes: a) todas as 
línguas variam, isto é, não existe nenhuma sociedade ou comunidade na 
qual todos falem da mesma forma; b) a variedade lingüística é o refl exo da 
variedade social e, como em todas as sociedades existe alguma diferença 
de status ou de papel entre indivíduos ou grupos, essas diferenças se 
refl etem na língua. Ou seja: a primeiraverdade que devemos encarar é relativa 
ao fato de que em todos os países (ou em todas as “comunidades de falantes”) 
existe variedade de língua. E não apenas no Brasil, porque seríamos um povo 
descuidado, relapso, que não respeita nem mesmo sua rica língua. A segunda 
verdade é que as diferenças que existem numa língua não são casuais. Ao 
contrário, os fatores que permitem ou infl uenciam na variação podem ser 
detectados através de uma análise mais cuidadosa e menos anedótica.
 Um dos tipos de fatores que produzem diferenças na fala de pessoas 
são externos à língua. Os principais são os fatores geográfi cos, de classe, 
de idade, de sexo, de etnia, de profi ssão etc. Ou seja: as pessoas que 
moram em lugares diferentes acabam caracterizando-se por falar de 
algum modo de maneira diferente em relação a outro grupo. Pessoas que 
pertencem a classes sociais diferentes, do mesmo modo (e, de certa forma, 
pela mesma razão, a distância – só que esta social) acabam caracterizando 
sua fala por traços diversos em relação aos de outra classe. O mesmo vale 
para diferentes sexos, idades, etnias, profi ssões. De uma forma um pouco 
34
Universidade do Sul de Santa Catarina
simplifi cada: assim como certos grupos se caracterizam através de alguma 
marca (digamos, por utilizarem certos trajes, por terem determinados 
hábitos etc), também podem caracterizar-se por traços lingüísticos. Para 
exemplifi car: podemos dizer que fulano é velho porque tem tal hábito 
(fuma cigarro sem fi ltro, por exemplo), ou porque fala “Brasil” com um “l” 
no fi nal (ao invés de falar “Brasiu”, com uma semivogal, como em geral 
ocorre com os mais jovens). Ou seja, as línguas fornecem meios também 
para a identifi cação social. Por isso, é freqüentemente estranho, quando 
não ridículo, um velho falar como uma criança, uma autoridade falar como 
uma pessoa simples etc. Por exemplo, muitos meninos não podem ou não 
querem usar a chamada linguagem correta na escola, sob pena de serem 
objeto de gozação por parte dos colegas, porque em nossa sociedade a 
correção é considerada uma marca feminina.
 Também há fatores internos “a língua que condicionam a variação. 
Ou seja, a variação é de alguma forma regrada por uma gramática 
interior da língua. Por isso, não é preciso estudar uma língua para não 
“errar” em certos casos. Em outras palavras, há erros que ninguém 
comete, porque a língua não permite. Por exemplo, ouvem-se 
pronúncias alternativas de palavras como caixa, peixe, outro: a 
pronúncia padrão incluiria a semivogal, a pronúncia não-padrão a 
eliminaria (caxa, pexe, outro). Mas nunca se ouve alguém dizer peto, 
jeto ao invés de peito e jeito. Por que será que os mesmos falantes 
ora eliminam e ora mantêm a semivogal? Alguém pode explicar por 
que o i cai antes de certas consoantes e não diante de outras? Alguém 
pode explicar por que o u cai antes de t (outro) e o i não cai no mesmo 
contexto (peito, jeito)? Certamente, então, o tipo de semivogal (i ou u) 
e a consoante seguinte são parte dos fatores internos relevantes para 
explicar esse fato que, de alguma forma, todo falante conhece.
 Mais exemplos: poderemos ouvir “os boi”, “dois cara”, “comédia dos 
erro”, mas nunca “o bois”, “um caras” ou “comedia do erros”. Ouviremos 
muitas vezes “nós vai”, mas nunca “eu vamos”. Assim, as variações 
lingüísticas são condicionadas por fatores internos à língua ou por fatores 
sociais, ou por ambos ao mesmo tempo.
 Alguns sonham com uma língua uniforme. Só pode ser por mania 
repressiva ou medo da variedade, que é uma das melhores coisas que a 
humanidade inventou. E a variedade lingüística está entre as variedades 
mais funcionais que existem. Podemos pensar na variação como fonte de 
recursos alternativos: quanto mais numerosos forem, mais expressiva pode 
ser a linguagem humana. Numa língua uniforme talvez fosse possível 
pensar, dar ordens e instruções. Mas, e a poesia? E o humor? E como os 
falantes fariam para demonstrar atitudes diferentes? Teriam que avisar 
(dizer, por exemplo, “estou irritado”, “estou á vontade”, “vou tratá-lo 
formalmente”)?
POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas: 
Mercado das Letras, 1996, p. 33.
35
Leitura de Produção Textual
Unidade 1
3) Os textos, a seguir, são transcrições de falas em situação coloquial. 
Reescreva, adequando-os à linguagem culta. 
a) A TV eu acho que nem sempre é uma boa infl uência para as crianças 
e também não espero que eduque essas crianças com os programas 
tão violentos. Até nos desenhos animados tem essa violência e com a 
apelação sexual dos outros programas. 
36
Universidade do Sul de Santa Catarina
b) Se tem um problema que é difícil de enfrentar é a miséria que 
quanto mais parece que tem programa social, mais parece que tem 
família vivendo na rua com criança na rua pedindo esmola e ainda 
muitas vezes as mulheres desta família que já está na rua continua 
engravidando, dá a impressão que nunca acabará o mesmo cenário.
37
Leitura de Produção Textual
Unidade 1
4) O texto que segue é um trecho de uma publicidade institucional 
fi nanciada pela Unicef e pela Fundação Odebrecht. Leia-o e identifi que 
pelo menos duas funções de linguagem.
Você acha normal
que uma criança carente 
fracasse na escola?
Nós não.
Os altos índices de repetência escolar só não são mais perversos 
que o conformismo da nossa sociedade com esse absurdo. Um 
absurdo que está presente de modo signifi cativo entre as classes 
sociais mais ricas e de modo esmagador entre as classes mais 
pobres.
38
Universidade do Sul de Santa Catarina
Saiba mais
Para aprofundar os tópicos abordados sugerimos a leitura de:
FARACO, Carlos Alberto e TEZZA, Cristóvão. Prática de 
texto para estudantes universitários. Petrópolis, RJ: Vozes, 
1992. (Do capítulo primeiro ao sétimo)
UNIDADE 2
Leitura
Objetivos de aprendizagem
 Ao fi nal da unidade você terá subsídios para:
! Diferenciar, a partir de características específi cas, textos 
literários e não-literários.
! Compreender que o processo de leitura como 
construção de sentido envolve conhecimento 
contextual.
! Perceber que o processo de leitura como construção de 
sentido envolve, também, o uso de estratégias como a 
extrapolação do nível explícito de informações.
! Reconhecer as possibilidades de processar inferências 
sobre as informações implícitas, tais como os 
pressupostos e os subentendidos.
Seções de estudo
 Nesta unidade você vai estudar os seguintes assuntos:
Seção 1 O que signifi ca ler?
Seção 2 Possíveis leituras.
Seção 3 Nas entrelinhas.
2
40
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de conversa
Nesta unidade, você é convidado à leitura, pois desenvolver essa 
competência é um dos objetivos da disciplina. É importante estar ciente 
de que para fazer um bom curso superior você deverá dedicar um 
tempo aos estudos extra-aula. Esses estudos pressupõem ter às mãos 
boas fontes de leitura e fazer bom uso delas. Portanto, é preciso ler. 
Sem o exercício da leitura, não será possível desenvolver competências 
necessárias ao aprendizado esperado nas diversas áreas, como capacidade 
de compreensão, síntese, argumentação e investigação científi ca.
Portanto, convidamos você a nos acompanhar no roteiro de 
leitura proposto nesta unidade, partindo da conceituação básica 
sobre o ato de ler, focalizando diferentes modos de leitura, até a 
compreensão de como podemos inferir a partir do que lemos.
É necessário que você, ao realizar o estudo de cada seção, busque 
ampliar sua prática de leitura, não só aproveitando as referências 
bibliográfi cas que lhe serão indicadas, como também pesquisando 
outras fontes nas bibliotecas.
Igualmente se faz necessário que você compreenda que o seu 
desempenho nas atividades de escrita (direcionadas nas unidades 
subseqüentes) dependerá de leituras prévias, ou seja, ler é 
condição essencial para quem se propõe a escrever.
SEÇÃO 1 – O que signifi ca ler?
Nesta seção, vamos trabalhar um poucocom a leitura, uma 
atividade essencial para quem quer escrever bem. Para tanto, 
iniciaremos com os conceitos de leitura de uma forma bastante 
resumida e exercitaremos a leitura e a interpretação de textos 
variados. Então... mãos à obra para mais um desafi o.
Defi nir o que signifi ca LEITURA não é uma tarefa fácil, pois, a 
cada dia, novos conceitos são atribuídos a este vocábulo.
Poderíamos considerar, para início de conversa, o conceito mais 
abrangente: ler é decodifi car códigos. No entanto, sabemos que 
a leitura é uma atividade muito mais abrangente, pois o ato de 
41
Leitura e Produção Textual
Unidade 2
ler, segundo Orlandi (1999), é um processo que envolve 
habilidades além das que se resolvem no imediatismo. 
Assim, mais do que decodifi car códigos, o que fazemos 
durante uma leitura é construir signifi cados a partir daquilo 
que lemos. Portanto, se adotamos essa perspectiva de 
leitura, não podemos mais considerá-la um simples ato de 
decodifi cação de um produto pronto, mas sim, um processo 
de signifi cação e de construção do texto.
Nesse sentido, devemos levar em consideração que a 
leitura é um processo que se dá a partir da interação entre leitor 
e texto. Assim sendo, o leitor constrói o signifi cado do texto a 
partir dos objetivos que guiam a leitura. 
Pense um pouco: quais motivos levariam você à 
realização de uma leitura? 
Talvez, sejam diversos os objetivos que o impulsionam a ler um texto, 
iniciando pelos mais prazerosos, como devanear, preencher um momento 
de lazer, passando pelos mais úteis, como procurar uma informação 
concreta, seguir uma pauta de instruções para realizar atividades (cozinhar, 
conhecer regras de um jogo), até os mais complexos, como confi rmar ou 
refutar um conhecimento prévio, aplicar a informação obtida com a leitura 
de um determinado texto na realização de um trabalho.
Independente do objetivo que o conduza ao ato de ler, você deve 
atentar para o fato de que, na realização de qualquer atividade de 
leitura, como destaca Orlandi (1999), alguns fatores se impõem e, 
entre eles, destacamos:
As especifi cidades e a história do sujeito leitor. !
Os modos e os efeitos de leitura de cada época e !
segmento social.
Dessa forma, ainda que o conteúdo de um texto não mude, é 
possível que dois leitores com histórias de leitura e objetivos 
diferentes subtraiam dessa leitura informações distintas.
 
42
Universidade do Sul de Santa Catarina
 Conceituando
A partir do que vimos anteriormente, podemos 
agrupar a defi nição de leitura em duas grandes 
concepções: 
leitura como decodifi cação; ! 
leitura como construção de signifi cado. !
Considerando a segunda concepção – leitura como construção 
de signifi cado – a mais adequada à competência que se pretende 
desenvolver nesta disciplina, iniciemos o nosso roteiro de leitura 
pela observação de dois textos aqui propostos.
Neste momento, você está convidado a fazer a leitura dos textos para, 
em seguida, prosseguir com o conteúdo da unidade. Então, vamos ler?
TEXTO 1
Ela tem alma de pomba
Que a televisão prejudica o movimento da pracinha Jerônimo 
Monteiro, em todos os Cachoeiros de Itapemirim, não há dúvida.
Sete horas da noite era hora de uma pessoa acabar de jantar, dar 
uma volta pela praça para depois pegar a sessão das 8 no cinema.
Agora todo mundo fi ca em casa vendo uma novela, depois outra 
novela.
O futebol também pode ser prejudicado. Quem vai ver um jogo 
do Cachoeiro F.C. com a estrela do Norte F.C., se pode fi car 
tomando cervejinha e assistindo a um bom Fla-Flu, ou a um 
Internacional X Cruzeiro, ou qualquer coisa assim?
Que a televisão prejudica a leitura de livros, também não há dúvida. 
Eu mesmo confesso que lia mais quando não tinha televisão.
Rádio, a gente pode ouvir baixinho, enquanto está lendo um 
livro. Televisão é incompatível com livro – e com tudo mais nesta 
vida, inclusive a boa conversa...
43
Leitura e Produção Textual
Unidade 2
Também acho que a televisão paralisa a criança numa cadeira mais 
que o desejável. O menino fi ca ali parado, vendo e ouvindo, em vez 
de sair por aí, chutar uma bola, brincar de bandido, inventar uma 
besteira qualquer para fazer. Por exemplo: quebrar o braço.
Só não acredito que televisão seja “ máquina de fazer doido”.
Até acho que é o contrário, ou quase o contrário: é máquina de 
amansar doido, distrair doido, acalmar, fazer o doido dormir.
Quando você cita um inconveniente da televisão, uma boa 
observação que se pode fazer é que não existe nenhum aparelho de 
TV, em cores ou em preto e branco, sem um botão para desligar.
Mas quando um pai de família o utiliza, isso pode produzir o 
ódio e rancor no peito das crianças, e até de outros adultos. Se 
o apartamento é pequeno, a família é grande, e a TV é só uma, 
então sua tendência é para ser um fator de rixas intermináveis.
- Agora, você se agarra nessa porcaria de futebol.
- Mas, francamente, você não tem vergonha de acompanhar essa 
besteira dessa novela?
- Não sou eu não, são as crianças!
- Crianças, para a cama.
Mas muito lhe será perdoado, à TV, pela sua ajuda aos 
doentes, aos velhos, aos solitários. Na grande cidade – num 
apartamentinho de quarto e sala, num casebre de subúrbio, numa 
orgulhosa mansão a criatura solitária tem nela a grande distração, 
o grande consolo, a grande companhia. Ela instala dentro de sua 
toca humilde o tumulto e o frêmito de mil vidas, a emoção, o 
suspense, a fascinação dos dramas do mundo.
A corujinha da madrugada não é apenas a companheira de gente 
importante, é a grande amiga da pessoa desimportante e só, da mulher 
velha, do homem doente ... ou dos que estão parados, paralisados, no 
estupor de alguma desgraça ... ou que no meio da noite sofrem o assalto de 
dúvidas e melancolias ... mãe que espera fi lho, mulher que espera marido... 
homem arrasado que espera que a noite passe, que a noite passe... 
 (Rubem Braga)
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Você acaba de ler uma crônica de Rubem Braga e deve estar 
pensando: como posso interpretar este texto?
 Vamos esclarecer isso. Acompanhe o seguinte roteiro:
1. Você pode já ter lido outras crônicas do mesmo autor, o que 
permitirá que você faça comparações deste texto com outros, 
em relação à linguagem e ao estilo próprio de Rubem Braga. 
Caso isso não tenha ocorrido, é uma boa oportunidade para você 
pesquisar sobre o autor. Vá à biblioteca, pesquise na internet e 
faça outras leituras.
2. Um dos primeiros aspectos que chama atenção na leitura de 
um texto é a linguagem utilizada: perceba que estamos diante 
de um texto de fácil leitura, uma leitura a ser feita no nosso 
cotidiano, com uma linguagem próxima ao nível coloquial (o 
que você já estudou na seção 2 da primeira unidade). Esses 
traços caracterizam a crônica que, segundo Antônio Cândido, 
“não é um gênero maior, [...] é um gênero menor. ‘Graças a 
Deus’, porque assim, ela fi ca perto de nós. [...] Por meio dos 
assuntos, da composição aparentemente solta, do ar de coisa 
sem necessidade que costuma assumir, a crônica se ajusta à 
sensibilidade de todo o dia”.
3. Após essas observações mais gerais sobre o autor e o tipo de 
texto por ele produzido, passemos a defi nir o tema abordado 
e o ponto de vista assumido pelo autor em relação a isso. Veja 
que o autor fala da “televisão”, um tema conhecido por todos e 
já amplamente debatido em nossa sociedade. Em um primeiro 
momento, ele nos apresenta as desvantagens da TV. E isso é 
feito, em seqüência, do primeiro ao sétimo parágrafo do texto. 
Ao contrário, no oitavo e nono parágrafos, há a compensação, 
quando o autor admite um aspecto positivo da TV. O mesmo 
ocorre nos dois últimos parágrafos do texto. Em meio a essa 
oposição entre vantagens e desvantagens da TV, o autor lança 
uma outra questão. Aponta para a possibilidade que todos 
nós temos de desligar o aparelho, caso a programação nos 
incomode. E é nesse momentoque ele retrata os confl itos 
familiares que essa atitude pode causar, por meio de um 
diálogo presente na maioria das famílias brasileiras. Então, 
podemos concluir que o autor não se posiciona de forma a 
defender exclusivamente um ponto de vista, mas nos apresenta 
o problema, de forma a nos fazer ponderar sobre os dois lados 
Sugestão: Leia Crônicas 5 – Para 
Gostar de Ler. Editora Ática. Você 
encontrará outras crônicas de 
Rubem Braga e de mais três autores 
brasileiros: Carlos Drummond de 
Andrade, Fernando Sabino e Paulo 
Mendes Campos.
45
Leitura e Produção Textual
Unidade 2
da questão. Esta é mais uma característica da crônica, que não 
tem como objetivo a defesa de uma única idéia para persuadir 
o leitor. Ao contrário, lança-se o problema para a refl exão.
4. Dada a temática e o posicionamento do autor, passemos a 
enumerar os argumentos e a forma como foram apresentados. 
Identifi camos no texto parágrafos em que são apresentadas 
vantagens e desvantagens em relação à TV, então, facilmente 
poderemos listar quais seriam esses aspectos:
Negativos: prejudica outras atividades como passeios pela !
praça, ida ao cinema, ida ao campo de futebol, leitura 
e conversa. No caso das crianças, concorre com outras 
brincadeiras que possibilitam mais criatividade e com as 
atividades físicas.
Positivos: auxilia no combate à solidão, permite às !
pessoas o relaxamento e o desvio das preocupações.
Sim, resumidamente, são esses os argumentos apresentados pelo 
autor. Você deve compreendê-los, não necessariamente aceitá-
los. Por fi m, o interessante é perceber como esses argumentos 
foram formulados: pela linguagem simples e pelos exemplos 
do cotidiano, inclusive com locais e situações bem específi cas 
(Cachoeiros de Itapemirim). Ora, a leitura equivocada seria 
aquela que julgasse que o tema do texto é a cidade citada. O uso 
de exemplos específi cos, no início do texto, não signifi ca que o 
problema debatido seja local. O exemplo é apenas uma forma de 
representação de algo maior. Cabe a você, leitor ou leitora, fazer 
as comparações e as adequações necessárias.
Veja agora o segundo texto, que aborda um tema nada novo, mas 
ainda muito pertinente nos dias atuais.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
TEXTO 2
A ética dos pequenos atos
O que a história real de um político que fura a fi la nos ensina 
sobre liderança.
 É incrível como aprendemos sobre as pessoas usando a 
técnica denominada “observação passiva”. Trata-se, simplesmente, 
de prestar atenção ao comportamento humano, especialmente 
nas pequenas coisas, sem interferir. Tive recentemente uma 
experiência com a qual pude aprender sobre coerência de conduta. 
Eu estava na sala de embarque do aeroporto. Também estava 
ali um conhecido e controvertido político, desses que passam 
a maior parte do tempo dando explicações sobre suspeitas de 
corrupção.
 Quando o funcionário anunciou o embarque, recomendou 
que se apresentassem primeiro os passageiros das fi las 15 a 28. Os 
demais deveriam esperar. É uma técnica para agilizar a operação. 
Como eu estava na fi leira 12, esperei. O político, porém, foi o 
primeiro a se postar no portão de embarque. Certamente estava 
no fundo do avião, pensei. Entretanto, quando entro no avião, ele 
está sentado em uma das primeiras poltronas. 
 Durante o vôo refl eti sobre o episódio. Por que o fato 
me incomodava? Ele não havia atrapalhado a viagem, nem 
comprometera a segurança. Sim, mas, por menor que seja, 
o descumprimento de uma norma de conduta – ponderei 
– constitui uma contravenção. Pequena, inocente e até 
insignifi cante, mas, mesmo assim, uma contravenção. Do 
episódio sobraram uma constatação e um aprendizado. A 
constatação: certamente, para ele, o negócio é levar vantagem, 
mesmo descumprindo as normas, do avião ou da República. O 
aprendizado: a ética nas grandes coisas começa nas pequenas. As 
pessoas agem no atacado como no varejo. Creia, você é observado 
nas pequenas coisas – positivas e negativas –, principalmente se 
for o líder de um grupo. Sempre alguém notará as sutilezas de 
seu comportamento cotidiano e pensará: “Ele é assim”.
 Para terminar a história do político, o motorista que me 
apanhou no aeroporto era seu eleitor e fã, a ponto de emocionar-
se ao vê-lo. E comentou: “Ele é um bom político – rouba, mas 
47
Leitura e Produção Textual
Unidade 2
faz”. O que me levou a perguntar-lhe: “O senhor não acha que 
ele poderia fazer sem roubar?”. “Mas ele é um político...São 
todos assim”, ponderou. Esse conceito conformista explica muita 
coisa. Segundo ele, quem detém o poder, e pode ajudar os outros, 
fi ca livre de freios morais, aplicáveis aos que dependem de sua 
compaixão.
 Não se trata disso, e sim de obrigação. Ele foi eleito para 
cuidar dos interesses da sociedade, e não dos seus próprios. 
Sobre isso, diria Platão: “Ética sem competência não se instala. 
Competência sem ética não se sustenta”. A não ser, é claro, que 
levar vantagem em tudo seja um traço cultural, o que signifi caria 
apunhalar a meritocracia. E isso não convém a ninguém que 
considere a ética um valor, especialmente se for um líder.
(Eugênio Mussak. Publicado na revista Você S/A, de novembro 
de 2006, p. 114)
Agora, façamos um exercício de leitura, pautando-nos em um 
roteiro equivalente ao do texto 1.
Pausa para exercitar a teoria
1. Como já informado, este texto foi publicado na revista Você 
S/A. Essa revista é voltada a leitores com interesse no mercado 
profi ssional, por isso seu foco está em reportagens sobre o 
desempenho das empresas, as possibilidades de atualização e 
aperfeiçoamento dos profi ssionais, a busca do equilíbrio entre 
carreira e vida pessoal, dicas econômicas etc. Nesse contexto, 
é pertinente que haja um espaço destinado à publicação 
de textos opinativos sobre temas relevantes a esse mundo 
profi ssional, como a seção Papo de líder, onde encontramos 
os textos do professor Eugênio Mussak, consultor na área de 
Liderança, Desenvolvimento humano e profi ssional. 
2. A compreensão do texto apresentado requer que você 
identifi que, em um primeiro momento, o tema a ser debatido 
e a forma como o autor o aborda. Defi nimos o assunto de um 
texto quando respondemos, de forma bem ampla e genérica, 
do que o texto trata. Neste caso, o assunto em pauta é “ética”. 
Caso você tenha mais 
interesse nessa área, 
acesse www.vocesa.com.
br e leia a coluna publicada 
mensalmente.
48
Universidade do Sul de Santa Catarina
Já o tema, que é uma delimitação do assunto, só é defi nido 
quando conseguimos especifi car qual é o recorte que o autor 
faz no texto, isto é, dentre as várias possibilidades de abordar 
o assunto geral, qual é a escolhida pelo autor. Neste caso, 
o texto não fala de ética, de forma geral, ao contrário, fala 
especifi camente da atitude ética esperada em pequenas coisas. 
Para isso, é interessante notar os dois primeiros parágrafos: 
antes do debate em si, o autor traz para o texto um trecho 
narrativo, em que nos relata um fato ocorrido. A partir desse 
relato, que envolve elementos como lugar e personagens, somos 
levados ao ponto central do texto: “o descumprimento a uma 
norma de conduta”, atitude esta condenada pelo autor do texto.
3. Tendo clareza sobre o tema e o posicionamento do autor, 
passemos a entender qual é a argumentação que sustenta a 
sua tese. A pergunta que devemos fazer é: Por que a atitude 
do político é condenada? Por que o autor é contra a atitude 
do político que, segundo ele, nem chega a causar problemas 
e é insignifi cante? A resposta que encontramos no terceiro 
parágrafo é: “A ética nas grandes coisas começa nas pequenas”. 
Sim, esse é o ponto central do texto. Essa é a mensagem a 
ser transmitida. Enfi m, essa é a tese defendida pelo autor, que 
acrescenta ao texto um elemento mais sofi sticado, uma fi gura 
de linguagem chamada comparação, quando segue com “as 
pessoas agem no atacado como agemno varejo”. Assim, todo o 
restante do texto segue nessa linha argumentativa, chamando 
a atenção para o fato de que sempre seremos observados e 
julgados pelos nossos pequenos atos. Dando seqüência, ainda 
encontramos, no penúltimo parágrafo, uma crítica à própria 
postura do brasileiro que, de um modo geral, aceita a atitude 
condenada pelo autor, quando esta parte de um político. 
Finalizando a leitura, podemos perceber que, no último 
parágrafo, o autor reitera seu posicionamento, defendendo a 
ética como um valor a ser considerado e, como sustentação 
a sua argumentação, faz referência a Platão, por meio de um 
recurso denominado de citação. 
A citação, como um elemento de elaboração textual, é 
um recurso que você estudará na próxima unidade.
49
Leitura e Produção Textual
Unidade 2
Para fi nalizar essa seção, você viu que não há uma receita para 
aprender a ler. Não há roteiro pré-estabelecido que dê conta de 
nortear a leitura de todos os textos. O que propusemos nesta 
seção foi mostrar a você alguns pontos que nunca podem ser 
desconsiderados nessa atividade:
busque se informar sobre o contexto: conhecer o autor !
e prestar atenção na época e no local de publicação 
do texto já fornece pistas de como a leitura deve ser 
conduzida. Diante da constatação de “quem escreveu” e 
“quem é o leitor alvo”, você já consegue elaborar algumas 
expectativas sobre a forma de abordagem do tema;
leia quantas vezes for necessário para identifi car o tema, !
a tese defendida, se for o caso, e os argumentos que 
sustentam essa tese. Escreva isso em tópicos e observe 
como esses tópicos estão divididos nos parágrafos;
volte ao texto e confi ra se você sabe o signifi cado de !
todos os termos utilizados. Use o dicionário.
Até aqui, nossa intenção foi motivá-lo a ler e mostrar que este é 
um ato complexo, quando se pretende ir além da decodifi cação 
das palavras. O que você está estudando é pertinente ao ato 
de ler, independente de qual seja o seu objeto de leitura, isto é, 
independente do texto. 
Na próxima seção, trataremos de especifi car algumas diferenças 
que deverão ser percebidas por você na leitura de textos literários 
e não-literários.
SEÇÃO 2 – Possíveis leituras
Vamos dar continuidade ao nosso roteiro de leitura, iniciado na 
seção anterior, partindo da observação dos dois textos. Analise-os 
a seguir. 
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Universidade do Sul de Santa Catarina
TEXTO 1
Estudante de 21 anos morre de anorexia em Araraquara
A estudante Carla Sobrado, 21, morreu anteontem em 
Araraquara (273 Km de SP) de parada cardíaca, provavelmente 
decorrente de anorexia nervosa, doença que a obrigava a se 
submeter a tratamento há cinco anos.
(Folha de São Paulo, 18/11/2006 – Cotidiano C1)
TEXTO 2
Notícia de Jornal
João Gostoso era carregador de feira-livre e morava no morro da 
Babilônia num 
barracão sem número
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
(Manuel Bandeira)
Você reparou na diferença entre os dois textos? Pelo menos, 
podemos apontar três diferenças:
A primeira é em relação à ! forma: o primeiro texto é 
escrito em prosa, e o segundo, em verso.
A segunda diferença está na ! linguagem: o primeiro 
texto apresenta uma linguagem objetiva, não fi gurada, e 
o segundo apresenta rimas nos verbos: Chegou,Cantou, 
Dançou, atirou.
51
Leitura e Produção Textual
Unidade 2
A terceira é em relação ao nível de ! informatividade: 
o primeiro trata as informações com bastante 
precisão, especifi cando o local (Araraquara) e o tempo 
(16/11) associados ao fato noticiado. Já no segundo, 
as informações são mais vagas, pois não se sabe 
precisamente quando (uma noite) e em que local da 
Lagoa ocorreu o fato.
Podemos, então, a partir dessas diferenças, trazer à 
tona uma discussão sobre as características do texto 
literário e do não-literário. 
Para conhecer o texto literário, devemos partir do princípio de 
que ele não tem o compromisso com a realidade, com a verdade, 
com a informação. Literatura é a arte da fi cção. São textos 
escritos para emocionar, como por exemplo: poesia, contos, 
crônicas, romances etc. O texto literário deve, então, como disse 
Horácio, «instruir e deleitar». 
Outra característica que diferencia o texto literário é a 
linguagem. Assim sendo, no texto literário, as palavras adquirem 
um valor conotativo: mais do que dizem, sugerem.
A partir dessas afi rmações, podemos dizer que o texto literário: 
é ambíguo, plurissignifi cativo e, portanto, aberto a várias !
interpretações;
tem uma intenção estética, procurando provocar !
a surpresa e o prazer. Para tal, recorre a processos 
estilísticos que refl itam um modo original, diferente de 
ver e de falar do mundo;
apresenta o compromisso com a verdade da mensagem !
em um plano secundário;
apresenta como recursos predominantes a função poética !
da linguagem e a linguagem conotativa;
pode ser em prosa ou em verso. !
52
Universidade do Sul de Santa Catarina
O texto não-literário, por sua vez, procura transmitir com 
objetividade uma mensagem. São textos que lemos nos jornais, nas 
revistas, nos artigos científi cos etc. Assim sendo, o texto não-literário:
evita a ambigüidade, procurando a objetividade; !
tem uma intenção utilitária; !
estabelece como relevante a verdade da informação; !
tem como recurso predominante a função informativa e a !
linguagem denotativa; 
é quase exclusivamente em prosa. !
 Conceituando
A linguagem conotativa ! , predominante no texto 
literário, constitui-se da apresentação das palavras 
e das expressões em seu sentido não literal e não 
estável. É a linguagem fi gurada, rica em recursos que 
indicam o valor da subjetividade no sentido do texto.
A linguagem denotativa ! , predominante no 
texto não-literário, faz uso das palavras e das 
expressões em seu sentido mais literal e estável. 
É a linguagem que visa à construção do sentido 
pelo viés da objetividade.
Para fi nalizar esta seção, veja se você compreendeu e se consegue 
perceber, no exemplo a seguir, o que caracteriza o primeiro texto 
como não-literário e o segundo como literário. Vamos praticar?
O Rio de Janeiro é uma cidade de fama mundial, consolidada 
como destino turístico para os diferentes fl uxos turísticos que se 
dirigem ao cone sul.
Cartão postal do país, a cidade destaca-se por sua exuberante 
beleza natural, formada pela perfeita harmonia entre o mar e a 
montanha. Junte-se a esta topografi a monumentos históricos, 
variada oferta de meios de hospedagem, bares, restaurantes, o 
sol, a praia, o verde das encostas e chega-se à receita do que faz 
com que o carioca seja um povo alegre e hospitaleiro. Nele se 
53
Leitura e Produção Textual
Unidade 2
identifi ca o estilo de viver, produzir, comportar-se, estar atento a 
todos os acontecimentos, lançar moda e expressões.
[...]
(http://www.rio.rj.gov.br/comudes/turismo.htm)
Retrato de uma cidade
Tem nome de rio esta cidade
onde brincam os rios de esconder.
Cidade feita de montanha
em casamento indissolúvel
com o mar.
Aqui
amanhece como em qualquer parte do mundo
mas vibra o sentimento
de que as coisas se amaram durante a noite.
As coisas se amaram. E despertam
mais jovens, com apetite de viver
os jogos de luz na espuma,
o topázio do sol na folhagem,
a irisação da hora
na areia desdobrada até o limite do olhar.
Formas adolescentes ou maduras
recortam-se em escultura de água borrifada.
Um riso claro, que vem de antes da Grécia
(vem do instinto)
coroa a sarabanda a beira-mar.
Repara, repara neste corpo
que é fl or no ato de fl orir
entre barraca e prancha de surf,
luxuosamente fl or, gratuitamente fl or
ofertada à vista de quem passa
no ato de ver e não colher.
(Carlos Drummond de Andrade. In: http://www.memoriaviva.com.br/
drummond/poema061.htm)
Você notou que, apesar desses textos abordarem a 
mesma temática, eles também possuem diferenças?54
Universidade do Sul de Santa Catarina
Pois bem, o primeiro texto (não-literário) fala da cidade do Rio 
de Janeiro de modo claro, pois sua linguagem é objetiva e possui 
um único sentido: o denotativo. Já no segundo texto (literário), 
a linguagem de Drummond é poética, portanto, provoca uma 
interpretação por meio de associações, isto é, trabalha com o 
sentido não-literal: o conotativo.
SEÇÃO 3 – Nas entrelinhas
Dando continuidade ao nosso roteiro de leitura, propomos, 
nesta última seção, que você estude os níveis de informação 
textual. Quando lemos um texto, podemos perceber que algumas 
informações estão explícitas, ou seja, aparecem claramente 
expressas, enquanto outras não. Observe o seguinte exemplo.
Fonte: Folha de São Paulo, 18/11/2006, A26.
Nesta charge, o que há de informação explícita é exatamente 
aquilo que expressa a fala do personagem: alguém foi selecionado 
no teste de beleza. Isso nos leva a deduzir, do primeiro 
quadrinho, que a selecionada é uma das candidatas presentes na 
sala de espera. Claro que essa primeira interpretação se faz pela 
associação da linguagem verbal com a não-verbal. 
No entanto, no segundo quadro, a leitura que podemos fazer da 
linguagem não-verbal é que o abajur foi selecionado. Porém, se a 
nossa leitura se encerra neste ponto, deixamos de atribuir sentido 
55
Leitura e Produção Textual
Unidade 2
ao texto, uma vez que causa muita estranheza um objeto ser 
selecionado em um teste realizado por pessoas.
Então, ao observarmos a charge mais atentamente, chegamos à 
interpretação desejada: entendemos que o padrão de beleza é tão 
exigente e até absurdo em relação à magreza das pessoas, que, no 
ambiente retratado na charge, somente o abajur, sendo um objeto 
de menor espessura, enquadra-se no perfi l de modelo. 
É relevante você saber que só compreendemos isso porque 
acionamos o conhecimento que temos do contexto. Sendo 
a charge um dos modelos de humor de maior conotação 
sociopolítica, seu propósito é ironizar questões atuais da 
sociedade, exigindo do leitor conhecimento de mundo, isto é, dos 
fatores extralingüísticos aos quais elas se referem para que ocorra 
de fato a compreensão no momento de leitura. 
Isso signifi ca que, para a compreensão de enunciados, segundo 
Ilari e Geraldi (1987), é necessário que o interlocutor faça 
inferências, isto é, leia as informações que se apresentam no texto 
de forma implícita. 
Logo, o que você vai aprender nesta seção são os tipos 
de inferência, que se classifi cam como pressupostos e 
subentendidos.
Por exemplo, quando dizemos “o professor parou de fumar”, 
inferimos que o professor fumava. Esse tipo de inferência 
classifi camos como pressuposição. 
Mas ainda podemos inferir que o professor tomou consciência de 
que fumar é prejudicial à saúde. Esse tipo de inferência pode ser 
classifi cada como “subentendido”.
Perceba que chegamos ao pressuposto fumava porque a locução 
parou de é uma “pista” de que anteriormente a ação era feita. 
Ao contrário, chegar ao subentendido requer conhecimento de 
mundo, tanto que, em nosso exemplo, estamos imaginando um 
leitor que saiba sobre a ligação entre cigarro e saúde. Isso pode 
variar de leitor para leitor, logo cabe a você fazer a inferência de 
acordo com o contexto: ele poderia ter parado de fumar por uma 
razão fi nanceira, ou porque sua mulher exigira etc.
56
Universidade do Sul de Santa Catarina
 Resumindo
Há dois níveis de informação: explícito e implícito.
A informação explícita é a que está literalmente expressa 
no texto.
A informação implícita é a que aparece velada no texto, ou 
seja, de forma não direta.
Chega-se à leitura do nível implícito por inferências, que se 
classifi cam em pressupostos e subentendidos.
Pressuposto é uma inferência que não depende do 
contexto, enquanto o subentendido está ligado à situação 
de comunicação em que o ato da fala é produzido.
— Agora que você já se familiarizou com esses conceitos, que foram 
introduzidos na charge apresentada no início desta seção, vamos 
conhecer um pouco mais sobre pressuposição e subentendido.
Como vimos no exemplo anterior, o pressuposto foi ativado pela 
expressão lingüística “parou de”. Segundo Koch (1997), essas 
expressões podem ser chamadas de marcadores de pressuposição. 
Vejamos outros exemplos em que aparecem esses marcadores: 
a) Ele passou a trabalhar.
 Pressuposto: ele não trabalhava antes.
b) Ele continua bebendo.
 Pressuposto: ele já bebia.
c) Lamento que ele tenha sido demitido.
 Pressuposto: ele foi demitido.
d) Antes de meu irmão se casar, ele viajou para a Europa.
 Pressuposto: meu irmão se casou.
Nesses enunciados, estamos chamando atenção para a expressão 
que ativa a pressuposição, mas podemos, ainda, retomar a leitura 
dos mesmos e fazer outras inferências, ativadas pelo nosso 
57
Leitura e Produção Textual
Unidade 2
conhecimento de mundo, inclusas na categoria do subentendido, 
concorda? Veja exemplos: 
a) Ele passou a trabalhar. (Pressuposto: ele não 
trabalhava antes)
 Subentendido: ele pagará suas contas, sem precisar dar 
satisfações a ninguém.
b) Ele continua bebendo. (Pressuposto: ele já bebia.)
 Subentendido: ele terá problemas de saúde.
c) Lamento que ele tenha sido demitido. (Pressuposto: 
ele foi demitido.)
 Subentendido: a demissão foi injusta.
d) Antes de meu irmão se casar, ele viajou para a Europa. 
(Pressuposto: meu irmão se casou.)
 Subentendido: ele quis curtir a vida de solteiro.
 Lembre-se de que os subentendidos apresentados 
são possíveis leituras, que podem variar de acordo 
com o contexto, portanto, não podemos tomar tais 
interpretações como “verdadeiras”, diferentemente da 
pressuposição, que não pode ser negada por nenhum 
leitor. 
Para fi nalizar esta seção, observe como fazemos esses tipos de 
inferência em nosso cotidiano:
1) Em um texto publicitário publicado na revista Época 
(31/06/2006, p. 64), encontra-se o seguinte enunciado:
PROTEÇÃO PARA A GENTE NÃO É
SÓ SE PREOCUPAR COM AIR BAG .
E SIM COM O AIR DE MANEIRA GERAL.
58
Universidade do Sul de Santa Catarina
A informação explícita é que a GM possui duas preocupações: 
a segurança das pessoas e a preservação do meio ambiente. No 
entanto, no nível implícito, há um pressuposto de que as outras 
marcas teriam como único diferencial o AIR BAG. Ativamos 
esse pressuposto, através da expressão ‘PARA A GENTE 
NÃO É SÓ AIR BAG’, o que nos faz inferir que para os 
demais concorrentes, apenas o AIR BAG é importante. Além do 
pressuposto, podemos acrescentar outras inferências, tais como os 
seguintes subentendidos:
 a) A GM preocupa-se muito com a vida de seus clientes.
b) A GM quer conquistar um público preocupado com o 
meio ambiente.
c) A GM quer montar carros com mais detalhes do que 
seus concorrentes etc. 
2) Em um texto informativo publicado na Folha Online 
(14/11/2006), encontra-se a seguinte chamada:
PASSAGEIROS ENFRENTAM ATRASOS EM VÔOS NO 
QUARTO DIA DA NOVA CRISE AÉREA
A informação explícita é que há atrasos nos vôos. Porém, 
implicitamente, há um pressuposto de que já houvera crises 
antes. Perceba, então, que este recurso da pressuposição tem 
a função de relembrar o leitor das notícias anteriormente 
publicadas. Ainda, caso o leitor desconheça essa informação, 
ele poderá recuperá-la ao acionar este tipo de inferência. Além 
disso, o leitor que tem acompanhado as notícias sobre a crise em 
questão extrapolará a interpretação, visto que estará munido de 
informações contextuais para inferir com subentendidos, por 
exemplo: 
a) O governo ainda não autorizou a contratação de novos 
controladores de vôos.
b) O consumidor continua sendo a vítima.
c) As empresas aéreas não ligam para o consumidor etc.
59
Leitura e Produção Textual
Unidade 2
Desse modo, a partir dos conceitos expostos e dos exemplos 
comentados, esperamos que você tenha compreendido que, 
quando iniciamos

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