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TRANSTORNOS DE ANSIEDADE

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TRANSTORNOS DE ANSIEDADE
Medo e ansiedade: ambos são sinais de alerta, mas devem ser diferenciados.
Medo: resposta a uma ameaça conhecida, externa, definida ou não conflituosa.
Ansiedade: resposta a uma ameaça desconhecida, interna, vaga ou conflituosa.
Manifestações periféricas de ansiedade: diarreia, vertigem, hiperidrose, reflexos aumentados, palpitações, dilatação da pupila, inquietação, síncope, taquicardia, formigamento das extremidades, síncope, taquicardia, formigamento das extremidades, tremores, perturbação estomacal, urgência urinária.
Ansiedade Patológica
1. Epidemiologia
1 em cada 4 pessoas satisfaz o critério diagnóstico de pelo menos um transtorno.
2. Contribuições das ciências biológicas
Há estimulação do SN autônomo.
Norepinefrina: ataques de pânico, insônia, sobressalto e hiperexcitação autonômica.
Cortisol: alerta, vigilância, atenção focada e formação de memória.
CRH (hormônio liberador de corticotrofina): aumento da liberação de sortisol e desidroepiandrosterona.
Serotonina: não se tem padrão claro.
GABA.
Transtorno de Pânico
Ataque intenso agudo de ansiedade acompanhado por sentimentos de desgraça iminente.
A ansiedade é caracterizada por períodos distintos de medo intenso que podem variar de vários ataques durante um dia e apenas poucos ataques durante um ano.
1. Epidemiologia
Prevalência de 1 a 4% ao longo da vida. M = 3H.
2. Etiologia
FATORES BIOLÓGICOS
Atenuação da transmissão GABAérgica inibidora local na amígdala basolateral no mesencéfalo e no hipotálamo.
Focos no tronco cerebral (locus ceruleus), sistema límbico e no córtex pré – frontal.
Substâncias indutoras de pânico:
· Respiratórias (mudança no equilíbrio acidobásico): dióxido de carbono, lactato de sódio e bicarbonato.
· Neuroquímicas: ioimbina (antagonista dos receptores alfa – 2 – adrenérgicos), mCPP (efeitos serotonérgicos múltiplos), m – Carolines (agonistas inversos dos receptores GABAb), flumazenil (antagomista do receptores GABAb), colecistocinina e cafeína.
A hiperventilação em pacientes com transtorno de pânico pode ser causada por um sistema de alarme pelo qual o aumento das concentrações Pco2 e de lactato cerebral ativa de forma prematura um sensor fisiológico de asfixia.
Imagens cerebrais: RM – atrofia cortical no lobo temporal direito; Tomografia por Emissão de Pósitrons – vasoconstrição cerebral.
TEMAS PSICODINÂMICOS
Dificuldade de tolerar raiva.
Separação física ou emocional de pessoa significativa tanto na infância como na vida adulta.
Situações de aumento de responsabilidade no trabalho.
Percepção dos pais como controladores, assustadores, críticos e exigentes.
Representações internas de relacionamentos envolvendo abuso sexual ou físico.
Sensação crônica de se sentir em uma armadilha.
Círculo vicioso de raiva relacionada a comportamento de rejeição dos pais seguida pela ansiedade de que a fantasia destruirá o ele com os pais.
Falha da função da ansiedade – sinal no ego relacionada a fragmentação do self e a confusão dos limites self – outro.
Mecanismos de defesa típicos: formação de reação, anulação, somatização, exteriorização.
3. Diagnóstico
Ataques de pânico: período súbito de intenso medo ou apreensão que pode durar de minutos a horas. Sintomas (quatro ou mais dos quais:)
· Palpitações, taquicardia;
· Sudorese;
· Tremores ou abalos;
· Sensações de falta de ar ou sufocamento;
· Sensações de asfixia;
· Dor ou desconforto torácico;
· Náusea ou desconforto abdominal;
· Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio;
· Calafrios ou ondas de calor;
· Parestesias;
· Desrealização ou despersonalização;
· Medo de perder o controle ou “enlouquecer”;
· Medo de morrer.
Transtorno de pânico: 
Ataques de pânico recorrentes e inesperados.
Pelo menos um dos ataques foi seguido de um mês ou mais de uma ou de ambas as seguintes características:
· Apreensão ou preocupação persistente acerca de ataques de pânico adicionais ou sobre suas consequências;
· Uma mudança desadaptativa significativa no comportamento relacionada aos ataques (evitar alguma situação ou prática).
A perturbação não é consequência dos efeitos psicológicos de uma substancia ou de outra condição médica.
A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental, como ansiedade social, fobia específica (objetos), obsessivo – compulsivo, estresse pós – traumático, transtorno de ansiedade de separação.
4. Características Clínicas
Avaliar hábitos ou situações que costume preceder os ataques de um paciente, como uso de cafeína, álcool, nicotina, situações ambientais específicas.
O ataque com frequência começa com um período de 10 minutos de sintomas rapidamente crescentes e dura em media de 20 a 30 minutos.
Exame mental durante o ataque: dificuldade de fala, ruminação e comprometimento da memória.
Medo extremo e uma sensação de morte e tragédia iminentes.
Preocupações somáticas de morte por problemas cardíacos ou respiratórios podem ser o principal foco da atenção do individuo, acreditando serem sinais de morte.
A hiperventilação pode produzir alcalose respiratória e outros sintomas. A antiga recomendação de respirar dentro de um saco de papel às vezes ajuda, porque reduz a alcalose.
5. Diagnóstico Diferencial
Distúrbios médicos: hipoglimi, hipo e hipertireoidismo, hiperparatireoidismo, uso de substâncias ilícitas, abstinência de drogas, distúrbios cardíacos e pulmonares.
Transtornos mentais
Para diferenciar de outros transtornos de ansiedade: documentação de ataques de pânico espontâneos recorrentes em algum momento na doença.
6. Tratamento
Terapia cognitivo – comportamental.
Farmacoterapia: alprazolam e paroxetina.
Uma abordagem conservadora é iniciar o tratamento com paroxetina, sertralina, citalopram ou fluvoxamina.
Controle rápido: alprazolam e ISRS.
Longo prazo: fluoxetina.
Pacientes que antecipam uma situação onde pode ocorrer pânico: clonazepam.
Todos os ISRSs são eficientes para o transtorno de pânico (fluoxetina, paroxetina).
Benzodiazepínicos (alprazolam, lorazepam): início de ação mais rápido (por vezes na 1ª semana) e podem ser utilizados por longos períodos sem desenvolvimento de tolerância.
Tricíclicos e tetracíclicos: não tão utilizados quanto os ISRSs, porque, em geral, têm efeitos adversos mais graves nas doses mais altas necessárias para o tratamento eficaz do transtorno.
Uma vez eficaz, o tratamento farmacológico, geralmente, deve continuar por 8 a 12 meses. 30 a 90% dos indivíduos tem uma recaída quando a medicação é interrompida.
Agorafobia
“Medo de estar em espaços abertos ou no meio de uma multidão”.
Medo ou uma ansiedade em relação a lugares dos quais a fuga possa ser difícil, interferindo de maneira significativa na capacidade de uma pessoa funcionar no trabalho e em situações sociais fora de casa.
Em muitos casos, seu início segue – se a um acontecimento traumático.
1. Epidemiologia
Prevalência de 2 a 6% ao longo da vida.
2. Diagnóstico
Medo ou ansiedade marcante acerca de duas ou mais das cinco situações seguintes:
· Uso de transporte público;
· Permanência em espaços abertos;
· Permanência em locais fechados;
· Permanência em uma fila ou ficar em meio a uma multidão;
· Sair de casa sozinho.
O indivíduo tem medo ou evita essas situações devido ao pensamento de que pode ser difícil escapar ou de que o auxílio pode não estar disponível no caso de desenvolver algum sintoma de pânico ou outros sintomas incapacitantes ou constrangedores.
O medo ou ansiedade é desproporcional ao perigo real.
Duração dos sintomas maior do que 6 meses.
O medo e ansiedade não são mais bem explicados por sintomas de outros transtornos mentais, como fobia específica do tipo situacional, ansiedade social, obsessivo – compulsivo, transtorno dismórfico corporal ou ansiedade de separação.
3. Tratamento
Benzodiazepínicos (alprazolam, lorazepam, clonazepam): início de ação mais rápido contra pânico.
ISRSs: reduzir ou prevenir recaídas de várias formas de ansiedade, incluindo agorafobia.
Embora os ISRSs sejam os agentes de 1ª linha, os medicamentos tricíclicos (clomipramina, imipramina), são os mais eficazes notratamento desse transtorno.
Psicoterapia
· Psicoterapia de apoio: promover o enfrentamento adaptativo.
· Psicoterapia orientada ao insight.
· Terapia comportamental: mudança pode ocorrer sem o desenvolvimento do insight.
· Terapia cognitiva: enfoque a correção de suposições e cognições distorcidas.
· Terapia virtual: pacientes vistos como avatares em programas de computadores e colocados em locais abertos ou superlotados.
Fobia Específica
Medo intenso e persistente de um objeto ou uma ação.
Requer desenvolvimento de ansiedade intensa, mesmo a ponto de pânico, quando da exposição ao objeto temido.
1. Epidemiologia
Prevalência ao longo da vida de 10%.
Transtorno mais comum entre as mulheres e 2º mais comum entre os homens (perdendo para relacionados a substâncias).
2. Etiologia
Estímulo condicionado: perde sua potencia para desencadear uma resposta se não for reforçado pela repetição periódica do estímulo.
Fobia: a atenuação da resposta ao estímulo não ocorre, podendo o sintoma durar anos sem qualquer reforço externo aparente.
Temas psicodinâmicos nas fobias:
· Mecanismos de defesa: deslocamento, projeção e esquiva;
· Estressores ambientais, como humilhação e critica de um irmão mais velho, briga dos pais, perda ou separação dos pais;
· Padrão característico de relações objetais internas é exteriorizado em situações sociais;
· A antecipação de humilhação, crítica e ridículo é projetada nos indivíduos no ambiente;
· Vergonha e embaraço são os principais estados afetivos;
· Os membros da família podem encorajar o comportamento fóbico e servir como obstáculos a qualquer plano de tratamento;
· A autoexposição à situação temida é o princípio básico do tratamento.
Atitude contrafóbica: ansiedade fóbica oculta sob atitudes e comportamentos que representam a negação de que o objeto ou situação temidos são perigosos como de que a pessoa os teme.
Fatores genéticos.
3. Diagnóstico
Sintomas de medo que ocorrem apenas na presença de um objeto específico.
O objeto ou situação fóbica quase invariavelmente provoca uma resposta imediata de medo ou ansiedade.
O objeto ou situação fóbica é ativamente evitado ou suportado com intensa ansiedade ou sofrimento.
O medo ou ansiedade é desproporcional ao perigo real.
O medo ou ansiedade são persistentes, com duração mínima de 6 meses;
O medo ou ansiedade causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social.
A perturbação não é mais bem explicada pelos sintomas de outro transtorno mental.
4. Características Clínicas
Os pacientes são capazes de descrever como evitam o contato com a fobia.
5. Diagnóstico Diferencial
Uso de substancias, tumores do SNC e doenças cerebrovasculares.
Pacientes com esquizofrenia também podem ter sintomas fóbicos, mas os com fobia específica têm consciência da irracionalidade de seus medos e não apresentam sintomas psicóticos.
Hipocondria: medo de ter uma doença.
Fobia específica do tipo doença: medo de contrair a doença.
6. Tratamento
Terapia comportamental: pacientes ensinados a autoinduzir repouso mental e físico (por uso de ansiolíticos, hipnose e instrução de relaxamento muscular) e usa los para dessensibilizar – se gradativamente de suas ansiedades.
Psicoterapia orientada ao insight.
Terapia virtual.
Hipnose, terapia de apoio e terapia familiar.
Transtorno de Ansiedade Social (fobia social)
Envolve o medo de situações sociais, incluindo aquelas que envolvem escrutínio ou contato com estranhos.
As pessoas com transtorno de ansiedade social temem se embaraçar em situações sociais, podendo ter medo de falar ou comer na frente dos outros, podendo ter medo até de esbarrar – se em alguém, mas por medo do embaraço que pode ocorrer na situação, não do esbarro em si.
1. Epidemiologia
Prevalência ao longo da vida variando de 3 a 13%.
2. Etiologia
Fatores neuroquímicos: maior liberação de norepinefrina ou epinefrina, disfunção dopaminérgica.
Fatores genéticos.
3. Diagnóstico
Medo ou ansiedade acentuados acerca de uma ou mais situações sociais em que o indivíduo é exposta a possível avaliação por outras pessoas.
O indivíduo teme agir de forma a demonstrar sintomas acentuados que serão avaliados negativamente.
As situações sociais quase sempre provocam medo ou ansiedade.
As situações sociais são suportadas com intenso medo ou ansiedade.
O medo ou ansiedade é desproporcional à ameaça real.
O medo ou ansiedade é persistente, durando pelo menos 6 meses.
O medo ou ansiedade não são consequências dos efeitos fisiológicos de uma substância.
O medo ou ansiedade não são bem explicados por outros transtornos mentais.
Se outra condição médica (Parkinson, obesidade, desfiguração...) estiver presente, o medo ou ansiedade devem ser não relacionados ou excessivos.
4. Diagnóstico Diferencial
Enquanto falta de ar, tontura, sensação de sufocamento e medo de morrer são comuns no transtorno de pânico e na agorafobia, os sintomas associados com transtorno de ansiedade social geralmente envolvem rubor, tensão muscular e ansiedade em relação a escrutínio.
5. Tratamento
Psicoterapia.
Farmacoterapia: 1) ISRSs, 2) benzodiazepínicos 3) velafaxina 4) buspirona.
O transtorno de ansiedade social associado com situações de desempenho muitas vezes envolve a utilização de antagonistas beta adrenérgicos um pouco antes da exposição a um estímulo fóbico. Os dois compostos mais amplamente utilizados são atenolol (1h antes do desempenho) ou propranolol.
Transtorno de Ansiedade Generalizada
Ansiedade e preocupação excessiva com vários eventos ou atividades na maior parte dos dias durante um período de pelo menos 6 meses.
A preocupação é difícil de controlar e está associada com sintomas somáticos, como tensão muscular, irritabilidade, dificuldade para dormir e inquietação.
1. Epidemiologia
Prevalência de 5 a 8% durante a vida.
M = 2H.
Anormalidades no EEG no ritmo alfa, no EEG do sono há aumento da descontinuidade do sono, redução do sono delta, redução do estágio 1 e diminuição do sono de movimentos oculares rápidos.
2. Diagnóstico
Ansiedade e preocupação excessivas, ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis meses, com diversos eventos ou atividades.
O indivíduo considera difícil controlar a preocupação.
A ansiedade e a preocupação estão associadas com três ou mais dos seguintes seis sintomas:
· Inquietação;
· Fatigabilidade;
· Dificuldade em concentrar – se ou sensações de “branco” na mente;
· Irritabilidade;
· Tensão muscular;
· Perturbação do sono.
A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causam sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas.
A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância.
A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental.
3. Características Clínicas
Ansiedade e preocupação contínuas e excessivas acompanhadas por tensão ou inquietação motora.
A tensão motora manifesta – se mais comumente como tremor, inquietação e cefaleias.
Padrão de preocupação e ansiedade frequentes, persistentes, desproporciona ao impacto do acontecimento ou da circunstância que é o foco da preocupação.
4. Tratamento
Psicoterapia.
Farmacoterapia:
A decisão de prescrever um ansiolítico a pacientes com transtorno de ansiedade generalizada em raros casos deve ser tomada na primeira visita, visto sua natureza de longo prazo.
As três principais medicações são: benzodiazepínicos, ISRSs, buspirona e venlafaxina.
Outros agentes que podem ser úteis são os tricíclicos, os anti – histamínicos e os antagonistas beta – adrenérgicos (como propranolol).
Benzodiazepínicos: ansiolíticos, potencializadores de GABA.
Buspirona: agonista parcial dos receptores 5 – HT. Não é um tratamento eficaz para a abstinência de benzodiazepínicos.
Venlafaxina: eficaz no tratamento de insônia, má – concentração, inquietação, irritabilidade e tensão muscular excessiva. É um inibidor não seletivo da receptação de três aminas: serotonina, norepinefrina e, em menor grau, dopamina.
ISRS: sertralina, citalopram ou paroxetina (inicialmente em associação com benzodiazepínicos).
Transtorno de Ansiedade Induzido porSubstâncias
Resultado direto de uma substância tóxica, incluindo drogas de abuso, medicamentos, venenos e álcool, entre outras.
Diagnóstico: presença de ansiedade ou de ataques de pânico proeminentes, durante o uso de uma substância ou no período de um mês da cessação de seu uso.
Transtorno Misto de Ansiedade e Depressão
Presença de sintomas subsindrômicos tanto de ansiedade como de depressão e de alguns sintomas autonômicos, como tremor, palpitações, boca seca e a sensação de “reviravolta” no estômago.
TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS – TRAUMÁTICO (TEPT)
É marcado por um aumento do estresse e da ansiedade após a exposição a um evento traumático ou estressante.
Eventos: testemunhar ou estar envolvido em um acidente ou crime violento, combate militar ou agressão, ser sequestrado, estar envolvido em um desastre natural, ser diagnosticado com uma doença com risco de morte ou vivenciar abuso físico ou sexual.
Os eventos podem ser revividos em sonhos e em pensamentos quando desperto (flashbacks).
São persistentes em evitar qualquer coisa que o traga à mente e experimentam um entorpecimento da responsividade junto a um estado de hipervigilância.
1. Epidemiologia
Prevalência de 8% durante a vida da população em geral.
2. Etiologia
Estressor: estressor + medo intenso ou terror.
Deve – se considerar fatores biológicos e psicossociais preexistentes e eventos que aconteceram antes e depois do trauma.
Temas psicodinâmicos no transtorno:
· O significado subjetivo de um estressor pode determinar sua traumatogenicidade;
· Eventos traumáticos podem encontrar ressonância em traumas infantis;
· A incapacidade de regular o afeto pode resultar de um trauma;
· Somatização e alexitimia podem estar entre os efeitos posteriores do trauma;
· As defesas comuns utilizadas incluem negação minimização, cisão, identificação projetiva, dissociação e culpa;
· O modo de relação objetal envolve projeção e introjeção dos seguintes papéis: salvador onipotente, abusador e vítima.
Fatores de vulnerabilidade predisponentes no transtorno:
· Presença de trauma na infância;
· Traços de transtorno da personalidade bordeline, paranoide, dependente ou antissocial;
· Sistema de apoio familiar ou dos pares inadequado;
· Sexo feminino;
· Vulnerabilidade genética a doença psiquiátrica;
· Mudanças de vida estressantes recentes;
· Percepção de um locus de controle externo em vez de um interno;
· Ingestão excessiva de álcool recentemente.
Fatores cognitivos comportamentais:
Primeiro, o trauma (estímulo não condicionado) que produz um resposta de medo é associado a um estímulo condicionado (lembretes do trauma).
Segundo, por intermédio da aprendizagem instrumental, estímulos condicionados despertam a resposta de medo independente do estímulo não condicionado original e as pessoas desenvolvem um padrão de evitação, tanto do estimulo condicionado, quanto do não condicionado.
Ação noradrenérgica aumentada: nervosismo, aumento da PA, aumento no ritmo cardíaco, palpitações, sudorese, rubor e tremores.
Anormalidade no sistema opioide: baixas concentrações plasmáticas de beta endorfina.
Fator liberador de corticotrofina e o eixo HHS: baixas concentrações plasmáticas e urinárias de cortisol livre, mais receptores glicocorticoides são encontrados nos linfócitos.
3. Diagnóstico
Acima de 6 anos de idade:
A. Exposição a episódio concreto ou ameaça de morte, lesão grave ou violência sexual em uma (ou mais) das seguintes formas:
1. Vivenciar diretamente o evento traumático.
2. Testemunhar pessoalmente o evento traumático ocorrido com outras pessoas.
3. Saber que o evento traumático ocorreu com familiar ou amigo próximo. Nos casos de episódio concreto ou ameaça de morte envolvendo um familiar ou amigo, é preciso que o evento tenha sido violento ou acidental.
4. Ser exposto de forma repetida ou extrema a detalhes aversivos do evento traumático (p. ex., socorristas que recolhem restos de corpos humanos; policiais repetidamente expostos a detalhes de abuso infantil). Não se aplica à exposição por meio de mídia eletrônica.
B. Presença de um (ou mais) dos seguintes sintomas intrusivos associados ao evento traumático, começando depois de sua ocorrência:
1. Lembranças intrusivas angustiantes, recorrentes e involuntárias do evento traumático.
2. Sonhos angustiantes recorrentes nos quais o conteúdo e/ou o sentimento do sonho estão relacionados ao evento traumático.
3. Reações dissociativas (p. ex., flashbacks) nas quais o indivíduo sente ou age como se o evento traumático estivesse ocorrendo novamente.
4. Sofrimento psicológico intenso ou prolongado ante a exposição a sinais internos ou externos que simbolizem ou se assemelhem a algum aspecto do evento traumático.
5. Reações fisiológicas intensas a sinais internos ou externos que simbolizem ou se assemelhem a algum aspecto do evento traumático.
C. Evitação persistente de estímulos associados ao evento traumático, começando após a ocorrência do evento, conforme evidenciado por um ou ambos dos seguintes aspectos:
1. Evitação ou esforços para evitar recordações, pensamentos ou sentimentos angustiantes acerca de ou associados de perto ao evento traumático.
2. Evitação ou esforços para evitar lembranças externas (pessoas, lugares, conversas, atividades, objetos, situações) que despertem recordações, pensamentos ou sentimentos angustiantes acerca de ou associados de perto ao evento traumático.
D. Alterações negativas em cognições e no humor associadas ao evento traumático começando ou piorando depois da ocorrência de tal evento, conforme evidenciado por dois (ou mais) dos seguintes aspectos:
1. Incapacidade de recordar algum aspecto importante do evento traumático (geralmente devido à amnésia dissociativa, e não a outros fatores).
2. Crenças ou expectativas negativas persistentes e exageradas a respeito de si mesmo, dos outros e do mundo (“Sou mau”, “Não se deve confiar em ninguém”, “O mundo é perigoso”).
3. Cognições distorcidas persistentes a respeito da causa ou das consequências do evento traumático que levam o indivíduo a culpar a si mesmo ou os outros.
4. Estado emocional negativo persistente (p. ex., medo, pavor, raiva, culpa ou vergonha).
5. Interesse ou participação bastante diminuída em atividades significativas.
6. Sentimentos de distanciamento e alienação em relação aos outros.
7. Incapacidade persistente de sentir emoções positivas.
E. Alterações marcantes na excitação e na reatividade associadas ao evento traumático, começando ou piorando após o evento, conforme evidenciado por dois (ou mais) dos seguintes aspectos:
1. Comportamento irritadiço e surtos de raiva (com pouca ou nenhuma provocação) geralmente expressos sob a forma de agressão verbal ou física em relação a pessoas e objetos.
2. Comportamento imprudente ou autodestrutivo.
3. Hipervigilância.
4. Resposta de sobressalto exagerada.
5. Problemas de concentração.
6. Perturbação do sono (p. ex., dificuldade para iniciar ou manter o sono, ou sono agitado).
F. A perturbação (Critérios B, C, D e E) dura mais de um mês.
G. A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo e prejuízo social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
H. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., medicamento, álcool) ou a outra condição médica.
Determinar o subtipo:
Com sintomas dissociativos: Os sintomas do indivíduo satisfazem os critérios de transtorno de estresse pós-traumático, e, além disso, em resposta ao estressor, o indivíduo tem sintomas persistentes ou recorrentes de:
1. Despersonalização: Experiências persistentes ou recorrentes de sentir-se separado e como se fosse um observador externo dos processos mentais ou do corpo.
2. Desrealização: Experiências persistentes ou recorrentes de irrealidade do ambiente ao redor.
Especificar se:
Com expressão tardia: Se todos os critérios diagnósticos não forem atendidos até pelo menos seis meses depois do evento (embora a manifestação inicial e a expressão de alguns sintomas possam ser imediatas).
4. Características Clínicas
Sintomas intrusivos após o trauma,evitação de estímulos associados ao trauma e experiência de sintomas de aumento da excitação autonômica, como maior reação de sobressalto.
Sintomas intrusivos: flashbacks, lembranças ou sonhos com sofrimento e reações de estresse fisiológicas ou psicológicas à exposição a estímulos que tenham ligação com o trauma.
Sintomas de excitação: insônia, irritabilidade, hipervigilância e sobressalto exagerado.
5. Tratamento
Farmacoterapia: ISRSs (sertralina, paroxetina) – 1ª linha. Tricíclicos (imipramina, amitriptilina).
Psicoterapia: terapia comportamental, terapia cognitiva e hipnose.
Duas etapas: terapia de exposição e enfrentamento do estresse.

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